Veni Vidi Vici

-

Vamos valsar, velando vanglórias vespertinas.

-

Volta-me à mente, toda noite, lembranças suas que ainda conservo minhas, imaculadas sob o travesseiro. Nutridas por lágrimas da saudade inexistente, banhadas na dor que escolhi compartilhar com você. Porque, quando me esqueci de mim mesmo, encontrei você e fiz, do que não restava, memórias falsas.

Vi pelos seus olhos d'água, senti pela sua pele arrepiada. As sensações que extraí de cada momento, devo a você. O calor que me acalentou naquela cela feita da frieza humana, devo a você. A vingança que tomei como rumo, devo a você.

Verdades me foram sussurradas diversas vezes, nascendo fundo no peito e logo se espalhando pelo corpo inteiro, por toda a extensão de uma existência outrora sem significado, sem razão. Não obstante, recebo das suas mãos feridas algo que me é mais precioso que liberdade: a oportunidade de lembrar ao meu país aquilo que ele também esqueceu um dia.

Valorizo com incomensurável apreço tudo o que sua história, feita com palavras frágeis e à prova de eufemismos, significou para o ideal que eu represento cotidianamente. Saiba somente que você nunca morrerá, pois nós vivemos enquanto alguém se lembra de nós.

Veleidade minha seria, entretanto, imaginar que os meus compatriotas têm acesso à mesma visão do mundo que você me proporcionou tão unicamente. Portanto, é imperativo que haja um prelúdio, de caráter preparativo, da revolução que se concebe em meus sonhos mais febris.

Viés foi o caminho que me conveio, e vingança foi minha pólvora interna. Eu lançaria a fumaça e deixaria que os outros fizessem o caminho até o fogo. Durante o percurso, pontuado de encruzilhadas e falsas esperanças, as labaredas chegariam ao céu, tocando, com a ponta das chamas, as nuvens e tingindo-as de negro, mas apenas por alguns instantes precursores da chuva.

Vernáculo espetáculo, coberto pelas gotas divinas de uma vida nova. Toda a encenação culminaria na revelação de uma verdade mártir mutilada e deformada por tantas mentiras, mas ainda mantendo sua veracidade única. Eu seria a identidade, mas você sempre será o princípio e o fim.

Vindoura mudança, valha-me o coração se não a esperança!

Vaticino espanto, tragédias, euforia e acontecimentos de toda sorte, mas sem ordem canônica. A nação encontrará sua face límpida após todos os choques e poderá enfim honrar seu nome. Não estarei lá para comprovar tudo isso, mas sinto que alguém estará. E é nesse alguém ainda perdido que deposito minha inteira confiança.

Valerie.. Somente um nome, mas que se mostra com tamanha profusão, que é difícil acompanhar. Você não é uma história isolada, você é aquilo-que-acontece, você é uma totalidade por si só. E eu necessito dessa totalidade para me tornar um só com o meu país, o nosso país.

-

Vermelhas são as rosas,

Violetas são azuis,

Verás virtude na verve,

Vitória vinda da voz, de vós.


N/A: Sei que tem muitas palavras incomuns no texto, então: google it, baby! 8D

¹: Verdade absoluta retirada de 'A Sombra do Vento'. o/

Foi simplesmente indescritível escrever essa fic! Não ficou assim tão boa, admito, mas valeu muito a pena!