Capitulo 5: Seleção

- Sakura, então a partir de agora nós somos rivais, porque eu também gosto do Sasuke-kun.

- Sakura-chan – uma das professoras chamou atenção da pequena Haruno. – Não é o seu motorista ali, não?

- M-mas Ino-chan...

- Ah! – a menina levantou a cabeça, afastando os pensamentos que tanto a atormentava. Ela se despediu da professora com um aceno discreto e entrou no carro. Nesse dia a garotinha voltaria para casa mais cedo, havia dito, na verdade, mentido para a professora que não estava se sentindo muito bem, pois tudo que queria era sair daquela escola e chegar logo em casa.

- S-sasuke-kun... Eu g-gosto de você!

Durante todo o percurso para sua casa Sakura chorou em silêncio com as lembranças daquele dia.

- Você é muito irritante.

Quando chegou a sua casa a garotinha foi correndo até o quarto da mãe, tudo que precisava no momento era chorar no colo de Sashiko. Porém quando a menor chegou ao quarto da mais velha viu uma cena que a entristeceu mais ainda.

- Okaa-san? – Sakura olhou para a mãe que colocava várias peças de roupas em uma mala. – Vai viajar... de novo?

- Sim... – Sashiko falou em um tom quase inaudível.

- Quanto tempo eu vou ter que ficar na casa de Otou-san dessa vez? – devido a profissão da mãe, Sakura já estava acostumada com as milhares de viagens feita por ela.

- Bastante... – Sashiko sentiu uma lágrima escorrendo em seu rosto.

- Okaa-san? – Sakura olhou preocupada para mãe. – Está chorando?

Sashiko permitiu que mais algumas lágrimas escorressem.

- Sakura eu vou me mudar... E você terá que ir morar com o seu Otou-san.

- Mas eu não quero morar com Otou-san! – não é que Sakura não gostasse do pai é só que ele não dava quase, ou nenhuma atenção à garota, sempre estava trabalhando, ao contrário da mãe que, mesmo com as inúmeras viagens que fazia, sempre que possível procurava ficar com a filha.

- Eu sei... – Sashiko enxugou o rosto, precisava ser forte. – Mas você não poderá vim morar comigo.

- Por quê? – Sakura estava confusa. – Onde você vai morar?

- Nova York... – ela fez uma pausa ao visualizar a cara de espanto da filha. – Eu estou com muitos trabalhos lá e eu concordei com a agência que seria melhor eu me mudar para lá...

- Mas... Por que eu não posso ir? – a garota tinha uma expressão chorosa.

- Sakura... – a mãe repreendeu a filha. – Eu não terei muito tempo para cuidar de você lá, além do mais, Nova York é totalmente diferente de Tóquio, outros costumes... Vai ser melhor que você fique aqui...

- Eu não quero! – Sakura praticamente gritou a última frase.

- Sakura... – antes que Sashiko pudesse continuar a falar, sentiu a filha abraçá-la com força, sorrindo em seguida ao escutar o que Sakura havia dito.

- Também sentirei sua falta, Sakura-chan...

O relógio do despertador do quarto de Haruno Sakura marcava, exatamente, cinco e cinquenta e nove, faltava a penas um minuto para tocar a música de todas as manhãs, porém naquele dia não haveria ninguém para desligá-lo. A garota que ali dormira, já havia se levantado há tempos.

- Haruno-san, desde quando a mãe viajou, ela fica trancada no quarto...

Seis horas.

- Ela quase não come... Só quer saber de treinar passos de ballet...

O relógio despertou e ficou tocando sem ter ninguém para desligá-lo, pois a dona do aposento no qual o despertador se encontrava, essa hora já estava deixando a casa e se dirigindo para sua escola.

- Não seria melhor levá-la a um psicólogo?

Como sua casa não era muito distante do colégio, não demorou muito para chegar. Desceu do carro apressadamente, notando que, aparentemente, nenhum aluno havia chegado, sorriu satisfeita. Era tudo que queria, que ninguém a incomodasse.

A garota dirigiu-se a sua sala de ballet tirando o uniforme em seguida, ficando apenas com collant preto e meia-calça rosada. Ela prendeu o cabelo em um coque mal feito, para não perder tempo e calçou as sapatilhas de ponta apressadamente.

Antes de fazer um alongamento rápido, ela olhou no relógio da parede para certificar-se de quanto tempo teria antes de ter que começar as limpezas da sal. Não era tento quanto gostaria, mas chegou à conclusão que seria suficiente.

- Não será necessário, ela irá se recuperar logo.


- Por que eu tive que vir com você mesmo?

- Ai irmãozinho... – Itachi suspirou. - Quantas vezes eu vou ter que falar que o motorista ficou doente!

- Mas por que você saiu tão cedo? – o Uchiha mais novo perguntou meio desconfiando. – Você sempre sai bem depois de mim...

Itachi sorriu maroto para o irmão.

- Eu saí mais cedo porque eu sou um irmão muito bom!

- Não entendi. – falou secamente.

- Sasuke você é meio lerdo às vezes, nee? – o mais novo não gostou do comentário. – Eu saí mais cedo para que você chegasse mais cedo na escola e pudesse ficar mais tempo com sua namorada.

- Itachi, eu não tenho namorada. – Sasuke falou secamente.

- Claro que tem! A Sakura-chan! Você realmente é lerdo. – antes que Sasuke pudesse falar alguma coisa, Itachi adiantou-se. – E você vai vê-la agora. – o Uchiha mais velho parou na entrada da Senju e o mais novo mandou um olhar mortal a Itachi antes de descer do carro batendo a porta com força.

- Continue bruto assim, e a garota vai sair voando, Sasuke! – gritou-lhe o irmão, mas Sasuke não ouviu, seguindo para dentro do colégio. – Essa juventude de hoje... – suspirou Itachi. – Não fazem a mínima ideia do quão profundo e misterioso é o universo da conquista e do romance!

Ele ligou o rádio enquanto dirigia para longe de Senju Gakuen e cantarolou de forma desafinada junto com a música:

- All you need is love… All you need is love… All you need is love, love… Love is all you need…


Naquela sexta-feira fria que indicava o início do outono em Tóquio, poucas pessoas gostariam de se levantar tão cedo ainda mais depois de uma noite tão... Divertida? É, divertida seria a palavra perfeita para descrever a noite daquele casal.

Mas o som da campainha que ecoou pelo apartamento silencioso atrapalhou os sonhos deles, bom pelo menos de um deles.

A morena abriu os olhos demorando alguns segundos para perceber que a campainha estava tocando. Ela tirou o braço masculino que a cobria e levantou-se, cobrindo seu corpo nu com um lençol e saindo do quarto.

Ao abrir a porta do apartamento um vento frio vindo da janela do corredor a alcançou com força, fazendo-a estremecer, mas talvez não tenha sido pelo vento frio e sim por causa da pessoa que havia tocado a campainha, a ultima pessoa que esperaria e gostaria de ver naquele momento. Não que ela não gostasse dele, mas era constrangedor recebê-lo naquele estado, digo, com apenas um lençol cobrindo o seu corpo.

- O que você está fazendo aqui? – a morena perguntou não escondendo o espanto na voz.

- Nossa! – o homem que aparentava ter seus cinquenta e poucos anos fez-se de ofendido. – Kurenai, é desse jeito que você recebe o seu pai?

- Desculpe-me, Otou-san. É que eu fui pega de surpresa, por que você não me ligou avisando que vinha?

- Eu ia ligar, mas seria mais legal fazer uma surpresinha. – Yuuhi Mitsuharu deu um sorrisinho que incomodou um pouco a filha. – Assim, se você estivesse fazendo alguma coisa errada eu pegaria você no flagra! – esse último comentário fez Kurenai corar um pouco.

- E o que te traz a Tóquio? – ela perguntou, tentando mudar de assunto de maneira natural. O mais natural possível estando parada na porta em frente ao seu pai usando apenas um lençol para esconder o corpo.

- Ah... Quanto a isso... – Mitsuharu fez uma pequena pausa. – Eu vim aqui para coreografar o seu ballet.

Kurenai arregalou os olhos.

- C-como assim?

- Alguns dias atrás eu estava conversando com Tsunade ao telefone e comentei com ela que seria melhor eu ser o coreógrafo dos seus bailarinos, já que você só veio a assumir as turmas mais adiantadas esse ano com o afastamento de Rangiku-san e por conta disso não tem muita experiência.

- Não vai ser divertido trabalharmos juntos? – Mitsuharu sorria simpaticamente.

Kurenai forçou um sorriso.

- Claro, Otou-san.

- Só mais uma coisa... – Mitsuharu olhou para o lençol que cobria a filha. – Você poderia me explicar o motivo desses trajes? – ele olhou novamente para o lençol que era usado por Kurenai que, bastante corada, tentou manter o sorriso.


Já fazia algum tempo que Uchiha Sasuke perambulava pelo prédio da escola vazio, ainda não havia visto nenhuma alma viva naquele lugar. Normalmente ficaria feliz com essa situação, pois na maioria das vezes preferia ficar sozinho a acompanhado, só que dessa vez, uma exceção, ele estava entediado o suficiente para desejar uma companhia.

Estava quase perdendo as esperanças de encontrar alguém, no momento em que escultor uma música ecoando pelos corredores. É parecia que tinha alguém maluco o bastante para chegar mais de duas horas antes das aulas começarem para se dedicar a alguma atividade. Ele sorriu com essa conclusão.

Como não tinha nada melhor para fazer resolveu procurar a sala de onde a música saia e, quanto mais se aproximava mais reconhecível a música ficava. Era um *¹allegro de Mozart que, coincidentemente Sasuke adorava tocar em seu piano.

Quando havia chegado bem próximo à sala de onde a música saia, notou que era uma das salas de danças e surpreendeu-se ao reconhecer a pessoa que dançava dentro dela. Sorriu irônico, tinha que ser ela. Uma louca! Aproximou-se mais da porta da sala e ficou observando a bailarina que treinava uma sequencia de saltos. A bailaria saltava com leveza e sorria, ignorando a dor que sentia em seus dedos. Ela fazia com tanta vontade que fazia parecer mais fácil do que realmente era.

Mas aquele belo conjunto de saltos acabou juntamente com a música, e aquela garota que antes dançava esquecendo-se de tudo que estava ao seu redor, agora encarava, com um pouco de espanto, quem a observava da porta.

- Uchiha Sasuke. – ela suspirou. – Posso saber o que faz aqui?

- Hm... – ele parou um instante para fingir que pensava na resposta. – Eu estudo aqui. – falou abrindo um sorriso torto.

- Não diga... Estou falando sério! – a bailarina, que antes expressava calmaria, agora expressava irritação. – Fale logo o que está fazendo nessasala! Eu preciso voltar ao meu treino.

O Uchiha continuou com aquele maldito e ao mesmo tempo belo sorriso estampado na cara.

- Pode continuar... Prometo que não vou te atrapalhar. – o garoto se divertiu com olhar de ódio que Sakura lhe mandou.

- Eu não gosto de fazer showzinhos particulares!

- Você deveria abrir uma exceção pro seu namorado...

Ao escutar a palavra namorado, Sakura acabou corando, mas aquele sorriso debochado que estampava a face do Uchiha fez com que a garota se irritasse.

- Uchiha! Eu já falei que preciso ensaiar... Se retire dessa sala, AGORA! – a última palavra saiu em um tom mais auto que as outras, porém nada que tirasse aquele maldito sorriso da cara do garoto.

- Se eu te der um beijo, posso ficar? – indagou debochado.

Demorou um pouco para Sakura assimilar a pergunta do garoto. Um beijo? Aquilo era sério? Obviamente não, ele só estava tirando uma da cara dela, porém ela sentiu algo diferente ao ouvir a proposta. Talvez pelo fato de que se no passado, o mesmo garoto, tivesse feito essa proposta ela aceitaria sem nem pensar direito, mas hoje isso não aconteceria. Afinal ela havia deixado de ser aquela menina boba de antes.

- Hun... – o garoto estampava um sorriso malicioso sem desviar o olhar. – Pelo demora da resposta, acredito que vocês esteja pensando em aceita-la...

- É claro que não! – envergonhada Sakura desviou os olhos para uma parede que continha um relógio. – Droga! – a bailarina exclamou com raiva. – Eu só tenho mais vinte minutos... – ela lançou um olhar de ódio ao Uchiha. – Isso é culpa sua, seu BAKA!

Sasuke percebeu que era melhor sair agora antes que a Haruno explodisse como uma ogiva nuclear, mas não foi rápido o suficiente para ela.

- EI, UCHIHA! – o grito o fez parar a caminho da porta. – Não pense que vai se safar! – Sakura venceu a distância entre eles com alguns passos. – Você vai me ajudar agora, entendeu? – falou batendo com o indicador em seu peito, só que Uchiha Sasuke não deixava nem uma garota (mesmo uma garota que era tão perigosa quanto às armas de destruição em massa nunca encontradas no Iraque), nem ninguém lhe dar ordens daquela maneira.

- E posso saber por que eu deveria ajudá-la? – Sasuke procurou manter a compostura, encarando-a de cima e erguendo uma sobrancelha.

Sakura mostrou um sorriso maroto.

- Caso você não me ajude... Itachi vai descobrir um segredinho seu relacionado com aulas de ballet.

- Você não faria isso. – declarou Sasuke irredutível, e ela não podia negar que, olhando assim de perto, até mesmo a insuportável expressão de eu-sou-melhor-que-você-e-chantagem-barata-não-me-p ega conseguia colaborar para deixá-lo extremamente atraente. Mas Sakura buscou ignorar aquele fato e continuou a sorrir para o "namorado".

- Eu não só faria como eu voufazer se você não me ajudar a treinar umas pegadas.

O Uchiha de repente encarou a Haruno um pouco espantado, o que ela queria dizer com "pegada"? Dezenas de imagens passaram velozes pela sua cabeça e, se ele não fosse Uchiha Sasuke, estaria vermelho como a camisa de Naruto no dia em que ele conseguiu quebrar o nariz brigando com os veteranos, assim que chegara ao colégio.

- C-como assim pegada? – Sasuke ainda estava espantado com o impacto que aquela palavra causou.

Sakura demorou um segundo para entender o que ele estava pensando.

- Não é isso, seu baka hentai! – xingou, tentando conter o rubor que alcançava suas faces. – Não pense besteira, é só uma coisa de ballet!

Sasuke quase soltou um gemido. Uma coisa de ballet. Por que inferno parecia que tudo que ligava ele àquela garota estava relacionado ao ballet?

- O que eu tenho que fazer? – perguntou por fim, usando de frieza para não deixar transparecer sua derrota.

- Simples. – Sakura sorriu novamente. – Apenas me levantar.


- Eles estão atrasados... – Naruto falava enquanto olhava para o relógio.

- Isso é muito estranho, a testuda nunca se atrasa para nada.

- Eles devem está se agarrando por aí... – comentou Kankurou. – daqui a pouco eles aparecem.

- Nós deveríamos fazer o teme e a Sakura-chan limparem tudo sozinhos! – Naruto falava com um sorriso bobo na cara, imaginando como seria bom não ter que limpar as salas naquele dia.

- Não, acho melhor nós começarmos. – Temari começou a pegar o material de limpeza, mas reparou que todos estavam parados. – O que os bakas estão esperando?!

- Eu é que não vou fazer o trabalho daqueles dois, enquanto ficam se agarrando por aí. – Kankuro cruzou os braços e continuou apoiando as costas na parede.

- Não só você, mas todos nós vamos! – Temari ficou alguns segundos encarado os amigos para ver se alguém teria a coragem de discordar dela. – Pelo visto todos concordam comigo. – a garota disse essa ultima parte com um belo e ao mesmo tempo assustador sorriso.

Enquanto isso, a algumas salas de distância, o "casal" atrasado tentava pela milésima vez fazer uma pegada.

- Sinto muito se você é muito pesada para ser levantada!

- Não me chame de gorda! Você que não tem força para me levantar!

- Ótimo se eu não tenho força pra te levantar, melhor eu não tentar mais. – Sasuke deu as costas para a garota de orbes verdes e foi andando até a porta.

- Uchiha! Espere! – Sasuke virou-se para a Haruno que estava um pouco distante dele e a ficou encarando por alguns segundos. – Me segure! – a bailarina começou a correr em direção ao garoto de orbes negros o que fez com que seu cabelo, antes preso em um coque folgado, se soltasse deixando-a mais bonita aos olhos do Uchiha.

A distância entre os dois ia diminuindo a cada passo que Sakura dava, mas os segundos que deveriam se passar rapidamente transformaram-se em pequeninas eternidades enquanto seus olhares pareciam impossíveis de se desligar. E de repente eles estavam frente a frente, tinha que ser agora. Sasuke se inclinou e envolveu sua cintura fina com as mãos, mal percebendo-a, ou dando-lhe tempo, de fato, para abafar um ofegar de surpresa. Os joelhos dele dobraram-se ligeiramente antes de, com um impulso, erguer a garota no ar.

Seus olhos – verdes e negros – não se desgrudaram nem por um instante.

O Uchiha, ainda impressionado com o que tinha conseguido, desceu a garota que ria meio que descontroladamente.

- Você conseguiu! – Sakura, sem perceber o que estava fazendo, pulou no pescoço do garoto, envolvendo-o com os seus braços. Sasuke, por sua vez, não conseguiu se segurar e mostrou um sorriso satisfeito, porém aquela situação não demorou a ficar constrangedora fazendo com que Sakura soltasse o Uchiha e esse desviasse os olhos para um ponto qualquer da sala, se deparando com o relógio.

- Nós estamos atrasados... – Sakura fez cara de quem não havia compreendido. – Para limpar as salas. – explicou.

- Merda! – a Haruno pegou suas roupas dentro da bolsa colocando-as o mais rápido possível e o mesmo fez o Uchiha abotoando uns poucos botões da camisa e colocando a gravata de qualquer jeito. Assim que Sasuke "terminou" de se vestir puxou a rosada, ignorando o fato de ela ainda não estava pronta, mas ao darem o primeiro passo fora da sala, esbarraram em alguma coisa o que os derrubou de novo no chão dentro dela.

- Mas que... – antes que Sasuke terminasse o que ia dizer ele reparou em que, ou melhor, em quem havia esbarrado. – Dobe, o que você... Vocês – Sasuke se corrigiu ao ver que os outros estavam atrás de Naruto. – Estão fazendo aqui?

- Nós estávamos indo limpar as salas, serviço que você e sua namoradinha deveriam ajudar a fazer ao invés de ficarem se agarrando por aí. – Kankuro respondeu antes que Naruto pudesse dizer qualquer coisa.

Sakura, que até agora, estava calada resolveu se pronunciar ao ouvir a parte do "se agarrando por aí" que a deixou bastante irritada.

- Para sua informação – Sakura encarava com ódio o irmão mais *²velho dos Sabaku. – Nós não estávamos nos agarrando!

- Hmn... Testuda...

Sakura virou-se com os olhos em chamas.

- Que foi, porca?!

- Nada não, só que... – Ino hesitou um pouco, por causa do olhar mortal que a amiga mandava para ela. – Que outro fato explicaria as roupas de vocês estarem assim? – ela apontou para os dois e só então Sakura se deu conta do estado em que ela e Sasuke estavam: cobertos de suor, com os cabelos revoltos e roupas vestidas de forma descuidada.

Ela olhou para Ino, completamente muda, não sabia o que responder. Virou-se para o rapaz ao seu lado, em busca de salvação.

- Nós não estávamos nos agarrando. – Sasuke disse secamente. – E o que fazíamos não é do interesse de vocês. – Com aquilo o Uchiha colocou um ponto final no assunto.

- Será que agora podemos fazer a limpeza da sala? Já perdemos vinte minutos! – reclamava Temari.

Assim, todos se dirigiram a primeira sala que teriam que limpar.


- Finalmente a ultima sala que teremos que limpar nesse castigo! – exclamou Naruto com um sorriso largo

- Eu já tava até me acostumando com isso... – comentou Sakura distraída.

- Fale por você! – exclamou Kankuro irritado. – Eu não fiz NADA e tive que acordar DUAS HORAS mais cedo por um mês pra ficar ajudando vocês!

- Isso explica porque você só aparece nesse colégio na segunda aula... – resmungou Sasuke de mau humor.

- Ah, mas acordar cedo tem suas vantagens! – lembrou Naruto, rindo. – Eu fiquei um mês sem ter que pular o muro do colégio porque o jiji da portaria tinha fechado o portão!

Temari soltou um risinho.

- Ah, não se preocupe, Naruto! – comentou ela com um sorriso sádico. – Do jeito que você e o Sasuke são, logo, logo vão pegar outro castigo por brigar no colégio. Com sorte, um bem pior do que esse!

O loiro sentiu que suava frio.

- Temari, você é muito má...

Sasuke, por sua vez, fez um som de desagrado.

- Deus me livre pegar outra detenção com essa coisa!

O que, lógico, fez o garoto ficar furioso.

- Quem você ta chamando de coisa, sua coisa?!

Sasuke apenas o olhou com sarcasmo.

- Adivinha, coisa?

Veia quase explodindo.

- VÁ À MERDA, SASUKE!

O moreno viu a esponja molhada voando e teve meio segundo para reagir. Ele abaixou.

E quem estava atrás recebeu o projétil molhado e ensaboado bem na cara.

A face de Naruto empalideceu.

- Ino! Desculpa! Desculpa! – gritou ele ao ver a loira apertando uma esponja na mão, molhada e furiosa.

- Narutoooo... – um rosnado veio das profundezas enquanto os olhos azuis da garota brilhavam sinistramente. – PRIMEIRO UM BALDE E AGORA UMA ESPONJA?! QUE PORRA VOCÊ ACHA QUE EU SOU, UM ALVO DE TIRO?!

- Um alvo de tiro loiro... – debochou Kankuro, corajosamente tão baixo que ela não ouviu, mas alguns outros sim. E começaram a rir.

Bem, isso não deixou Ino menos furiosa.

- MORRA, SEU IDIOTA ACÉFALO!

E lá se foi o projétil mortal de forma esponjosa. Naruto soltou um berro.

- ME SALVA, OKAA-SAN! – gritou se atirando no chão.

E a esponja, em movimento retilíneo uniforme, não poderia desviar a trajetória apenas por esse fato, é claro.

Em resumo, a esponja não parou até encontrar resistência. E essa resistência se deu na forma de uma cabeça ruiva de costas para ela.

Um milissegundo de silêncio. Gaara apanhou a esponja com uma mão ligeiramente trêmula.

- Espero que tenham escrito os testamentos. – avisou ele em um tom de voz aterrorizante ao virar-se para o grupo congelado.

Naruto foi o primeiro a reagir.

- A GENTE VAI MORRER!

E daí veio.

- GAAAAH! GAARA, FOI UM ACIDENTE! UM ACIDENTE!

- NÃO JOGA ISSO EM MIM, NÃO JOGA ISSO EM MIM!

- CUIDADO COM O BALDE, CARALHO!

- AII! O CHÃO TÁ ESCORREGANDO... OOOOOOOO!

- GUERRAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!


Já se passavam das oito horas, a Senju, antes vazia, agora estava lotada. Os alunos entravam aos montes fazendo a entrada parecer um formigueiro de tanta gente.

Tenten, que finalmente havia conseguido sair daquele amontoado de pessoas tentava achar alguém conhecido quando viu uma coisa verde correndo em sua direção.

- Tenten-chan! Bom diaaa! – a coisa verde falou bem animada.

- Hnm... Lee, por que você ta usando uma roupa igual a do Gai-sensei? – Tenten perguntou com uma gota enorme na testa.

- Gai-sensei me deu de presente!

- Certo... – sem comentários. – Me responde uma coisa, você viu a Hinata por aí?

- A ultima vez que a vi ela tava entrando numa das salas de música... Acho que ela ia praticar...

- Vou pra lá então. Tchau. – falou uma sorridente Tenten que já estava se virando para ir embora, quando olhou para o garoto de novo. – Ah, só mais uma coisa... Tire essa roupa ridícula!

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- Um ballet novo? Nunca dançado? Não sei...

- Minha querida não acredita na minha capacidade? – Mitsuharu fez-se de ofendido. - E na de seus alunos?

- Claro que sim, otou-san.

- Permita-me montar esse ballet. Tenho certeza que será um sucesso!

- Está bem! Está bem! – Kurenai tinha a face um pouco irritada. – Quando é que você quer escolher o elenco?

- Se for possível hoje mesmo.

- Pode ser. – Kurenai relaxou mais a expressão ficando um pouco mais pensativa.

- No que está pensando? – Perguntou o Yuuhi.

- Em quem poderia fazer o papel principal. Estou em dúvida entre duas... – ela fez uma pequena pausa. – Se lembra da Sakura-chan? Aquela que há três anos fez a Clara em quebra nozes. Você, na época, ficou maravilhado com ela e disse que seria uma promessa. Lembra?

- Claro que sim, como poderia esquecer... – Mitsuharu sorriu. – Hoje ela deve está dançando muito bem, mas a outra...

- Ayame. – Kurenai interrompeu o pai.

- Ayame também deve dançar muito bem... Mas sua dúvida não é só por causa disso. – Afirmou ele.

- Ayame é mais madura que Sakura, ela está no último ano... Sakura tem só dezesseis anos, não queria colocar tanta pressão sobre a cabeça dela. Ela é dedicada demais, se é que me entende... Eu não sei se ela está preparada psicologicamente. Eu não gostaria... – fez uma pausa. – Que ocorra com ela...

- O mesmo que aconteceu com você. – completou o pai.

- Seria um grande desperdício de talento... – limitou-se a dizer isso, pois a lembranças do ocorrido que encerrou sua curta carreira como profissional ainda estavam muito vivas.

Mitsuharu percebeu que o clima da sala havia ficado muito pesado e sabia muito bem o que devia está passando pela mente da filha, então resolveu quebrar aquele incômodo silêncio.

- Mudando de assunto... – O Yuuhi fez uma cara mais séria. – Será que você poderia me explicar o que aquele homem estava fazendo no seu apartamento.

- Ele é meu namorado.

- E quem disse que eu te dei permissão para levar seu namorado para o seu apartamento e ainda mais passar a noite com ele?

- Eu não preciso da sua permissão. – falou um pouco grosseira. – Eu já tenho vinte cinco, esqueceu?

Após ouvir o comentário da filha, Mitsuharu ficou paralisado, deprimido e pensando em como ela havia crescido tão rápido.

- Eu tenho umas coisas pra fazer... – Kurenai olhou mais uma vez para o pai que não piscava um olho. – Depois a gente se vê. Tchau. – a saiu da sala.


- Aiii! Que complicado! Essas salas parecem todas iguais para mim! – Tenten resmungava para si mesma enquanto caminhava pelos corredores em busca da sala a qual Hinata deveria estar.

- Deve ser essa! – disse se aproximando de uma sala da qual vinha uma bela música saída de um violino. – Hinata-chan toca muito bem mesmo! – sorriu e abriu a porta lentamente para não atrapalhar o treino da amiga, porém havia se enganado. A pessoa que tocava não era sua amiga apesar de lembrar bastante a Hyuuga.

– D-desculpa. – ao se desculpar ela, muito vermelha, saiu correndo ignorando as pessoas ao seu redor que a olhavam como se ela fosse uma doida.

Neji ergueu uma sobrancelha.

- Eu realmente mereço... – murmurou consigo mesmo, colocando o violino de lado.


- Certo Tenten... – sussurrava a garota andando por um corredor. – Você tem que parar com isso, já é a sexta vez que você sai correndo ao vê-lo. Foi só um beijo... Um beijo que nem foi na boca. Nada de mais. – Quando avistou um banheiro a garota diminuiu os passos para poder entrar e ver o estado que aquela correria a deixara.

- Eu ainda mato o Naruto! – uma garota loira dizia bastante irritada enquanto se olhava no espelho. – Olha só o que ele fez!

- Não se preocupe porquinha você não é a única que está em um estado desprezível. – falou a de cabelo rosa.

- Mas também você tinha que acertar o meu irmão? – perguntou retoricamente Temari.

- Não foi culpa minha se o Naruto desviou!

- Calma. Vocês não estão tão ruins assim. – falou Hinata, a única intacta.

- Não... Só um pouquinho! – disse Tenten que acabara de entrar no banheiro. – Será que alguém poderia me explicar por que vocês estão nesse estado?

As três garotas que não estavam com uma aparência exatamente agradável se entreolharam, e responderam ao mesmo tempo.

- NARUTO!


Perto das cinco da tarde, uma das salas de dança da Senju estava lotada de bailarinos clássicos que, juntos, formavam a turma mais avançada da escola. Eles, enquanto a professora não chegava, aproveitavam para se alongar a vontade e conversar um pouco sobre diversos assuntos, porém um assunto era predominante naquela sala. Na verdade uma fofoca, ninguém sabia ao certo, mas havia alguns boatos dizendo que Yuuhi Matsuharu, um famoso coreógrafo japonês, estava no colégio naquele dia.

E, para surpresa da maioria, quando a jovem professora adentrou na sala, ela não entrou sozinha e sim acompanhada de um senhor o qual foi reconhecido de imediato por vários ali presentes.

- Vocês devem estar se perguntando quem é esse senhor que está do meu lado. – ela olhou para o pai. – Talvez alguns já tenham ouvido falar nele ou até já o reconheceram. Yuuhi Mitsuharu irá, juntamente a mim, montar o ballet que será apresentado este ano. Vocês podem estranhar, porque esse ano vamos fazer uma mudança drástica em relação aos anos anteriores: não vamos dançar um repertório clássico e sim uma mistura de clássico com moderno Por isso, vou precisar da total dedicação de vocês para montar esse ballet inovador. – Kurenai olhou para o pai dando sinal para ele se apresentar.

- Boa tarde a todos. – cumprimentou Mitsuharu. - Como Kurenai já falou me chamo Mitsuharu, e vai ser um prazer ser o coreógrafo de vocês. – fez uma rápida pausa. – Provavelmente vocês devem estar bastante curiosos para saber sobre o que vai ser esse ballet. – ele sorriu. – Mas terão de esperar mais um pouco... – ele notou a decepção no rosto de alguns. – Vamos revelar a história só após a seleção... Que será feita hoje. – acrescentou vendo o choque da maioria que não estava esperando por aquilo naquele dia.

- Bom... – começou Kurenai. – Vamos começar pelas meninas, depois os meninos e por ultimo o pas de deux. – enquanto a professora falava as garotas colocavam as sapatilhas. – Meninas, vamos começar com aquela sequência de duplas piruetas na diagonal, eu gostaria que vocês se organizassem em trio para isso.


- Então... – Sakura olhou para amiga ao lado, enquanto caminhava para a saída do colégio. – O que achou de mim hoje?

- Você dançou muito mal como sempre. – Disse Ino com ironia. – Provavelmente vai ficar bem atrás, de preferência em um lugar que ninguém possa te ver.

- Não sei, mas acho que não fui muito bem no pás de deux... Eu tava meio insegura. – Sakura estava com a voz um pouco abatida. – Acho que não tenho muita chance. Você sabe que tem várias bailarinas boas ali, que podem tirar o papel da protagonista de mim...

- Quem, por exemplo? – Ino já estava começando a se irritar com a insegurança sem motivos da amiga.

- A Ayame dança muito bem... E você também! O seu teste foi muito bom! Você se saiu melhor do que eu! – ela falava com uma voz de derrota.

- Testudinha... Claro que eu danço muito bem! – Disse uma Ino bem convencida. – Mas eu faço isso como um hobby, não vai ser uma coisa que eu pretendo continuar depois de me formar, mas você... Você se dedica muito para conseguir se tornar uma bailarina profissional e entrar em uma grande companhia e é isso que a faz ser melhor do que eu, você sabe muito bem disso.

- Mas e Ayame...? – disse com uma voz chorosa.

- A Ayame dança bem, muito bem, mas esse papel já é seu, não se preocupe. – Ino sorriu e abraçou Sakura. – Você é mais completa que ela... Tem o clássico e o moderno, ela é só uma bailarina clássica, por isso está em desvantagem em uma coreografia que precisa da união dos dois.


No dia seguinte, no período da tarde, em frente a uma das salas de ballet da Senju concentrava-se um bom número de bailarinos que procuravam seus nomes na lista de seleção. E um pouco perto dali duas garotas corriam, ou melhor, uma corria e a outra era puxada, pelos corredores da escola.

- Testuda por que você ta com tanta pressa? – perguntou Ino. – É obvio que você vai pegar o papel principal!

Sakura ignorou totalmente o que a amiga tinha dito e continuou a puxá-la até que chegaram à parede onde estava pregada a lista com os papéis. Ou o que podiam ver dela.

- Merda... – xingou a garota baixinho. – Eu não consigo ver! – reclamou, se esticando nas pontas dos pés.

Ino revirou os olhos.

- Sakura, você precisa aprender a conseguir as coisas... – ela falou em tom de quem sabe tudo, se aproximando do bolo de pessoas e tomando ar.

Naquelas horas, Sakura tinha certeza absoluta de que Ino não batia bem.

- SAI DA FRENTE, MUNDIÇA! TEM MAIS GENTE QUERENDO VER A LISTA!

A maior parte das pessoas levou um susto tão grande que pulou para longe da loira. Tentando não pensar nas repercussões de tudo aquilo, Sakura se adiantou para ler a lista do elenco.

- Vamos lá, vamos lá... – murmurou, procurando o próprio nome, fazendo uma cara estranha quando o encontrou.

- O que foi? - Ino pulou no seu ombro, curiosa e ansiosa. – Você pegou o papel principal?

- Não... Sei. – respondeu confusa.

- Como você não sabe? – Ino indagou sem entender. – Você achou seu nome no lugar da protagonista?

- Achei... – Ino sorriu com a resposta. – Mas ele não estava sozinho... O da Ayame também estava...

- Como assim? – Agora era Ino quem não estava entendendo nada.

- Eu posso explicar.