- Perdão? - Perguntei.

- Não posso ir para a biblioteca com você hoje à tarde.

Arqueei uma sobrancelha e o olhei de lado enquanto continuava a andar pelos corredores. Toda vez que olhava para Sirius - ou para qualquer um dos meninos, para ser sincera - minha mente voltava àquele dia na enfermaria. Eles conseguiram o impensável.

Mr. Filch tem sido o principal vigia de Hogwarts por sabe-se-lá quanto tempo. Há boatos de que o cara é verdadeiramente um vampiro. Um vampiro defeituoso de acordo com Dorcas. Ela tem um sério – quase bizarro – vício pelos livros de Anne Rice e de acordo com ela, os vampiros devem ser todos belos. Dessa forma, se Mr. Filch é de fato um, algo deu seriamente errado com sua transformação para uma criatura imortal. O ponto é que: ele não dorme! Digo, não o vemos com muita frequência durante as manhãs mas ainda assim ele está sempre por aí. Agora durante a noite, se você tiver a coragem – ou a estupidez – de sair da sala comunal, você pode apostar que ele saltará de algum buraco sinistro para pegá-lo. Chega a ser assustador, na verdade.

Eu sempre achei um verdadeiro milagre James ter preparado nosso pequenino piquenique noturno mês passado sem ser pego por ele. Então quando Remus confessou-me que nada menos que cinco meninos escaparam de seus quartos e chegaram até a enfermaria para passar a noite, eu não pude acreditar.

Quero dizer, é quase impossível! Mr. Filch dificilmente deixa alguém escapar. Antigamente patrulhar os corredores durante à noite fazia parte do cargo de monitor chefe. Deixou de ser por dois motivos: o primeiro seria porque os monitores chefes começaram a usar as salas vazias para um rala-e-rola. Disso eu sei muito bem, pois meus avós o faziam. (Sim. É estranho, porém um tanto romântico saber que seus avós agiam de fato como adolescentes normais) E o segundo motivo seria porque, bem, Mr. Filch sempre conseguiu dar conta do colégio inteiro. Dessa forma foi riscado da lista de deveres dos monitores chefes vasculhar os corredores.

O que é maravilhoso se você me permite. Perceba, é natural pensar que como teríamos que passar metade da noite atrás de engraçadinhos tentando sair dos quartos, seria dado um "desconto" aos monitores chefes, correto? Não. Aparentemente essa não era a linha de raciocínio dos fundadores de Hogwarts. Passando a noite andando ou não, os deveres deveriam ser entregues na mesma data que todos os outros, sem falar nas aulas que temos cedo pela manhã.

Eu não faço questão alguma de sair por aí procurando alunos enquanto poderia estar em minha cama quentinha dormindo maravilhosamente bem. De toda forma, não adiantou brigar com os meninos. Quero dizer, não é como se fosse mudar o fato de que eles fizeram o que não deviam, ademais eles o fizeram por um bom motivo. Decidi deixar apenas uma ameaça no ar. Afinal, não é porque são meus amigos que posso aliviar certo?

- Essa parte eu entendi, mas eu perdi o motivo...

- Vou mostrar a Ailish o campo de futebol.

- Sirius, é final de outubro. - Coloquei uma mecha de cabelo solta atrás da orelha - Você não vai atravessar os jardins para mostrar "o campo de futebol" para Ailish.

Ele deu o mesmo sorriso safado de lado que eu via James dar. Meu Deus, se eles não tivessem me dito o contrário eu poderia jurar que os dois são irmãos de sangue.

- Tem razão, talvez eu não chegue aos portões. - Sirius riu enquanto subíamos algumas escadas. - Você sabe como é, a gente acaba se distraindo com outras coisas.

Sei.

- Aliás, devo lembrá-lo de que ela estuda nessa escola desde que tinha 11 anos? Conhece o campo melhor que você.

Ele deu de ombros.

- Ela é irlandesa.

Ignorei essa informação.

- É um nome bem irlandês. - Falei pouco interessada.

- Podemos fazer a redação amanhã.

- São cinco páginas sobre as implicações das disputas industriais na China na primeira metade de 2010.

Sirius ficou calado por um tempo.

- Remus vai fazer isso também, não?

- Isso é tarefa de casa. Sim, Remus vai fazer. - Gesticulei mordendo uma barrinha de cereal - Não, você não vai copiar.

- Qual vai ser a diferença? Não é melhor que apenas uma pessoa sofra?

- Acontece que é sempre Remus ou eu quem sofre. Você nunca faz nada.

- Como não? E os exercícios de física?

Revirei os olhos.

- Oh, por favor. Você pegou as respostas de Fei Yen.

- Eu não peguei - Ele respondeu insultado - Ela me ofereceu.

- Claro que sim. - Eu sorri.

- ... Contanto que eu fosse até os jardins da parte leste para conversarmos um pouco. Eles ficam mais desertos nessa época.

- Oh meu Deus Sirius. Você está se tornando um prostituto ou o que?

Certo exagerada, mas ei, eu não pude perder o comentário.

Ele riu.

- Você está com ciúmes ou o que?

- Ou o que - Eu respondi.

- Admita Moranguinho.

- Certo, eu sou loucamente apaixonada por você cachorrinho.

- Eu já sabia. - Sirius me deu seu melhor sorriso e aproximou-se de mim jogando-me um beijo.

Eu gargalhei jogando o papel da barrinha em um dos lixeiros do corredor e bati na porta da sala dos professores.

- Você pode me explicar porque estou carregando minha bolsa, a sua, os cadernos de James e esses livros da biblioteca enquanto você só tem essa caixinha nas mãos?

- Você é o homem dessa relação. - Eu ri. - Não iria querer que eu carregasse tudo, não é mesmo?

- Moranguinho, você é perigosa.

Remus saiu da sala com um envelope nas mãos.

- Eu? - Pus a mão no peito para então virar para Remus, ficar nas pontas dos pés e beijar-lhe a bochecha - Oi Remy! Já entregou o relatório?

- Entreguei, está tudo em ordem. - Ele fez, de forma costumeira, carinho em minha cabeça como se eu fosse um cachorro - Estou com uns papeis para Benjamin, vamos passar no escritório da Corvinal antes de ver James.

Mania dele e de Sirius aparentemente, bagunçar meus cabelos.

- Sim. Olha para todos com esses enorme olhos verdes e ninguém consegue te negar alguma coisa. - Sirius continuou a falar enquanto eu ajeitava o cabelo.

- Isso, meu querido - Apontei-lhe um dedo - Chama-se poder feminino.

Ele balançou a cabeça e empurrou minha mochila para Remus, que resmungou algo sobre estar absurdamente pesada.

- Não - Ele falou - Poder feminino é quando você sai por aí rebolando seus quadris e cruzando as pernas. Principalmente perto daquele Diggory.

Nós começamos a andar para o escritório dos monitores da Corvinal.

Toda dupla de monitores tem seu escritório, é uma sala relativamente grande. Nós temos nosso próprio banheiro completo - tomar banho na sala dos monitores é tão bom, há uma banheira lindíssima e enorme - sofás confortáveis como os das salas comunais e uma mesa para cada um. Remus e eu adoramos passar tempo lá, quando é possível - certo, quando eu tenho algum macho para carregar meus livros ou quando algum engraçadinho pega minha mesa favorita - eu prefiro estudar no escritório do que na biblioteca.

- Eu não entendo porque você o odeia tanto! Amos é muito gentil comigo.

- Eu não o odeio. Só acho que ele podia não existir.

- Francamente Sirius, você poderia ser mais civilizado. Como Remus.

Sirius gargalhou.

- Civilizado?

- Padfoot. - Remus resmungou entre dentes.

- Só pode estar brincando.

- Pads! - Ele chamou irritado.

- Remus não suporta vê-lo perto de você. Já chegou até a ameaçá-lo e disse-me que, se estivesse por perto, o socaria caso ele abrisse a porta para você mais uma vez.

Parei de andar de repente abrindo os braços em choque.

- Por que?

Remus parou para me olhar brevemente antes de continuar a andar.

- Ele tem que parar com isso. - Remus falou sacudindo os ombros.

Andei depressa para alcançar os dois e perguntei confusa:

- Bem, é um gesto um tanto cavalheiro, não acha?

- Não quando ele olha para o seu traseiro toda vez que passa por ele.

Parei novamente corando depressa enquanto Sirius e Remus continuavam a andar.

- E-Eu não tinha como saber.

- Não estamos culpando você Moranguinho.

Voltei a andar tentando alcançá-los.

- E... Isso não é normal? Digo, todo cara olha para uma mulher, não?

- Pode até olhar, desde que não seja quando estamos por perto. - Sirius disse.

Remus resmungou.

- Não pode. Não quando ela é importante para mim e está namorando meu melhor amigo.

Nunca pensei que Remus fosse ter um lado tão possessivo. Ele sempre foi muito calmo, quero dizer, eu dificilmente o vejo genuinamente irritado. Okay, não conta todas as vezes que James e Sirius fazem besteiras. Enfim acho que, a única vez que o vi ser "grosso" - não que grosso seja a palavra - foi por causa da insistência de Pablo em querer dançar com Tonks.

- Vocês veem maldade em tudo. - Eu ri ainda corada com a ideia de ter Amos examinando minha bunda todas aquelas vezes.

Sirius riu.

- Mesmo durona como você é, ainda fica vermelha como um tomate com qualquer coisa não?

Dei-lhe um tapa no braço o que só o fez gargalhar mais. Nós viramos em uma esquina e começamos a subir as escadas.

- Pare de provocar Lily, Sirius. Que culpa ela tem de ser um anjo na terra?

- A culpa é minha se vocês homens só têm esse tipo de pensamento?

Remus riu.

- Pura inocência.

Dessa vez acertei o seu braço, ele - ao contrário de Sirius - teve a decência de fingir dor.

- Se sou pura inocência o que isso faz de James? - Arqueei uma sobrancelha.

Sirius deu de ombros.

- Você sabe, o lobo mau a espreita lambendo os lábios para tirar-lhe um pedaço e te levar para o mau caminho.

- Corromper sua alma. - Remus completou.

Eu tive que rir de todo o drama.

- Corromper minha alma? Você não são muito bons nesse negócio de ser os melhores amigos são? Não deveriam dizer coisas como: "oh, ele é o cavaleiro no cavalo branco com quem você sempre sonhou Lily" ?

- As mulheres não gostam de cavaleiros em cavalos brancos. - Sirius falou.

- Por que não? Acho válidos.

- São entediantes. - Remus respondeu por Sirius.

- Oh, e vocês falam isso porque..?

- Somos homens. - Sirius falou - Você já percebeu isso não?

Eu ri.

Impossível não perceber.

- Jura? Sempre achei que você fosse um cachorro. - Respondi sarcástica.

- Isso também. - Ele riu dando de ombros.

- Quer dizer que por isso, vocês entendem o gosto feminino?

- Sim. - Remus e Sirius responderam juntos.

- Mas se as mulheres não gostam do famoso cavaleiro branco, por que Emmeline está tão obcecada com Benjamin? Ele é o exemplo vivo de contos de fadas.

Remus gargalhou e eu o olhei confusa, fazendo com que ele tentasse disfarçar a risada tossindo.

- Muito sutil. - Sirius disse para o amigo.

- Cala a boca, Pads.

Sirius pôs todos os livros e cadernos que carregava em uma mão e circundou meus ombros com seu braço livre.

- Entende quando digo que você é pura inocência Moranguinho?

Eu lhe dei uma cotovelada, Sirius mal pareceu sentir e continuou na mesma posição.

- Oh, é mesmo? Posso saber por que?

- Vejamos - Ele fingiu pensar - Oh, sim, porque Benjamin está longe de ser santo.

- Como pode dizer isso? - Eu ri. - Digo, ele é um tanto arteiro, mas...

Remus retirou o braço de Sirius de cima de mim e se pôs entre nós.

- Qual é Moony? - Sirius reclamou.

Remus empurrou minha mochila de volta para Sirius.

- Perceba Lily, ele pode enganar vocês com os cabelos loiros e olhos azuis. Sabe, a imagem perfeita de um anjo. Mas ele-

- É tão ruim quanto Remus. - Sirius interrompeu empurrando minha mochila para Remus.

- Tão ruim quant- Eu comecei a falar mas então exclamei - Pelo amor de Deus, eu carrego a mochila se estiver muito pesada para as duas damas.

Sirius tentou puxar a mochila das mãos de Remus, dizendo:

- Pesado? Por favor.

Remus não deixou Sirius pegar a mochila de volta e começou a socar seu ombro para fazê-lo largar.

- Padfoot é uma moça, Lily.

- Poupe-me. - Ele reclamou - Você não carregaria Lily nem para salvar sua própria vida Moony.

Eu comecei a rir, mas quando percebi o que Sirius havia dito dei-lhe um tapa no ombro.

- Ei!

- Lily, eu adoro os seus tapas de amor, mas meu ombro está começando a ficar doído. - Ele riu.

- Você me chamou de gorda, Sirius Black!

Remus riu.

- Boa, Pads.

- Cala a boca, Moony!

- Eu carreguei James se você não lembra e eu tenho absoluta certeza de que carrego Lily com apenas um dos braços.

- Nossa que impressionante - Sirius zombou - Eu carrego Lily, a mochila dela, a minha e esses livros.

Eu senti certa ênfase - desnecessária, não é como se eu tivesse sempre muitos livros na bolsa - quando ele disse "mochila dela" mas vou ignorar pela saúde dele.

Remus riu.

- Você não carrega nem Lily, Pads.

- Claro que carrego! - Sirius falou vindo até mim e, com um movimento rápido, colocou-me nos ombros com seu braço livre.

Eu não sabia se gritava, usava minha mão livre para espancá-lo ou para segurar minha saia no lugar.

- Sirius Black!

- Ponha Lily no chão Pads. Agora.

- Eu posso até carregá-la agora até a enfermaria para provar.

- Sirius, no chão. - Eu mandei.

Ele não me obedeceu, lógico. Remus simplesmente puxou o braço de Sirius de cima de mim, pegando-me no colo. Há essa hora eu já me sentia uma boneca de pano sacudida para lá e para cá. Remus me segurou com os dois braços e voltou a andar. Preciso dizer que os corredores não estavam exatamente vazios? Ou seja, todos os alunos que passavam nos olhavam estranho. Infernos, se eu estivesse passando olharia estranho. E daria uma advertência.

- Covardia, você tinha os dois braços livres.

- Pads, Lily não é brinquedo. - Remus revirou os olhos.

- Obrigada, Remy - Eu agradeci esperando que ele me pusesse no chão.

- Diz isso, mas aposto que já está cansado. - Sirius provocou.

E eu soube que não teria paz. Eu preciso matar Sirius qualquer dia.

- Ah, com licença moças? Eu posso andar. - Falei tentando fuzilar Sirius com os olhos.

Nenhum deles me ouviu, Remus apenas me apertou mais em seus braços e riu de Sirius.

- Eu seria capaz de correr com facilidade, mesmo carregando Lily.

Eu contemplei falar mais alguma coisa, mas eu certamente estaria gastando saliva. Eles apenas me ignorariam novamente. Foi quando tive uma ideia.

- Você não precisa correr. - Eu lhe assegurei dando-lhe tapinhas no peito - Olhe só os músculos do seu braço. Todos sabemos que você é muito forte.

Sirius - ainda carregando algumas de minhas coisas - reclamou:

- Ei, você nunca falou dos músculos do meu braço.

Revirei os olhos.

Francamente, criar filhos será em absoluto mais fácil do que lidar com Sirius e Remus.

Remus finalmente me pôs no chão e eu ajeitei minha saia.

- Obrigada. Voltando ao assunto. Como Benjy é "tão ruim quanto Remus"? - Eu perguntei enquanto começava a andar fazendo as aspas com uma das mãos.

- Padfoot estava brincando. - Remus disse.

- Oh, então você realmente não sabe. - Sirius disse com seu sorriso maroto.

Franzi as sobrancelhas achando aquilo tudo muito estranho.

- Não sei sobre o que?

Remus passou a mão pelo rosto em desespero e eu quase tive vontade de rir. Sirius deu de ombro e falou como quem não quer nada:

- Sobre o escritório dos monitores.

Sobre...

Minha boca se abriu em choque.

- Remus Lupin! - Eu lhe acertei o braço, sim estou ficando violenta - Você não fez o que acho que fez!

- O que você acha que eu fiz? - Ele perguntou inocente.

- Você sabe muito bem! Oh meu Deus, diga-me pelo menos que vocês usaram o sofá que está do seu lado da sala.

- Usamos o sofá do meu lado. - Ele certificou-me.

- Remus!

- O que foi? - Ele perguntou - eu tive que notar - adoravelmente confuso.

- Não me diga uma coisa dessas!

Sirius gargalhou.

- Mas você pediu para dizer se...

- Porque achei que você fosse desmentir Sirius!

Remus virou para Sirius que ainda ria e murmurou:

- Mulheres são complicadas.

- Não, só a Lily.

- Meninos! - Eu chamei suas atenções.

- Seja razoável Lily - Remus começou a dizer como um diplomata - Não é como se eu tivesse levado uma mulher para o escritório todas as noites.

Minha boca se abriu em um perfeito "o". Eu estava estupefata.

- Oh, então foi mais de uma? - Eu arqueei uma sobrancelha.

Okay, eu sei que Remus é absolutamente divino. Não sou nenhuma cega. Talvez as palavras que minhas colegas de classe preferem sejam: gostoso, apetitoso e sexy como o inferno. Não que eu considere o inferno sexy, mas enfim. Sexy. Ele tem esse olhar selvagem tão característico que não importa o quão cavalheiro seja com você, parece que no momento seguinte ele vai te empurrar na parede/porta/árvore/oqueestivermaisperto, arrancar suas roupas e levar você aos céus. Sim, eu amo meu namorado. (Assim como Sirius e Remus, James tem suas particularidades. Aliás, uma das quais eu considero mais perigosas, que é o sorriso sacana que ele sabe dar. Eu não exagero quando digo que ele faz você querer empurrá-lo contra o que estiver mais perto e arrancar as roupas dele e as suas fora) Mas não, não estou exagerando sobre Remus. O que me deixou surpresa não é o fato de ele ser desejável, isso é bem óbvio. E sim o fato de ele ter, bem, estado com várias delas quando eu achava que ele e Tonks se casariam ou algo assim. Certo, talvez não casar, mas sair eventualmente.

- Bem... - Ele respondeu.

Levantei uma das mãos.

- Melhor não saber.

Eu nunca mais vou conseguir olhar para aquele sofá.

- Como eu disse Moranguinho. Benjamin é tão safado quanto nós. Ele apenas faz mais o estilo de Remus. Discreto.

- Tudo bem, mulheres podem até ser sentir mais atraídas por caras safados.

- Ei. - Remus reclamou indignado.

- Não é o caso de Emmeline pelo que vejo. É normal que ela se sinta atraída por ele - Dei de ombros - Benjy tem muitas qualidades.

- Eu também tenho muitas qualidades - Remus murmurou distraído.

Olhei para ele com um pequeno sorriso.

- Outras muitas qualidades. - Falei - Não as que você está pensando.

Remus riu e eu vi a porta do escritório da Corvinal.

- Oh, essas outras qualidades. Devo dizer que também tenho essas.

- Ele também tem a chave do escritório da Corvinal. - Sirius falou.

- Benjamin tem levado Emmeline para lá todas as noites nas últimas duas semanas.

- Todas as noites? - Perguntei surpresa.

- Sem falta. - Sirius riu.

Está certo que Emme é um tanto tímida quando fala de sua vida amorosa, principalmente de seus avanços com Benjamin, mas passar as noites com ele e não nos falar nada é definitivamente uma surpresa para mim.

Eu preciso confirmar essa história com ela mais tarde.

- Bem, não sei se isso desqualifica Benjy. Afinal, ele levou a namorada dele para a sala - Eu olhei para Remus.

Remus fingiu observar qualquer outra coisa antes de bater à porta do escritório da Corvinal e entrar. Sirius e eu esperamos do lado de fora, eu pisei no cadarço de seu tênis puxando-o só para irritá-lo como eu fazia com Remus. Sirius olhou para os pés e deu de ombros sem se importar muito.

- Oh, você é tão divertido. - Falei sarcástica.

Ele riu.

- Eu deveria estar chateado com você Moranguinho. Falou sobre os músculos de Moony mas nunca falou dos meus.

Revirei os olhos com um sorriso.

- Você é tão sensível, Black. - Então olhei para ele com interesse.

Não sei bem o que Sirius entendeu com o meu olhar, mas não foi nada muito encorajador, pois ele me pareceu um tanto temeroso.

- Por que está me olhando assim?

- Bem, posso dizer a Remus que seu corpo é melhor do que o ele.

Sirius arqueou uma sobrancelha desconfiado.

- Sob qual condição?

- Oh, nada relevante. - Eu disse inocente - Você não vai nem sentir.

- Moranguinho... Quando você fala assim... - Ele murmurou desconfiado.

Dei de ombros.

- Bem, não é como se você estivesse-me fazendo um favor. - Falei - Eu só quis agradar.

Sirius riu.

- Percebo. Tudo bem, pode fazer.

Eu ri e atirei meus braços ao redor dele dando-lhe um beijo estalado na bochecha.

- Obrigada! - Eu dei a ele a caixa que segurava - Agora vire-se.

Sirius olhou para a caixa em suas mãos pronto para reclamar, mas por fim deu de ombros e se virou de costas para mim.

- Você também precisa se abaixar. Assim fica difícil, você é mais alto que eu.

- Cada vez eu gosto menos disso. - Ele murmurou mas pude perceber que ele estava se divertindo.

Pus as duas mãos nos ombros de Sirius, pressionando-o para que se abaixasse. Ele, rindo, acabou por ficar de cócoras.

- Ok, não se mova.

Eu dividi seu cabelo no meio, tirando duas ligas de cabelo do bolso de minha saia e amarrei seu cabelo no alto dos dois lados.

- Vire-se Sirius. - Eu pedi com já com um enorme sorriso.

A cara de Sirius era impagável e eu não aguentei e explodi em uma gargalhada curvando o corpo. Ele revirou os olhos ainda com a mochila, os livros e a caixa nas mãos.

- Mas que porra? - Remus perguntou atrás de mim antes de gargalhar alto como eu.

Sirius olhou para mim e arqueou uma sobrancelha, então virei para Remus, ainda rindo, e lhe disse:

- Sirius é mais musculoso que você, Remy.

Remus não pareceu ter me ouvido, continuou a rir apoiando-se em meu ombro. Emmeline saiu logo atrás dele do escritório e levou as mãos à boca para evitar rir. O que foi ineficaz, claro.

- Você está adorável, Pads. Espere só até Prongs vê-lo. - Remus limpou uma lágrima.

Pude ver que Emmeline, que ainda ria, apenou-se de Sirius e fez o seguinte comentário:

- Oh Lily, Sirius está de fato adorável, mas Remus não está combinando.

O sorriso de Remus sumiu e ele olhou chocado para Emmeline, que apenas piscou para ele.

- Tem razão. Não dá para prender o cabelo de Remus, no entanto. - Eu olhei para ele pensativa.

- Veja só a hora - Ele olhou para um relógio inexistente em seu pulso - A aula de ética já deve estar acabando, não Padfoot?

Eu ri de sua tentativa desesperada de fuga e Sirius assegurou:

- Vai dar tempo, Moony. Relaxe, não dói nada.

Emmeline riu e segurou meu braço.

- Já sei!

- Diga. - Eu pedi.

Ela tirou a presilha que tinha no cabelo, uma fita cor de rosa, e entregou em minhas mãos.

- Oh, vai destacar seus olhos Remus. - Eu ri enquanto Emme o fazia baixar um pouco para que eu pudesse prender em seu cabelo.

Juntei sua franja e a joguei para trás, segurando-a lá com a presilha. Emmeline se afastou e analisou o penteado séria por uns instantes para então rir.

- Não sei qual dos dois está mais adorável. - Eu disse.

Sirius gargalhou atrás de mim circundando meus ombros com um dos braços. Quando eu finalmente tinha parado de rir, olhei novamente para Sirius e escondi meu rosto em seu ombro começando a rir novamente.

- Ei, já chega de rir de mim não acha? - Ele reclamou.

Eu levantei o olhar para ele e assenti respirando fundo. Mas no momento seguinte eu apertava os lábios tentando segurar o riso.

- Pads, vamos. - Ouvi Remus dizer - Ou não vai dar tempo de ver.

Os olhos de Sirius se arregalaram surpresos.

- Ah é! Vem Lily! - Ele agarrou minha mão e corremos pelo corredor deixando Emmeline para trás, subimos mais um lance de escadas quando me manifestei:

- Nós só temos aula mais tarde - Eu lembrei confusa.

Remus riu ao meu lado e viramos à esquerda.

- Eu sei.

- Então o qu-

Foi quando ouvimos o barulho de uma explosão. Eu apertei o braço de Remus, que estava mais perto de mim e Sirius, que havia soltado minha mão e estava um pouco mais à frente, virou-se para nós com seu sorriso de cachorro quando a porta da sala de ética se abriu com força e os alunos começaram a sair correndo. Uma fumaça estranha saía de lá e foi quando eu senti um cheiro de podre nos alcançar.

- Oh meu Deus. - Eu tapei o nariz.

O professor de ética, Mr. Balderston, pedia:

- Saiam, saiam todos.

Os Prewett saíram correndo em meio à confusão de alunos rindo. Gideon, assim que viu Sirius, começou a correr em sua direção mas parou ao olhar para o penteado dele para começar a rir.

- O que aconteceu com você Sirius? - Gideon gargalhou.

Fabian, que veio logo atrás do irmão com o mesmo sorriso travesso, começou a rir também.

- Lily aconteceu comigo Prewett. - Sirius reclamou.

Meus olhos começaram a encher de lágrimas, eu não sabia ao certo se era por causa do fedor ou da visão de Sirius de Maria-chiquinha, mas eu comecei a rir novamente. Os gêmeos finalmente olharam em minha direção apenas para rir mais ao notar o laço na cabeça de Remus.

- Ainda estou mais sexy que você Gideon.

Ele bateu no ombro de Remus.

- Bem que você gostaria meu amigo, bem que você gostaria. - Ele riu.

- Está prontinho para ser usado Sirius. - Fabian sorriu batendo na mão de Sirius parecendo muito orgulhoso de si.

Ainda com o nariz tapado, eu disse:

- Eu vou fingir que não ouvi, para o bem de vocês. Estejam entretanto, certos de algo, se essa bomba for parar algum centímetro perto da sala do diretor ou do meu quarto, eu mato vocês. Juro.


Então, eu quero que saibam quanto odiei tal capitulo.

Meu odio por minha demora é, no entanto, maior.

Por isso resolvi postar mesmo assim, para que vocês pudessem pelo menos tentar me perdoar pela demora obscena. (sei que em seus corações maravilhosos vocês podem achar motivos para me perdoar)

Obrigada à todos vocês!

Perdão, perdão, perdão pela demora.

Minha vida anda uma loucura.

Farei o possível para postar, algo maior e infinitamente mais decente que este projeto de capitulo o mais rápido possível.

Uma terrivelmente envergonhada Lalah-Chan;