Depois dos fatos ocorridos no episódio 4.21 - Dean dirige pela estrada, ainda muito perturbado com o confronto com Sam.

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Estarei Sempre Com Você.

Sua cabeça estava latejando.

Pelo retrovisor, observou, mais uma vez, as marcas vermelhas ao redor do pescoço.

As mãos de Sam ainda estavam marcadas em sua pele. Ele podia sentir, perfeitamente, a pressão ao redor de seu pescoço, esmagando-lhe a traqueia.

Afastou a gola da camisa para o lado, como se isso fosse melhorar a sensação de sufocamento que ainda sentia.

Engoliu em seco.

Precisava manter os olhos na estrada.

Precisava pensar. Racionalizar. Agir.

A vista estava ficando nublada outra vez e novamente, engoliu o azedume que insistia em subir pelo esôfago, amargando-lhe a boca.

Puxou o volante e parou no acostamento.

Saiu do carro, deixando a porta aberta e sentou-se sobre o capô, puxando o ar com força. Aquela maldita falta de ar ainda o incomodava.

Por longos minutos, as lembranças do confronto com o irmão assolavam sua mente, num redemoinho assustador que parecia querer arrastá-lo para o fundo do poço.

O frio do fim da madrugada penetrou-lhe a carne, fazendo-o estremecer. Abraçou as pernas e se deixou fixar nos primeiros raios de luz que surgiam no horizonte.

Desde muito cedo aprendera a buscar na solidão do silêncio as respostas para as perguntas que o atormentavam. Não havia lugar mais solitário e isolado do que aquele ali, no meio do nada, a meio caminho, sabe-se lá de onde, sem rumo, sem destino, sem desejo, sem nada.

Por fim, o sol: Redondo, alaranjado, subindo rápido, tocando seu corpo dolorido, aquecendo o ar ao redor.

E com o sol, um perfume doce de Água de Rosas.

Ele encheu os pulmões com aquele aroma delicado, inspirando e permanecendo com os olhos fechados. Lembranças. Doces lembranças e uma saudade doída de uma vida há muito perdida.

'Dean.'

'Mãe?' Ela estava ali, bem ao seu lado, como da última vez que a tinha visto. Linda. Doce e terna.

'Meu anjo.' Tocou-lhe o rosto delicadamente, aquecendo-lhe a face e sorriu o sorriso da infância de Dean, como ele se lembrava.

'Você está mesmo aqui, mãe?' Colocou sua mão sobre a dela, ainda sobre seu rosto e sentiu o calor da pele. ' Eu não estou sonhando, não é ?'

'Não, meu amor. E estou aqui, com você.' Mary levou a outra mão de encontro ao rosto de seu filho mais velho e segurou-o entre elas, sorrindo para ele.

'Me perdoa, mãe. Me perdoa.' Seus lábios tremiam e os olhos estavam rasos d'água.

'Não, meu bem... Não há do que se desculpar. Você não fez nada errado'

'Eu o perdi. Perdi o Sam, mamãe.'

'Não foi sua culpa, Dean. '

'Eu não consegui mantê-lo a salvo. Eu prometi ao pai e falhei.'

'Tenha calma, meu querido. Tenha fé. '

'Como eu posso ter fé, mãe? O Sam... Sammy... Ele está perdido. Você não viu no que ele se transformou. Ele ia... Ia me matar.'

'Mas não o matou, Dean.'

'Não matou, mas eu pude sentir o ódio nele. Eu nem sei porque ele me soltou.'

'Você sabe, meu filho. Bem aí no fundo, você sabe.' Mary tocou o peito de Dean, na altura do coração ' Sam jamais poderia matá-lo. Por mais perdido e confuso que esteja, ele não poderia, porque você, Dean, você é parte dele e isso é mais forte do que qualquer coisa que aquele demônio possa ter-lhe dado. É mais forte do que a vingança, mais forte do que o ódio. '

'Eu estou com medo. Estou com medo de ter que...' Desviou o olhar, encontrando o céu azul.

'Olhe para mim, meu amor' Trouxe o rosto do rapaz de volta, de encontro ao seu. ' Você é a única pessoa que pode trazer Sam de volta à razão. Eu sei. E você o fará, não é ?'

'Eu não sei se consigo,mãe. Estou tão assustado... Eu tentei protegê-lo, tentei mantê-lo a salvo, mas mesmo assim... Ele queria me ver morto...Eu não sei. Não sei...'

' Você sempre foi o meu menino forte, Dean. Meu pequeno anjo. O meu presente do Céu. E não será diferente agora.'

'Eu me sinto tão só, tão incapaz, tão perdido... '

' Seu irmão precisa de todo esse amor que existe dentro de você, meu filho. Deixe que ele saiba. Permita que ele sinta. Envolva-o e traga-o de volta para casa, para perto do seu coração. Nada, nunca será mais poderoso do que o amor que sempre os uniu, acredite.'

' Eu não vou conseguir fazer isso sozinho. Nem sei por onde começar a procurá-lo.'

'Siga o seu coração, Dean. Deixe que seu amor o oriente, ouça-o e não tenha medo porque você não está sozinho. Eu te amo, meu menino e estarei sempre com você.'

'Eu também te amo, mãe. E vou trazer Sammy de volta.'

FIM

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NOTA: Nesse Dia das Mães, nada melhor do que a mãe para dar um colo ao Dean, nesse momento tão duro, tão difícil. Me perdoem se ficou muito melodramádito, mas saiu assim.

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