Yaoi. Lemon. Humor. Non-sense. Drama.

Squall x Zell, Seifer x Irvine


Beta-reader: Ryeko-Dono


Dias molhados

Por Vovô (gosto de comer e dormir, não necessariamente nessa mesma ordem)


Capítulo 12

Squall estava esperando no carro enquanto os outros se preparavam para a missão. Em certo momento, ele ouviu a porta do carro se abrir.

- Onde eles estão?

- Tão metendo na cozinha.

Squall encarou Seifer.

- Não se preocupa, vai ser rápido.

O moreno suspirou exasperado. – Espero que você siga o plano dessa vez.

- É claro... que não.

-...

- Você sabe que eu faço o que eu tenho de fazer, de acordo com o plano ou não.

- Seifer, você nunca vai me escutar??

- Só se for você gemendo o meu nome.

-...

- Mas acho que você só vai gritar o nome do Chicken agora...

- Não é da sua... – Suspiro. – Whatever...

E o silêncio se assentou por um tempo.

Então eles aproveitaram o silêncio de um jeito só deles.

xxx

- Zell, eu preciso falar com você.

O loiro sentiu-se desconfortável perto de Irvine, mas não impediu o que ele diria.

- Me desculpe.

- Pelo quê? – Zell perguntou com suspeitas.

Irvine respirou fundo e tentou tratar o assunto da maneira mais sutil que ele podia. – Eu prometo nunca mais colocar as minhas mãos no Squall, nem mesmo passar a mão na bunda dele quando ele usar as calças de couro apertadas, até que a morte os separe. Ou até que vocês terminem.

Após a surpresa inicial, Zell precisou de mais tempo para se recuperar até conseguir falar outra vez.

- Er... valeu.

- Estou tão feliz que você me perdoou! – Irvine abraçou o loiro, que quase deu um pulo com o susto.

- Tá bom... Já pode me soltar.

- Ah, Zell, não seja assim, é só um abraço amigável!

-...Se você diz...- O loiro colocou seus braços ao redor da cintura de Irvine e encostou seu rosto no peito dele.

- Hummm... bom, isso é muito bom.

- É...

- Me dá um beijo.

Zell se afastou. – Pervertido...

Irvine sorriu.

xxx

Eles dirigiram até Dollet para alugar mais um carro em uma locadora famosa, porque não tinha graça ir a uma perseguição em um veículo popular, eles precisavam entrar na caçada com estilo. Logo o veículo azul estava era seguido por um esportivo vermelho.

Depois de uma passada rápida no posto de gasolina, eles deram uma parada para que Squall trocasse de lugar com Zell, que pulou no assento do motorista. O moreno tratou de pegar a arma que seu pai adorava: uma metralhadora. Sua gunblade descansava no banco traseiro, caso fosse necessário que ela entrasse em ação. Após checar a arma, Squall sentou no banco do passageiro e o carro acelerou pela estrada.

Eles estavam indo à direção da cidade de Deling. Jermone, o último dos irmãos criminosos a ser preso estava tentando escapar antes de ser pego. Sua demora se devia à preocupação com uma carga especial, que os SeeDs suspeitavam que fosse algum armamento especial contrabandeado e materias. O carro em que Jermone estaria, seria seguido por um caminhão, que aparentemente continha uma carga normal. Eles estavam a meio quilômetro de distância, então os SeeDs teriam de se dividir em dois times: Seifer e Irvine seguiriam o carro de Jermone, enquanto os outros dois atacariam o caminhão.

Quando Squall viu o grande veículo negro, algo despertou a energia da magia que ele tinha equipada.

- Eles têm algum tipo de barreira mágica.

- Droga. – Zell estava se aproximando. – O que a gente faz agora?

- Eu preciso desabilitar ela, mas a gente perde o ataque surpresa.

- E eles vão ter tempo para reagir.

- Irvine. – Squall entrou em contato com o outro SeeD.

- Aqui.

- Você sentiu a barreira?

- Afirmativo.

- Não perca a contagem. Eu vou invocar Dispel em três, dois, um...

A barreira havia sido eliminada e Irvine fez o mesmo que Squall.

O moreno atirou contra uma moto que estava protegendo o caminhão e depois em outra, fazendo-as colidir antes de serem jogadas fora do limite da estrada.

Seifer acelerou quando o carro de Jermone correu pela estrada em toda a velocidade. Irvine não conseguia atirar no veículo porque os dois estavam sendo atacados por carros próximos, então Irvine chamou Siren. Não resolveria o problema, mas a sereia manteria os inimigos distraídos para que os SeeDs ganhassem tempo para se concentrar no alvo. Os capangas de Jermone ficaram atordoados com a música e deixaram de atacar por algum tempo.

Squall continuou descarregando a sua metralhadora, mas o seu carro estava sendo atingido por magias, então ele parou por um instante para invocar Carbuncle. A criaturinha simpática saiu pulando de um buraco dimensional e protegeu o veículo com Reflect. Mesmo assim, os ataques com armas de fogo estavam se tornando mais pesados, então Zell se concentrou em fazer algo que tivesse um efeito mais drástico nos atacantes. Uma enorme ave colorida sobrevoou os céus e atingiu todos os veículos próximos com ondas de eletricidade. Ao terminar seu trabalho, Quetzcoalt sumiu entre as nuvens e Squall pôde eliminar mais inimigos.

- Merda! Ele tá fugindo. – Seifer estava perdendo o carro de Jermone de vista e Irvine não conseguia mirar no alvo para atirar de maneira eficiente, acertando o veículo apenas superficialmente.

- Eu tenho uma ideia. Quando eu disser, você para.

- Quê?! Nós vamos perder ele!!

Irvine sentiu um nervosismo subir pela sua espinha e se espalhar pelo resto do corpo. – Eu não sei se vai funcionar, mas...

- Vai em frente. – Seifer olhou para o outro garoto brevemente e esperou o... comando.

Uma grande fera surgiu e seu rosnado reverberou por toda a atmosfera do local. Ele tinha um corpo forte, cheio de músculos e seus olhos estavam vermelhos de raiva. Uma enorme bola de fogo surgiu e foi lançada pelo golpe furioso de Ifrit. O céu foi cortado pelas chamas que atingiram o trecho de estrada à frente do carro de Jermone, fazendo-o perder o controle com o impacto. O veículo rodou algumas vezes no asfalto, mas logo ele voltou a se colocar no caminho certo e ultrapassou a muralha de fogo que se formou. Porém, quando alcançou o outro lado, o carro já havia sido atingido por Irvine e um Hyper Shot de uma poderosa Exeter prateada era game over para o veículo.

Seifer freou o carro antes da muralha de fogo e os dois SeeDs correram atrás de Jermone, que havia escapado do veículo em chamas.

Squall atirava no caminhão, mas ele não estava recebendo muito dano.

- Se aproxime dele.

- Quê?! – Zell gritou.

- Me deixa subir nele.

- Tem certeza?!

Squall apenas lançou-lhe um olhar e abandonou a metralhadora para pegar a sua gunblade.

Zell acelerou e aproximou o veículo do caminhão. Eles estavam sendo atingidos por tiros e magias, o Reflect não duraria por muito tempo. Squall saltou do carro e segurou-se ao caminhão com uma das mãos. Ele escalou a estrutura metálica e se direcionou à cabine. O veículo se moveu algumas vezes para tentar jogar o SeeD ao chão, sem sucesso.

Uma vez em cima da cabine do motorista, Squall quebrou a janela com o cabo da sua gunblade e pedaços de vidro explodiram na visão do motorista, fazendo-o perder o controle. Eles estavam perto de uma curva que dava para um desfiladeiro e Squall automaticamente evocou a primeira coisa que veio à mente. E o veículo começou a perder velocidade até parar perto ao precipício, congelado no local. Squall sentiu pequenos pedaços de gelo tocarem o seu cabelo e pele, cobrindo também suas roupas. Ele olhou uma última vez para Shiva antes que ela desaparecesse, soprando-lhe um beijo.

- Você não vai a lugar algum!! – gritou Irvine atrás de Jermone.

O homem estava sangrando e mancando, enquanto atirava desajeitadamente com a sua arma.

- Você não vai escapar!! Você só pode desistir!

- Nunca!! – Ele correu até alcançar um precipício.

- É o fim da linha. – Seifer caminhou lenta e confidentemente até o homem.

- Você nunca vai me pegar vivo. – Jermone se aproximou da beira do abismo.

- Stop – disse Irvine.

Jermone tentou se mover, mas não conseguiu, seu corpo paralisado.

- Eu disse que você não ia a lugar algum. – Irvine sorriu.

De repente, um carro azul apareceu e os outros SeeDs saíram.

- Leve-o para dentro – ordenou o líder, enquanto se aproximava do fogo na estrada.

Zell segurou Jermone e o carregou até o carro, enquanto ele gritava histericamente.

Uma criatura gigante apareceu com seu corpo azul e subiu aos céus levantando uma muralha de pedra. Leviathan serpenteou pelo topo e se transformou em uma corrente de água que varreu o fogo até a sua extinção. E quando o Guardian Force retornou ao seu lugar, só havia fumaça na estrada.

- Não merecemos um elogio por capturar o Jermone? – Seifer perguntou.

- E destruindo a estrada?

- Ei, não me olhe assim, foi ideia do cowboy.

- Eu não tive escolha, você que não conseguia seguir o carro! E você dirige mal, eu não sei como você conseguiu tirar carta!

- Se você acertasse o carro antes, seria muito mais fácil! Você perdeu tantas oportunidades! Tantas!

- Discutam enquanto dirigimos para casa. – Squall caminhou para o carro em que Zell dirigira.

Os outros dois entraram no carro vermelho gritando e antes que eles alcançassem a cidade, eles já haviam feito as pazes do jeito deles.

xxx

Seifer bateu a porta do quarto quando saiu e desceu as escadas. Desnorteado com a cantoria de Irvine, sem saber ao certo para onde ir, abriu uma das portas que dava acesso à piscina. Lá ele encontrou a curiosa cena de um Zell contando azulejos.

- 75, 76, 77...

- 128.

- 78, 79, 80...

- 24, 360, 720...

- Ahhhhhhhhhhhhhhhhhh!

- O que aconteceu, Chicken? Perdeu a conta?

-...

Seifer se aproximou e olhou para o rosto do mais novo. – O que o leva a ficar nessa atividade tão recreativa? Leonhart mandou você?

- Ele sumiu.

- O chão se abriu e ele foi engolido pelas chamas do inferno?

- Ele saiu pela porta e simplesmente sumiu. O carro ainda está aí e eu fui até a praia, mas ele não estava lá... E eu estou aqui contando para não ir atrás dele... E você me atrapalhou e agora eu vou ter que começar de novo e vai demorar mais para eu terminar... 1, 2, 3, 4, 5...

Os olhos verdes de Seifer ganhavam um tom azulado com o reflexo da água da piscina e... o que o autor queria dizer mesmo? Ah, sim, ele olhou assustado para Zell... Quando mais se convivia com alguém, mais coisas estranhas se descobriam, convivência é uma coisa assustadora.

- Por que você não vai logo de uma vez? Ele está a pé, então não deve ter ido muito longe, só há um caminho beirando o litoral para ele ir... a não ser que ele esteja escalando montanhas... Quem sabe...

Zell olhou para ele de canto de olho, saiu pela porta, pegou as chaves do carro e saiu em disparada.

A missão havia sido concluída com sucesso. Os quatro irmãos estavam presos e seus negócios seriam investigados. Pesquisas estavam sendo realizadas com materias e não havia mais compromissos para o dia, então Squall resolveu relaxar procurando monstros da região. Sua gunblade não havia sido usada e ela precisava de alguma distração. Após percorrer as florestas e lutar contra lagartas gigantes e cogumelos, ele achou que talvez tivesse mais chance pelas praias.

Squall foi caminhando, encontrando peixes flutuantes que ele decidiu deixar que vivessem por mais um tempo. Fincando a gunblade na areia, ele parou e observou o mar refletindo o tom alaranjado do sol que parecia mergulhar no horizonte.

Era uma bela vista naquela praia deserta. O mundo era silencioso como se apenas ele existisse. Então o rapaz sentou-se sobre a areia e sentiu o frio da noite se aproximando. Por muito tempo, apenas o som do vento e das ondas foi ouvido, até que ele começou a notar o som de passos sobre a areia.

Três horas foi o tempo que Zell demorou para achar o líder SeeD. Ele queria falar alguma coisa, tomar alguma atitude, mas só conseguiu observar Squall sentado na areia, de frente para o oceano.

E mais meia hora se passou.

- Sim. – Squall se levantou e encarou o loiro.

- ?

- Vamos.

Zell entrou no conversível e viu o moreno entrar no banco do passageiro. Squall estava com um dos braços estendido sobre a porta do veículo, observando a paisagem que passava, a costa de Dollet, as praias ficando para trás, uma a uma. Zell, por sua vez, quando não observava a estrada, voltava seu olhar para o líder.

- Eu vou fazer mais uma tattoo.

Squall olhou brevemente para o loiro, como sinal de que estava ouvindo.

- Eu quero Griever nas minhas costas.

O moreno ergueu uma sobrancelha em questionamento. Aquele leão lendário era o seu símbolo. – Você tem certeza?

- Tenho. Eu não tenho dúvidas.

Squall refletiu por um momento e então disse:

- Eu faço um desenho para você.

Zell olhou para ele com uma certa incredulidade. – Eu não sabia que você desenhava.

- Eu... Às vezes... Mas eu nunca mostrei para ninguém.

- Eu quero ver um dia, você me mostra?

-...

- Todos eles – o loiro disse.

Squall encostou seus dedos nas costas de Zell e os moveu sobre o tecido, imaginando o traçado de Griever. – Eu posso fazer uns tribais em volta e...

- Aham, faça o que você quiser.

Quando os dedos se afastaram, Zell sentiu falta do contato deles. Seus olhos viram a mão pousar sobre o couro do banco e instintivamente os seus dedos encostaram-se a ela.

- Squall...

O moreno desviou os olhos da linha do mar e fixou seu olhar nos azuis mais claros que o seu. – Eu também te amo.

Zell respirou fundo e tentou se concentrar na estrada, mas ele não pôde deixar de frear e encarar Squall novamente. – É sério isso? – E logo ele quis se bater por fazer uma pergunta dessas. Antes que Zell pudesse desferir uma auto-punição, Squall segurou a mão dele e beijou seus dedos. Naquele momento, o jovem não parecia o comandante dos SeeDs, e por um instante, Zell se contentou em ver um garoto de 18 anos. Ele passou os dedos pelo rosto do moreno e depois afagou os cabelos castanhos. – Você não sabe o quanto eu quis ouvir isso... - Ele beijou os lábios de Squall e deu a partida outra vez. E parou um metro depois, saltou do seu lugar e se jogou no colo do moreno, colocando seus braços em volta do pescoço dele.

E o carro demorou a sair do lugar.

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Como ninguém sabia apreciar o gosto musical de Irvine, ele foi obrigado a abandonar a casa até concordar em destruir o seu violão. Decidido a se tornar um artista e certo de que não precisava de um teto e comida, o cowboy se assentou na areia e tratou de fazer uma fogueira. Uma hora depois ele havia conseguido juntar alguns pedaços de madeira e acender o fogo que iluminava a noite escura.

Cantando canções sobre dor de corno e depois animadas músicas pop de rádio, Irvine passou seu tempo solitário até as estrelas e a lua aparecerem por completo.

- Viu, elas vieram só para me ouvir cantar.

- Eu acho que elas vieram tomar satisfações do que estava incomodando elas.

Irvine se virou e viu Seifer a alguns metros de distância.

- Você um dia vai ver. Eu vou realizar meu sonho e me transformar numa estrela.

- E deixar todos loucos no caminho.

- Se for preciso.

Seifer se aproximou e sentou-se ao lado de Irvine. – Você desistiria de tudo mesmo?

- E por que não? Eu ainda tenho uma vida toda pela frente. Salvar o mundo ainda não foi o auge da minha vida.

- Humilde, você.

- Obrigado, eu tento.

Seifer olhou as chamas dançarem no ar junto com o vento e viu como o fogo iluminava os olhos azuis de Irvine, mais uma vez trazendo aquele tom raro de violeta para o olhar dele.

- Levanta daí e corre.

- O quê? – O rapaz perguntou sem entender.

- Faz isso. É melhor você começar a correr agora.

- Que brincadeira é essa? – Irvine se levantou, mesmo sem entender.

Seifer se levantou também e o encarou. – Isso não é brincadeira. Você tem dez segundos para fugir e quando eu alcançar você, não vai ter mais jeito de escapar.

-?! – Irvine deu alguns passos atrás e viu que o loiro estava falando sério. Então ele encarou o loiro uma última vez até sair correndo no meio da noite, levantando areia por onde seus passos apressados percorriam.

Ele olhou para trás em um momento e viu que Seifer estava se aproximando, então ele tomou uma atitude por impulso, deu meia volta e foi ao sentido contrário, trombando com o loiro no meio do caminho. Os dois saíram rolando pela areia com o impacto, gritando de dor e se xingando.

Com esforço, Seifer conseguiu se arrastar até Irvine. – Eu avisei. – Então ele se jogou em cima dele e o prensou ao chão com o seu corpo. – Agora você não tem como fugir.

Irvine tentou soltar os seus braços e os levantou em sinal de rendição. Depois ele sentiu um gosto de areia e uma boca sobre a dele e... aquilo foi uma onda que teve a coragem de se jogar para cima deles??

E o que importava...

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Era um dia maravilhoso. O tempo estava ótimo. O sol brilhava e um churrasco estava a caminho. Irvine resolveu tomar conta das carnes, afinal, dizia ele que era um especialista na atividade. Os outros SeeDs não entenderam se ele estava se referindo a comer espetos ou preparar churrascos, mas tentaram se convencer que era a segunda opção quando o viram entusiasmadamente sair para comprar os temperos e as carnes.

Zell resolvera dar um mergulho no mar, porque as águas límpidas pediam por aquilo. No começo, ele sentiu o primeiro impacto do frio quando as ondas dançaram sobre a sua pele, mas em seguida ele sentiu-se flutuar sobre as águas e tudo era maravilhoso. O desenho que o contorno da praia formava ao longe, o oceano que parecia se estender por todo o infinito e o sol brilhando.

Squall estava andando pela areia, sentindo os grãos macios massagearem seus pés descalços.

- Eu lembro de quando eu destruía os seus castelos de areia.

O moreno percebeu que havia alguém o seguindo.

- Eu não me lembro. – Ele olhou para baixo. – Eu não lembro de quase nada.

- Você precisa parar de usar Guardian Forces.

- Eu não posso.

-...- Seifer andou mais rápido para alcançar os passos de Squall. – O todo corajoso Leonhart com medo de lembranças de infância...

- Não é isso...

- Éramos só nós, só que em miniatura. Se você consegue aturar a gente agora...

- Eu não sei se quero me lembrar, mas... quem sabe um dia... – E o vento soprou sobre eles, enquanto Seifer via como o tom dos olhos de Squall mudavam de cor com as nuvens que se aproximavam.

E num instante o sol se foi e antes que eles pensassem em correr de volta, a chuva já havia encharcado todas as suas roupas.

- Ahh... Isso tá pegando fogo! – Seifer disse ao se referir a areia. Fumaça se formava com as gotas que atingiam o calor dos grãos dourados.

Squall percebeu que em vez de esfriar, a areia parecia esquentar anormalmente. Enquanto ele corria, seu olhar procurava por Zell que ainda estava no mar.

As nuvens estavam quase negras, tingindo o céu de cinza escuro.

- Chicken vai se afogar!!

O mar se tornou agitado, as ondas, cada vez mais altas, atingiam a costa com violência.

Ao se aproximarem da casa, os dois viram uma criatura loira sair do mar, sem fôlego.

- O que diabos vocês estão fazendo nessa chuva?? – perguntou um Zell completamente encharcado, tremendo de frio.

- Nós íamos ter um churrasco... – Irvine gritou perto das cinzas da churrasqueira que havia sido lavada com o vento que trouxe a chuva. O único vestígio do fogo era a fumaça que ainda se elevava como rastros de fantasmas.

- Eu tô com tanta fome – disse o estômago de Zell.

- O que a gente tem para comer? – perguntou Seifer ao se aproximar do fogo morto.

- Nós temos carne crua e pão molhado – disse Irvine.

- É o nosso almoço – disse Squall ao sentar-se ao lado de Irvine no muro baixo que cercava o quintal.

Continuava a chover torrencialmente.

- Ótimo! Estamos encharcados e sem comida! – gritou Seifer.

- Ah... Olhe pelo lado positivo... – começou Zell.

- Que lado positivo? – perguntou Irvine ironicamente.

- Nenhum – terminou Squall.

E foi um feliz dia molhado.

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Fim.

Eu gostaria de agradecer a todos que acompanharam esta história até o fim. Especialmente à Lyara que pareceu bem empolgada com os capítulos, à Parulla que também disse que tava gostando e à Ryeko-Dono que sempre tem paciência para betar as coisas loucas que eu escrevo de alguns jogos. Eu sei que poucas pessoas leram esta fic, mas fico muito feliz pela oportunidade que eu tive de compartilhar com uma das histórias que eu mais gostei de escrever e que eu considero, por aquilo que eu queria como escritor, um dos meus melhores trabalhos. Não é questão de a fic ser boa ou não, mas de satisfação pessoal e de cumprir com aquilo que eu achava importante para essa história.

Não sei se alguém percebeu, mas esta fic pode ser uma continuação de uma outra que eu escrevi há algum tempo: O Caminho Inesperado. Mas eu quis que elas pudessem ser lidas separadamente. Acho que num momento eu até me senti culpado por separar o Squall e o Irvine que estavam juntos na outra fic...

Bom, estou falando demais. Obrigado por tudo!