CHAPTER 1

Kyoko clasped her hands over her skirt so no one would notice they were shaking. That was the third marriage agency she was checking and her last chance for freedom. At least as much freedom as was allowed in that century for a single woman with no family, no important surname, no dowry, and no contacts.

"Kyoko Mogami."

"Yes sir."

Yukihito Yashiro. She read the name on the wooden sign on the desk for the umpteenth time. Repetitive tasks helped her calm down.

The man looked at her over his glasses for a moment before resuming his reading. Apparently he had said her name aloud just because it was the only thing he could pronounce at that moment. Everything else should be unspeakable to an obviously literate and well-born man.

Kyoko could not decipher what he was thinking about her, although it was not hard to imagine that he was judging her accordingly to the report she had given him a few minutes ago. The same report that her hometown magistrate had instructed her to display at the remote settlement marriage agencies.

The man cleared his throat once as if to speak again, but only turned pages back and forth, as if he had to compare one piece of information with another. His sighs were deep and every now and then Kyoko could hear the wooden sole of his shoe drumming on the floor.

He looked agonized, but his agony was no greater than Kyoko's.

"It says here you have-"

"A specific deadline to get married, yes."

"... And this deadline-"

"Ends in two days. I know."

She did not want to be rude, but his restlessness aggravated her restlessness to the point that she wanted to end their suffering, hence the interruptions. Yukihito Yashiro seemed to be a decent man, the kind who mind the words before saying something minimally unpleasant to a person, so Kyoko felt compelled to make things easier for him.

The man took off his glasses and pretended to wipe them off with a handkerchief. Kyoko knew he was just trying to buy time, because his glasses were so clean she could see herself reflected in the lens.

"Mr. Yashiro, I know I am asking for something nearly impossible. All single men from two agencies turned me down, so it is unlikely that anyone in your agency is desperate enough to accept me. Far from wanting to pressure you, although I know I am doing just that, I will go to jail if I do not get married until the day after tomorrow. Therefore, I need you to at least try to help me, because I certainly do not have time to reach the next settlement and I definitely do not want to go to jail!"

Yashiro leaned back against the chair to recover from Kyoko's outburst while she tried to do the same. The report did not say what she had done to be convicted, but the practice of sending single women with legal issues to the remotest regions of the continent to get married was in vogue lately. It not only emptied the prisons, but also ensured the settlement and the consequent development of certain communities.

Not to mention that for a man to enlist in a marriage agency at a time when all women of marriageable age thought of nothing but marriage, he could only be of the crass and unpleasant kind. That is, the government handed over a troublesome woman to a rough man so she could be tamed or something, and to top it off, population growth where it was most needed was guaranteed.

Instead of a jailer, the convict would have a husband.

While Yashiro contemplated such a situation, Kyoko waited anxiously for the moment when he would say something. Surely, he was thinking of something she hoped had gone unnoticed: all single men from two agencies had rejected her. What the hell had she done to each of them to be considered unsuitable for marriage?

Fortunately, Yashiro was an exceptionally discreet agent, so the question never reached his mouth. On the other hand, he remained uncertain as to whether or not to unite her to the only man who would free her from prison.

"Miss Kyoko, there is a registered man at this agency who has not imposed any conditions on getting married." She should be suspicious of a man who could say 'anyone will do', but she was too desperate to speculate about the despair of her possible future husband. As a result, Kyoko just followed Yashiro's every word eagerly as her head bobbed up and down like a spring doll. "I can send him a message today, which will make sure I get his answer tomorrow. In the nick of time, I know, but it's the best I can do."

She had just one question.

"If he accepts me tomorrow, can we get married in a timely manner?"

She did not want to go to prison at all.

"Miss, we already have a blank marriage certificate signed by him. We just need your name and signature. Tomorrow's confirmation will be just... an extra, so to speak."

Kyoko smiled for the first time in a long time.

Yashiro could only hope that happiness would last, though the odds were against her. After all, all women in the region had rejected the man in question.

A/N - I needed to write this story. It has been pestering me since it popped into my head a week ago.

CAPÍTULO 1

Kyoko apertou as mãos sobre a saia para que ninguém notasse seu tremor. Aquela era a terceira agência de casamento da região e sua última chance de liberdade. Ao menos, tanta liberdade quanto era permitida naquele século a uma mulher solteira, sem família, sem sobrenome importante, sem dote e sem contatos.

"Kyoko Mogami."

"Sim, Senhor."

Yukihito Yashiro. Ela leu o nome na placa de madeira sobre a mesa pela enésima vez. Tarefas repetitivas a ajudavam a se acalmar.

O homem a olhou por cima dos óculos por alguns instantes antes de retomar a leitura. Aparentemente, ele havia dito o nome dela em voz alta apenas porque era a única coisa que ele conseguiria pronunciar no momento. Todo o resto deveria ser indizível para um homem obviamente letrado e bem-nascido.

Kyoko não soube decifrar o que ele estava pensando sobre ela, embora não fosse difícil imaginar que ele a estava julgando com base no relatório que ela havia entregado a ele há alguns minutos. O mesmo relatório que o magistrado de sua cidade natal a havia instruído a exibir nas agências de casamento dos assentamentos remotos.

O homem pigarreou uma vez como se fosse falar novamente, mas apenas repassou páginas para cá e para lá, como se precisasse confirmar uma informação com a outra, comparar um parágrafo aqui com outro acolá. Seus suspiros eram profundos e de vez em quando Kyoko conseguia ouvir o solado de madeira de seu sapato batucando no chão.

Ele parecia agonizar, mas sua agonia não era maior que a de Kyoko.

"Aqui diz que a senhorita tem-"

"Um prazo específico para me casar, sim."

"...E este prazo-"

"Se encerra em dois dias. Eu sei."

Ela não pretendia ser rude ao interrompe-lo a todo momento. Era só a inquietação dele agravando a inquietação dela que a fez querer acabar logo com o sofrimento de ambos. Yukihito Yashiro parecia ser um homem decente, do tipo que mede as palavras antes de dizer algo minimamente desagradável a uma pessoa, portanto Kyoko se viu impelida a facilitar o trabalho para ele.

O homem tirou os óculos do rosto e fingiu limpa-los com um lenço. Kyoko sabia que ele estava apenas tentando ganhar tempo, porque os óculos dele estavam tão limpos que ela até conseguiu se ver refletida nas lentes algumas vezes, mas tempo era um luxo do qual ela não dispunha.

"Senhor Yashiro, eu sei que estou pedindo algo praticamente impossível. Todos os solteiros de duas agências me recusaram, então é bastante improvável que haja alguém na sua agência desesperado o suficiente para me aceitar. Longe de querer pressiona-lo, embora eu saiba que estou fazendo exatamente isso, mas eu irei para a prisão se eu não estiver casada até depois de amanhã. Logo, eu preciso que o senhor pelo menos tente me ajudar, porque eu certamente não tenho tempo para me deslocar até o próximo assentamento e eu definitivamente não quero ser presa!"

Yashiro se recostou contra a cadeira para se recompor enquanto a mulher tentava fazer o mesmo. O relatório não dizia o que ela havia feito para ser condenada, mas a prática de enviar mulheres solteiras e em dívidas com a lei para as regiões mais remotas do continente a fim de se casarem estava em moda ultimamente. Não só esvaziava os presídios, como garantia o povoamento e o consequente desenvolvimento de certas comunidades.

Sem mencionar que, para um homem se alistar em uma agência de casamentos em uma época onde todas as mulheres em idade para se casar não pensavam em outra coisa, ele só poderia ser do tipo grosseiro e desagradável. Portanto, o governo entregava uma mulher encrenqueira a um homem rude para ser domada ou coisa assim, e de quebra garantia o crescimento populacional onde era mais necessário.

Ao invés de um carcereiro, a condenada teria um marido.

Enquanto Yashiro contemplava tal situação, Kyoko esperava pelo momento em que ele iria dizer alguma coisa. O homem não demoraria tanto tempo pensando se houvesse uma resposta simples para o dilema dela. Ou então, ele estava ponderando algo que ela esperava que tivesse passado despercebido.

Ela havia sido rejeitada por todos os solteiros de duas agências. Que diabos ela havia feito para cada um deles para ser considerada inadequada ao matrimônio?

Felizmente, Kyoko estava sendo atendida por um agente excepcionalmente discreto, portanto a pergunta nunca deixou a cabeça dele. Contudo, Yashiro continuava incerto sobre uni-la ou não ao único homem que a livraria da prisão.

"Senhorita Kyoko, há um homem registrado nesta agência que não impôs qualquer condição para se casar." Ela deveria desconfiar de um homem capaz de dizer "qualquer uma serve", mas ela estava desesperada demais para especular acerca do desespero de seu possível futuro marido. Por conseguinte, Kyoko apenas acompanhou cada palavra de Yashiro com avidez, enquanto sua cabeça balançava para cima e para baixo tal qual um boneco de mola. "Eu posso enviar uma mensagem a ele hoje, o que garantirá que receberei a resposta dele amanhã. Em cima do prazo, eu sei, mas é o melhor que pode ser feito."

Isso a preocupou.

"Se ele me aceitar amanhã, nós conseguiremos nos casar em tempo hábil?"

Ela não queria ir para a prisão de jeito nenhum. Logo, o sorriso de Yashiro a tranquilizou antes mesmo de sua resposta.

"Senhorita, nós já temos uma certidão de casamento em branco assinada por ele. Tudo o que falta é o seu nome e a sua assinatura. A confirmação de amanhã será apenas... um extra, por assim dizer."

Kyoko sorriu pela primeira vez em muito tempo. Pela primeira vez, ela pareceu a Yashiro uma jovem de sua idade.

Ele só poderia torcer para que aquela felicidade durasse, embora as chances estivessem contra ela. Afinal, o homem em questão havia sido rejeitado por todas as mulheres da região.

A/N – Eu precisava escrever essa história. Ela vem me importunando desde que surgiu em minha cabeça há uma semana.