X-Men Slash Fic

Titulo: Começo.

Casal: Scott/Logan

Essa estória é situada essencialmente dentro do universo dos filmes, mas com várias alterações aí também, além de que acabei misturando um pouco da personalidade do Wolvie dos quadrinhos com o do filme, simplesmente porque estou mais acostumada com ele nos comics.

Nos filmes Hugh Jackman é quem interpreta o Wolverine e ele não é baixinho como o Wolvie dos quadrinhos, dá pra se ver...(obrigada, Senhor!!) então Ciclope (James Marsden) NÃO é mais alto que ele...o que contribui muito para minha imaginação extremamente desavergonhada imaginá-los como um par interessante.

Pode ser que essa fic tenha continuações, afinal esta em especial é inspirada num jogo de RPG conduzido por mim e minha amiga Barbara e temos várias e várias cenas com Scott e Logan como tema e que podem gerar várias fics individuais. Se gostarem desta vou escrevendo mais. Se não gostarem também, afinal eu não tenho nada melhor pra fazer, sabem...

Sinceramente falando eu sempre ODIEI Scott Summers até vê-lo personificado nos filmes e até começar a ler fics com ele e Logan como par principal. Agora estou apaixonada. Eu AINDA odeio o Scott dos quadrinhos (os desenhistas e roteiristas não contribuem muito para a imagem do rapaz, na minha humilde opinião...) mas minha paixão pelos filmes e fics acabou prevalecendo, então...

1.

Para algumas pessoas a telepatia pode parecer uma habilidade maravilhosa, extremamente atraente por várias razões. Você pode saber se uma pessoa está mentindo, por exemplo. Pode ver lugares distantes apenas conectando-se a mente de outras pessoas...pode conhecer alguém de uma maneira tão profunda que vai muito além de um relacionamento comum. O problema com isso especificamente é que você corre o risco de saber coisas que não gostaria de saber. Então, é aí que esse dom torna-se uma maldição.

Jean afastou os olhos da lente do microscópio por um momento e tirou uma mecha ruiva da testa. Seu olhar se fixou num ponto além das paredes esterilizadas e metálicas do laboratório.

Tudo começou com um sonho, lembrou ela. Scott acordando de repente, agitado e confuso, o coração batendo rápido e a respiração acelerada. Ela acordou no mesmo instante, instintivamente sentindo que algo acontecera com seu namorado e, também instintivamente, fez contato com sua mente, para acalmá-lo, para se assegurar que estava tudo bem...e então ela viu. Nos últimos fragmentos confusos do sonho dele ela sentira o desejo e a força de um sentimento que a surpreendeu. Os dois se encararam por um segundo, ela de olhos arregalados, a surpresa evidente e ele, os óculos ocultando o que ela podia simplesmente sentir com a mente: confusão, vergonha e ainda assim...aquele desejo. E não era por ela. Após esse segundo de choque ela sentiu que ele se retraia, se fechava, a mente de volta ao lugar seguro longe do contato dela. Scott tinha erguido suas barreiras.

- Scott...- ela tocara em seu ombro, tentando argumentar, entender.

- Jean...não. - ele se virara na cama, de costas para ela, controlando a respiração a custo.

- Você quer conversar sobre isso...?

- Não. Por favor, Jean...só...vamos voltar a dormir, está bem?

E desde então eles não tinham tocado no assunto. Mas agora ela notava os pequenos sinais. Talvez, ponderou, fosse sua imaginação trabalhando demais...ou não. Jean sabia que podia investigar mais se quisesse. Entrar naquele cômodo escondido na mente de Scott onde as coisas que ele queria ocultar dela ficavam guardadas...mas não podia fazer aquilo com ele.

A porta do laboratório emitiu um ruído deslizante ao abrir-se interrompendo os pensamentos de Jean. Scott sorriu suavemente para ela ao entrar e foi até o armário do outro lado da sala. Ela sorriu de volta e tornou a baixar o olhar para o microscópio, reprimindo um suspiro de exasperação ao ver como ele estava. Empertigado, tenso, a linha dura do maxilar e os lábios apertados. Flashes de luz intensa brilhavam por trás dos óculos de quartzo-rubi. Até seus passos medidos, firmes, denunciavam a tensão que se espalhava por seu corpo e mente. Scott estava tentando manter-se sob controle há semanas...mas agora Jean via que ele estava prestes a desmoronar.

Tudo porque tentava esconder de Jean e de si mesmo a verdade do que estava sentindo. Na realidade Jean não estava certa se Scott realmente tinha se dado conta do que exatamente estava se passando com seus sentimentos. Após um momento ela afastou os olhos das lentes novamente e suspirou.

- Vampira disse que Logan costuma freqüentar um bar na periferia da cidade. Parece que o nome é Owns alguma coisa. Ela não sabia ao certo, mas disse que não fica muito longe da estrada de terra que divide o município.

Ele congelou por um momento. Então virou-se devagar, algumas pastas entre as mãos; os relatórios que o Professor havia pedido para a manhã seguinte.

- Jean...

- Acho que seria uma boa idéia você ir até lá. Mesmo porque ele tem uma aula amanhã cedo e pegou sua moto de novo, você sabe. - ela sorriu mais largamente enquanto ajustava outra lâmina no microscópio, sua voz num tom casualmente divertido. Ela podia sentir o olhar dele queimando em suas costas. - Ele sempre faz isso, não? Mesmo o prof Xavier tendo oferecido a ele a chance de comprar o carro ou moto que quiser, Logan sempre prefere pegar um dos seus.

- Ele...gosta de me provocar. - a voz "dele" não estava nem de longe soando casual. Jean notou que as palavras lutavam para sair de seus lábios.

- Bem, acho que isso "significa" alguma coisa.

- Jean, eu...

Ela sorriu e fitou-o com carinho.

- Não precisa se preocupar com nada, Scott. Está tudo bem.

Ele a observou por mais alguns segundos então assentiu, ainda sentindo-se um pouco embaraçado, mas Jean pôde notar o alívio começando a tomar conta da mente dele.

Ainda sorrindo ela voltou a se ocupar com o microscópio e ouviu a porta deslizar novamente quando ele deixou a sala.

Ela o libertara.

X X X

Logan deu uma tacada certeira e apenas ficou observando as bolas se espalharem rápidas por sobre a mesa de bilhar, achando o caminho para as caçapas quase como que por vontade própria. Seus companheiros de jogo suspiraram, antevendo a derrota antes mesmo do fim. A jovem garçonete de olhos brilhantes que trouxe a cerveja piscou para o mutante, cheia de intenções, enquanto lhe entregava a garrafa.

- Bela tacada, lindão. Você sempre é tão bom assim com o taco?

- Sempre, beleza. Sempre... - respondeu o canadense, sorrindo de lado e dando um grande gole direto do gargalo.

Um som vindo de fora chamou a atenção do mutante por um momento. O som de um carro parando bem ali em frente do bar. E ele conhecia muito bem cada motor macio da garagem do Instituto para saber quem deveria estar ali.

Então o "Destemido Líder" resolveu sair da toca. Eu me pergunto por quê.

Um minuto depois a porta do bar se abriu e Scott Summers entrou, olhando em volta. Assim que localizou Logan foi em sua direção e parou do outro lado da mesa de bilhar, encarando-o por trás dos óculos de quartzo-rubi.

Logan o ignorou sistematicamente.

- E então, negada? Prontos para serem depenados? – Logan se estirou na mesa fazendo mira com o taco, um sorriso no rosto. – Digam adeus ás suas fichas...

- Logan, nós temos que conversar.

Uops. Logan não sabia se fora a frase, as palavras em si ou o cheiro que captara de Summers quando ele chegara mais perto para falar, mas algo o fez desconcentrar-se no meio da jogada e a ponta do taco simplesmente resvalou na bola branca. Ela se moveu dois centímetros, cambaleou e ficou imóvel. Os outros jogadores assoviaram, aliviados, e alguns até mesmo bateram amigavelmente nas costas de Scott, agradecendo.

Logan se ergueu lentamente e virou-se. Viu o guri se retrair de maneira quase imperceptível sob seu olhar ameaçador.

- Você estragou minha jogada, Caolho. – ele disse num meio rosnado, aproximando-se de Summers. O rapaz não se moveu um centímetro. – Se fizer isso de novo eu te mando pra casa numa caixa de fósforos.

- É pra eu sentir medo desse grunhido, imagino. – respondeu Scott, sem conseguir se conter. – Isso funciona com ratos do campo e esquilos, Logan, não comigo.

A platéia acidental ali no bar ergueu as sobrancelhas, tensa, e o dono do bar começou a choramingar pedindo aos céus para que o bar dele continuasse inteiro.

- Eu posso arrumar alguma coisa que funcione, guri, pode contar com isso. – Logan o encarou por mais um segundo então se voltou para a mesa, pegou a cerveja e tomou outro grande gole. - O que você quer, afinal? Já não está na hora das crianças estarem na cama?

Scott ignorou os risinhos á sua volta e observou Logan passar o giz na ponta do taco antes de responder.

- Você tem uma aula para dar amanhã cedo, Logan. Nós combinamos isso desde a semana passada e os alunos estão contando com você. – ele ficou esperando que Wolverine dissesse algo mas o mutante simplesmente acenou para a garçonete pedindo outra cerveja e Scott começou a sentir que não tinha sido uma boa idéia começar a conversa daquele modo. Suspirou. Na verdade ele não sabia realmente como conversar com Logan, essa era a verdade, então simplesmente continuou pelo caminho que conhecia, mesmo sabendo que nada podia acabar bem. – Você devia voltar para o Instituto em vez de ficar bebendo e jogando num bar até tarde, Logan...você agora tem responsabilidades, não pode ignorá-las e continuar simplesmente agindo como antes...

- Escute aqui, Quatro Olhos, eu não preciso de você para me lembrar das minhas responsabilidades e muito menos para me dizer o que eu devo ou não fazer! – Logan largou o taco contra a parede e avançou para Ciclope parando há poucos centímetros do rapaz, furioso.

O guri já estava lhe dando nos nervos com aquela atitude de líder e sabe-tudo e Logan estava lutando para não agarrá-lo pelo pescoço ali mesmo e sacudi-lo até ele desmaiar, principalmente porque podia sentir que apesar da postura firme e do queixo erguido Scott estava com medo, sim; podia sentir o cheiro do medo se irradiando do guri em ondas bem como o cheiro de...uops. Logan ergueu uma sobrancelha. "Aquele" outro cheiro era novidade. O canadense sorriu consigo mesmo.

Ora, ora...quem diria que o Sr Scott Summers tinha um outro lado...

Scott recuou alguns passos e Logan sentiu que ele devia ter percebido algo em seus olhos, ou era simplesmente instinto.

- Você faz parte de uma equipe agora, Wolverine. – disse Scott, a fisionomia ainda calma mesmo que Logan não pudesse ver seus olhos (uma das principais causas da antipatia que Logan tivera da primeira vez que encontrara Scott... ele odiava não poder olhar nos olhos do outro homem e ler sua expressão como fazia com outras pessoas. Ele nunca podia ter certeza do que ia na mente de Scott Summers quando conversavam... ou melhor, provocavam um ao outro... e isso o deixava louco!) – Nós nos preocupamos uns com os outros e por isso estou aqui. Não vou deixar que você decepcione as crianças por se esquecer de suas obrigações. E eu já lhe disse para não pegar minha moto.

- Me diz uma coisa, Summers. – disse Logan chegando mais perto do rapaz só para provocá-lo, e para se certificar de que seus sentidos não o estavam enganando. – Eu posso estar errado mas, em vez de ficar correndo atrás de mim no meio da noite, você não devia estar com sua garota fazendo algo mais interessante?

Scott ficou rígido, uma palidez mortal se espalhou pelas partes visíveis de seu rosto e ele fechou os punhos com força.

- Deixe Jean fora disso, Wolverine.

E agora Scott finalmente se dera conta de que ir até aquele lugar atrás de Logan fora a pior idéia que já tivera em toda sua vida. Ele sentiu seus olhos arderem sob o visor e ficou se lembrando do que planejara durante o caminho inteiro até ali. Em sua imaginação ele simplesmente pediria a Logan para conversarem, usando como desculpa a aula que o mutante mais velho daria na manhã seguinte; então quando estivessem fora daquele maldito bar diria a Logan que lamentava por não terem tido um bom começo de relacionamento da primeira vez que se encontraram e que realmente gostaria que fossem amigos. Scott planejara também dizer a Logan que ele podia ficar com a moto se ele gostava tanto dela...e que não estava mais com Jean. Claro que, em sua imaginação, Logan não pularia de alegria com a ultima notícia, apenas perguntaria a razão e então Scott diria...Porque desde que você chegou ao Instituto não consigo deixar de pensar em você, sonhar com você, desejar você...isso está me matando e agora que Jean sabe eu quero que você saiba! Mas imaginação e realidade eram duas coisas muito diferentes e, assim que pusera os pés no bar e encontrara Logan a garganta de Scott se fechara para aquelas palavras por medo, por insegurança...e ali estavam eles brigando de novo e Scott já estava farto daquele ar de zombaria com que Logan o estava fitando, sem falar no comentário sobre Jean, então simplesmente deus ás costas ao mutante e rumou para fora do bar, tenso como uma corda.

Mas Logan não estava disposto a deixar as coisas assim e o seguiu para fora do bar depois de largar suas fichas na mesa de bilhar e jogar uma nota de vinte dólares no balcão, com um "Fique com o troco, gatinha!" para a garçonete que o atendera.

- E então, Ciclope? Não vai responder?

Scott, que já estava girando a chave para destrancar o carro, parou e se empertigou. Por que diabos Logan não podia simplesmente parar, pelo amor de Deus?

- O que foi, Caolho? Não quer admitir que se preocupa mais com sua moto do que com a sua garota, por isso está aqui? Ou será que tem outros motivos? – provocou Logan, mal percebendo que por trás dele alguns curiosos haviam se postado na porta e nas janelas do bar.

- Eu e Jean não estamos mais juntos, Logan. – Scott disse, encarando o outro mutante sem dar mostras de qualquer emoção. Ao diabo que ia deixar Logan perceber o que ia realmente em seu coração naquele momento. Percebeu uma breve hesitação no mutante com garras de adamantium e pensou: Bem, acho que agora ele vai mesmo pular de alegria...

Mas Logan apenas se aproximou mais alguns passos, estreitou os olhos na direção de Scott e para horror dele disse:

- Não é surpresa nenhuma, escoteiro. Você nunca foi homem o bastante pra ela.

A chave caiu da mão de Scott mas ele não chegou a perceber. Numa fração de segundo estava sobre Logan, completamente descontrolado.

- Seu filho da puta! Como ousa???

Logan já esperava aquela reação, na verdade estava contando com ela, mas deixou que o garoto o derrubasse. Scott descera sobre ele como uma ave de rapina, sem todo aquele controle que costumava utilizar quando treinavam na Sala de Perigo; naquele momento ele era todo punhos e raiva, como numa suja briga de rua, exatamente como Wolverine gostava. Ele podia dizer muito sobre um cara pela maneira como ele lutava quando seriamente provocado, e Scott estava descarregando uma boa parte de frustração, confusão, raiva acumulada, medo e dor enquanto tentava acertar Logan. E era exatamente isso que o homem mais velho queria: saber o que ia no espírito de Scott Summers.

Quando apreendeu o suficiente do estado mental do rapaz ele segurou os pulsos de Scott e o virou de repente, pressionando-lhe o rosto no chão, subindo por cima dele.

- Me solta, Logan!!

Silêncio.

- Seu desgraçado filho da mãe, me solta!!!

Aos poucos Logan foi sentindo a fúria se esvair de Scott. O cheiro dele mudou, parecia mais com o Scott Summers que ele conhecia, mas ainda com o acréscimo quase embaraçoso de um desejo pungente por Logan. Não, ao que parecia os sentidos de Logan NÃO estavam enganados. Scott estava mesmo fortemente atraído por ele e a maneira como os dois estavam enganchados ali no chão só estava piorando (ou melhorando, murmurou uma pequena voz na cabeça de Logan) as coisas.

Scott se debateu mais uma vez para tentar se libertar mas foi em vão.

- Logan...

- Você vai me contar que diabos está acontecendo ou vamos ter que ficar a noite inteira aqui no chão na frente desses manés, Summers?

Praticamente o bar inteiro estava ali atrás deles, esperando o desenrolar da briga, alguns sinceramente desapontados por nenhum dos dois ainda ter caído inconsciente.

Scott deixou a cabeça pender para o chão, testa pressionada contra a terra, o cabelo castanho caindo sobre o rosto afogueado. Logan decidiu que ele ficava bem assim, corado e pálido ao mesmo tempo, ofegante e desalinhado...o perfume amadeirado que ele usava misturado com o suor fresco e limpo e aquele outro cheiro...Oh-oh. Logan sentiu que ia começar a ter seus próprios problemas se continuassem engatados daquele jeito.

- E então?

- Eu comecei a ter sonhos. – murmurou o rapaz.

- Hun??

- Comecei a ter sonhos com você. Desde quando eu o trouxe para o Instituto. No começo eram confusos e eu mal me preocupava em lembrar deles...mas então começaram a ficar mais nítidos, mais fortes. - Logan arregalou os olhos mas ficou em silêncio enquanto Scott continuava – Então uma noite, pouco antes de você voltar do Lago Alkali, Jean descobriu. Eu tentei esconder o máximo que pude o que eu sentia por você para não magoá-la mais...e para que mais ninguém soubesse. Eu tentei ficar longe de você o máximo possível mas nada mudou. E agora Jean e eu...nós não podemos mais ficar juntos, você entende? Não com ela sabendo que seu namorado queria estar na cama com outro homem em vez dela!

- Ok, Ciclope, eu entendi essa parte. – Logan disse e soltou os braços do guri com cuidado, para não machucá-lo, levantando-se em seguida. Scott se virou lentamente e se sentou, de cabeça baixa, ajustando o onipresente visor e em seguida passou as duas mãos pelos cabelos, jogando-os para trás. Aquele simples gesto causou um leve arrepio em Logan e ele praguejou baixinho estendendo a mão para ajudar Ciclope a levantar.

Os curiosos começaram a se dispersar ao perceberem que o espetáculo tinha terminado e Logan de repente sentiu uma vontade incrível de beber uma cerveja bem gelada. Ao olhar para Scott, entretanto, viu que o garoto estava um caco e precisava ir para casa. Deu uma olhada para o carro e concluiu que Scott não estava em condições de dirigir; ele podia acabar enfiando a cara num poste ou atropelando alguém...não que houvesse tráfego aquelas horas, mas nunca se sabe. Podiam buscar o carro de manhã. Essa noite os dois voltariam na moto de Scott. Logan dirigindo, claro.

O rapaz estava batendo a terra dos jeans e daquela jaqueta de couro com detalhes do lado esquerdo, em vermelho e bege, que ele parecia gostar muito porque, Logan notara, ele sempre costumava usá-la. O canadense foi até o carro e pegou as chaves no chão. Jogou-as para Scott.

- Amanhã nós voltamos pra buscá-lo, guri...vamos pra casa. Já tivemos agitação suficiente por uma noite.

Sem discutir Scott subiu na moto atrás de Logan e tentou se equilibrar o melhor possível, com as mãos em suas próprias coxas. Suspirando Logan pegou as mãos dele e puxou-as para se entrelaçarem em sua cintura. Sentiu uma pontada de satisfação ao sentir Scott estremecer por trás dele e então deu a partida.

Durante o caminho de volta Logan ficou se perguntando por que diabos não estava tão chocado e incomodado com a confissão de Scott quanto achava que deveria estar. Talvez, voltou a murmurar aquela voz em sua mente, porque de uma maneira inconsciente ele já tinha percebido os reais desejos de Scott há muito tempo...da mesma forma que, conscientemente, ele não ignorava a própria atração que tinha pelo guri a despeito de seus flertes com Jean. Como Logan não costumava ficar racionalizando tudo que passava por seus pensamentos ele simplesmente não se dera ao trabalho de pensar naquilo como algo viável, só isso. Aqueles pensamentos tinham ficado relegados ao cantinho reservado á suas fantasias e só. Mas agora...

Agora o quê? – pensou em meio a um turbilhão de dúvidas. – O que eu vou fazer com essa informação, afinal? O que eu quero realmente?? Nesse exato momento Deus sabe que eu só queria uma droga de uma cerveja!

2.

Após chegarem no Instituto, já na garagem, Scott desceu da moto e ficou observando Logan encostá-la longe da entrada, travá-la e guardar a chave no bolso. Isso o fez comprimir os lábios, por reflexo, e ele notou que Logan percebera. Os lábios do mutante canadense se curvaram num leve e divertido sorriso.

- Eu vou abastecê-la mais tarde, não precisa ter um faniquito, ok? – provocou Logan.

- Olha, se você gosta tanto dela pode fi...

- Nah! – cortou Logan, aproximando-se do líder dos X-Men e fazendo questão de roçar o ombro contra o dele ao passar em direção as escadas, antes de completar. – É mais divertido pegá-la de você.

- Logan...

Logan parou no meio da escada e virou-se.

- Hun?

Scott respirou fundo de maneira quase imperceptível, mas não havia maneira nenhuma de Logan não perceber a hesitação e a tensão em sua linguagem corporal, apesar da luta que o garoto estava travando para não demonstrar seu nervosismo.

- Sobre o que eu disse, lá no bar...

- O que que tem?

- Você não está...quero dizer...você não vai dizer nada? – Scott passou uma das mãos pelo cabelo, inquieto.

- O que você acha que eu deveria dizer? – a voz de Logan era calma enquanto observava a agitação crescer em Scott. Deus, o guri estava mesmo uma pilha.

- Eu...eu não sei...Droga, Logan, eu simplesmente lhe disse que...

- Eu ouvi bem o que você me disse, Summers.

- E então? – Scott se aprumou. – Você não vai dizer ou fazer nada?? Não vai me insultar, me dar um soco, me atravessar com as suas garras ou algo assim?

Os olhos de Logan se estreitaram e ele deu alguns passos na direção do jovem líder dos X-Men, percebendo a maneira tensa com que ele cerrava o punho à sua aproximação.

- Ao contrário do que você possa pensar a meu respeito, Ciclope, eu não sou esse tipo de animal. – disse, parando a poucos centímetros de onde estava o rapaz - E eu não acho que você teria me contado isso se achasse que eu reagiria assim, certo? Ou você tem um lado masoquista que eu ainda não conheço?

- Não brinque, Wolverine – avisou Scott – Prefiro que você me dê um soco ao invés de fazer piadas sobre isso!

- Deus do céu, Summers! Você precisa ser tão dramático em tudo o que faz? Quero dizer...você tem que transformar tudo num cavalo de batalha, até mesmo uma declaração de...

- Não é uma declaração de amor!!!

- Ei!! Não precisa gritar! Por mim tudo bem, mas VOCÊ quer que a escola inteira saiba que está apaixonado por mim?

- Eu não estou...- Scott mordeu os lábios, baixou a voz diante do olhar que Logan lhe lançou, e continuou, num sussurro irritado. – Eu não disse que estava apaixonado por você!!

Logan estava quase a ponto de rir daquilo. Nem naquela situação o Sr Perfeição deixava de tentar manter a pose. Isso o divertia muito e pelo menos distraia Logan do real significado daquilo tudo, algo que ele não sabia se podia lidar realmente.

- E o que exatamente você sente por mim, então? – perguntou o mutante com garras de adamantium, aproximando-se mais, sem conseguir resistir de todo à imagem extremamente provocante que era Scott Summers quase totalmente despido daquele verniz de prepotência e segurança.

- Eu não sei...- respondeu o rapaz, simplesmente. E era verdade. Scott sabia que sentia uma grande atração por Logan, claro, e que não conseguia deixar de pensar no mutante na maior parte do tempo, mas não sabia o que realmente queria dele. Não completamente. – Talvez só atração...não sei...

- Você e Jean não romperiam apenas por causa de uma atração, escoteiro, disso eu tenho certeza. Do contrário ela e eu...

- Eu já disse para deixar Jean fora disso, Logan, eu não quero...

Antes que Scott tivesse chance de terminar a frase Logan o empurrou contra um dos veículos, um dos carros do próprio Scott na verdade. Pressionou seu corpo contra o dele, as mãos segurando os pulsos de Ciclope com firmeza mas sem machucar, o rosto tão próximo que podia ver a si mesmo no reflexo das lentes de quartzo-rubi do garoto. Scott engoliu em seco.

- O que você quer de mim, Ciclope? – indagou Logan, os lábios quase tocando os lábios do outro homem, realmente interessado em saber até onde o destemido líder poderia ir.

- Já disse que não sei!

O mutante mais velho continuou encarando o rapaz por mais alguns segundos, tentando descobrir algo que ele mesmo não sabia o que era. Scott virou o rosto.

- Muito bem. – Logan soltou os pulsos de Scott e se afastou. – Quando você descobrir nós voltamos a conversar, então. — ele deu-lhe as costas e se dirigiu as escadas — Boa noite, Ciclope.

Scott observou enquanto o canadense desaparecia escada acima então levou as mãos a cabeça e fechou os olhos com força.

Parabéns, Ciclope! — pensou, irritado consigo mesmo. — E agora, o que você vai fazer, hein?

TBC...

3.