Era uma família dentro do seu lar, como outra qualquer, mas nada que outra família tivesse passando se igualava a essa. Os Ponds, Smiths, Songs ou simplesmente família do Doutor. Ele estava sentado pensativo, quieto por muito tempo e River o avistou quando volto do quarto de Amelia, que agora dormia profundamente.

-Ok, não aguento mais isso, desembucha.

-Que? Hã? Dizer o que? Eu não tenho nada pra dizer.

River uniu as sobrancelhas.

-Claro que não, faz todo sentido continuar quieto.

-Riv tem umas coisas que andei pensando e... são muito complicadas.

-Estou vendo o quanto isso é sério, por isso tem que me contar.

-Certo eu... não quero que... você e Amelia se machuquem por minha causa.

-Se depender de mim isso nunca vai acontecer.

-Não, você não entende eu... vou desistir.

-O que? De nós? Quem é você e o que fez com meu marido? O Doutor que eu conheço nunca diria isso, pare de ser tolo.

-Só quero proteger vocês, o universo não precisa perder mais inocentes, por isso não quero que vocês sejam as próximas.

-Não acredito que estou ouvindo isso!

-Vai acordar a Amelia...

-Agora você pensa na Amelia? Pense nela sem o pai dela, acha que ela merece isso?

-Não, não disse que deixaria vocês, só disse... estou dizendo agora que não quero que viajem comigo, é perigoso demais eu arriscar minha família.

-Eu sei que nos ama e quer nosso bem, mas ficar sozinho não é a melhor solução!

Eles se encararam por alguns minutos, o olhar firme dela, rígido, exigindo algum sentido naquele discurso. O dele, lamentável, triste, implorando perdão e compreensão.

O Doutor suspirou.

-Eu sei...

-Mamãe?- Mary apareceu, bocejou e coçou os olhos - O que é todo esse barulho? Não consigo dormir.

River olhou brava para o Doutor antes de pegar a filha no colo.

-Me desculpa docinho, o papai está sendo bobo.

-Ele é às vezes, mas nem sempre.

O Doutor se aproximou delas devagar.

-Obrigado Amelia Mary Smith...

-Que tal uma história pra você dormir de novo? – propôs a mãe – E eu prometo que dessa vez não vai mais ter barulho.

-Hum hum – concordou Amelia.

-Conversamos depois...

River voltou a por Amelia para dormir. O Doutor continuou pensativo, debruçado no console da Tardis, um zilhão de pensamentos na sua velha mente até que River tocou seu ombro o forçando a focar nela.

-Mudou de ideia?

-Não River, só me deixe explicar melhor, sei que teme pela Amelia, que eu vou ficar longe dela, mas eu não quero que ela me veja assim.

-Por que não nos deixa ajudar? Nós estamos aqui...

-É... mas até quando... eu... posso perder vocês a qualquer momento.

-Eu entendo, não quer nos perder e nem se afastar de nós, mas a melhor opção é nos deixar?

-Eu nunca abandonaria vocês, River, vocês são minha vida.

-Eu entendi, não quer que Amelia veja o seu pior lado, mas sabe... por mais que eu possa vê-los eu ainda sinto falta deles também.

-E não há chance de que eles conheçam a própria neta...

Uma lágrima escorreu pelo rosto do Doutor enquanto ele fungou.

-Precisa de um tempo pra pensar em tudo... e isso é bom porque nunca vi você fazer isso... tirar um tempo pra você... e eu sei que quando estiver melhor vai correr pra nos encontrar... não é?

-Oh Riv...

O Doutor se levantou e abraçou a esposa, deixando as lágrimas rolarem. Ela o abraçou forte, entendendo aquele velho tolo que amava tanto sua família que estava disposto a abrir mão dela para mantê-la segura.

-Então o que vamos fazer agora?

-Eu pensei em ficar um tempo na velha Londres vitoriana e... você podia levar a Amelia pra universidade com você.

-Claro, algo mais?

-Venham comigo e depois vá River e... espere eu visitar vocês.

-Já tinha tudo planejado há muito tempo, não é?

-É, sinto muito por isso.

-Vou falar pra Mary do nosso... passeio, eu entendo porque está fazendo isso, mas não ache que eu acho isso certo.

-Ok.

Uma semana depois, Mary estava muito animada para conhecer os amigos alienígenas de seu pai que teimavam viver na Terra na velha Londres. O Doutor e sua família tiveram um dia fantástico, Mary brincou, riu e tentou decifrar pistas.

No final do dia, os três se reuniram pra sua despedida que certamente não seria a última.

-Amelia, eu não sei se a mamãe te contou que o papai vai ficar aqui.

-Ela disse sim, mas eu não entendi porque você quer ficar sozinho...

-Eu preciso ficar um tempo sozinho... mas não se preocupe, vou visitar você e a mamãe sempre ok? Seja uma boa menina e a ajude ok?

-Ok.

O pai dela beijou sua bochecha e lhe deu um abraço. O Doutor viu River se aproximando.

-Eu sinto muito.

-Não estrague o dia, por favor, não esqueça de nos visitar.

-Não vou, nunca.

Ele deu um ultimo beijo na esposa e o vórtex temporal as levou pra longe dele. Tudo aquilo era pro bem delas e dele também, ele tentou se convencer uma última vez.