Título: Discernimento
Sinopse: "Está bem, Prongs. Seremos companheiros de foda. Pelo menos enquanto Lily ainda não tiver aprendido a se embriagar o suficiente para começar a te achar atraente, e Moony não se der ao trabalho de levantar os olhos dos livros e descobrir como morre de tesão por mim."
Considerações: Essa fic não é JamesxSirius, porque Wolfstar estará presente mesmo que eu faça Sirius ficar com um hipogrifo, mas foi divertido de escrever.


Eram quase nove horas da noite. A festa começara as sete. E Sirius Black não fazia a menor ideia de como conseguira se embriagar tão rápido em menos de duas horas. Bom, talvez ele soubesse. Tinha algo a ver com aquela briga sem sentido com Remus, por um motivo totalmente fútil. Quem é que perdia a cabeça daquele jeito só porque Sirius, ou melhor, Padfoot, tinha mascado acidentalmente sua lição de Poções? Parecera bem engraçado na hora, mas Moony o mandara se foder e descera sozinho para a festa com Wormtail — porque Prongs não conseguia parar de rir, e Moony ficara irritado com ele por tabela.

Seu consolo cambaleante era James. Em quase todas as vezes em que se fodia na vida, aliás. Ele parecia prestes a tropeçar na barra das próprias vestes. Não estava menos alcoolizado do que Sirius — porque aquilo sempre era uma competição, até que um dos dois caísse desmaiado no chão—, e Sirius ria escandalosamente a cada vez que via a marca bem delineada dos dedos de Evans em sua bochecha.

'Cala essa boca, seu filho de um hipogrifo', ele resmungou enquanto se escorava na parede de um corredor qualquer, e sua postura ia por água abaixo quando começava a rir -, 'Oh, Merlin, estou tão chapado que você parece mesmo um hipogrifo agora.'

Sirius ria de qualquer coisa, absolutamente qualquer coisa. Mesmo. Apoiou-se ao lado do garoto, guardando um minuto para ouvir a música da festa no Salão Principal. Estavam no sétimo andar, se é que ele realmente existia, porque Sirius não tinha a mais pálida noção de como havia conseguido andar até tão longe.

'Bastardos', resmungou com amargura, virando a garrafa de firewhisky na garganta, 'É o que são. Quem Moony pensa que é para me virar as costas e preferir ficar com o Wormtail?'

' Eu o entendo, você fica um porre quando está bêbado, e é exatamente por isso que eu prefiro beber com você. Não sou obrigado a te aturar estando sóbrio.'

'Cala essa boca, Prongs. Você beberia até água da privada se te contassem que ela te deixaria chapado', e James riu muito alto para quem vagava clandestinamente pelos corredores.

'Não estou a fim de ficar sóbrio pelas próximas doze horas, dê um jeito nisso, Padfoot', ele engrolou a língua, e Sirius não podia concordar mais. 'Nem sinto mais o tapa da Evans.'

'Então você sabe bem o que devemos fazer', ele se ergueu sem muita classe sobre as duas pernas, e puxou o amigo pelos cotovelos para ajudá-lo a fazer o mesmo. 'Eu não queria fazer isso, você sabe que é contra as regras, mas sua amizade é importante para mim, e você sabe que eu faria de tudo para satisfazer suas necessidades.'

'Wow, Padfoot', James revirou os bolsos das vestes, rapidamente encontrando o que procurava. Abriu o Mapa do Maroto, engrolando as palavras tão ridiculamente que Sirius duvidou que o mapa fosse entender coisa alguma, 'guarde essas palavras para o Moony.'

Enquanto Sirius ria, James revirou o mapa nas mãos, como se fosse complicado entender o que ele dizia. Passados alguns segundos ele dobrou o pergaminho, passou esbarrando nos ombros do amigo e Sirius prontamente o seguiu pelo corredor.

'Siga-me, caro Padfoot.'

'Tem certeza de que não tem ninguém no caminho, Prongs?', Sirius franziu o cenho, estranhando a confiança cambaleante de James.

'Não', ele murmurou alegremente, parecendo bêbado demais para se importar.

Alguns passos trôpegos e vacilantes depois, pontuados por crises de riso que não pareciam ter um motivo desencadeador específico, Sirius empurrava uma pesada armadura da parede do quinto andar. Uma abertura pequena demais para uma pessoa muito maior do que eles se abriu. Sirius engatinhou até a passagem e sumiu de vista em pouco tempo. James seguiu atrás, apontando a varinha por cima dos ombros para retornar a estátua ao lugar. Arrastaram-se no breu completo, e James parecia achar aquilo muito mais engraçado do que o normal.

'Nessas horas eu queria ser igual ao maldito do Peter. Se fôssemos ratos isso aqui ia ser moleza'

Não demorou muito para que passagem começasse a se alargar. Sirius se esqueceu do pequeno degrau que desembocava para um cubículo muito apertado para pessoas claustrofóbicas, embora fosse bem maior do que um armário de vassouras, e quase se estatelou de cara no assoalho empoeirado. Seu chão de pedra era desconfortável, mas havia quatro almofadas colocadas uma a cada canto. Um lampião meio enferrujado foi aceso com um aceno da varinha, e era o suficiente para uma luminosidade satisfatória.

James tateou a parede de modo que pareceria estranho, tocou a ponta da varinha em uma rocha especialmente amarelada da parede e ela se deslocou.

'Então, Padfoot? Firewhisky? Cerveja amanteigada? Suco de abóbora?'

'Quantas garrafas de firewhisky ainda temos?', Sirius esticou o pescoço para olhar, preocupado como se aquilo fosse um problema urgente.

'Mmm. Três. Precisamos buscar mais em Hogsmeade', James ponderou, escolhendo uma garrafa e devolvendo a rocha ao lugar.

Virou-se para Sirius, descobrindo-o sentado contra uma das almofadas puídas, tentando convencer a última gosta de Firewhisky a descer pelo gargalo da garrafa que havia trazido nas mãos. Ele riu, arrastou outra almofada para perto do amigo e desabou ao seu lado.

'Ainda não me conformo com isso, sabia?', Sirius tomou a garrafa, sendo o primeiro a dar um gole, 'Moony devia estar aqui.'

'Ele estaria, se você não fosse um completo imbecil', o outro ponderou, retomando posse da garrafa discretamente, 'não que eu não tenha achado divertido.'

'Ele precisa de mais senso humor... De qualquer forma, não é tão divertido sem ele.'

'Sinto muito por não ser o suficiente para suprir suas carências, Padfoot', James murmurou, revirando os olhos, 'Não vim para cá pra ficar ouvindo você se lamentar.'

'Mmm. Ciúme, Prongs?', ele riu.

'Não tenho tempo para ter ciúme de você, querido Padfoot. Já me basta a Evans.'

'Ah!', Sirius se empertigou, virando o rosto para analisar o de James, 'Cara, o que você fez pra ela te bater desse jeito?'

'Talvez eu tenha dito algo um pouco desrespeitoso em relação às atividades sexuais do Snivellus', ele franziu o cenho, como se fosse um passado muito distante, e não algumas horas atrás, 'mas não me lembro o que pode ter sido.'

'Prongs, você definitivamente não sabe abordar essa menina', ele riu, recebendo um olhar ultrajado do amigo.

'Estou me perguntando onde está a sua moral para me dizer isso. Está praticamente babando em cima do Moony nos últimos meses, não consegue nem disfarçar mais', ele revirou os olhos, 'e eu honestamente não aguento mais essa sua expressão ridícula quando eu falo dele.'

'Ah, vá se foder, Prongs! Eu aguento sua melação de cueca por causa da Evans faz anos! Literalmente, porque eu sei muito bem o que você faz em algumas noites especialmente carentes, e devo dizer que você é nojento.'

James gargalhou, pousando a garrafa no chão a uma distância segura.

'Não sou como você, que fica se atracando em qualquer coisa de duas pernas para suprir a carência. Tenho um pouco mais de critério.'

Sirius deu de ombros, recostando a cabeça na parede rochosa e fechando os olhos momentaneamente.

'Vi você se agarrando com aquela menina do sexto ano da Corvinal', ele murmurou com desinteresse, 'talvez Evans tenha visto. Não que ela possa ter sentido ciúme, e se sentiu, você arruinou suas chances quando achou sensato falar das intimidades do Snivellus.'

'Tenho minhas necessidades, Padfoot. Daria tudo para que fosse Evans, mas até lá tenho que me virar. E não me olhe assim porque você faz exatamente a mesma coisa.'

'Eu estava me pegando com aquela Grifinória do sétimo ano', Sirius fechou os olhos, 'eu devo te amar pra caralho mesmo pra ter deixado ela e vindo me embriagar com você, só porque levou um fora da Evans... De novo.'

Houve um segundo de pausa, na qual Sirius poderia jurar que as pedras estavam mudando de lugar, e James tentava se lembrar de algo importante, mas não conseguia saber o que era.

'Você gosta mesmo dele, não é?', James perguntou de repente, fazendo Sirius perder aquela rocha particularmente agitada.

'Acho que gosto sim', murmurou de volta.

'Fale com ele, Padfoot... O máximo que pode acontecer é receber um tapa na cara, mas pode acreditar, a gente sobrevive', ele riu, encostando os ombros nos de Sirius.

'Você deve estar mesmo chapado para achar que pode me dar conselhos amorosos.'

'Você é o pulguento mais ingrato que eu já conheci, Padfoot', ele tornou, esfregando os olhos sob os óculos quadrados, 'eu devia ter ficado lá embaixo com a menina da Corvinal.'

'Vou quebrar sua cara, Prongs.'

'Ciúme, Padfoot?'

Sirius se virou para olhá-lo, mas sua postura foi por água abaixo quando viu os óculos ridiculamente tortos no rosto do amigo, e seus cabelos sempre desgrenhados. 'Você é patético.'

'Sinto muitíssimo por interromper seu pré-coito. Tem algo que eu possa fazer para suprir sua carência?', ele riu.

'Continue se oferecendo assim, Prongs, e eu vou colocar a culpa no álcool.'

James riu, virando-se completamente para Sirius, e seus olhos tinham aquele brilho que era um péssimo agouro e que fazia Argus Filch vigiá-los com atenção especial.

'Você não ousaria, Sirius Black, ou eu esmago suas bolas.'

Sirius estreitou os olhos como se não tivesse muita certeza do que ele estava dizendo. James Potter sabia melhor do que ninguém que nunca se devia lançar um desafio a Sirius Black. Isso era menos indicado ainda, caso Sirius estivesse tão bêbado que poderia facilmente confundir o cabelo caótico de James com o Salgueiro Lutador. James sabia disso. Tinha vastíssima experiência neste quesito e, mesmo assim, continuava a olhá-lo com aqueles olhos desafiadores.

'James, você está andando demais comigo.'

'Você só percebeu isso depois de seis anos, Padfoot? Sério?', ele riu, tateando o chão em busca da garrafa momentaneamente esquecida no chão empoeirado.

'Certo, vou deixar essa passar', com os olhos ainda estreitos, ele viu James agarrar a garrafa e quase derrubá-la no chão.

'Sabia que não ousaria, meu caro Padfoot', e ele estava prestes a levar a garrafa aos lábios quando Sirius segurou seu pulso de repente.

'Oh, Prongs, você esqueceu com quem está lidando?', e não houve muito tempo para respostas, porque Sirius afastou a garrafa grosseiramente e prensou os lábios de James.

Um segundo de silêncio. Depois mais um. Sirius abriu os olhos que tinham se fechado instintivamente no processo, e encontrou os ligeiramente espantados de James. Suas pupilas estavam dilatadas de susto, embora ele achasse que podia ser só o álcool. Sirius se afastou.

'Sabia que você não ousaria, meu caro Prongs', ele gracejou, e sua risada ficou estrangulada na garganta quando viu o brilho desafiador nos olhos castanhos de James, e a mão de dedos finos em sua nuca, e no segundo seguinte o mundo virou de cabeça para baixo, porque estava beijando James Potter.

Não se importou nem por um nanosegundo, porque estava simplesmente bêbado demais para raciocinar, e afinal de contas, a boca de James não era tão diferente das outras bocas que já tivesse provado. Inclusive, era até bastante agradável. James parecia pensar o mesmo, pois se afundou contra a língua de Sirius quando sentiu os dedos dele enredando em seus fios desordenados, com um entusiasmo surpreendente.

Um barulho de algo metálico se arrastando. James pulou para trás, estalando um som muito alto quando partiu o beijo. Seu coração quase saiu pela boca ao perceber que havia alguém decididamente deslocando a armadura que guardava a passagem.

'Oh, merda. Filch. Sabia que estava esquecendo alguma coisa', James murmurou, batendo na própria testa.

No geral, eles abriam o Mapa do Maroto e Remus mantinha um olho atento caso alguém se aproximasse. Remus não estava ali, no entanto, e isso parecia o suficiente para que James e Sirius abandonassem qualquer tipo de bom-senso.

Sirius ergueu-se como se não estivesse completamente bêbado, agarrou as garrafas e as enfiou novamente atrás da rocha, sem ter tempo de ver se ficara aceitável. Virou-se para James a tempo de ver o amigo atirar-se contra ele e o prensar na parede, jogando a capa da invisibilidade sobre ambos. Filch apareceu de cara amarrada segundos depois.

Sirius não soube dizer como segurou a risada que coçava sua garganta, ameaçando escapar a qualquer segundo. Seu coração disparou no peito e ele podia ver que James também estava se segurando, e tampou a boca do amigo com a palma da mão para impedir que ele emitisse algum som. Argus Filch lançou um olhar desconfiado pela sala. A adrenalina atingiu picos estratosféricos quando ele olhou diretamente para onde estavam escondidos e Sirius e James se entreolharam, e, oh, era exatamente por momentos assim que Sirius Black amava a companhia de James Potter. Não havia monotonia. Nunca.

Sirius livrou os lábios de James alguns segundos depois. Eram praticamente da mesma estatura, e se olharam momentaneamente como se um soubesse exatamente o que se passava na cabeça do outro. Até mesmo alto como estava, houve um breve momento em que Sirius analisou seriamente o que lhe passava em mente, mas isso se perdeu em algum momento a partir do segundo em que James voltou a se atracar com ele.

Sirius precisou apoiar as costas contra a parede, antes que desabasse no chão, e James espalmou as mãos na pedra, uma em cada lado do corpo do outro. Sirius enterrou novamente os dedos nos cabelos castanhos, de repente se perguntando como nunca descobrira como aquele descabelamento todo deixava James seriamente sensual. Oh, Merlin, ele devia estar mesmo muito bêbado. Puxou os cabelos castanhos para trás, lambendo o lábio avermelhado com volúpia, e James gemeu em sua boca.

Filch, que ia saindo de volta pela passagem, virou a cabeça mais uma vez. James e Sirius finalmente se desgrudaram, fitaram apreensivos e só ousaram voltar a respirar quando o zelador saiu arrastando os pés e resmungando qualquer coisa. Ouviram o tilintar metálico da estátua sendo arrastada.

'Ca-ra-lho', James saiu debaixo da capa, 'Se alguém me dissesse que um dia eu me atracaria com você, com Argus Filch como voyeur, eu teria rido até me acabar.'

E foi exatamente aquilo que ele fez.

'É estranho se eu falar que foi... Bem, excitante, me agarrar com a possibilidade de causar um ataque cardíaco no Filch? O que, aliás, seria bem útil...'

James encostou-se contra a parede, e subiu os olhos até Sirius com curiosidade.

'Seria estranho se você fosse uma pessoa normal, o que eu tenho certeza que você não é, então prometo não comentar isso com ninguém', uma pausa, na qual ele se deu conta de que Sirius não retomou as garrafas. Ao contrário, o observava como se considerasse as possibilidades, 'Eu sei que você está louco pra me beijar de novo, Padfoot', sentenciou.

Claro que estava.

Cambaleou até James, sendo sua vez de prensar o corpo magricela dele contra a parede, e recomeçaram o processo. Sirius sempre achara curioso a atividade sexual enquanto estava bêbado. Não que precisasse de bebida para apreciar uma boa transa, é claro, mas ele não podia deixar de admitir que todo aquela excitação em seu sistema nervoso deixava as coisas mais simples parecerem as mais incríveis do mundo.

Quer dizer, como não reparara antes que os cabelos de James praticamente pediam que suas mãos se afundassem neles? Ou como ele ficava excepcionalmente interessante sem os óculos – que caíram em algum ponto enquanto ambos se agarravam –, e como nunca imaginou como deveria ser sua voz quando ele produzia sons como aqueles?

Soltaram-se quando a ereção de Sirius fez-se sentir contra a virilha de James. As mãos calosas dele espalmadas em seu peito, empurrando o rapaz discretamente.

'Não estou certo de que bebi o suficiente para encarar isso aqui', ele franziu o cenho, fazendo Sirius rir de sua expressão confusa.

'Prongs, isso aqui é o que acontece quando a gente pratica atividades como essa que estamos fazendo agora. Além disso, se você beber mais, vai entrar em coma, meu caro.'

Provavelmente Sirius tinha razão. Pararam um segundo, e até mesmo na confusão cognitiva e motora de ambos, pareceram imediatamente perceber o absurdo da situação. Começaram a rir. E logo Sirius se apoiou na parede ao lado de James, sem ver meios de como ia conseguir parar, porque, Merlin, era tudo tão engraçado.

'Devo admitir que você beija bem, Padfoot', ele ponderou depois de alguns minutos, 'mas há grandes chances de ser o álcool falando.'

'Não me insulte, Prongs, ou eu vou me juntar a você nos seus momentos de carência e te mostrar como é que se faz.'

Sirius não estava brincando, porque aparentemente Sirius Black não brincava quando o assunto era provar que era competente. James deu de ombros, sabendo que não conseguiria lidar com aquela informação sem começar a rir de novo.

'Tudo bem, pode me usar como um substituto para o Moony. Meu apreço por você é o suficiente para permitir que supra suas necessidades.'

'Está bem, Prongs. Seremos companheiros de foda. Pelo menos enquanto Lily ainda não tiver aprendido a se embriagar o suficiente para começar a te achar atraente, e Moony não se der ao trabalho de levantar os olhos dos livros e descobrir como morre de tesão por mim.'

Riam ainda dessa última consideração quando alguém arrastou novamente a armadura da passagem.

'Ah, pelas pregas de Merlin, o que foi agora?!', Sirius quase berrou, e James voou em cima dele tentando encontrar a capa da invisibilidade. Mas não era possível. Ele não conseguia controlar. Estavam ferrados. Filch ia comer o fígado carcomido de ambos, e James não conseguia parar de achar aquilo hilariante.

'Eu vou matar esses desgraçados!'

Segundos depois, Moony surgiu pela passagem, limpando as vestes sujas de poeira. Peter vinha logo atrás, resmungando qualquer sobre a passagem estar ficando estreita demais.

'Moony! Wormtail!', Sirius ergueu as sobrancelhas, 'Como sabiam que estavám-'

'Não sabíamos, seus imbecis, tem ideia de como foi complicado encontrar vocês?', Moony se jogou no chão.

'Vimos Filch dobrando o corredor...', Peter se jogou ao lado dele, 'Aconteceu alguma coisa?'

'Não é da conta de vocês', Sirius se adiantou, antes que James se intrometesse, 'Saberiam disso se tivessem escolhido nos acompanhar. Mas pelo menos mudaram de ideia a tempo.'

'Não mudei de ideia, Padfoot. A bebida lá embaixo acabou', Moony murmurou, tentando parecer desinteressado, mas seu sorriso o traiu sem que percebesse, 'Céus, você está fedendo como um gambá.'

Sirius o fitou com crescente interesse, mas foi James quem percebeu primeiro, dando um grito que sobressaltou os outros três.

'Remus John Lupin, você está bêbado!'

Remus o fitou como se ele fosse a criatura mais idiota do mundo.

óbvio que eu estou bêbado, Prongs, caso contrário teria feito a sensatez de me enfiar na minha cama, ao invés de estar nesse buraco junto com vocês. Agora me dá qualquer coisa que vocês tenham deixado sobrar.'

Em poucos segundos, estava tudo como devia ser. Sirius estava ocupado demais tentando encontrar um jeito de encostar em Remus, o que não se mostrava uma tarefa difícil, pois naquele exato momento ele estava acariciando os cabelos do lobisomem, que repousara contra seu ombro. Olhando aquela cena, James se perguntou porque os dois simplesmente não se agarravam logo, e talvez aquele fosse o único pensamento sensato que tivesse tido durante a noite inteira. Os três reviravam os olhos enquanto James voltara a narrar a maravilhosa história que havia lhe rendido uma impressão da mão de Evans em seu rosto, e como aquilo, de alguma maneira, parecia a coisa mais romântica do mundo. Peter parecia prestes a desmaiar na almofada mais próxima.

Os olhos de Sirius e de James se cruzaram várias vezes. Não havia absolutamente nada de diferente. James fazia cara de quem ia vomitar quando via o modo como Remus se aconchegava em Sirius, fazendo parecer ridículo que estivessem quase se socando algumas horas atrás, e Sirius ria e lhe fazia um gesto obsceno.

Eles sabiam que se lembrariam daquilo no dia seguinte, e não se importavam. Havia um motivo para Sirius ser tão próximo dele quanto sua bola esquerda (era o que Remus costumava dizer): eram inconsequentemente compatíveis e desprovidos de discernimento. Juntos eram caos, e, olhando com atenção, Remus era o ponto de paz que Sirius precisava. E ele ainda havia de provar que Lily Evans era o seu.


NA: Peço perdão pela falta de discernimento. Mas confesso que foi muito divertido.