Título: Reluctant Obsessions

Gênero: Slash/NC-17

Fandom: Resident Evil 4

Casal: Leon/Krauser

Autora: firewolfsg

Tradutora Meia-Boca: Nieryka

Sumário: Certas coisas ficam marcadas para sempre. No corpo e na alma.

Reluctant Obsessions

"Hey, Jack. Já viu a nova carga?"

Jack Krauser ergueu o olhar para seus amigos e viu o caminhão descarregando os novos recrutas no campo. Sua atenção foi imediatamente tomada por um pequeno recruta de cabelos cor de areia, de pé no meio de seus companheiros mais altos e musculosos. "Jesus! O Comando está com tanta dificuldade de achar novos recrutas que agora estão roubando berços? Aquele guri não pode ter saído há muito tempo do ginásio."

"Querem apostar que ele vai se mandar em um ano?"

"Sem aposta." Jack riu com escárnio enquanto forçava seus pensamentos para longe daquele belo traseiro e voltou suas atenções para o livro de códigos que estivera estudando. "De jeito nenhum ele vai aguentar seis anos. Eu dou pra ele seis semanas. Seis meses no máximo."

Jack não prestou mais muita atenção ao rapaz desde então, entretanto ele ouviu os comentários que começaram a flutuar pelo campo a respeito do novo cara. Começaram a espalhar que o guri fora um dos dois sobreviventes do incidente em Racoon City. Isso tinha lhe feito ganhar bastante respeito no campo, por ter enfrentado todos aqueles zumbis e mutantes criados pelo distúrbio viral, até conseguir escapar do horror.

De qualquer forma, também era de conhecimento geral que o garoto tinha ficado aterrorizado com a experiência. Mesmo agora, meses depois do evento, seus companheiros recrutas comentavam com simpatia entre si sobre como ele ainda encontrava dificuldade em dormir a noite. Após as primeiras noites difíceis no campo, entretanto, ele tinha sido cuidadoso em não acordar seu colega de quarto ou os vizinhos. Jack tinha até mesmo ouvido alguns instrutores discutindo como lidar com o ex-policial quando ele subtamente exibia sintomas de Estresse pós traumático no meio das aulas. Mesmo que suas reações fossem completamente compreensíveis, isso era, infelizmente, muito perigoso para colegas e instrutores que não usavam de precaução durante esses períodos gratamente não muito freqüentes. Para os instrutores era um desafio de concessão e liberdade versus controle, e saber como tirá-lo a salvo de uma alucinação onde ele imaginava-se de volta a Raccon City. Para seus companheiros recrutas, isso fazia a vida mais... interessante durante as aulas ao ar livre.

Tinham que ser bastante cuidadosos em não assustar Leon S. Kennedy por qualquer razão. Ele já mandara três companheiros recrutas para o hospital com torções ou costelas quebradas por terem chegado por trás dele inesperadamente. A despeito disso tudo, Kennedy era surpreendentemente bem quisto e popular com seus companheiros. Seis meses após ele ter chegado no campo lá estava ele junto com seu agora reduzido grupo de companheiros recrutas, e Jack teve que engolir suas próprias palavras a respeito de Kennedy desistir cedo.

Durante uma das raras ocasiões em que os instrutores juntariam novos e antigos recrutas para aulas, Jack se descobriu de pé diante da turma com sua faca em mãos e face a face com Kennedy. Jack não se achava mais impressionado com o novato agora quanto estava antes. Era perceptivel que o rapaz tinha criado mais corpo com a dieta especial e os exercicios rigorosos impingidos a todos os recrutas, mas mesmo que Kennedy não se parecesse mais com uma chave de cadeia, ele ainda era menor e "frágil" em comparação com a maioria dos recrutas e instrutores, exceto as mulheres. Veio a mente de Jack as várias vezes em que ouvira seus companheiros fazendo piadas com os recrutas mais velhos sobre observar o "traseiro em desenvolvimento" de seu jovem amigo recruta. Que ele ainda não tinha recebido nenhuma "proposta" era uma notícia que deixava Jack perplexo.

"Kennedy!" A voz do instrutor trouxe de volta a atenção de Jack para o homem diante dele. "Não quero que se segure, está me ouvindo?!"

"Mas..." O jovem loiro retirou a faca de combate da bainha em seu ombro com a mão direita, nervosamente.

"Sim, é uma faca de verdade. Mas Krauser é um aluno antigo." Jack lançou um sorriso confiante para o instrutor quando este olhou em sua direção. "Ele vai ficar bem. Então dê tudo de si. Me ouviu, recruta?"

"Sim, senhor!"

"E Krauser! Eu não preciso de recrutas mortos, portanto contenha seu entusiasmo."

"Sim, senhor!" Jack fungou sarcasticamente consigo mesmo ao observar o rapaz tomar posição. Ele lançou um sorriso predatório para Kennedy ao girar a faca nas mãos. "Vamos lá, camarada. Eu não vou machucá-lo... muito." Aquilo ia ser brincadeira de criança…

"De todos os cérebros mais patéticos, estúpido, idiota... Que diabos aconteceu com você, Krauser?"

Jack apenas gostaria que o instrutor calasse a boca. Ele nunca estivera tão embaraçado em toda sua vida. O garoto era bom enquanto ele tinha sido muito presunçoso e autoconfiante. Após alguns passos, ele notara que o comportamento de Kennedy subitamente tinha mudado, o que o alertou que o garoto já não estava vendo um ser humano como oponente. O instrutor reconheceu o perigo imediatamente, mas Jack não se importou.

Jack realmente pensara que podia vencer Kennedy ao fazer uso de seu tamanho e força para manter o rapaz na defensiva. Então Kennedy subtamente avançou num ataque e quando Krauser erguera sua faca para bloquear o golpe, o rapaz jogou a faca para a outra mão e atacou o lado desprotegido. Tarde demais Jack lembrou a vantagem da faca de dois gumes de Kennedy sobre sua faca de lâmina única, especialmente para alguém ambidestro que podia mudar a arma de uma mão pra outra.

Nesse rápido momento, Kennedy deslizou para dentro de sua guarda e Jack mal conseguiu recuar a tempo de evitar levar uma facada do queixo até o cérebro. Ele tivera sorte que a faca apenas cortara seus lábios e rosto e o jorro de sangue acordara Kennedy de seu momento de irrealidade antes que continuasse a tentar rasgar sua cabeça. Se tivesse sido uma luta real de campo...

"Agora eu tenho um garoto lá fora que pensa... não... que sabe que quase matou você! Você sabe por quantos meses mais você o mandou de volta para a terapia?"

Jack se contraiu ao lembrar do choque de Kennedy. O garoto ficara aterrorizado, consternado e cheio de culpa. Agora Jack percebera porque Kennedy era tão bem respeitado e não precisava lidar com qualquer tipo de piadas a respeito de seus colegas mais musculosos. O garoto definitivamente era bom, mas não ficava falando aos quatro ventos e mostrara preocupação genuina e vergonha por tê-lo ferido.

"Você teve muita sorte de não ter perdido um olho!"

A essa lembrança, a mão de Jack inconscientemente se ergueu para tocar as bandagens em sua face anestesiada. Ah, aquilo ia doer feito o diabo quando o efeito da anestesia terminasse. Os pontos, Jack sabia, iam deixar cicatriz e uma cicatriz bem feia. Bem... quando ele se olhasse no espelho de agora em diante, ele se lembraria de nunca subestimar seu oponente, nem julgar uma pessoa apenas pela aparência.

"Cristo! Krauser, você sabe que não deve relaxar quando treinamos com armas de verdade." O instrutor ainda estava furioso. "E que diabos você estava pensando quando Kennedy entrou no modo matar-ou-morrer? Merda! Ele literalmente matou centenas antes de nós conseguirmos tirar ele de lá. Você devia ter evitado o golpe!"

Jack suspirou e deixou o homem continuar. Ele sabia que tinha causado ao instrutor um susto enorme por quase ter deixado um recruta matar outro. E Kennedy? Jack disse a si mesmo que deveria ter pensado melhor antes de levar na tranquilidade um homem que tinha, a menos de um ano atrás, retalhado bem umas centenas de zumbis e mutantes durante sua busca por sobreviventes e uma saída daquela cidade amaldiçoada. Como parecia, o garoto provavelmente tinha um recorde de mortes maior que todos ali no campo juntos. Os instrutores estavam poupando trabalho ao treinar um operativo que podia facilmente escorregar para o modo assassino quando necessário. De certa forma, Jack sabia que ao contrário de sua primeira afirmação sobre o rapaz, Kennedy ia conseguir chegar até o fim e ser o melhor.

"Sinto muito."

Jack suspirou, ele não podia lidar com aquilo. Nos últimos meses, toda vez que Kennedy o via ia até ele para se desculpar. Os pontos foram retirados e a feia e vermelha cicatriz finalmente começava a se desvanecer, mas o garoto continuava a adulá-lo onde quer que se encontrassem.

Ele tentara ser paciente, de verdade. Mas o garoto estava começando a lhe dar nos nervos. E não ajudava que alguns de seus colegas de classe, e alguns dos amigos de Kennedy, pra ajudar, se deliciassem em lembrar Jack das habilidades superiores do rapaz menor com uma faca. Isso deixava o garoto embaraçado, e só por isso ele acabava querendo se desculpar ainda mais. E porque o garoto estava praticamente na sua cara dia após dia, Jack começou a notá-lo melhor. Mais e mais Jack estava se descobrindo a apreciar quanto os treinamentos tinham desenvolvido a musculatura do garoto.

"Eu te ouvi nas primeiras cem vezes. Foi mais minha culpa que sua. Eu deveria estar mais em guarda."

"Você realmente acha que podia ter vencido, Krauser?" Um dos amigos de Kennedy chegou por trás dele e passou um braço ao redor dos ombros dele. "Nosso garoto Skippy aqui é um demônio de verdade quando ele quer ser."

De onde estava, Jack era o único que podia ver a careta de Kennedy ao ouvir o tão odiado apelido. O "amigo" tivera sorte que o conselho de instrutores tivesse ajudado Kennedy, após o incidente com a luta de facas, a lidar com suas memórias da escapada de Racoon City. Seis meses antes, aparecer por trás de Kennedy assim teria resultado no desafortunado homem ser jogado através da sala pelo selvagem rapaz. Isso fizera Kennedy ganhar o apelido de "Skippy" entre seus colegas por sua pronta resposta quando subitamente assustado.

"São palavras desafiadoras, garoto. Querendo uma revanche, 'Skippy'?"

"Não!" Os olhos de Kennedy se arregalaram enquanto ele rapidamente se escondia atrás do colega. "Não sem um instrutor por perto, quero dizer. E... eu realmente sinto muito, Krauser."

Jack ficou observando os homens partirem, feliz por estar sozinho novamente. Deuses... o garoto parecia muito bem comparado aos outros caras musculosos no campo. Você não podia culpar um cara por notar após ser isolado e privado de companhia feminina por tanto tempo. Kennedy era afortunado por ser tão respeitado, além de ser um capaz e perigoso lutador com reflexos rápidos. Ninguém ia querer arriscar a possibilidade de morrer só por tentar dar uma passadinha de mão inocente.

'Eu sinto muito.' Ele tinha ouvido isso tantas vezes nos ultimos meses... Seus amigos estavam começando a se perguntar por que Jack era tão tolerante com o desconforto do garoto. Eles estavam esperando que ele explodisse há eras. E Jack era sabio o bastante para saber que seus companheiros estavam puxando a sardinha de Kennedy porque queriam ver Jack perder a calma e explodir. Ele não ia dar a eles essa satisfação.

Por outro lado, Jack tambem sabia que estava subconscientemente desejando e esperando que Kennedy fosse além e perguntasse como podia compensá-lo. Jack tinha passado muitas horas fantasiando sobre o que gostaria que Kennedy fizesse por ele... Deuses... ele precisava de um tempo dos treinamentos, sair para algum lugar onde pudesse arranjar compania que pudesse ser seduzida de maneira segura ou que ao menos pudesse pagar.

Jack estava muito irritado. Finalmente... finalmente os instrutores tinham decidido deixar os recrutas mais dedicados terem um tempo livre e poderem deixar o campo para ter alguma diversão na cidade próxima e... ele não estava interessado. É, houveram muitas mulheres que olharam intrigadas para sua cicatriz. Seus amigos tinham escondido o riso por trás das mãos ao notarem quantas pareciam atraídas pela cicatriz "viril" que parecia demarcá-lo como um homem mais perigoso e excitante comparado aos outros recrutas. E ele não estava interessado.

Após algumas horas bebendo e vendo seus amigos sairem com uma ou duas mulheres nos braços, Jack declinou as várias ofertas recebidas e resolveu dar a noite por encerrada. A ultima pessoa que ele teria imaginado trombar, quando retornou ao campo e entrou no chuveiro comunitário para um banho antes de ir pro quarto, era Kennedy.

Oh, Deuses… O garoto estava uma beleza nu e cercado por uma fina névoa de vapor que deixava o mínimo para a imaginação. Jack sentiu uma parte recalcitrante de seu corpo tomar vida e se apertar dentro de seus jeans. Merda!

Tendo sentido sua presença, o rapaz virou-se para encará-lo. "Krauser?"

A garganta de Krauser ficou seca no momento em que teve uma visão completa do garoto de frente. O leve rubor nas faces do garoto quando tentou se cobrir diante do escrutínio de Jack apenas fez o homem sentir-se ainda mais excitado.

"O que está fazendo aqui?" Jack teve que agradecer por sua voz não ter falhado.

"O que você tem com isso?" Eriçou-se o garoto, defensivamente. "O que está fazendo de volta tão cedo...? Oh…"

"Kennedy." Jack grunhiu incomodado. Ele podia imaginar as engrenagens dando volta dentro da cabeça do rapaz. "Não é o que você está pensando..."

"Eu sinto mu..."

Foi isso. Jack mais tarde culpou a complexa combinação de fatores favoráveis que os tinham feito encontrarem-se assim por sua reação. Ele avançou direto através do jato de água para jogar o rapaz contra a parede. "Escute, Kennedy! Eu estou cansado e enjoado de ouvir você dizer isso! São só palavras pra mim, agora! Se você sente tanto, por que não faz algo sobre isso e esquece de uma vez?"

"Mas..." O rapaz baixou o olhar e o desviou, não se permitindo encará-lo.

"Quê? Você acha que eu nunca mais vou conseguir transar por causa disso?" Jack ergueu o queixo dele para forçar Kennedy a encará-lo. Quê? Você acha que gostaria de me compensar por isso?"

"E o que você quer que eu faça?" As palavras ditas suavemente foram direto para o meio de suas pernas.

Merda! Ele não esperava isso. A oferta estava na linguagem corporal inteira do rapaz e Jack não conseguiu achar dentro de si nenhum motivo para recusar, o garoto tivesse ou não entendido o que acabara de desencadear.

TBC...