Blue

Azul...

A cor da felicidade, da masculinidade, mas para mim azul não passava de uma cor. Para ele, azul era a cor do amor.

Por diversas vezes ouvia-o sussurrar ao meu ouvido palavras de desprezo, mas para mim, aquilo eram as mais doces palavras que viria a ouvir.

Gostava de como olhava-me,

De como reclamava-me,

De como amava-me.

Gostava até mesmo de como desprezava-me.

Do modo como todas as noites olhava em meus olhos e dizia:

"Não se apegue, é apenas por prazer"

Na hora aquilo doía, mas depois eu só conseguia sorrir, rir, e abraçá-lo contente. Devia saber que eu não levava aquilo a sério. Devia saber que eu o amava.

Lembro-me da manhã ensolarada onde nos encontramos.

Foi um encontro "chocante"... Ele odiava-me com o olhar, e eu odiava-o com um sorriso. Era vermelho.

Lembro-me também, da noite fria em que nossos lábios se encontraram.

Foi... "Vazio". Puramente sem sentimentos, um beijo... Um beijo frio, sem vida, debochador... Um beijo como ele. Foi negro.

Lembro-me, como se fosse hoje, da tarde de outono em que nossos corpos se acharam.

Foi cheio de sentimentos.

Era tudo diferente. Os olhares dele, os sorrisos meus, os beijos sem sabor.

Tornou-se tudo azul.

Lembro, por fim, daquele sorriso.

Achava eu que ele era inexistente. Achava que ele não podia sorrir. Achava que era apenas uma lenda e disso não passaria.

Mas, em um dia como todos os outros, onde descansávamos a beira de um lago, ele veio até mim, pôs-se em meu colo, e sorriu.

Lembro daquele brilho que ele tinha. Daquelas palavras frias. De sua admiração ao azul.

Lembro risonho do apelido que tinha lhe dado... Ele simplesmente odiava quando o chamava de "Boneco de Porcelana". Sempre lembrava-me de um ao olhá-lo porque, afinal, ele era um.

Era frio como um boneco.

Era amargo como um.

Era tão frágil em aparência quanto um.

Era vazio como um.

Era inocente como um.

E ele podia ser para sempre meu.

Ele contradizia a isso todas as noites. As noites meu boneco quebrava. Restavam apenas pedaços azuis. Lembranças, sonhos, pensamentos... Mais nada. Jogava tudo fora. A máscara de frieza caia, e já não era mais um boneco de porcelana azul, sem sentimentos, frio, inocente, amargo, frágil vazio.

Mas ele ainda assim era meu.

Seu gosto era doce. Seu toque era quente. Seus olhos eram maliciosos. Seu ser era inabalável. Seus gemidos eram cheios de sentimentos.

Eu vivia para ele, e para ele morreria.

Tornei-me dependente, ele era meu vício.

Não conseguia imaginar-me mais sem aquele gosto, sem aquele toque, sem aquela voz, ou até mesmo sem aquela devoção ao azul.

Amava-o.

Seus lábios pediam-me um beijo, e os meus ansiavam por isso.

Seu corpo frio vinha ao meu, que já não vivia sem ele.

Seu sorriso era torto, infantil, inexperiente, e o meu era largo, feliz, azul.

Meu Boneco de Porcelana era jovem, era calouro, era ainda culpado.

Eu era um homem na flor da idade, experiente, sem culpas, sem fantasmas a me assombrar.

Por noites acordei com um pequenino corpo trêmulo em meus braços, era ele e seus pesadelos. Seus horríveis pesadelos.

Abraçava-o, envolvia-o em meu azul, o azul que tanto amava. Ele sempre se acalmava e voltava a dormir, e eu guardava para que continuasse assim.

Sempre me perguntei com o que ele sonhava praticamente todas as noites.

Sabia que era horrível, pois assustava-o e fazia-o dizer que nunca mais tornaria a pregar os olhos, o que nunca cumpria, pois bastava abraçá-lo para que caísse em sono profundo.

Ele não era de falar muito, e eu era tagarela.

Esse era o nosso principal problema. Ele odiava o meu jeito de falar pelos cotovelos e estar sempre sorrindo.

Eu amava irritá-lo.

Às vezes pegava-o deitado na grama, com as mãos atrás da cabeça, olhando o céu azul. Sorrindo para ele.

Sabia que ele me amava.

Como?

Ele dizia que eu era azul.

Sim, essa é realmente minha cor, mas Uchiha Itachi não diria isso ao acaso.

Aquele Uchiha me amava, e esse Hoshigaki correspondia.

Morreria por ele, e seria um fim feliz para mim.

Já estou morto.

Ele levou-me.

Junto a seu corpo, que sequer cheguei a ver, eu iria ficar até a morte.

Amei-o, amo-o, amarei-o.

O céu já não é azul, é laranja, vermelho, negro.

Malditos sejam todos que respiram o ar que ele respirou.

Malditos aqueles que comemoram por ele estar morto.

Malditos Uchihas que acabaram matando-o mesmo sem saber.

Uchiha Itachi amava o azul, a minha cor, a nossa cor.

Ele está morto, mas não foi sozinho, levou consigo minha motivação e vontade de continuar vivo.

Os beijos são apenas lembranças.

A voz é apenas tristeza.

O corpo agora é frio.

Os olhos fechados não mais se abrirão.

As palavras não mais me ofenderão.

Não mais ouvirei-o chamar-me de azul.

As últimas palavras para sempre ecoarão em minha mente:

"Nos vemos em breve... Azul"

Espero que breve realmente seja, pois nada faz mais sentido.

A vida já não é azul.


Oneshot curtinha, mas achei bem kawaii :)

Antes de mais nada, FELIZ YAOI'S DAY, MINNA \o\

Bom, decidi escrever uma KisaIta porque amo esse casal e é super gostoso de se trabalhar, como eu não gosto do Itachi e isso não é segredo a ninguém, eu deixei pra fazer o Kisa-chan refletindo após a sua morte :) O tema dessa fanfic, "blue", seria para um especial que eu faria em homenagem ao Kisame, personagem que eu particularmente amo, mas acabei por fazê-lo em uma yaoi mesmo...

Não ficou TÃO legal, mas espero que tenham gostado, e deixem-me reviews, onegai °-° A cada review que você não deixa um autor morre, e você não vai querer ter um fantasma puxando sua perna todas as noites, neh? ó.ò

Feliz yaoi day e cliquem no Go no Justu aí em baixo :)