N/A: obrigada Chantall por insistir que a história era boa e me fazer (praticamente obrigar a) escrevê-la.



Final

Dean e Leona aproveitaram a distração dos seguranças do parque e passaram pelos tapumes coloridos que isolavam A Montanha Encantada do público comum.

Atravessaram o fosso seco, e inocentemente escalaram as escadas de manutenção pela lateral dos trilhos, ignorando a porta para funcionários. As duas crianças foram simplesmente ladeando os perigosos trilhos. Dean, que tinha um chaveiro-lanterna, o utilizou para iluminar o caminho. Assim que chegaram à primeira caverna, a Mina dos Anões, saltaram o vão entre o trilho e o cenário.

_Ufa! Onde será que está ele?_ a menina perguntou. O ar fétido do local começava a fazê-la refletir que não tinha sido uma boa idéia afinal vir até o brinquedo.

_Acho que o perdemos._foi a resposta de Dean, que segurava a mão dela, por via das dúvidas. Vasculhou o local assustador com o pequeno facho de sua lanterna, só para encontrar silhuetas assustadoras na escuridão. Gnomos sorridentes no escuro não parecem tão amigáveis assim, pensou.

_Não tenha medo. Basta chegarmos até a caverna do Dragão e poderemos ficar escondidos lá. Se ele demorar ou não vier... Nós vamos embora.

Claro que a adrenalina tomava conta do seu corpo com a mesma intensidade que tinha tomado no passeio na montanha russa. Seu coração batia em antecipação e eles ouviram ruídos. Alguém estava vindo pela entrada de manutenção, como eles previram. Ocultaram-se atrás de uma pilha de pepitas de ouro falso. Não conseguiram ver quem passou, somente o facho da outra lanterna. Mas o adulto estava andando cautelosamente. Perceberam que ele se foi através de um túnel.

_Vamos segui-lo?_a menina perguntou, o coração aos pulos.

_Vamos._Dean afirmou, muito mais seguro de si do que quando dera seu primeiro beijo.

..................

Sam começara a diminuir a velocidade do passo, vagando entre os visitantes do parque... Começara também a perceber que sua impressão de que acharia Dean facilmente fora equivocada. Estava começando a ficar nervoso e se sentindo muito, muito sozinho. As pessoas eram assustadoras, estranhas, e ele não conseguia encontrar nem seu irmão nem seu pai. Estava começando a ficar com frio, tinha fome...

Começava a desconfiar que eles tivessem ido embora. O tinham deixado porque o seu maldito dente simplesmente não caía! Ele deveria ter deixado Dean cuidar do assunto. Ele não devia ter chamado o pai de fedido. Olhava e olhava e não conseguia avistá-los e seu medo estava crescendo.

E Sam percebeu que estava perdido.

................

Eles seguiram pelo mesmo caminho, com passos cautelosos, chegando à Caverna do Dragão. As crianças ficaram confusas, pois esta caverna terminava na Catarata Sem Fim, e eles percebiam que estavam sozinhos no cenário. Além do que, o dragão vermelho pendurado sobre eles era no mínimo, apavorante, como um antigo demônio de olhos faiscantes enormes apontados diretamente para eles. Dean desligou a lanterna para poupar bateria. Leona apertou a mão de Dean com força.

_E agora?

_Deixe-me pensar._o menino falou. Perceberam que mais alguém chegava, vindo de algum lugar acima deles. Encolheram-se instintivamente.

Sammy viu o besouro azul saindo de um quiosque, com um saco de papel nas mãos. O Sr. Howdie talvez pudesse ajudá-lo.

O menininho sorriu seu melhor sorriso para o besouro azul. O besouro azul olhou para o menininho ali, sorrindo para ele. E sorriu também.

Sam animou-se e começou a ir em direção ao besouro azul:_Senhor Howdie!

Levou um susto quando o palhaço de roupa azul entrou em seu caminho. Seu sorriso gigante com uma boca diferente dentro da maior, também sorrindo e mostrando dentes muito brancos, e seus braços coloridos estendendo-se e levantando Sam no ar... Aquilo não era bom. _Senhor Howdie!_Sam gritou, mas seu amigo besouro azul tinha desaparecido.

E o palhaço sorria e dizia com um a vozinha fina, enquanto o carregava:_Olá, bebê! Vamos brincar?

Um estranho e assustador ruído ecoou dentro da Montanha Encantada. Uma luz forte refletiu primeiro sobre a montanha de tesouros de mentira, depois sobre o dragão: era o farol de um carrinho de manutenção, chegando lentamente.
Dean chegou ao topo da pilha de jóias falsas, estendendo a mão para ajudar a sua namorada a chegar ao topo também. Ele sussurrou:
_Podemos observar melhor a partir do topo e, além disso, podemos usar essas coisas para atirar no palhaço, se precisarmos.
_Wow! Mas... Quando a passagem se abrir... Temos de impedi-lo de chegar lá, você sabe... Se ele é um morador de outro plano, tipo, talvez ele nunca volte pra cá e como poderíamos saber se ele levou as crianças desaparecidas quando ele se for?
As garotas podem fazer um monte de perguntas difíceis de responder, Dean descobriu cedo na vida. Ele suspirou antes de confessar:
_Oh, boa pergunta...
_Acho que podemos segui-lo até o portal para outro plano antes que se feche. Temos de salvar as outras crianças! _Leona disse, e parecia tão heróica que Dean a encarou um momento, sentindo um pouco enjoado e pressionado.
_ Você tem coragem, guria?
_Você não tem? _ela retrucou, tocando sua mão suada. O vagão estava se aproximando e seu coração disparou.
_Se Sam estivesse aqui, com a gente... Eu não posso deixá-lo sozinho. Quem vai cuidar dele? _ Ele balançou a cabeça, não se sentindo capaz de encarar a menina no rosto novamente. Ele era se sentindo um pouco humilhado, e ele não pôde notar a voz trêmula da menina, o medo e a excitação.
_Shhh, O palhaço está chegando!

O casal de crianças ficou estático, até sentirem ao mesmo tempo uma presença trás deles. Olharam para a base da pilha. Lá estava o palhaço de roupa azul.

As crianças se entreolharam em pânico. As coisas não estavam sendo como eles esperavam que fossem. Se o palhaço já estava na caverna, que vinha no mesmo vagão e o que iria acontecer a seguir?

Quando o vagão parou, eles vislumbraram a silhueta de alguém descendo rapidamente, e ao mesmo tempo uma luz forte e brilhante veio de um vão acima deles: um holofote. Olhando acima, Dean pode reconhecer o pai, na escada, por meio da luz. O palhaço afastou-se da pilha de jóias de fantasia, e gritou, apontando uma arma para a pequena figura que ainda estava nos trilhos:

_Parado! Polícia! Você está preso! Mãos ao alto!

Os corações das crianças, que momentos antes estavam quase parados em puro terror (embora mais tarde Dean nunca vá admitir isso), foram inundados por um fluxo de forte emoção. Uma prisão!

Sr. Howdie, ainda vestido de besouro azul e ainda cego pela luz forte diretamente em seu rosto, tentou escapar, saltando na frente do vagão, e correndo pelos trilhos perigosos. O policial-palhaço veio para a borda do cenário, e as crianças observavam apenas, quando o pai de Dean saltou para a pilha, pronto para ação.
Mas John tropeçou em seu filho mais velho. Leona estava agachada atrás de Dean, usando-o como um escudo.
_Dean? O que você 'tá fazendo aqui? _John sibilou num misto de surpresa, preocupação e raiva.
Dean engoliu em seco. Tentando parecer convincente, e evitando enfrentar seu pai, o jovem Winchester jogou um baú de plástico em direção aos trilhos, acertando o besouro azul certinho nas costas.
_Esmagando insetos.
Sr. Howdie caiu pra frente, sobre o rosto, e quase não foi capaz de evitar a queda de 25 metros de altura, agarrando ferozmente o trilho com suas mãos pequenas.
_Ohhh ... O pequeno homem gritou, tentando recuperar algum equilíbrio, sem sucesso.
O policial ainda estava congelado na beirada do abismo escuro do brinquedo, sem sentir-se seguro em jogar-se para os trilhos ele mesmo, mas John entregou os holofotes para Dean e deslizou através da pilha, atingindo os trilhos e o anão em pânico em cerca de um minuto. John olhou para cima, em direção a fonte de luz quando escalou seu caminho de volta para a caverna com o Sr. Howdie em seu poder, mesmo não sendo capaz de ver o rosto de Dean. Ele estava orgulhoso de seu filho.
E Dean estava orgulhoso dele, pela primeira vez.

Sam olhava o palhaço, enquanto estava sentado por sobre o balcão do quiosque da segurança do parque. Por algum motivo estranho, o palhaço tinha o que Dean chamava de peitos, aquela coisa macia que as mulheres tinham onde ele, Dean, o pai e os outros homens eram lisos. E que não combinava nada com ele. O palhaço continuava sorrindo para ele, enquanto falava num walkie talkie. Dava voltas e voltas na saleta, e voltava-se para ele e piscava, e sorria. Os seguranças que estavam ali prestavam atenção no palhaço, e Sam também. Desconfiado. Apreensivo.

Antes disso, o palhaço tinha feito muitas perguntas, que Sam recusara-se a responder obstinadamente. E o palhaço da voz fininha tinha lhe dado uma barra de chocolate e tinha dito:_Se você não tem pai nem mãe, então vou pegar você para mim, sabia, sua coisinha fofa?!

Então o palhaço parou de falar no walkie talkie, e depois de falar algumas coisas com os seguranças do parque, e algum deles saírem, pegou Sam no colo novamente:

_Sabia que você é um menininho tão lindo que dá vontade de morder?

Agora Sam estava com dor de barriga.

Dean e Leona estavam ao lado de seus pais enquanto os policiais discretamente retiravam o Sr. Howdie, assassino em série de sete crianças, do parque. Dean prestava atenção no policial dando explicações ao diretor do parque que também estava ali, sobre os crimes e como, com ajuda dos eletricistas, tinham chegado à conclusão de que alguém tinha matado as crianças dentro do brinquedo, sufocadas. E que depois tirava seus corpos do local usando o teleférico no topo da montanha. Então resolveram espalhar o boato de que tinham encontrado marcas estranhas nos cabos do teleférico dentro da montanha.

Os policiais disfarçados de palhaços já estavam há alguns meses investigando, mas foi com a ajuda dos funcionários que chegaram a encontrar os restos nas estufas de compostagem que o parque mantinha para usar nos jardins.

Ainda teriam que interrogar o prisioneiro para entender o porquê ele fazia isto. Mas John apenas aproveitou o momento certo para sair do foco antes que percebessem que ele sequer era um funcionário do parque, e tirou Dean dali pela orelha.

Parabéns para você...parabéns para você...

Todos cantavam felizes e sorridentes, Dean estava diante de um bolo e sorrindo feito um bobo e ao seu lado o pequeno Sammy, já recuperado do susto da noite anterior, aplaudia feliz o irmão. Alguns funcionários do parque trouxeram seus filhos para o salão de festas reservado especialmente para a ocasião. John tinha o sorriso aberto, ao ver a felicidade de seu primogênito, e do caçula também. O pequeno tinha fugido no meio da noite deixando os seguranças do parque em nervosismo total, já que era a mesma noite em que aquele anão psicopata estava prestes a ser desmascarado. Se não fosse a policial disfarçada... Mas tinha sido penoso e engraçado ao mesmo tempo receber Sam aos prantos se agarrando a ele e a Dean e dizendo para eles nunca mais irem embora. E Dean, suado e em pânico depois de ter uma noite cheia de aventura e, em troca, quase perder o irmão para sempre! Ah, seus filhos...! John suspirou.

Foi na hora de soprar a velinha que aconteceu. Sam soprou junto com Dean, mas seu dente de leite saiu voando e cravou-se no glacê.

O mais velho olhou o pequeno com o rosto branco de surpresa e raiva.

_Sam!

Sam, ao perceber o que tinha acontecido, só riu. Um sorriso "janelinha".

FIM