Não, isso não é uma alucinação! Capítulo novo para vocês! ;)


Capítulo 13 – O jantar de aniversário

Desde que acordou pela manhã, Susana não conseguiu tirar o sorriso do rosto. Ela estava repassando em sua mente cada momento que ela havia passado com Ben no dia anterior. Ela estava tão feliz! Ela tinha finalmente se dado conta do que sentia por ele, com a ajuda de Prunaprismia, e agora eles estavam juntos! Ela quase não acreditou quando Ben disse que também a amava... Apesar de ele ter dado sinais de que sentia algo por ela, Susana achava difícil acreditar... Como ele poderia amar alguém tão fraca e covarde como ela? Como ele podia amar alguém que tentou se livrar da própria vida?

Mas ele realmente a amava, e esse fato fez com que ela o admirasse ainda mais. Ele tinha um coração tão lindo e maravilhoso! Ela achava que não merecia, mas ele entregou seu coração a ela mesmo assim... E então ela se lembrou de que uma outra pessoa também já havia entregado o coração a ela. E ela simplesmente o jogou fora...

Oh, Caspian...

O sorriso desapareceu de seu rosto e foi substituído por uma expressão triste e cheia de remorso.

"Caspian de fato se casou, gerou um herdeiro e foi sempre leal a sua esposa. Mas o coração dele sempre foi seu, Susana, sempre...", as palavras de sua irmã ecoaram em sua mente. "E ele também sofreu muito por ter que seguir em frente sem você, tendo que se casar com outra para garantir a segurança de Nárnia quando tudo o que ele queria era ter você como esposa..."

Caspian nunca deixou de amá-la, e agora... ela amava outro. Ela passou tantos anos achando que ele era um mentiroso, achando que ele havia traído o amor que havia entre os dois quando ele se casou com a estrela, e agora ela era a mentirosa, ela era a traidora!

Susana sentou-se na cama e começou a relembrar seus momentos com Caspian, em Nárnia. Ela se lembrou de todos os momentos em que ele disse que a amava... E em todos eles, ela disse que também o amava. E agora ela tinha acabado de dizer o mesmo a outro homem... Mas o estranho é que, quanto mais ela pensava em Caspian agora, mais confusa ela ficava.

A verdade é que ela não sentia como se tivesse deixado de amar Caspian! Mas, ao mesmo tempo, ela tinha certeza de que amava Ben com todo o seu coração – e isso não era mais porque ele a fazia se lembrar de Caspian, mas sim por causa da pessoa maravilhosa que ele era. Isso estava ficando muito estranho... Como estudante de psicologia, ela certamente já havia se deparado com casos desse tipo, mas agora ela não conseguia se lembrar de nada que pudesse ajudá-la...

Antes que pudesse começar a elaborar teorias com seus pensamentos confusos, Susana olhou para o relógio e se deu conta de que Ben chegaria logo. Ele a convidara para passar algum tempo com ele, já que ele não teria muito o que fazer em casa – sua mãe e a governanta da família estavam cuidando de tudo para seu jantar de aniversário. Susana compareceria à comemoração, mas os amigos dele também estariam lá, e ele teria que dar atenção a eles também. Então ele deixara claro que queria passar algumas horas somente com ela naquele dia, e ela aceitou com alegria.

Alguns minutos mais tarde, ela se aproximou da janela a tempo de ver o carro de Ben parando do outro lado da rua, e o sorriso retornou ao seu rosto, muito mais largo que antes. Então ela pegou o presente de aniversário dele, que ela havia acabado de embrulhar em um papel adorável, e... decidiu colocá-lo de volta onde estava. Ela poderia trazer Ben até lá, pensou ela, já que ele nunca havia estado em seu alojamento antes. Ela estava prestes e visitar a casa dele, então era justo permitir que ele conhecesse o lugar que estava servindo como seu único lar nos últimos meses.

Susana decidiu esperar que o porteiro a avisasse sobre a chegada de Ben e então pediu que ele o deixasse entrar. Algum tempo depois, ela ouviu uma batida na porta e rapidamente a abriu. Seu coração já estava batendo rápido, e quando seus olhos o contemplaram, ele acelerou ainda mais. Ele estava tão adorável...

Os olhos de Ben brilharam ao ver Susana. Desde que se despediram na noite passada, ele não pôde deixar de pensar nela e no primeiro momento romântico deles; ele estava pensando nela quando adormeceu na noite passada, e ela foi seu primeiro pensamento ao acordar. Ele estava ansioso para vê-la de novo, e agora... Ele simplesmente não conseguia encontrar as palavras certas para dizer, mas sabia exatamente o que fazer. Ele levou sua mão ao queixo dela egueu um pouco seu rosto enquanto se inclinava para beijá-la carinhosamente.

Susana fechou os olhos e sentiu como se estivesse flutuando em nuvens... O beijo foi breve, e quando se afastaram Ben a olhou de forma amorosa.

- Bom dia, meu amor – ele disse quase sussurrando, enquanto um sorriso arrebatador se formava em seus lábios perfeitos.

- Bom dia, amor – ela sussurrou de volta, mal se controlando para não beijá-lo de novo.

Ela de repente se lembrou de onde estavam e olhou para os dois lados do corredor. Por sorte não havia ninguém.

- É melhor você entrar... – ela disse. Era a primeira vez que Susana trazia um homem ao seu quarto, e ela não tinha certeza se seria conveniente deixar outras pessoas verem Ben à sua porta. O Sr. Jonathan, o porteiro, foi o único a ver Ben por enquanto, mas ele era um senhor muito gentil e extremamente discreto, então ela não precisava se preocupar quanto a ele.

Ben entrou no quarto de Susana e sorriu. Então esse era o lugar onde vivia a sua amada. Ele imaginou várias vezes como seria, e agora ele podia ver com seus próprios olhos. Era um quarto muito limpo, simples e adorável, e o perfume dela estava em todo o lugar. Ele costumava imaginar a vida diária dela lá, suas horas de sono, seus momentos de estudo...

Ele também se perguntava se ela mantinha lá alguma lembrança de sua família, e agora ele encontrou a resposta. Ele se aproximou da escrivaninha dela e lá estava uma linda fotografia de Susana com seus irmãos e seus pais. Ben os olhou atentamente. Mais uma vez ele teve a impressão de ter conhecido os irmãos dela. "Bom", ele pensou, "eu conheço Susana de outra vida, meus sonhos me provaram isso... Talvez eu os tenha conhecido também..." Ele quase se perdeu em seus próprios pensamentos por um breve momento, mas a voz de Susana chamou sua atenção.

- Ben?

Ele se virou para ela e imediatamente sorriu ao ver o que ela segurava.

- Feliz aniversário! – ela disse, segurando uma bela caixa de tamanho médio enquanto esticava os braços na direção de Ben.

- Oh, querida, obrigado! – ele disse, pegando a caixa. Ele a colocou o embrulho em cima da escrivaninha e abraçou Susana bem apertado.

- Feliz aniversário, meu amor... – ela disse, abraçando-o também – Desejo a você toda a felicidade do mundo, e desejo que você alcance todos os seus sonhos, sempre... Você é a pessoa mais doce que eu já conheci, e você é a melhor coisa que já me aconteceu.

- Obrigado, querida – ele disse, realmente comovido pelas palavras de Susana.

- Bom... agora abra!

Ben sorriu, voltando-se para o pacote, e alegremente o desembrulhou.

Ele sorriu, voltando-se para o pacote, e começou a desembrulhá-lo. Quando Ben abriu a caixa, seu coração quase pulou do seu peito. Ele estava atônito e mal conseguia conter sua perplexidade, pois o objeto à sua frente tinha acabado de desencadear uma nova série de antigas memórias, que surgiam de forma incoerente em sua mente. O objeto em questão era um belo e primoroso modelo de um navio. Mas não era um navio qualquer. Era um navio muito diferente, como se saído de um mundo fantástico, o que o deixou um pouco confuso. O navio era de tirar o fôlego; ele tinha a cabeça de um dragão esculpido na proa, e seu mastro tinha uma vela lilás, enorme e magnífica. Ele podia ver a si mesmo planejando a construção daquele navio e, mais tarde, navegando por mares desconhecidos a bordo dele.

Ben estava tão atônito que ele não conseguia dizer nada. Susana notou sua expressão perplexa, mas ela a interpretou apenas como uma reação normal de alguém que amava navios e nunca havia visto um como aquele.

- Eu imaginei que você fosse gostar... Eu sei que você ama navios, e eu tenho certeza de que você nunca viu nenhum como esse, porque é uma criação do meu irmão Edmundo.

- Seu irmão o criou? – ele perguntou, ainda mais confuso. Aquele navio era uma criação do irmão de Susana? Aquilo não fazia o menor sentido; ele conseguia ver claramente aquele navio em suas memórias!

- Ele fez o desenho, na verdade – ela disse, obviamente mentindo. Ela precisava criar uma história para aquele navio, já que ela não podia contar a verdade a ele. Mas tecnicamente ela não estava mentindo, Edmundo realmente fez um desenho do Peregrino da Alvorada e planejava mandar construir um modelo dele, mas ele nunca teve a chance... – Edmundo fez esse desenho há muito tempo, mas ele esteve tão ocupado ultimamente que não teve tempo de ir até a loja de modelismo para fazer a encomenda baseada no desenho. Eu guardei o desenho comigo, e quando você me contou sobre os negócios da sua família e sobre o seu amor por navios, imaginei que você talvez pudesse gostar. Eu encomendei o modelo algumas semanas atrás e planejava esperar pelo momento certo para dá-lo a você. Coincidentemente, ele ficou pronto no dia que você me falou sobre o seu aniversário!

- Você foi muito atenciosa, Susana, obrigado! Eu amei esse navio, ele é maravilhoso e tem um quê de mágico! E eu pude perceber que seu irmão era muito talentoso, porque o modelo é simplesmente perfeito!

- Perfeito? Como assim?

Ben se deu conta de que falara demais. O modelo era perfeito de acordo com as memórias que ele tinha daquele navio. Mas ele estava bastante confuso agora... Ele conseguia vê-lo claramente em seu passado, mas Susana acabara de dizer que ele era uma criação de seu irmão... E se Edmundo tinha memórias de sua vida passada também, assim como eu? Eu tenho certeza de que o conheci antes, assim como Pedro, Lúcia e a própria Susana. Talvez nós tenhamos navegado juntos nesse navio em nossa vida passada, e por algum motivo Edmundo também se lembrava! Aquela parecia ser uma explicação plausível.

- Sim, é perfeito porque é tão cheio de detalhes, olhe! Se todos esses detalhes e minúcias estavam presentes no desenho, então ele era realmente muito talentoso – ele "explicou".

- Sim, acho que ele era mesmo – disse Susana, sorrindo.

- Ele tem nome? Edmundo deu um nome ao navio? – Ben perguntou. Ele tinha certeza de que o navio tinha um nome, mas ele não conseguia se lembrar.

- Sim. Ele se chama Peregrino da Alvorada.

- Peregrino da Alvorada... É um belo nome – ele disse. Apesar de não ter conseguido se lembrar do nome sozinho, ele soava perfeito. Mas ele decidiu deixar esses pensamentos de lado por hora, ele teria bastante tempo para pensar nesse assunto mais tarde. E então ele se virou para Susana novamente.

- Muito, muito obrigado, minha querida. Eu simplesmente amei! Mas sabe de uma coisa? – ele levou sua mão ao rosto de Susana, acariciando-o carinhosamente – Você nem precisava me dar outro presente, sabe...

- Outro?

- Sim. Você já me deu o seu coração. E esse é o presente mais precioso que eu poderia receber.

Susana sentiu seu rosto corar pelas palavras de Ben e pelo modo como ele estava olhando para ela. Seu olhar era tão amoroso e tão doce... Aquele homem à sua frente era o homem mais doce e mais arrebatador do mundo, ela estava certa disso, e ali estava ele, dizendo coisas tão lindas a ela...

Ben segurou gentilmente o rosto de Susana com ambas as mãos e a beijou. O beijo começou suave, mas logo se tornou profundo. Susana envolveu seus braços em torno da cintura de Ben e se perdeu naquele beijo. Os lábios dele eram tão macios, doces e quentes, e senti-los em seus lábios era tão delicioso! Sem contar o toque da língua dele na dela... O modo como ele a beijava fez seus joelhos quase tremerem, e um gemido suave escapou dela, o que fez Ben sorrir durante o beijo.

Muito relutantemente, ele decidiu que era hora de interromper o beijo. Primeiro por causa dos efeitos que Susana causava nele. Suas sensações estavam ficando muito fortes, e não de uma maneira muito decente... E segundo, porque ele sabia que não era apropriado permanecer tanto tempo no quarto de uma moça, mesmo essa moça sendo o amor da sua vida. Ele se preocupava com a reputação de Susana; obviamente eles não estavam fazendo nada de errado, mas as outras pessoas não sabiam disso.

- Bem, – ele disse assim que interromperam o beijo – acho que é melhor irmos agora... Não quero lhe causar nenhum problema.

- Você está certo – disse ela, entendendo imediatamente o que ele estava querendo dizer. – E o que você tem em mente?

- Que tal passearmos um pouco e almoçarmos juntos? Eu a trarei de volta à tarde e votarei mais tarde para levá-la para o meu jantar de aniversário.

- Para mim está perfeito!


- Espero que Ben chegue logo, eu quero que ele esteja presente quando Henry voltar – disse Emily, esperando ansiosamente na sala de estar. Ao lado dela estavam John, Marianne e Danna, que haviam chegado pouco depois de Ben ter saído para buscar Susana.

- Ele estará aqui logo. O alojamento de Susana não é muito longe daqui – disse Marianne.

- Susana... Eu quero tanto conhecer essa moça! Ben tem falado tanto nela ultimamente que eu já sinto como se já a conhecesse há anos!

- Ela é nossa amiga também, e ela é uma pessoa maravilhosa! Tenho certeza de que gostará dela, Sra. Whittaker! – disse Danna.

- Mas Ben e Susana têm estado tão próximos ultimamente que Marie e Danna até andam reclamando por Susana ter trocado a amizade delas pela dele! – John disse, em tom de brincadeira.

Emily riu do comentário de John, mas o que ela estava achando realmente engraçado era o fato de que John não fazia a menor ideia de que Ben e Susana não era mais apenas amigos. Marianne e Danna também pareciam não saber, mas ela não pretendia contar a eles. Ela tinha certeza de que Ben e Susana preferiam contar a novidade eles mesmos.

Não demorou muito para que Ben e Susana finalmente chegassem e se dirigissem para a sala de estar, de mãos dadas, o que fez John levantar uma sobrancelha. Emily rapidamente se levantou e se aproximou deles.

- Mamãe, esta é Susana... minha namorada.

O queixo de John caiu e ele faz uma careta muito engraçada, o que arrancou risos de Marianne e Danna, apesar de as duas amigas também terem ficado bastante surpresas.

- Oh, minha querida, Ben me falou tanto sobre você! É um prazer conhecê-la finalmente!

- O prazer é todo meu, senhora Whittaker.

- Por favor, me chame de Emily – disse ela, sorrindo de forma sincera para Susana.

- Como você pôde? – perguntou John, incrédulo, olhando torto para Ben.

- Como eu pude... o quê?

- Como você pôde esconder isso de mim? Por que não me contou antes?

- E perder a oportunidade de ver você fazendo essa cara? Nunca! Eu sabia que você ia surtar... – disse ele rindo, enquanto deixava a sala de estar para dar uma olhada na mesa de jantar.

- Eu não estou surtando...

- Onde está papai? – Ben perguntou, voltando para a sala de estar.

- Ele teve que dar uma saída mas voltará logo.

- E por que temos dois pratos a mais na mesa? – ele perguntou, curioso.

- Bom, isso eu não posso lhe dizer ainda... Mas tem a ver com o porquê de seu pai ter saído – disse Emily, com um sorriso enigmático.

Ele sorriu também e decidiu parar de fazer perguntas. Ele gostava de surpresas, e ele tinha um pressentimento de que essa seria uma grande surpresa. Mas ele não precisou esperar muito. Antes do que ele imaginava, seu pai adentrou pela porta principal, seguido de duas belas damas que ele conhecia muito bem.

- Hilda! Marion! – ele disse, quase gritando de alegria, pois ele não esperava ver as irmãs em seu aniversário.

- Awww, Panda, feliz aniversário! Eu senti tanto a sua falta! – disse Marion, abraçando Ben muito apertado.

- Obrigado, mana, eu também senti saudades! Estou tão feliz em vê-la! Mas eu vou ficar ainda mais feliz se você me deixar... respirar...

- Oh, perdão... – ela riu, soltando-o.

- Agora é a minha vez! – disse Hilda, a Ben a abraçou amorosamente.

- Estou tão feliz por vocês duas terem vindo!

- Feliz aniversário, Ben! Nós quisemos fazer uma surpresa para você este ano. Infelizmente nossos maridos não puderam vir conosco, mas eles lhe desejaram muitas felicidades. Papai nos buscou no aeroporto.

- Muito, muito obrigado! Estou tão feliz por vocês estarem aqui... Significa muito para mim...

- Claro que significa, nós somos as melhores irmãs de todos os tempos! – disse Hilda, fazendo Ben cair no riso.

Nesse momento Ben olhou para Susana, que se divertia com a cena. Ela sabia o quanto Ben amava suas irmãs, e ele sentia tanto a falta delas que ela estava muito feliz por ele agora. Ele se aproximou dela, tomou sua mão e a conduziu em direção às suas irmãs, que agora trocavam beijos e abraços amorosos com Emily.

- Susana, deixe-me apresentá-la a Marion e Hilda, minhas queridas irmãs – Ben disse, antes de dirigir-se a elas. – Esta é Susana. Ela é minha namorada...

- Ela é o quê? – Hilda perguntou de queixo caído, exatamente como John, mais cedo.

- Aww, prazer em conhecê-la, querida! – disse Marion, abraçando Susana. – Você é tão bonita!

- Obrigada... – disse Susana, corando um pouco. – O prazer é todo meu.

- É um prazer conhecê-la, Susana – disse Hilda. – Estou feliz por Ben ter finalmente arranjado uma namorada. Achei que ele fosse acabar virando padre, sabe.

- Hilda! – gritou Ben. Susana olhou para ele e percebeu que ele estava completamente vermelho. – Não ligue para o que elas dizem, Susana... Hilda consegue ser bastante inconveniente às vezes... – ele disse, olhando furiosamente para Hilda.

- Oh, não seja tão cruel... Desse jeito você me magoa... – respondeu Hilda, fingindo uma carinha de cãozinho abandonado. – Mas eu realmente achei que você fosse se tornar um padre... – completou ela, rindo.

- Estou perdendo algo? – perguntou Susana, um pouco confusa.

- Bem... É que... você é a minha primeira namorada – respondeu Ben, meio sem jeito.

Susana abriu um sorriso a essa revelação. Por alguma razão, ela achou esse fato extremamente fofo. Ele estava completando 23 anos e nunca tinha namorado nenhuma garota antes dela! Ela se sentiu meio que lisonjeada ao saber disso, e um pouco culpada também, já que ela não só já tinha "namorado" alguém, como ela também já tinha... Não, ela não iria pensar nisso agora. Definitivamente não era o momento certo.

- E eu, filho? Não vai me apresentar a essa amável moça? – disse Henry, aproximando-se de Ben e Susana.

- Muito prazer, senhor Whittaker.

- O prazer é todo meu, Susana! Estou muito feliz por finalmente conhecê-la. E obrigado por vir celebrar o aniversário do meu filho conosco. Você é muito bem-vinda.

- Obrigada, senhor – disse Susana, sorrindo. Ele parecia ser uma pessoa muito boa, e ela gostou dele imediatamente, assim como da Sra. Whittaker. Eles a receberam de forma tão calorosa! Ben sem dúvida tinha pais maravilhosos.

Susana nunca pensou que se sentiria confortável em um lugar tão glamoroso. A mansão dos Whittaker era enorme e fascinante, e ela se sentiu desconfortável da primeira vez que pôs os olhos nela. Ela de repente se sentira tão pequena e insignificante, mas os pais e as irmãs de Ben acabaram demonstrando ser tão gentis e adoráveis quanto Ben, e eles definitivamente não agiam de forma arrogante ou como se fossem superiores, diferentemente de outras pessoas ricas. Apesar de eles serem inegavelmente muito ricos, eles pareciam ser bastante "pés no chão", e agora ela podia ver claramente de onde vieram todas as virtudes de Ben.

- Bom, já estamos todos aqui, então acho que podemos começar o nosso jantar especial agora! – disse Emily com esntusiasmo, convidando a todos a se dirigirem à sala de jantar.

Marion de repente segurou a mão de Ben a caminho da sala de jantar e chegou bem pertinho dele.

- Amor à primeira vista – ela sussurrou no ouvido dele, e ele imediatamente abriu um largo sorriso para a irmã.

- Obrigado, mana – ele respondeu, também sussurrando, se sentindo muito grato pelas palavras dela. Para ele, aquelas palavras tinham um significado muito especial...

Ben estava tão feliz! Todas as pessoas que ele amava estavam ali: seus pais, suas irmãs, Susana... Sem contar seu amigo John, Marianne e também Danna. Apesar de Danna não ser exatamente uma amiga próxima, ela era amiga de Susana, e John era apaixonado por ela. Por isso ele achou que seria bom convidá-la também.

Ele queria que seu jantar de aniversário fosse íntimo e aconchegante, apenas ele e pessoas queridas. Quando ele era criança, seus pais costumavam preparar grandes festas para ele e suas irmãs, e ele costumava convidar seus colegas de escola. Costumava ser divertido, mas, depois que se tornou adulto, Ben perdeu o interesse por grandes festas. Ele se tornou muito calmo e reservado, e agora era assim que ele gostava de celebrar seus aniversários, apenas com a família e com os amigos mais próximos.

Assim que todos ocuparam seus lugares, Ben fez um breve discurso, agradecendo a todos por estarem com ele naquele dia, e todos ergueram seus copos para fazer um brinde. Ben ficou um pouco preocupado com o fato de Susana estar bebendo vinho, mas ela garantiu que estava bem. Ela já tinha superado seus problemas com bebida – na verdade, ela não chegara a desenvolver de fato o vício, aquilo tinha sido apenas um momento de fraqueza da sua vida, um momento que Ben a ajudou a vencer. Ela não sentia mais a necessidade de escapar da realidade, pois a realidade dela agora era bem alegre. E essa alegria se chamava Benjamin Whittaker.

Agatha, a governanta dos Whittaker, tinha preparado o prato preferido de Ben: lasanha. Ele amava comida italiana em geral, mas lasanha era o seu prato preferido. Agatha era uma cozinheira excelente, e o jantar estava simplesmente divino, assim como a sobremesa, um delicioso tiramisu.

Enquanto saboreava a sobremesa, Susana notou um quadro muito bonito na parede que estava de frente para ela. Era um lindo retrato da Estátua da Liberdade, o que trouxe doces lembranças de quando ela vistou os Estados Unidos com seus pais, muitos anos atrás.

- É lindo, não é? – disse Emily, percebendo o encantamento de Susana.

- Sim, é maravilhoso!

- Você consegue ler o nome assinado no rodapé?

- Hmm? Não, não consigo enxergar daqui.

- Então olhe mais de perto...

Como já tinha terminado a sobremesa, Susana se levantou e foi em direção ao quadro, sendo seguida pelo olhar atento e ansioso de Ben.

- Benjamin C. Whittaker? Ben! Essa pintura é sua?

- Sim...

- Você nunca me contou que gostava de pintar! Você é um artista!

- Não, não... Estou longe de ser um artista... É apenas um hobby. Eu costumava pintar para relaxar, mas não tive mais tempo depois que comecei na universidade.

- Oh, é uma pena! Ben, esse quadro é realmente lindo! – ela disse, sincera.

Ele pôde ver que ela realmente estava fascinada pela sua pintura, e isso o deixou muito feliz, apesar de ele não se considerar talentoso... Ele era muito humilde para enxergar e admitir que ele pintava tão bem.

- Obrigado, Susana – ele disse, timidamente – Fico feliz que tenha gostado.

- Tenha gostado? Ben, eu amei!

- Ben, você deveria mostrar seus outros quadros a ela – disse Marion.

- Há outros?

- Muitos outros! – respondeu Emily.

- Oh, mal posso esperar para vê-los!

- Eu os mostrarei a você mais tarde – disse ela, para desespero de Ben.

Ben conhecia sua mãe muito bem, e ele sabia que ela começaria a elogiá-lo demasiadamente. A verdade é que ele era muito crítico em relação aos seus quadros, e ele os pintou há tanto tempo... Ele estava ficando muito ansioso, pois Susana veria seus outros quadros também...

Depois de terminar (e repetir) a sobremesa, todos foram para a sala de estar e ficaram um bom tempo lá, ouvindo as novidades de Marion e Hilda sobre a França e a Itália e conversando sobre vários assuntos.

- Panda, Susana, há quanto tempo vocês estão juntos? – Hilda perguntou.

Susana riu ao ouvir o apelido "Panda", e Ben fez uma careta para a irmã, antes de responder.

- Estamos juntos há... bem... 24 horas.

- Uau, vocês começaram a namorar ontem?

- Sim – respondeu Susana, segurando a mão de Ben.

- Vocês formam um casal tão fofo! Estou orgulhosa de você, Ben! Eu sabia que você herdaria o nosso ótimo gosto! – disse Marion, fazendo Susana corar novamente. – Oh! Se vocês acabaram de começar a namorar, aposto que mamãe não teve tempo de mostrar a você as fotos de Ben quando criança, não é?

- Não, ainda não... – disse ela, dando uma olhada rápida em Ben e notando que ele estava ficando verde...

- Que ótima ideia, Marion!

Ben "fuzilou" Marion com o olhar, mas ela fingiu que não percebeu. Ela estava acostumada a provocar o irmão, e ela se divertia imensamente com as reações dele.

- Na verdade, vou mostrar as pinturas dele primeiro, deixarei as fotos para depois. Os quadros estão em nossa biblioteca. Vamos lá? – perguntou Emily, convidando os outros também.

- Sim, claro! Estou ansiosa para vê-los! – disse Susana.

- Eles têm uma biblioteca e tanto aqui, é fantástica! – John disse a Marianne e Danna enquanto seguiam Emily, Susana e Ben.

Marion e Hilda permaneceram na sala de estar com Henry.

- Nosso Panda é um menino crescido agora... Ele até arrumou uma namorada! – Hilda brincou, arrancando risadas de Marion e Henry.

- Estou feliz por ele. Ela parece ser uma menina muito amável – disse Henry. – Ele levou tanto tempo para entregar seu coração a alguém, como se estivesse esperando alguém especial. O que você achou dela, Marion?

- Amor à primeira vista. Ela é perfeita para ele! Desde que coloquei meus olhos nela, pude sentir que ela vai fazê-lo muito feliz. – disse ela, com um tom sábio na voz.

Henry e Hilda sorriram. Marion tinha um sexto sentido bastante apurado no que se referia à natureza das pessoas e suas intenções. Às vezes ela precisava de mais tempo para "ler" uma pessoa, mas, quando ela dizia "amor à primeira vista", significava que ela, de imediato, teve certeza absoluta das boas qualidades de alguém.

Enquanto isso, na biblioteca, foi a vez de Susana sentir seu queixo cair. A biblioteca era espetacular! Estantes com inúmeras prateleiras e infinitos livros ocupavam duas paredes quase por completo. Havia também vários objetos exóticos enfeitando o local, provavelmente lembranças de diferentes países que a família já havia visitado. Emily acompanhou Susana até a parede onde os quadros de Ben estavam pendurados e mostrou a ela o primeiro. Ben obviamente estava morrendo de ansiedade para ver a reação de Susana.

- Este aqui ele pintou para mim como presente de aniversário, alguns anos atrás.

- A Torre Eiffel! É encantador! – disse Susana, completamente fascinada, para alegria de Ben.

- Sim, com certeza é encantador! Eu amo a França, é o meu lugar favorito, depois da Inglaterra, é claro. Venha, veja este. A Torre de Pisa. Não é incrível?

- É maravilhoso! Ben, como você pode dizer que não é um artista?

- Ah, não dê ouvidos, ele sempre faz isso... Ele é muito humilde, jamais vai admitir ter tanto talento...

- Ah, mamãe, por favor não comece...

- Por quê? É verdade! Não seja bobo, Panda, você precisa aprender a aceitar elogios.

- E você também pintou o Coliseu e o Big Ben! – disse Susana, admirando as outras pinturas. – Ben, você retratou todos esses lugares primorosamente! Estou impressionada!

- Obrigado... – respondeu ele, corando muito, mas sorrindo para Susana.

- Mas ele não retratou apenas lugares reais, ele criou alguns também!

- É mesmo? Que interessante!

- Sim! Alguns deles vieram de desenhos que ele fez quando criança e então mais tarde ele os aprimorou e transformou em belas pinturas! Mas elas estão no escritório particular dele, no andar de cima. Gostaria de vê-los?

- Mamãe... – Ben gemeu em desespero. Se ele já estava nervoso com o fato de Susana estar vendo seus quadros, agora ele estava aterrorizado. E se ela não gostasse de suas criações originais?

- Está tudo bem, Ben, I gostaria de vê-las também! Seus quadros são tão lindos, e eu realmente quero ver seus outros trabalhos!

Emily levou Susana ao escritório de Ben, e ele as seguiu. Os demais permaneceram na biblioteca, pois estavam bastante interessados em tudo o que havia lá.

- Venha, Susana – disse Emily, entrando no cômodo. O escritório de Ben era bem menor que a biblioteca, mas igualmente encantador, e Susan não pôde conter o sorriso quando viu o modelo do Peregrino da Alvorada enfeitando a mesa dele. – Aqui estão as criações favoritas de Ben! – disse Emily, apontando para a parede onde havia três quadros, lado a lado.

Susana olhou para o primeiro deles, e o que ela sentiu quase a fez se esquecer de respirar. Seu coração quase parou com tamanho choque. A pintura à sua frente retratava algo que ela nunca esperava ver – pelo menos não na casa dos Whittaker. Como? Como aquilo poderia estar acontecendo? Aquilo era impossível, era completamente ilógico! Inúmeros pensamentos conflitantes passaram por sua mente, mas nenhum deles parecia fazer qualquer sentido.

Quanto mais ela olhava para a pintura, mais confusa ela ficava e mais ela duvidava de seus próprios olhos. Mas não, não havia dúvidas ali. A pintura tinha sido feita de forma tão perfeita e era tão cheia de detalhes que não havia como negar.

Susana estava olhando para uma representação perfeita do castelo telmarino.


Espero que tenham gostado, pessoal! Fiquei tanto tempo sem escrever esta fic que, quando finalmente decidi terminar de traduzir este capítulo (eu já o havia publicado na versão em inglês), eu quis postá-lo o mais rápido possível. Por isso acabei não revisando a tradução, então perdoem-me por eventuais erros. Depois vou reler o capítulo com mais calma e corrigirei as falhas. Enquanto isso... reviews, please! :)

Até o próximo capítulo!