Notas iniciais: Sim, eu sei que estamos em fevereiro, mas quem se importa? A conta é minha e se eu quiser, escrevo fanfic de carnaval no dia de finados. :D E para quem gosta de um sonzinho, quem puder arrumar a Ost de Shigatsu Wa Kimi no Uso (Disco 2), eu usei a faixa 6, 18 e 29 para as cenas XVI, XVII-XVIII e Omake respectivamente.
# Bakuten Shoot Beyblade não me pertence.
# A fanfic não possui nenhum fim lucrativo.
# Ana e Carter pertencem à Anamateia.
# Ling pertence à Xia.
# Jin me pertence.
# Fanfic fora de data (se bem que... Fevereiro não costumava ser o último mês do ano? :v)
# Fluffy.
# Ooc
# Contém uma mescla estranha entre Quimera, Último Adeus e O Retorno, então... (Athenas que estais no vaso, no que essa fanfic está se transformando?).
Boa leitura.
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XVI
"O que me faltava: pegar um resfriado em pleno natal.".
.
Ana havia acordado pelo o que seria a terceira vez naquela manhã fria de dezembro. A cabeça doía como se tivesse bebido todas na noite anterior e o corpo parecia ter sido moído a tapas.
"Talvez uma guerra de bolas de neve não tenha sido uma boa ideia."
Apesar do nariz congestionado, ela foi capaz de perceber o cheiro suave do chá, a caneca descansava na mesinha ao lado junto de uma tigela vazia de gemada que Kai havia preparado e que a ruiva havia tomado quase em meio a inconsciência.
Ainda com moleza, se sentou na cama se enrolando no edredom até a cabeça. O chá estava ainda meio fumegante e desprendia um cheiro cítrico e adocicado. Demorou o tempo que necessitou para que o líquido não incomodasse demais a garganta levemente inflamada. Quando colocou a caneca de volta, o bicolor ingressou ao quarto.
- Melhor?
- Um pouco. Mas minhas costas doem.
O russo observou a caneca vazia e assentiu satisfeito. Ele havia controlado a febre e tudo o que ela precisava era de repouso. Para Kai aquilo não era particularmente novo, volta e meia alguém da equipe ficava doente e o bicolor tinha de tomar as rédeas da situação, nem sempre havia alguém ou um hospital por perto e o vovô Ryu não era o exemplo de um expert no assunto – diga-se de passagem. Pelo menos até surgir alguém mais experimentado, Kai quase sempre tinha de levar a sua posição ao pé da letra, nem que isso significasse agir como uma professora do primário.
- Levanta um pouco, vai melhorar suas costas. – sentou na borda da cama e não pôde deixar de tocar a testa da ruiva, apenas para ter certeza. - Eu enchi a banheira.
A garota riu, quem diria que Kai podia ter um lado tão... Materno? Não deixava de ser. Ela estendeu os braços com um sorriso debochado. O russo levantou uma sobrancelha.
- Me leva, estou muito fraca pra andar até lá. – fez beicinho.
Kai rolou os olhos e puxou o edredom escondendo a ruiva por completo.
- Vai logo. – se levantou pegando a caneca e a malga na mesinha.
- Tô indo, mãe. – lhe atirou a língua, provocando.
XVII
Quando Kai chegou à sala, a primeira coisa que viu foi Ana escondida no edredom, meio esparramada na mesinha de centro. Na TV, um filme de ação que a ruiva não prestava atenção realmente.
Kai enxugou as mãos, largando o guardanapo em algum lugar. Situou-se atrás da garota e a abraçou como se ruiva se tratasse de um urso de pelúcia, um urso bem grande e fofo. Haika, amolecida pela febre e o torpor do resfriado acedeu como uma boneca de pano, aceitando os mimos de bom grado.
- Vai acabar pegando um resfriado também. – a voz saiu rouca e preguiçosa, suas mãos ainda pegadas ao cobertor, entrelaçadas às mãos frias do bicolor.
- Só idiotas pegam resfriado. – se balançou ligeiramente para lá e para cá, a cabeça enterrada no pescoço da garota.
- Se eu não estivesse tão fodida acabava com a tua raça. – riu, indolente.
- Nesse caso eu seria muito agradecido. Só poupe o Carter.
- Pai. – corrigiu, a voz soou um pouco reprobatória. – Você podia fazer um pouco e esforço, pelo menos hoje.
Kai não disse nada a respeito, a ruiva tentava não entrar muito no assunto, mas às vezes ela achava Kai apenas um idiota depressivo, não que isso estivesse muito distante da realidade. Ana riu com o pensamento.
- Falando nisso, onde tu aprendeu aquele negócio do ovo com saquê? – roçou seus dedos com os dele, esperando que aquele silêncio incômodo fosse cortado.
Kai apenas afundou um pouco mais a cabeça entre o pescoço e o edredom.
- Kai? – virou um pouco a cabeça, meio alarmada. Receosa de ter pisado em uma mina.
- Meu tio. Suzuya. – levantou a cabeça e apoiou o queixo no ombro da garota. Os olhos na direção da tela da TV. - Ele era cozinheiro, sabia um pouco sobre ervas e essas coisas medicinais.
- Adorei a ideia dele. Ele dever ser rico.
- Talvez fosse. Se tivesse vivido um pouco mais. – estreitou Ana ligeiramente.
- Foi mal. – Haika se recriminou internamente.
Ela quase nunca falava de si mesma, então odiava quando Kai falava dessas coisas. Não importava o quão idiota fosse sofrer pelos fantasmas do passado, toda vez que o russo falava de alguém, quase sempre era de uma pessoa que ele havia perdido. O problema era que os números só aumentavam.
- O yakisoba que ele fazia era o melhor. – sorriu com nostalgia, recordando a tenda com cheiro mitigado, o chiado do rádio antiquado, as luzes vermelhas das lanternas.
- Ah. Então é daí que vem esse amor todo? – Ana riu com as lembranças, até então ela nunca tinha entendido por que os olhos de Kai se iluminavam toda vez que via o prato (isso e o fato de ele conseguir comer mais de três tigelas seguidas).
- Basicamente. Quero dizer, apenas o Jin consegue prepará-lo como ele. – apenas imaginar era como se ele pudesse lembrá-lo toda vez, como se estivesse dentro daquela tenda, ouvindo a ladainha, sentido o cheiro dos temperos... O calor de compartilhar a refeição com alguém...
Em algum ponto os dois acabaram desviando o olhar ao mesmo tempo e para a mesma direção. No canto da sala um pequenino pinheiro brilhava e piscava orgulhoso. O espaço inteiro estava enfeitado, Ana havia arrumado a maior parte, até ficar satisfeita. Na mesma mesinha, um globo com uma miniatura da torre de Tóquio participava inocente da decoração, ao lado de uma garrafa de tequila.
- Nem pense nisso. – Kai tapou os olhos da garota. – Nada de álcool até você melhorar.
- Estraga prazer. Tu só me deixou tomar licor o mês inteiro. Eu quero uma bebida de verdade. – inflou as bochechas infantilmente.
- A única coisa que você vai tomar hoje é uma sopa e Boa noite. – sentenciou, com autoritarismo.
- Nesse caso, eu quero também um pouco mais daquele ovo com saquê. – riu, imaginando a cara de descontentamento do outro.
Kai sabia perfeitamente que Ana estava mais interessada no álcool do que pelo efeito medicinal da mistura. Antes mesmo de o russo sentenciar algo mais, o celular vibrou em seu bolso, mas continuou a prendê-la em seu abraço com o braço livre. Ana se recostou um pouco mais, aproveitando o calor e o aconchego daquele abraço brincalhão de "daqui você não escapa". Do celular só ouviu zumbidos, e a reverberação da voz de Kai em suas respostas curtas lhe dava certo torpor.
O bicolor, na medida em que a conversa ia avançando, começou a reparar no corpo da garota se recostando mais ao seu, ouvindo então o respirar lento da garota.
"– Kai, você está aí?"
- Estou. Não vou poder ir, a Ana está doente. – enquanto falava, puxava mais o edredom e a aprumava contra si.
"- Ela tá bem? O que houve?"
- É só um resfriado. Enfim, não vou poder ir dessa vez. – olhou para o rosto tranquilo da ruiva, ainda meio febril. – Mande cumprimentos a eles por mim.
"- Tá beleza. Diz que mandei feliz natal para a Ana. Até mais."
- Até. – Kai pousou o celular em algum lugar do sofá assim que a ligação finalizou. Tomou Ana nos braços disposto a deixá-la na cama.
XVIII
Com o sacolejo a ruiva acabou por despertar ligeiramente desnorteada.
- O que foi?
- Jantar. Tive que recusar. – falou pausadamente.
- Hm, legal... – esfregou os olhos. – Espera- o quê? Mas Kai... É natal, por que você não vai?
- Eles vão ficar bem sem mim.
- Você não vai estragar o seu natal por minha causa. – se separou ligeiramente de seu agarre, já sentada na cama, estava pronta para expulsá-lo a socos se fosse necessário.
- Não vai estragar e eu quero ter certeza que você vai melhorar, isso e garantir que aquela garrafa de tequila continue cheia. – olhou a garota com desdém.
Mas ao contrário do que Kai pensava, Ana apenas se encolheu, abraçando os joelhos.
- Você é capitão da equipe, devia cuidar deles ao invés de mim. Eu também não estou morrendo, sabe?
Ana sentiu o peso na cama, mas não pôde ver a expressão do russo e ela já sentia cheiro de discussão. Kai suspirou baixinho, ele não negava que se sentia na obrigação de ir lá, mas deixar Ana sozinha não era uma opção, nem deixa-la sair, não com uma nevasca lá fora.
- Não vou te deixar sozinha e eu não vou mudar de ideia. – virou-se, tocando os dedos meio escondidos da ruiva que não correspondeu o contato.
Kai comprimiu os lábios, os dedos viajaram até o seu rosto, o polegar traçando a sobrancelha. Ana tinha o olhar sério, o russo entendia com perfeição o descontentamento, mas ele realmente não se sentiria confortável quando sabia que Ana estaria resfriada, sozinha e longe dele... E ela sabia disso.
- Eu não estou escolhendo entre nenhum dos dois se é o que está pensando. Mas você é minha prioridade agora. Eu quero fazer isso. Não está tudo bem se formos nós? – continuou procurando contato visual, sem sucesso.
Ana suspirou, os olhos mudando de direção, incertos. Crispou os lábios antes de continuar.
- O Natal serve para aproximar as pessoas... Você não disse que os Bladebreakers são a sua família? Sr. Carter não vai estar lá também? – olhou para Kai. – Você deveria estar lá, com a sua família.
Kai desviou o olhar por um segundo, mas o olhar voltou a bater de frente, fogo encontrando o fogo.
- Está tudo bem pra você? – a voz saiu suave, fazendo o rosto de Ana relaxar.
- Claro que está. – sorriu.
- Está tudo bem pra você? – isso fez a ruiva titubear, o olhar vacilando por um momento.
Ana pensou em repetir as palavras, mas conhecendo Kai, ele já não as aceitaria. Entretanto ela realmente queria que Kai soubesse que para ela tudo bem.
- Não está tudo bem. – Kai repetiria quantas vezes fosse necessário. Se para Ana o Natal era uma data tão especial, então ele realmente não tinha motivos para deixá-la só. – Sinto muito, mas vou ficar aqui quer você queira ou não. – sentenciou.
- Mas-
- E você vai tomar sopa, sem "mas". – levantou da cama, ignorando completamente as queixas da garota.
Ana estava a ponto de levantar da cama quando ouviu o barulho da porta de entrada ser aberta. Kai, que ainda mantinha a mão na maçaneta do quarto, suspirou. Ele sabia que não era o único detentor da chave do apartamento, e o som da tranca foi bastante claro.
"Carter."
Quando passou o corredor, porém, ao invés de ver o homem na sala, viu uma algazarra se implantar da sala até a cozinha. Ana apareceu ao lado e foi com assombro que ela viu os Bladebreakers entrarem com bolos, salgadinhos e champanhe.
- Kai, não é por nada não, mas que porra é essa?
Kai se apoiou na lateral. - Eu já deveria imaginar.
Enquanto a turma colocava coisas nas mesas e balcão, Carter se aproximou.
- A ideia não foi minha. – levantou os braços, como rendição. – Mas não seria a mesma coisa sem vocês dois.
- Se vocês não vão ao jantar, o jantar vai até vocês. – Tyson surgiu atrás de Carter com um sorriso de orelha a orelha.
Kai riu baixo. Ele realmente deveria ter imaginado que Tyson inventaria uma dessas.
- Feliz Natal Ana. – o azulado estendeu um embrulhinho para a ruiva. – Aproveitem. Mas não gastem tudo de uma vez – sorriu sacana.
- Valeu... – olhou um pouco assustada, quase tanto quanto Carter que olhava os dois de forma estranha.
- Nem vou perguntar. – o homem entregou um embrulho para Kai e para Ana, em seguida foi para a cozinha.
Os dois ficaram quase uns cinco minutos observando a algazarra, ouvindo coisas como "Ray, não dê açúcar para Max, você quer explodir o prédio?" e "Muito engraçado, agora me dá o alcaçuz.".
A ruiva olhou para Kai, um pouco incerta sobre como iniciar uma conversa, principalmente por que os dois estavam prestes a discutir há 10 minutos.
- Você não vai encostar nos salgadinhos. – Kai soltou do nada, fazendo Ana prender a respiração por um segundo.
Ana sorriu, só um pouquinho. Olhou para os dois embrulhos nas mãos. – Espero que não seja o que eu estou pensando.
- Como se ele tivesse coragem. – o russo adicionou o terceiro embrulho às mãos da garota, ajustou o edredom como se o cobertor se tratasse de uma capa de chuva e beijou sua testa com ternura.
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Os dois estavam na sala, com a TV desligada, sentados no tapete felpudo. Os Bladebreakers pareciam bem ocupados na cozinha. Carter falava ao celular - ele era um homem de negócios afinal, com Natal ou sem ele, diria Kai.
- Eu sei que não falei nada, mas... Me desculpa por ter falado aquilo tudo. Quero dizer, eu não queria te afastar nem nada... – Ana olhava para um pote que Jin havia dado a ela quando enfim chegara.
- Você não estava errada, mas eu estava preocupado, ainda estou.
- Desculpa por isso.
- Tudo bem. – a comprimiu entre os braços e apertou o enlace entre as mãos da ruiva que seguravam o pote. – E você vai tomar isso amanhã, só pra ter certeza.
- Odeio nabo. – fez cara de nojo.
Omake
Ana acordou com um friozinho nos pés. Voltou a escondê-los no edredom, percebendo com o movimento o bicolor atrás de si, ainda dormindo com a cabeça apoiada no encosto do sofá. Já não havia mais ninguém na sala, não ouvia nenhum barulho da cozinha nem de nenhum outro cômodo. A mesinha de centro estava com alguns embrulhos e cartões – e o pote grande de nabo com mel do loiro.
A ruiva não pôde deixar de rir, eles provavelmente tinham dormido antes mesmo da troca de presentes. Deveria ter sido hilário. Ela podia até imaginar o povo saindo de fininho.
Pegou o primeiro cartão que viu e ficou surpresa por ver ali o nome de Ling – em uma caligrafia impecável, vale ressaltar.
"Afinal de contas, quanta gente veio até aqui?"
Olhou para o celular, a luz de notificação piscando.
- Um e-mail?
O e-mail mostrava o nome de Tyson Granger como remetente, o assunto dizia: Família Bladebreaker. A mensagem era bem curta, com um "Sei que está um pouco tarde para isso, mas é só para registrar. Mandamos abraços e Feliz Natal." e uma foto como anexo. Nela, os garotos ao lado de Ana e Kai dormindo, com Carter e Ling num canto. No extremo da foto em letra vermelha, havia um "Bem-vinda à família".
Os lábios se curvaram em um sorriso, com a felicidade se expandindo sem limites.
- Essa eu vou imprimir.
...
...
Notas finais: Tenho certeza que alguém está doidinha pra me matar por que além de eu ter sumido, não postei no prazo e ainda soltei um monte de spoilers (e não-spoilers :v). Alguém também deve ter se perguntado: Cadê a Mary-sue gostosona? Mas eu nunca disse que a usaria aqui *corre*
Essa ideia surgiu no comecinho de Janeiro e nem preciso dizer o quanto eu fiquei irritada por não ter tido essa ideia em dezembro. Enfim, em essência, a ideia era uma fanfic bem caseira, com açúcar e tudo o que eu tenho direito. Sem tretas (e sem graça, mas né).
Essa coisa de nabo com mel e ovo com saquê eu tirei tudinho do anime Natsume Yuujinchou. Metade dessa fic é ideia desse anime, eu usei até a trilha sonora pra dar um clima...
E... Eu sei, ficou grande, desculpem. Detalhe que eu ainda queria ter usado melhor alguns personagens, mas o capítulo estava no limite, então além da encheção de saco, ia ter muita encheção de linguiça *risos* mas meh...
Espero que tenham gostado e me desculpem qualquer coisa...
Bey-jos e fui *corre*