Tempestade de Verão

Capítulo 3

Quando Tamahome já não tinha quase esperanças de conseguir escapar daquele lugar, um dos seus planos de fuga deu certo. Havia demorado vários meses, mas finalmente ele saíra do palácio e ganhara liberdade. Ele precisava ir para bem longe, para que não fosse preso outra vez. Ele ouvira falar de Konan, um lugar que abrigava gente de todos os lugares do mundo por causa do comércio, e resolveu partir para lá. Foram vários dias de viagem, mas finalmente ele conseguiu chegar na capital, onde se impressionou com a vida da cidade, seu povo alegre e próspero, e um imperador bem diferente do que havia conhecido antes...


Hotohori e Nakago começam sua conversa, quando são interrompidos por gritos. Tamahome entra na sala causando um enorme tumulto, guardas estavam correndo atrás dele.

- Majestade, desculpe o incomodo, mas este homem quis entrar sem permissão e...

- Eu acho que não tem problema se ele ficar, Vossa Majestade, afinal, ele é o assunto da conversa... – disse Nakago.

- Muito bem, guardas, deixem este homem permanecer aqui. – disse Hotohori. Ele estava estranhando muito aquela situação...

Os guardas se retiraram fazendo reverencias.

- Você não pode confiar nele!! – disse Tamahome se referindo a Nakago.

- Ora, mas o que é isso? Eu acho que é exatamente o contrário... Vossa Majestade não pode confiar nesse homem. E sabe por que? Porque ele invadiu minha propriedade tentando roubar minhas riquezas, mas para minha sorte, eu consegui prendê-lo a tempo.

Hotohori parecia perplexo. Tamahome permaneceu em silêncio.

- Não é verdade? Diga, porque é a verdade!!!

Tamahome sentiu um peso enorme recair sobre seus ombros. – Sim, é verdade. – ele falou olhando para baixo.

- Vossa Majestade ouviu o que ele disse? Percebe a gravidade da situação? Não pode deixar que um criminoso fique em liberdade!! Ele já fugiu da prisão uma vez, mas garanto que não escapará de novo.

Hotohori estava sem palavras, estava extremamente abalado por tudo aquilo.

- E Vossa Majestade acredita que ele ainda teve a audácia de tentar me seduzir... Ainda bem que eu não cai no joguinho dele...

- É MENTIRA!! Eu não fiz isso!! Eu nunca faria isso!! – disse Tamahome gritando de ódio. – É verdade que eu tentei pegar o dinheiro que ele guardava naquele esconderijo, mas aquele dinheiro não era dele!! Era do povo de Kuto que é roubado a cada dia pelos impostos desumanos que esse crápula aplica. Ele não faz nada naquele Império que não seja em benefício próprio, não se comovendo ao deixar as pessoas na miséria. Ele não é como você Hotohori, que é justo e se importa com a população, que trabalha para trazer prosperidade. Eu... eu não queria fazer mal ao pegar o dinheiro, mas é que é muito difícil ajudar a sustentar uma família de 33 irmãos...

- 33 IRMÃOS!!! – Nakago e Hotohori exclamaram espantados.

- É que meus pais gostavam muito da coisa...

- Mas não podem ser 33 filhos dos mesmos pais... – Hotohori falou refletindo sobre a questão.

- Não, realmente não são...dois são adotados...

-?????????

- Mas o que importa quantos irmãos ele tem! O que tem que ser levado em consideração é que ele cometeu um crime e ele deve pagar por isso!! Deixe-me levá-lo comigo, para que eu... corrija-o da forma adequada.

Hotohori estava arrasado. Ele não podia acreditar que Tamahome era um criminoso... era doloroso demais. Algo dentro de si, dizia que não se podia confiar em alguém que só conhecera há um dia, mas a outra... a outra queria dizer o contrário... mas os fatos...

- Hotohori, eu não posso ir... Por favor, não deixe ele me levar daqui... – disse Tamahome suplicante. – sua mão tocando a do imperador, e olhando profundamente naqueles olhos. O coração de Hotohori parecia querer explodir em seu peito, de tanto que ele o sentia apertado.

Nakago não deixou de perceber o jeito com que eles se falavam, com tanta intimidade...e sentiu uma raiva tão grande que se ele não tivesse o auto-controle que tinha, já teria voado para cima dos dois.

- Escute, com atenção, Vossa Majestade, não seria muito sábio de sua parte proteger um criminoso. Quem sabe o mal que ele não faria aqui também...

Hotohori não tinha escolha, mas ele não queria que tudo terminasse daquele jeito. – Mas... Não há outro jeito de resolver isso? Ele poderia ficar aqui e...

- É um assunto que diz respeito ao meu governo. Ele infringiu as minhas leis ao tentar roubar um tesouro que pertence ao Império. Eu exijo que ele venha comigo!

O imperador de Konan estava prestes a se recusar...

- Vossa Majestade não gostaria de criar um atrito entre nossos governos, somente por isso, não é mesmo? Mas é lógico que não faria isso. Afinal, eu tenho a maior força militar do planeta e não seria difícil dominar qualquer reino ou até mesmo império que eu quisesse. Pensando, nisso, não seria má idéia adquirir novos territórios...

- JÁ CHEGA!!! – gritou Tamahome. – Chega dessa história... – ele sabia muito bem que Nakago era louco e não duvidava muito que ele começasse uma guerra de dominação com uma desculpa dessas... Ele não poderia deixar em risco a segurança de Konan por sua causa! Ele não podia colocar em risco... – Eu confesso que sou um criminoso... e eu... devo pagar pelos meus crimes...

Nakago deu um sorriso de vitória.


- Você precisa desistir dessa sua idéia de ficar longe de mim, não há outra possibilidade para você... Agora entende? – disse Nakago em seu quarto no palácio de Kuto.

-...Sim. – disse Tamahome cabisbaixo.

- Mesmo...? – disse Nakago desconfiado.

- Eu... Eu admito que foi uma loucura minha querer fugir... Mas... Mas agora eu sei que... que eu...

- Então... Você vai se submeter a mim?

Tamahome se aproxima de Nakago e pega uma de suas mãos, guiando-a até sua boca e a beija suave e demoradamente. O imperador fica surpreso com o gesto e mais surpreso ainda com o olhar que recebe depois. Os olhos do rapaz encontram os dele, e mantêm contato. Sua mão toca o rosto de Nakago, que olha perplexo. Seus lábios se tocam levemente e Tamahome inicia um beijo longo e sensual, colocando seu corpo pressionado ao outro. O loiro o abraça e começa a beijá-lo de volta.

- Eu sou todo seu... – diz Tamahome ao terminar o beijo.

Nakago solta um suspiro de aprovação. – Então, faça o que eu mando. Tire a roupa.

O rapaz começa a se despir vagarosamente, tirando as roupas vermelhas que ganhou de Hotohori. O imperador olha satisfeito, apreciando tudo o que era mostrado. Terminando a tarefa, ele começa a tirar as roupas de Nakago, que observa cada movimento cuidadosamente. Após um beijo ardente, Tamahome é mandado para a cama.

- Vamos ver se você vai me obedecer mesmo... – O rapaz o olhou atentamente. – Eu quero que você se toque pensando em mim.

Tamahome parecia hesitar por um momento, mas logo em seguida, deitou-se de costas para os lençóis brancos e abriu um tanto as pernas. Sua mão percorreu seu tórax, depois seu abdômen e foi parar na base de seu pênis. Sua respiração ficou acelerada ao começar a se masturbar lentamente. Nakago sentou na beira da cama e apreciou toda a visão, seus olhos não deixavam nem por um segundo de se fixarem na figura a sua frente. Tamahome gemeu mais alto ao acelerar mais o ritmo de sua mão, provocando um som de prazer do seu companheiro de quarto. Ele jogou sua cabeça para trás no travesseiro e sua língua percorria seus lábios umedecendo-os. Seu peito subia e descia rapidamente e gotas de suor começavam a escorrer sobre sua pele.

Nakago se aproximou e deitou-se encostado em Tamahome, tocando-o todo. Sua boca beijando seu corpo de cima a baixo como se quisesse devorá-lo. Aquilo tudo estava deixando ele completamente excitado. Após lamber-lhe o pescoço e morder-lhe a orelha levemente ele falou em seu ouvido sensualmente:

- Diga o que você está pensando, conte para mim...

Tamahome respirou fundo. – Eu... Ah... estou imaginando que em vez da minha mão, é a sua que está me esfregando...

- E você está gostando?

-...Muito.

- O que mais eu estou fazendo?

Tamahome levou sua outra mão até mais embaixo do seu corpo, entre suas pernas, com seus dedos encostando na entrada que havia lá. – E... – Ele gemeu alto quando seus dedos penetraram seu corpo, fazendo seus músculos tencionarem. Nakago também gemeu ao ver a cena. - ...E você está entrando em mim... – Seus dedos entram mais fundo em seu corpo. -...mais fundo. – Sua mão começa a ir e voltar continuamente, fazendo-o gemer sem parar. Nakago segura sua mão e comanda seus movimentos, fazendo o ritmo aumentar mais ainda. Logo em seguida, ele o faz retirar os dedos dentro de si e se posiciona entre suas pernas, penetrando-o de uma vez. Tamahome agarrou os lençóis com força enquanto seu corpo era tomado vorazmente.

- Você quer mais? – perguntou Nakago retirando seu membro.

-...Quero. – disse Tamahome debilmente.

Nakago sorriu e enfiou seu membro com força, causando um grito de dor. E cada vez o penetrava mais forte, empurrando o corpo dele contra o colchão. Segurando os quadris de Tamahome fortemente, o loiro o puxava mais e mais para si, porque ele estava sendo arrastado pela cama com o movimento. Suas mãos apertaram cruelmente o corpo do outro quando ele gozou dentro do rapaz. Tamahome esfregava sua mão em volta de seu pênis rapidamente e também atingiu o clímax.

Após sair do corpo do outro, Nakago deitou-se na cama exausto. Tamahome deitou-se sobre ele e acariciou-lhe o rosto e afagou-lhe os cabelos. O imperador o olhou um pouco surpreso, mas tocou-lhe a nuca e o puxou para um beijo cheio de sensualidade.

- Agora você aprendeu a lição, não é. – disse Nakago ao beijar a têmpora do moreno.

- Você viu que não adianta tentar fugir, eu sempre o terei...

Tamahome deu um beijo nele. – É, agora eu sei... – Ele encostou seus lábios na orelha do loiro. – Você quer receber um presente? – ele falou em seu ouvido.

O imperador sorriu. – E o que é?

- É uma surpresa... Feche os olhos... – ele suspirou.

Nakago fez como lhe foi pedido, com um pouco de receio, mas curioso ao mesmo tempo.

Tamahome levantou-se da cama devagar, para voltar rapidamente.

– Eu nunca vou ser seu!!!

O imperador abriu os olhos assustado, mas já não podia...


Hotohori estava com as emoções correndo a mil em suas veias. Ele mal acreditava em tudo o que aconteceu, tudo o que ouviu. Mesmo sabendo que Tamahome havia cometido um crime, ele... ele não podia deixar de sentir o que sentia. Era loucura... Quando o levaram de seu palácio, ele permaneceu estático, não pôde fazer nada. Era a coisa certa a fazer, não era? Ele não podia entrar em atrito com outro Império por causa de um único homem... Um homem que... havia preenchido um espaço há muito tempo vazio em seu coração... Estaria ele certo? Sacrificar seu coração para o bem de todos... era o que ele devia fazer, era o que sua mente o mandava fazer, mas como... como pode existir uma força tão forte que o fez contrariar tudo e levar seus soldados com ele até Kuto...?

Espere por mim Tamahome, eu vou encontrá-lo de qualquer jeito!


-...Você... – Nakago mal podia respirar, com a faca presa a seu peito. O sangue manchando sua pele, suas roupas e os lençóis de um vermelho intenso. Sua visão estava embaçada, mas ele procurava olhar para...

Antes de partir de Konan, Tamahome havia escondido uma faca em suas roupas. Nunca que ele teria acesso a uma arma em Kuto. Ele decidiu que seria a única forma de garantir que Nakago não partisse um dia para atacar o outro Império. Todos sabiam que a guerra era a especialidade daquele lugar.

Estranhamente, Nakago sorriu. -...Eu tive de tudo nesta vida, dinheiro, poder... Destruí vários exércitos e reinos... Quem diria que eu seria derrotado por um garoto...

Ele não gostava do método que se utilizou contra Nakago, parecia... sujo demais. Ele preferiria ter enfrentado o outro homem em uma luta de igual para igual... mas nunca seria assim...

-...Quem diria que de tudo em que eu botei meus olhos... o que eu mais quis...

Tamahome não agüentava mais aquilo... Mas ficou escutando...

-...Mas, não pense que acabou... Eu vou só fechar meus olhos para sonhar com você... e um dia... nós nos encontraremos de novo... mesmo que seja no inferno... nós nos encontraremos de novo... nós...


Hotohori pedia para que seus homens se apressassem... Cada segundo era importante... Ele não poderia suportar o pensamento de ver Tamahome com...
Quanto tempo levaria para que o descobrissem? Infelizmente, a resposta para a pergunta foi dada pouco tempo depois que ele havia escapado pelos portões do palácio. Ele se utilizou da mesma rota de fuga que usara antes, mas desta vez, ele não teria muito tempo para ir embora daquele lugar. Na saída ele teve que enfrentar alguns guardas. Mesmo ao ganhar algum tempo, em breve estariam o perseguiriam incansavelmente.

Ele estava em um campo aberto. Não havia lugar para se esconder. Mas não havia outro caminho, ele não poderia voltar atrás, não tinha jeito. Mas se ele conseguisse percorrer o enorme descampado e chegasse ao rio, logo após, ele chegaria perto de uma floresta aos pés dos morros. Lá ele poderia despistar seus perseguidores... Se ao menos ele conseguisse...

Tamahome já havia percorrido um longo pedaço do percurso, mas os soldados se aproximavam. O jovem correu o mais que pôde, o mais que suas pernas agüentavam, fazendo seu coração bater como nunca...

O rio já entrara em seu campo de visão quando ele ouviu os galopes dos cavalos apressados. Não podia olhar para trás, ele não precisava, sabia o que era. Ele aumentou a velocidade mais ainda, e estava quase na margem, quando uma flecha atingiu o seu ombro. Mas mesmo assim ele não parou. Mais flechas o acertaram, mas ele ignorou a dor e entrou nas águas turbulentas. Os guerreiros se aproximavam cada vez mais e o barulho em seus ouvidos era insuportável, os galopes que não cessavam, os gritos e as correntezas. Ele lutou contra a força das águas o máximo que pôde, mas o cavaleiros já haviam alcançado o rio. Mesmo assim, ele não desistiu e seguiu em frente, empurrando a pesada massa de líquido com o corpo e sentindo o sangue de seus ferimentos escorrerem com mais rapidez. Os cavalos pareciam não querer entrar nas águas, que estavam mais agitadas que nunca naquele dia. Algumas flechas foram lançadas, a maioria se perdendo na enxurrada, mas algumas atingindo seu alvo. O corpo de Tamahome quis parar, mas ele tinha um pensamento fixo que o fez continuar.

Finalmente, ele conseguiu sair do rio e mais adiante, após um campo de flores estava a floresta. Mas ele tinha perdido muito sangue e sua visão começou a turvar. Mas mesmo cambaleando, ele prosseguiu.

- O que eu mais queria... tudo o que eu queria... era poder... – O rapaz fechou os olhos e caiu em cima das flores, fazendo algumas folhas voarem pelo ar e manchando as pétalas com sangue.

Nada mais se escutava, as correntezas lá perto, os gritos dos soldados, os galopes dos cavalos. Tudo era silêncio.

Tamahome permaneceu parado por um bom tempo, até que sentiu algo cutucar seu rosto. Ele não queria mais abrir os olhos, mas o que o estava incomodando era tão insistente que ele os abriu. Ele sorriu ao ver um lírio branco balançando com o vendo, tocando sua face como se o estivesse acariciando.

- Ah, Hotohori...de alguma forma, eu cheguei até você...


Os homens vindos de Konan chegam à fronteira de Kuto.
Chovia intensamente quando o imperador de Konan e seus soldados caminharam até onde estavam os soldados de Kuto.

- Afastem-se. – ordenou Hotohori, e os homens se afastaram.

Ele estava com suas roupas encharcadas pela água e seus cabelos escuros grudavam em sua pele.

Sua visão ficou fixa em Tamahome por um longo tempo...

O jovem estava deitado em uma grande pedra. Sua cabeça pendia para trás e seus braços e pernas estavam jogados em cima da superfície. Suas roupas, que já eram vermelhas, estavam cobertas por um tom ainda mais intenso. Suas pálpebras estavam fechadas, como se ele estivesse dormindo.

Após longos minutos, Hotohori se aproximou ainda mais, tocou a face de Tamahome e encostou seus lábios ao seu ouvido e disse:

- Não se preocupe, eu vou procurar a sua família e dar uma vida digna a eles.

- Eu vou dizer que você sempre os carregava em seus pensamentos...

- Eu...

E suas mãos agarraram o corpo com força. Com tanta força...

- Eu...

-...

E um segredo foi guardado para sempre entre eles.


Fim.


Ok, eu não achei que ficou muito bom, mas é que um dia eu acordei e... tinha uma idéia na cabeça, fui obrigada a escrever... Foi estranho, porque eu NUNCA pensei em fazer uma fic de Fushigi Yugi, por isso, se ficou estranha...