Sasuke nunca havia se deparado com um navio que não pudesse abordar ou com uma mulher que não se rendesse aos seus encantos... Até se defrontar com Haruno Sakura, que era tão graciosa quanto atrevida, a ponto de ameaçar levá-lo á justiça!

Sakura tinha seus motivos para querer acabar com a arrogância de Uchiha Sasuke, o notório pirata de quem seu noivo desejava se vingar. Mas quando Sasuke escapou à armadilha que ela cuidadosamente lhe preparara, Sakura viu-se arrebatada pelo irresistível poder de sedução daquele homem. Agora Sasuke teria de enfrentar o único perigo para o qual não estava preparado, pois embora tivesse conquistado inúmeros corações, ele jamais imaginara encontrar uma mulher capaz de sem o menor esforço, roubar o seu!


Por Angel-chan


Coração Pirata

Capítulo Três


Ainda que morta de medo, Sakura reparou que os olhos dele tinham um brilho alegre. Aquilo a tranqüilizou um pouquinho. Sasuke Uchiha não parecia o cruel sanguinário que contava a lenda, mas sim um rapaz levado que acabava de fazer mais uma travessura.

"O que vai fazer comigo?"

"Creia-me ou não, e estou certo de que você não acredita em mim, não lhe farei mal."

"Então devo acreditar que o pirata mais procurado da face da terra me raptou e não pretende me fazer mal. Por quem me toma, sir? Uma Tola?"

E, longe de se sentir uma tola, Sakura resolveu que era hora de dizer adeus ao Terrível Sasuke Uchiha. Já se preparava para saltar da carruagem quando ele a agarrou pelo braço e a trouxe para junto de si.

"Sereia, eu sabia que você não iria acreditar em mim."

Assim que conseguiu se soltar, Sakura ergueu a mão para lhe dar uma bofetada. Sasuke advertiu-a com uma expressão carregada, depois disse num tom ainda mais sombrio:

"Nem pense em fazer isso."

Decidindo-se por não colocar a brutalidade de pirata à prova, Sakura se acomodou sobre o assento.

"Não espera que eu fique sentada aqui, quietinha, enquanto você me rapta, espera?"

"É exatamente isso o que espero, sim."

"Que falta de modos! Você não parecia um malfeitor na festa de ontem. Aliás, na noite passada seu comportamento foi exemplar. O que o fez mudar de idéia e resolver me violentar?"

"Eu não tenho a menor intenção de violentar você, srta. Haruno."

"Então por que me raptou?"

"E por que não? Eu estava lá, você estava lá, Lorde cara de Pateta estava lá... A oportunidade me pareceu perfeita"

"Oportunidade de quê?"

Em vez de responder, Sasuke cuidou de desviar os cavalos à esquerda numa bifurcação. Ao se certificar de que tomara o caminho que levava ao cais, olhou para trás, depois para Sakura, e só então voltou a falar:

"Vamos fingir que se trata de um jogo, está bem?"

Ele estava brincando? Ou era maluco?

"Um jogo?" - Sakura não disfarçou a indignação. - "E que tipo de jogo é esse?"

"Digamos que seja um jogo de atrair a presa para a arapuca.

"E o que quer dizer isso?"

"Quer dizer que você, minha sereiazinha, será a isca que pretendo usar para atrair um tubarão para fora da toca."

"Não entendi."

"Sei que não. Nem quero que entenda. Por ora, basta dizer que você será minha convidada por algum tempo."

"Agradeço o convite, mas acho que terei de recusar."

"Ah, então serei obrigado a insistir."

Ao ver-se no porto, Sakura atinou com a gravidade da situação. Não poderia deixar que ele a levasse para o seu navio. Estava farta de ouvir histórias a respeito do que o homens como o Terrível Sasuke Uchiha faziam às mulheres que capturavam.

Sasuke havia diminuído a marcha dos cavalos ao se aproximar do cais, e a carruagem agora movia numa velocidade que, a Sakura, pareceu segura. Ela não hesitou: levantou-se de supetão e se atirou do veículo.

Nem o baque surdo de seu corpo de encontro ao chão, nem a dor da queda a alarmaram. Enchendo os pulmões de ar, Sakura ergueu-se do chão de qualquer jeito e desatou a correr. Mesmo que tremesse dos pés a cabeça, rezava para que conseguisse chegar aos becos ou a algum armazém antes que o pirata a alcançasse.

Suas preces não foram atendidas.

Não demorou mais do que instantes para que os braços fortes de Sasuke a enlaçassem pela cintura e, desequilibrados, os dois foram parar no chão. Caindo em cima dele, Sakura começou a bater com os cotovelos sobre o peito largo na esperança de obrigar o fora-da-lei a soltá-la. Mais uma vez, seus esforços foram inúteis: Ele lhe segurou os braços e apertou-a com tanta força que simplesmente lhe tolheu todo e qualquer movimento.

Percebendo que seria perda de tempo e energia tentar lutar contra um homem tão forte, ela parou de se debater e enfrentou os poderosos olhos negros. Olhos que a zanga agora fazia brilhar friamente. Com medo da reação do pirata, Sakura passou a língua pelos lábio subitamente ressequidos.

Para seu alívio, ele a largou e pôs-se em pé. E então, sem lhe dar tempo para empreender nova tentativa de fuga, ergueu-a do chão e, com espantosa facilidade, colocou-a sobre um dos ombros.

"Como eu disse minha sereia, sinto-me obrigado a insistir para que você aceite meu convite e seja minha hóspede."

"Ponha-me no chão!"

Passando os braços ao redor das pernas dela para se proteger de algum chute, Sasuke riu antes de anunciar:

"Não quero mais brincar de correr atrás de você"

Prestes a golpear as costas dele, só então Sakura reparou que o pirata tinha a camisa manchada à altura do outro ombro. A grande nódoa recendia sangue.

Como se lhe adivinhasse os pensamentos, ele avisou num tom bem-humorado:

"Nem imagina o que vai lhe acontecer se cismar de estapear esse ferimento."

Sakura sentiu-se tentada a desobedecer, mas logo concluiu que seria brincar com fogo. Ao nome daquele homem associavam-se morte, desordem e crueldade. Quem lhe garantiria que Sasuke não se tornasse um verdadeiro ogro quando desafiado?

Absorta em suas suposições, deixou escapar um grito ao perceber que deixavam o porto para trás e ele agora a carregava pelo passadiço de acesso a um navio. No silêncio do cais, o grito de Sakura foi sucedido pela voz masculina que exclamava do alto da embarcação:

"Sasuke! Graças a Deus! Cheguei a pensar que..." - O homem calou-se assim que o pirata chegou ao convés do navio, mas logo prosseguiu - "Que confusão foi arrumar agora?"

Ignorando a pergunta, e também os marujos que olhavam para eles numa mistura de curiosidade e descrença, Sasuke continuou a carregá-la pelo tombadilho até alcançar o topo de uma escada que, era evidente, levava aos pisos inferiores da embarcação. Visívelmente pertubado, o homem que os recebera seguia atrás dos dois.

As lamparinas enfileiradas nas paredes internas do navio, colocadas a poucos metros de distância uma da outra, proporcionavam claridade suficiente para que Sakura visse com nitidez a marca de sangue da camisa de Sasuke. Só então ela se lembrou de ter ouvido o estampido de uma arma de fogo pouco antes que o pirata se desvencilhasse do soldado e se sentasse ao seu lado na carruagem.

Sakura podia enxergar com clareza também o homem que os seguia de perto. Ele aparentava uns vinte e seis anos, tinha cabelos e olhos castanho-escuro, quase tão alto quanto Sasuke. Sakura o vira aquela noite na taverna, conversando com um outro homem que, a julgar pela maneira como se calava sempre que ela se aproximava e olhava para todos os lados como se temesse que os descobrissem ali, devia ser um espião.

"Essa é a jovem da festa de ontem?" - Perguntou o desconhecido.

"É." - Respondeu Sasuke. - "Já lhe falei, meu amigo, que você não me conhece como supõe conhecer?"

"Mas... O que há entre você e essa garota? Sasuke, não me diga que... Você não pode sair por aí raptando donzelas. Perdeu o juízo?"

"Já me fizeram essa pergunta."

"Diga a ele para me soltar." - Sakura implorou ao belo estranho. - "Por favor, não deixe que ele me prenda aqui."

O desconhecido fez menção de dizer alguma coisa, mas em seguida tornou a fechar a boca.

Sakura então ouviu passos. Alguém vinha ao encontro deles.

"Boa noite, Suigetsu." - Cumprimentou Sasuke. -"Diga aos homens que se preparem para içar velas. Partiremos o mais depressa possível.

"Sim, capitão."

Sasuke havia parado, e Sakura tentou ver o rosto do recém chegado; na posição que se encontrava, isso lhe foi impossível. Tentando se erguer sobre o ombro do pirata, ela bateu a cabeça numa das lamparinas e não conteve o gritinho.

Sasuke deixou escapar um suspiro impaciente, mas não repreendeu. Foi a Suigetsu que ele se dirigiu:

"Temos gente em nosso encalço. Se eles aparecerem no cais, atirem somente para ferir. Façam o que tiver de ser feito, mas tratem de não tirar a vida de ninguém. Diga aos homens que punirei exemplarmente aquele que matar um britânico esta noite."

"Sim, capitão."

Enquanto o marinheiro de nome Suigetsu passava por eles e seguia seu caminho, o belo rapaz colocou-se à frente de Sasuke para afirmar:

"Você tem de deixar essa jovem ir embora. Nem mesmo um maluco do seu quilate vai querer os problemas que ela pode nos trazer."

A resposta de Sasuke foi uma sonora gargalhada.

Percebendo que o homem que os seguira tinha tanta vontade de estrangular o pirata quanto ela, Sakura tratou de instigá-lo:

"Por favor, tento fazê-lo ver o absurdo desta situação."

"Ela tem razão Sasuke, solte-a."

Dessa vez, o fora-da-lei respondeu com grande inspiração:

"Imponha-se, Macduff; e maldito seja o primeiro a bradar: 'detenha-se, basta'.

Sakura franziu a testa. O rei dos piratas citava Shakespeare?

"Muito engraçado, Sasuke." - Rosnou o bonito homem. - "Preciso lembrá-lo de que MacBeth perdeu a cabeça?"

Sasuke fez um muxoxo, depois, detendo-se diante de uma porta, abriu-a para entrar num grande camarote. Assim que colocou Sakura no chão, ela fez menção de fugir.

"Não ouse!"

Imobilizada pelo tom severo e intimidante, Sakura estacou a meio caminho da porta. Sasuke foi at´r ela e examinou-lhe o rosto com olhos destituídos de emoção.

"Estou farto de correr atrás de você, minha dama. Se tentar sair desta cabine novamente, não responderei por meus atos."

"Antes a morte do que o estupro." - Ela conseguiu afirmar num fio de voz.

Torcendo o nariz, Sasuke virou-se para o homem parado à entrada da cabine.

"Quer fazer o favor de dizer a esta senhorita que estupro não faz parte da lista dos meus crimes contra a nação?"

"Sequestro também não fazia, até essa noite." - Retrucou seu companheiro.

"Você não está ajudando... E eu não tenho mais tempo para perder com nenhum dos dois." - Sasuke tornou a olhar Sakura. - "Você ficará trancada aqui até que deixemos os ingleses para trás. Trate de se acalmar e mantenha-se abaixada junto ao piso."

"Junto... ao piso?" - Sakura não disfarçou o espanto.

"A menos que queira voar pelos ares no caso de sermos acertados por um tiro de canhão."

"Isso é uma piada?" - Como o pirata não respondesse, ela perguntou ao homem de cabelos castanhos: - "Ele está brincando?"

"Não."

"Não se preocupe." - Disse Sasuke com um sorriso, enquanto apanhava um molho de chaves no bolso. - "Se o navio for a pique, prometo voltar aqui para destrancar a porta."

Sakura sentiu o estômago se retorcer. Assustada demais, nem conseguiu se mexer ao ver os dois saírem, mas correu para a porta assim que ouviu o estalido da chave na fechadura.

"Não faça isso!" - Gritou - "Você precisa me deixar ir embora daqui!"

Mas era tarde demais: O ruído dos passos de ambos já sumia pelo corredor.


"Sasuke, sei que você..."

"Escute." - Sasuke interrompeu Neji, fazendo sinal para que ele o acompanhasse de volta ao convés. - "Preciso que você leve um recado meu ao tentente Sai Kanon."

"Pouco importa se..." - Neji franziu o cenho. - "Você disse Kanon?"

"Exato. Ela é noiva do filho de lorde Orochimaru Kanon."

"Não..." - Neji sentiu-se empalidecer. - "Você não pode estar pensando o que imagino que esteja pensando."

Já na proa do navio, Sasuke massageou o ombro dolorido. Precisava tirar o amigo de seu navio e também cuidar daquele ferimento.

"Neji, não tenho tempo para escrever uma carta do próprio punho, e preciso que você faça isso por mim antes que eu parta daqui. Diga a Kanon que estarei à espera dele na Isla de Las Almas Perdidas.

"Isso é suicídio, Sasuke."

"Não." - Ele olhou para o cais. - "Isso é vingança."

"Você sabe que Kamus não aprovaria uma atitude dessas."

A lembrança de Kakashi trouxe uma fisgada ao peito de Sasuke. Kakashi fora um homem bom, generoso. Médico por formação, marujo por opção. Tornara-se amigo de Sasuke depois que ele se unira à tripulação do pirata Kamus Dreck. Quando Kamus abandonara a pirataria, o homem escolhera navegar com um navio mercante, uma embarcação que mais tarde, quando da eclosão daquela guerra estúpida que viviam, viera a ostentar a bandeira patriota. Um navio que lorde Kanon havia capturado dezoito meses atrás.

E desde então Sasuke estava à procura do bastardo.

Com gelos nos olhos, ele disse a Neji:

"Estou certo de que Kakashi também não aprovou ver-se amarrado ao mastro principal do White Dove enquanto Kanon tocava fogo no navio."

Sasuke fez menção de se afastar, mas o amigo segurou-o pelo braço.

"Sei que você amava Kakashi, Sasuke. Mas deixe essa história de lado antes que acabe morto por causa dela."

"Deixar de lado?" - Ele puxou o braço com força. - "Vindo de alguém que só pensa em destruir Hiashi Hyuuga, isso é bem estranho. Há quanto tempo você anda atrás daquele miserável?"

"É diferente. Hiashi matou meu pai."

"E o que você acha que Kakashi era para mim?"

Sasuke se orgulhava de não permitir que nada o abalasse. Nada, à exceção da morte trágica do Hatake. Após uma vida repleta de decepção e dor, Kakashi fora o único porto seguro que ele encontrara. A sabedoria e a bondade do homem tinham sido as únicas coisas a preservá-lo do colapso total.

Houve vezes em que odiaria o Hatake por ele não se juntar à sua tripulação. Sob seus cuidados, Kakashi agora estaria vivo. Em vez disso, o teimoso tinha se unido àqueles estúpidos patriotas e acabara capturado.

Não restara um só sobrevivente. Kanon ordenara a seus homens que atirassem em qualquer ser humano que tentasse escapar das chamas.

"Sinto muito, Sasuke. De verdade. Mas a sua morte não vai nos trazer Kakashi de volta."

Aquela observação fez Sasuke lembrar-se das últimas palavras que ouvira de Kakashi: 'Não se deixe apanhar antes de fazer a paz consigo mesmo, rapaz. Muitas são as almas que se lançam ao inferno sem que o diabo tenha de mover uma só palha para conquistá-las.'

Sasuke não tinha se confiado ao inferno, o mundo se encarregara de fazer isso por ele a muito tempo. No fundo, talvez estivesse apenas cumprindo uma profecia.

"Vai escrever a mensagem ao tenente ou não, Neji?"

"Devo-lhe muito para dizer que não." - Foi a vez dos olhos do belo Neji tornarem-se gélidos. - "Que droga Sasuke, nunca irei perdoá-lo se você acabar como Kakashi acabou."

"Mexa-se, Neji. Tenho muito o que fazer."

"Providenciar para que ele vá ao seu encontro na ilha das Almas Perdidas, por exemplo? Você é um obcecado, Sasuke Uchiha."

Sasuke o viu afastar-se. Neji era a única pessoa viva que sabia o que aquela ilha significava. A única que conhecia o passado dele. E talvez parte de seu futuro.


Debruçada sobre a mesa no centro da cabine, Sakura acabou deitando o rosto sobre os braços cruzados em cima do tampo de madeira. O camarote era maior do que ela poderia supor, com um lavatório e uma bacia num canto e uma cama pequena a sua esquerda. Através das grandes escotilhas a sua frente, a luz do farol se refletia à superfície das ondas noturnas e de encontro ao litoral de Charleton, que ficava cada vez menor e mais distante.

Já fazia quase uma hora que estava trancada ali, meditando sobre seu futuro. Um futuro bastante sombrio, ao que tudo levava a crer.

Sakura estremeceu. Pobre Sai. Ele devia estar se culpando por tudo o que acontecera, e não iria descansar até encontrá-la, não importava em que condições Sasuke a deixasse. Mas a culpa era dela. Que não só concordara em tomar parte naquela arapuca para capturar Sasuke Uchiha, como também havia identificado o famigerado pirata.

Tanto Sai quanto sir Takeda, a tinham prevenido do perigo...

Ah, quando iria aprender a obedecer ao noivo e ao pai? Em quantas confusões mais iria se meter até resolver se comportar como convinha a uma jovem de família? Quantos...

A porta abriu de repente, e Sakura se pôs em pé com um pulo.

O terrível Sasuke estava de volta e, embora ainda trouxesse no rosto os sinais da barba por fazer, havia se banhado e trocado de roupas. Mesmo do outro lado da cabine, Sakura podia sentir o perfume de sabonete e de sândalo. Suas calças pretas. apertadas ao redor do quadril e das coxas musculosas, estavam enfiadas no cano de lustrosas botas da mesma cor. Longa e aberta no pescoço , a camisa de algodão negro revelava parte do peito bronzeado, coberto por pêlos que pareciam reluzir à iluminação das velas nos castiçais. Ele agora tinha os cabelos molhados e uma expressão severa, intensa.

Se não fosse pelo o que era, Sasuke Uchiha poderia ser considerado um homem incrivelmente belo.

O pensamento fez Sakura estremecer. Colocando a cadeira entre ambos, ela indagou:

"O que quer aqui?"

"Você ainda não confia em mim, não é mesmo?"

"Deveria?"

"Não, não deveria."

Com a impressão de que Sasuke fazia menção de avançar sobre ela, Sakura, de passo em passo, recuou até sentir as costas tocarem a parede do navio. Mas, para sua surpresa, foi para a mesa que o pirata se encaminhou. Colocando sobre o tampo uma chave de latão, ele anunciou:

"Está é a única chave desde camarote. Você pode manter a porta trancada durante toda a viagem, se quiser."

Sakura olhou para a chave, que brilhava como ouro à luz das velas, depois para ele.

"Você não vai me violentar?"

"Não, Sakura. Não vou violentar você."

"Isso faz parte do seu jogo, não faz? Ganhar a minha confiança para depois traí-la?"

"Você andou ouvindo histórias a meu respeito, certo?"

"E as histórias não condizem com a verdade?"

"Depende de quem as conta. A vida me ensinou que o compromisso com a verdade não é um predicado fácil de se encontrar. E cada pessoa vê a realidade à sua maneira."

"Mas, a julgar pelo seu comportamento na festa, você gosta de induzir as pessoas a conclusões falsas. Ou será que estou enganada?"

Sasuke não respondeu. Em vez disso, aproximou-se lentamente, detendo-se diante dela. E antes que Sakura pudesse ao menos pensar em correr para a porta, ele tocou-lhe o rosto de leve enquanto a mantinha prisioneira de um olhar intenso.

"A pequena Sakura... que possui o nome de uma flor, e mesmo assim uma força interior de uma guerreira." - A voz dele era doce, quente, quase insinuante. - "Não quero que tenha medo de mim."

"O que... O que quer, então?"

"Quero que saiba que ninguem a bordo de meu navio irá lhe fazer mal. A começar por mim."

Sakura engoliu em seco ante aquelas palavras e ao encanto que teciam ao redor dela. O que havia naquele homem que lhe despertava desejo insano de acreditar no que ele dizia? O perfume dele, assim como o calor que emanava do seu corpo tão forte e viril, parecia aderir nela como uma segunda pele, disparando fagulhas em seu íntimo que a assustavam tanto quanto a péssima reputação que ele possuía.

"Você não vai ter medo de mim, não é verdade?"

"Só um pouquinho."

Sasuke riu, e estava a ponto de levar a ponta dos dedos ao pescoço dela quando bateram de leve à porta. Com o cuidado de dar um passo para trás, ele disse:

"Entre."

Uma jovem, alta e distinta, deslizou para dentro do camarote com um punhado de roupas nos braços. Trajava uma saia longa e solta e blusa sem mangas num amarelo vibrante: era dona de belas feições e aparentava ter dois ou três anos a mais que Sakura.

"Então essa é a pobre criança roubada do seio da familia?" - Perguntou a moça. com um forte sotaque caribenho. - "Você devia se envergonhar do susto que pregou na coitadinha, capitão Sasuke."

Para espanto de Sakura, o pirata assumiu uma expressão encabulada.

"Agora é melhor ir lá em cima." - Continuou a moça, ainda se dirigindo a Sasuke. - "Suigetsu disse que os ingleses estão se aproximando e que sua presença no convés é necessária durante a abordagem."

"Abordagem?" - Sakura sentiu o coração lhe saltar à garganta.

"O que mais posso fazer?" - O terrível Sasuke deu de ombros. - "Guerra é guerra. Estamos a bordo de um navio, que, na calada da noite, se afasta de uma cidade ocupada..."

"E você acha isso engraçado?" - Sakura não se conteve.

"Não tema doce donzela." - Sasuke levou a mão ao peito num gesto teatral." - Em nome da sua segurança, lançarei aquelas naus demoníacas às profundezas do oceano, de onde não mais terão como ameaçar sua nobre beleza."

"Ora, seu..."

Sasuke não a deixou concluir: Tomou-lhe uma das mãos e lhe depositou um respeitoso beijo sobre os dedos.

"Ofereço-lhe meu adieu, bela donzela. Mas, antes que eu me vá ao encontro de meus piores inimigos, serei digno da graça de um de seus sublimes beijos?"

Sakura ainda tinha os olhos arregalados quando ele, sem esperar pela resposta, enlaçou-a pela cintura para lhe tomar os lábios num beijo.

Um beijo simplesmente... irresistível. Se antes estava abismada demais para esboçar alguma reação, agora Sakura sentia a cabeça girar, enquanto ele lhe explorava os recônditos da boca com o talento de um mestre na arte de amar. Se antes estava quase entorpecida pelo perfume que vinha dele e do mar, agora tinha a impressão de cair num transe profundo e misterioso.

Sai nunca a beijara daquela modo. Ela nunca se sentira daquela maneira.

E quando Sakura começava a pensar que não seria mais capaz de suportar o peso do próprio corpo, Sasuke afastou os lábios dos dela para fitá-la nos olhos.

"Agora se a morte estiver à minha espera." - Ele prosseguiu com o tom dramático. - "Seguirei sem arrependimento rumo a braços tão frios e ingratos."

"Você só pode ser maluco." - Sakura conseguiu dizer num sussurro.

"Não, querida Sakura, sou apenas um homem que acaba de provar o fruto do paraíso." - Ele então admirou os seios e o ventre para depois, sem impostar a voz, concluir num tom insinuante: - "E se amanhã a sorte me favorecer, provarei também dos picos e dos vales."

"Nunca!" - Feliz pela primeira vez na vida por seu pai tê-la obrigado a ler as obras de Shakespeare, ela lembrou uma passagem de Rei Lear: - "Que meus olhos o vejam pela ultima vez. Longe, bandido perverso, vá para longe de mim."

Sasuke sorriu, satisfeitíssimo, depois tocou o decote do vestido dela, fechado por uma fileira de pequeninos botões. Preparava-se para dizer alguma coisa quando um disparo de canhão estou do lado de fora do navio.

Ele correu para a porta, mas virou-se para desejar:

"Que bons pensamentos e horas felizes sejam seus companheiros."

E com isso desapareceu pelo corredor, deixando Sakura paralisada num canto do camarote. Ela não fazia a menor idéia de como lidar com aquele homem. Se por um lado ele tinha um grande refinamento que lhe possibilitava misturar-se à aristocracia e citar Shakespeare de cor e propriamente, por outro, era conhecido pelo temperamento sanguinário. O nome dele era sinônimo de morte.

"Não precisa franzir a testa, estar aqui não é mau como parece." - Observou a moça antes de colocar as roupas que trazia sobre a mesa. Ela então deu um sorriso largo e cativante. - "Meu nome é Karin."

"Você também é prisioneira?" - Perguntou Sakura, imaginando por que Karin viajaria numa embarcação repleta de piratas.

"Não há prisioneiros no navio do capitão Sasuke. Sou esposa do contramestre Suigetsu."

"O terrível Sasuke Uchiha permite que você viaje com seu marido?"

"Claro que sim. Sou uma entre várias esposas de marinheiros a bordo. Você conhecerá as demais amanhã."

"Não entendo. Pensei que os piratas mantivessem em seus navios apenas prisioneiras ou mulheres para... Bem, você sabe."

Karin riu.

"Não dê ouvidos a essas histórias, criança. Alguns piratas são realmente assim, mas não se pode dizer o mesmo do capitão Sasuke." - Ela se aproximou para pegar o braço de Sakura." - Venha, é melhor nos afastarmos das escotilhas e apagar as lamparinas. Os ingleses vão atirar em tudo o que virem."

Depois de fazer Sakura sentar-se sobre a cama, a moça cuidou de apagar todos os pontos de luz. Enquanto a cabine mergulhava na escuridão, mais tiros de canhão explodiram lá fora.

"Não tenha medo." - Kay sentou-se ao lado dela. - "Vou lhe fazer companhia."

Quando conseguiu engolir o nó que lhe apertava a garganta, Sakura perguntou:

"Isso acontece sempre?"

"Não com muita frequência. Tente ficar calma. Ninguém aqui vai lhe fazer mal."

"Foi isso o que o terrível Sasuke disse."

"E você não acreditou nele?"

"Posso acreditar?"

"Ouça seu coração. O que ele lhe diz?"

"Que eu não deveria ter colocado o nariz para fora de casa hoje."


O céu da noite tremeluzia enquanto as duas fragatas inglesas avançavam em perseguição ao navio pirata. Sasuke ordenara que se içassem as velas negras, pois isso dificultaria que os britânicos os vissem em meio à escuridão. Sabia que mais alguns minutos, estariam fora daquilo.

Ele encontrava-se em pé, perto do jogo de redes; Seus pensamentos porém, estavam na jovem que se achava no tombadilho inferior. Nunca conhecera uma mulher que usasse de seu próprio veneno para confrontá-lo: Obras de Shakespeare. Fora Kakashi que também se portara como uma espécie de tutor, quem o apresentara ao bardo inglês e a outros autores imprescindíveis. E Sakura? Quem teria lhe ensinado a amar os clássicos?

"Vem vindo pra cá!"

O grito fez Sasuke olhar ao redor. Com os olhos agora habituados à escuridão, ele conseguiu avistar a bala de canhão, iluminanda pela claridade da lua, a desenhar um leve arco em direção ao seu navio. Acompanhando-lhe a trajetória, sentiu como um soco no peito ao ver o projétil mergulhar, numa escotilha do segundo tombadilho.

Uma das escotilhas da cabine onde ele deixara Sakura.


Fim do capitulo.


Gente, nem tenho desculpas pela demora, mesmo. Nada que eu fale vai ser suficiente. Realmente não dei mais a cara pra digitar. Desculpa. Não vou abandonar dessa vez. Se acontecer algum emprevisto vou arranjar um jeito de avisar, blz?

Bom, só pra constar, essa fic é baseada num livro que li: Coração Pirata. Eu sempre adorei histórias de piratas, e resolvi repassar aqui com os personagens de Naruto.

Obrigada pelas reviews! Abrir depois de séculos o meu e-mail aqui do fanfiction e vê-las foi um incentivo muito grande de digitar esse capítulo! Então continuem a me motivar assim! xP

Espero que não tenha nenhum erro de digitação. Meu Word não me ajuda, sério. Ele não ta corrigindo as palavras que digito erradas ou coisas do tipo, sempre quando releio acabo deixando passar algum errinho, isso me frusta! haha :D

Háaaaaaaaaaaaa FELIZ ANO NOVO galerê! :D

Tenho uma nova fic que postei faz uns dias: Empire State of Mind. Hmmm, o tema é bem bacana. A Sakura tem problema de visão e uma vida muito sofrida, só um Uchiha Sasuke na vida dela pra isso mudar de vez auhsuahusa. E Gaara é o grande irmão nessa fic! Sempre quis botar ele como irmão da Sakura *-*, acho que vão gostar, botei só um prefácio por enquanto, mais foi a ideia pra essa fic que fez eu voltar por aqui :)

Obrigadas especiais para:

GiGi Haruno

jeek-chan

Sone

Anna Christie

LahRye

NayaraYchan

Akaane-chaan.

yorushihe

Ledger m.

chiyo pattinson e yumi uchiha

Uchiha Dark

paula-sama

sakusasuke

Hatake KaguraLari

Hachi-chan 2

' luh-chan

Vanessa hime

Nina Auras

Hanna Uchiha


Fanfic dedicada a: Grande clássicos históricos. Kinley MacGregor.