Disclaimer: Todos os personagem e lugares foram criados pela linda J. K. Rowling.

N/A: Não falei que não ia demorar?

Bom, pessoal, esse é o último capítulo do O Despertar das Almas. Pois é, chegou ao fim, e não, não vai ter uma continuação. Acho que explorei do tema o que dava para explorar, fora isso, seria forçar demais uma história, e ela não teria a mesma qualidade de antes. Isso me incomoda bastante, então esse realmente será o último capítulo.

Mas não se desanimem! (se é que vocês vão realmente se desanimar, aposto como todo mundo já tá de saco cheio dessa fanfic). Estou escrevendo outra fic que se chama The Dark Lady, que para mim, ficará bem melhor que está porque está bem mais planejada. ENTRETANTO, eu vou retirar os 2 primeiros capítulos que eu postei, porque dei uma relida e não gostei, então vou alterar algumas coisas, mas tudo para o melhor, ok? Tenham paciência, eu estudo e trabalho, sem contar que estou escrevendo um livro próprio. Então, não vou ser tão rápida, mas vou tentar atualizar pelo menos uma vez por mês, mais rápido do que isso e eu estaria mentindo pra vocês.

Voltando a falar do O Despertar das Almas (juro que é a última coisa que tenho a dizer), no capítulo anterior recebi um monte de reviews quase me xingando por ter matado o James, mas qual seria a graça da fic sem um pouco de drama? Independentemente disso, quero dizer que fiquei honradíssima com todo o apoio que recebi ao longo do nosso tempo juntos, juro que não esperava tanto, principalmente porque é a primeira fanfiction que eu publiquei.

Então é isso, aproveitem o Grand Finale!

Beijos,

Aggie.

CAPÍTULO 11 – A ÚLTIMA BATALHA

As explosões e clarões de feitiços percorriam o castelo de Hogwarts, chamas e fumaças saiam pelas grandes janelas, queimavam os jardins e iluminavam a paisagem devastadora da escola. Mas nada disso era percebido em um corredor específico da propriedade. De fato, o lugar estaria por completo silencioso se não fosse pela lamentação agoniada que saia dos lábios de uma jovem muito bonita de cabelos avermelhados.

Corpos encapuzados coalhavam o piso, sangue ainda quente, preenchia os vãos entre as pedras como pequenos rios. O céu estrelado se escondera por trás de uma névoa espessa trazida por dementadores que apinhavam o terreno.

- Não, não, não... – ela gemia balançando-se para frente e para trás em um mantra, abraçada a um homem, visivelmente morto. Se algum diz a ruiva já tivera alguma sanidade, não era possível dizer. Seus olhos verdes-esmeralda olhavam injetados para o rosto do homem.

Outros bruxos e bruxas rodeavam a jovem, todos com a feição abalada, pois eles podiam, como muitos em épocas de guerra, simpatizar com o sofrimento dela.

Lily Potter não levantou os olhos quando Sirius Black colocou a mão em seus ombros tentando confortá-la. Ele mesmo, não parecia tão bem, sua aparência lembrava a de quando fugira de Azkaban.

Sirius observou com cautela a amiga, não podia deixar de pensar em como ela estava tão vulnerável, em como ela desistira tão rapidamente de viver ao ver James morrer. Se Sirius, Marlene e Dorcas não tivessem aparecido para reforçar a defesa e matado todos os comensais, Lily estaria tão morta quanto James. De fato, quando ele entrara correndo no corredor, a ruiva estava parada observando o marido, em transe, a varinha totalmente abaixada, como se já não tivesse importância.

- Não é justo... não, não, não... – a voz de Lily estava irreconhecível, embargada pelas lágrimas que não paravam de escorrer por seu rosto bonito.

O próprio Sirius também estava chorando silenciosamente.

- Nós passamos por tudo aquilo para chegar a isso? – ele exclamou para ninguém em particular.

Tonks, que se recuperar do ataque de Greyback, desvencilhou-se dos braços de Remus que a segurava possessivamente. Boa parte do corpo do maroto estava arranhado e sangrando, por conta da luta que tivera com o outro lobisomem, agora morto.

A jovem de cabelos roxos se aproximou de Lily, seu rosto estava pálido.

- Eu sinto muito – falou – É tudo minha culpa.

Pela primeira vez em muitos minutos, Lily levantou os olhos inchados e observou a bruxa sem responder.

- Como pode ser sua culpa? – Remus interceptou.

Tonks esticou os braços e pôs as mãos sobre as de Lily, que ainda segurava o corpo inerte de James.

- Se eu não tivesse sido tão teimosa e vindo para Hogwarts, Greyback não teria me atacado para poder machucar Remus. E Remus não estaria distraído tentando rechaça-lo. James não teria que ter se jogado na frente para tentar salvar a vida dele.

Lily baixou os olhos de novo, e passou com carinho, uma mão no rosto de James.

- Não posso julgar você, teria feito o mesmo em seu lugar. – sussurrou.

- Não foi culpa sua – disse Remus – Você acha mesmo que não teria lutado com Greyback mesmo você não estando aqui? Ele é o motivo de eu ser o que sou.

- A verdade, Tonks – disse Sirus recuperando a voz – É que não é culpa de ninguém, Prongs morreria por qualquer amigo. Era uma das coisas mais bonitas de sua personalidade.

Lily conteve outra onda de lágrimas quando teve um pensamento súbito. A cor voltou para suas bochechas e um novo brilho surgiu em seu olhar.

- Xenofílio – exclamou, fazendo Dorcas pular assustada. – Ele pode ressuscitar James, certo? – continuou um pouco incerta – Quantas vez pode uma pessoa ser trazida à vida? – seus olhos dardejaram pelos rostos dos amigos em busca de uma resposta.

Remus passou a mão pelos cabelos grisalhos.

- Não sei, Lily. Na verdade, nem sabia que era possível trazer os mortos à vida antes de Xenofílio ter feito isso.

Lily se agarrou com mais força ao corpo inerte de James Potter.

- Remus, encontre o Sr. Lovegood para mim, e enquanto isso, preciso achar o meu filho.

OOOOOOOOOOOO

Harry segurou a presa de basilisco com mais firmeza, as mãos de Ron e Hermione estavam por cima da do amigo, todos prontos para furar o diadema. A Horcrux, apesar de seu um objeto, brilhava de uma forma ameaçadora, como se soubesse o que estava prestes a acontecer com ela.

A dor na cicatriz de Harry Potter latejava com força, ao ponto de fazer os olhos do garoto lacrimejar.

Por um segundo, a cena à sua frente desapareceu, dando lugar a uma paisagem totalmente diferente.

Seus dedos acariciavam uma cobra gigantesca, escorregando por suas escamas úmidas e geladas, seus pés descalços pisavam na terra de uma floresta escura e hostil. A cada passo, folhas caídas e gravetos se partiam. O ar parecia se curvar a sua presença. Bruxos e bruxas encapuzados caminhavam ao seu lado como uma guarda de honra.

- Ele não veio – a boca de Harry se abriu, mas não foi a voz dele que ecoou pelas árvores.

- Ele não é tão corajoso como você, meu senhor – disse um comensal.

- Milorde, - disse um homem de cabelos loiros e rosto pálido – deixe-me busca-lo.

- Não, Lucius. Você ficará aqui...

Harry abriu os olhos, ofegante. Ele estava caído no chão. Ron e Hermione o rodeavam, preocupados. A sala era um borrão colorido, seus óculos haviam caído.

- Cara, você está bem? – perguntou Ron, entregando os óculos.

O garoto se apoio nos cotovelos e levantou, sua mão ainda agarrada à presa do basilisco.

- Sim – respondeu sem ar.

Hermione pôs uma mão em seu ombro.

- Você viu alguma coisa – não era uma pergunta.

Harry suspirou.

- Voldemort está se escondendo na Floresta Proibida. Está ficando impaciente porque ainda não me entreguei.

Ron e Hermione se entreolharam, receosos.

- Mas você não está planejando se entregar, não é? – questionou a amiga.

O garoto estava em visível confronto com si mesmo, e olhou para os amigos, incerto.

- Farei o que for necessário para acabar com a guerra. Mas agora, devemos nos focar em acabar com o diadema – disse olhando para o objeto.

Ron e Hermione seguraram a presa mais uma vez.

- Quando eu disser três – falou Harry. Todos inspiraram ao mesmo tempo, reunindo coragem – Um... dois...TRÊS!

Como um só, os três amigos abaixaram a presa de basilisco, que afundou com facilidade. Um guincho medonho ecoou pela sala, as janelas estouraram, e uma lufada de ar gelado jogou os bruxos para trás. Harry caiu por cima de algumas carteiras, sentindo uma dor aguda do lado direito do corpo. Ron, em algum lugar, deixou escapar um palavrão.

Naquele instante, a cicatriz de Harry queimou perversamente, e ele deixou escapar um grito. Dentro de sua cabeça outra pessoa estava gritando.

Voldemort se apoiou em um tronco largo e empurrou os comensais que corriam para ajuda-lo.

- Fiquem longe seus vermes. – sua dor não era nada comparada com a fúria que tomava cada partícula de seu corpo. – MALDITO SEJA HARRY POTTER! – berrou sacando a varinha. Flashs verdes saiam de sua arma, derrubando qualquer um que estivesse a sua frente. Ele não se importava com aqueles incompetentes.

Só uma pessoa era capaz de resolver aquilo.

Ele mesmo.

- Não – ofegou o garoto. Hermione o ajudou a ficar de pé. – O próprio Voldemort vai invadir o castelo.

Ron empalideceu. Mas Hermione balançou a cabeça.

- Está tudo bem – falou tentando acalmá-los, mas ela própria estava tremendo – Temos Dumbledore do nosso lado.

- Precisamos encontra-lo. – disse Harry com urgência.

Os três saíram da sala, correndo pelos corredores. Precisavam avisar Dumbledore antes que Voldemort alcança-se os jardins. Harry desceu a escadaria de mármore, dois de degraus de cada vez. Empurrou um comensal, tirando-o de seu caminho, o homem caiu por cima da balaustrada.

Perto das grandes portas de carvalho, ele viu uma barba muito branca. Poucos comensais tinham coragem de enfrenta-lo, e nenhum tinha sucesso em feri-lo. Dumbledore era simplesmente o melhor bruxo do século. Um atrás do outro, eles tombavam imóveis no piso frio.

Finalmente, o garoto conseguiu alcançar o velho bruxo. Vendo a expressão no rosto do moreno, Dumbledore disse:

- Aconteceu alguma coisa, Harry? – Albus fez um movimento amplo e empurrou todos os comensais cinco metros para trás. Livre do incômodo, ele se aproximou mais do garoto.

- É sobre Voldemort, professor – em rápidas palavras Harry contou o que viu.

Os olhos azuis do diretor olharam para os jardins, pensativos e depois se voltaram para o jovem.

- Você precisa vir comigo. Ron e Hermione, vou ter que pedir para que fiquem aqui.

Sem mais uma palavra, Dumbledore levou o garoto para uma sala vazia. Feitiços de proteção saíram da varinha do diretor, assegurando que ninguém se intrometeria na conversa.

Uma conversa, que Harry Potter nunca esperaria ter.

Dumbledore sentou em uma cadeira perto das janelas e observou a paisagem com o cenho franzido.

- Nós precisamos deixa-lo entrar, Harry – disse o bruxo.

O garoto sentou-se ao seu lado, chocado. A sala pareceu esfriar, e ele tremeu.

- O que quer dizer? Não podemos fazer isso!

- Sim nós podemos. E, infelizmente, devemos. – ele levantou a mão, pedindo para Harry não interrompê-lo. – Você quer que a guerra acabe? – o jovem fez que sim – Então precisa me escutar com atenção, pois o que eu vou dizer não é fácil.

"Voldemort, por anos, dividiu sua alma em várias partes e as colocou em objetos. As Horcruxes que Ron, Hermione e você vieram caçando e destruindo ao longo dos meses. O problema de dividir a alma em tantas partes e que ela se torna frágil e instável. Por isso, quando Voldemort tentou matar você e a proteção de sua mãe o salvou, uma parte da alma de Voldemort se desprendeu, alojando-se na coisa mais próxima a ela.

O estômago de Harry afundou, ele já sabia a resposta.

"Ela se alojou em você, Harry. É por esse motivo, que você é capaz de falar com as cobras, de escutar a mente de Voldemort... Uma parte dele está dentro de você, e assim, seu corpo absorveu parte de suas habilidades e poderes.

Harry achou que talvez fosse vomitar, algo não muito heroico de sua parte. Seu coração acelerou com força, e ele começou a suar frio.

- Você, Harry, é a Horcrux que Tom Riddle nunca teve a intenção de fazer. – Dumbledore o observou, visivelmente triste. Seus olhos azuis brilhavam como duas pequenas estrelas.

- Então, todo esse tempo... você me preparou para morrer. – sua voz saiu tensa, com raiva.

Mas então, Harry Potter murchou. Toda aquela efervescência repentina desapareceu. Ele não tinha razão para odiar Dumbledore, nada daquilo era culpa dele, afinal. Era só entre Voldemort e ele.

Harry passou por tudo aquilo, para simplesmente morrer na hora certa.

Dumbledore retirou algo das vestes, uma longa varinha de salgueiro.

- Há mais uma coisa que precisa saber.

OOOOOOOOOOOOO

Os dementadores se afastaram, quando Voldemort adentrou o terreno. A presença dele causava mais terror do que todos os guardas de Azkaban juntos. A névoa colava em duas vestes pretas, e Nagini, a cobra, rastejava a seus pés.

Alguns dos estudantes, alarmados, recuaram para dentro do castelo, em busca de reforços.

Uma mulher de cabelos eriçados riu histericamente, ela andava com tranquilidade atrás de seu mestre. Sabia o terror que emanavam, e se deliciava com isso. Seus olhos escuros eram dementes e dardejavam com velocidade, observando o terreno inimigo.

- Vamos começar a festa! – gritou e os outros comensais deram risada. – Quem eu devo matar primeiro? – Bellatrix balançava a varinha ameaçadoramente.

Todos os comensais que estavam espalhados por Hogwarts, pareceram se organizar ao lado de Voldemort, formando uma linha de batalha.

Lily, os membros da Ordem da Fênix e da AD bloquearam a entrada do castelo. Se permitissem que Voldemort invadisse, talvez todas as chances de vencerem a guerra desapareceriam.

O coração da ruiva, desde que vira James morrer, virara uma pedra, ela só conseguia pensar em como queria matar aqueles desgraçados um por um.

E absolutamente nada iria impedi-la desta vez.

Sirius estreitou os olhos quando viu Bellatrix rindo ao lado do mestre. Marlene segurou sua mão, com esse simples gesto, demonstrando que ficaria a seu lado até o fim.

- Ela é minha – disse Sirius com firmeza.

Marlene observou Bellatrix.

- Eu compreendo.

Marlene McKinnon tinha suas desavenças com a comensal, mas entendia a necessidade de Sirius, aquilo era um acerto de contas da família Black.

Voldemort parou de andar, e todos os seus seguidores seguiram seu exemplo. O bruxo observou, impassível, a patética linha de defesa de Hogwarts.

- Então é essa a estratégia de Dumbledore? – sorriu friamente.

Um silêncio pairou sobre a escola. Todos segurando a respiração para saber o que viria a seguir.

- Quanto desperdício de sangue mágico – Riddle balançou a cabeça fingindo tristeza – Só um covarde para deixar que outros morram por ele. Entreguem-me Harry Potter, e eu retirarei minhas tropas. – ofereceu com sorriso rasgado.

Lily deu um passou a frente. Antes que Sirius pudesse segurar seu braço, ela cruzou determinada o pouco espaço que restava entre os inimigos. Os comensais, como um, levantaram as varinhas, mas Voldemort fez um movimento brusco para que as abaixassem. Ele encarou divertido a ruiva que estava a sua frente.

- Lily – disse o Sirius em alerta, mas a esposa de seu amigo o ignorou.

Lily Potter podia ter baixa estatura, mas sua postura era desconcertante. Seus olhos verdes, como os de Harry, cravaram nas íris rubras de Tom Riddle.

- Você nunca mais colocará as mãos em meu filho de novo.

Os comensais explodiram em gargalhadas, um mais insano que o outro.

- Como se uma sangue-ruim pudesse competir com o Lorde das Trevas – caçoou Bellatrix, arreganhando os dentes.

A ruiva nem se dignou a olhar para a outra bruxa, sua atenção totalmente focada em Voldemort.

- Ninguém pode me impedir, Potter. Muito menos você – mas ele não ria, lembrava-se muito bem do que acontecera da última vez em que aquela ruiva se interpusera entre ele e Harry Potter.

Lily sorriu friamente.

- Você nunca aprende, não é, Riddle? Essa é a sua ruína.

Voldemort sacou a varinha com uma rapidez, que só poderia ser descrita como sobre-humana. Um grito de fúria escapou de sua boca sem lábios e ele atacou.

- NÃO! – alguém gritou.

Lily era uma bruxa competente, talvez tivesse conseguido se defender, talvez não. Isso ninguém nunca irá saber, pois naquele momento outras forças estavam em jogo. A ruiva foi jogada para o lado, sem cerimônia, e caiu nos degraus de pedra, arranhando o braço esquerdo. Ela levantou os olhos verdes bem a tempo de ver o feitiço atingir o peito de Harry. Como seu pai, o garoto tombou sem vida.

OOOOOOOOOOOO

Ele abriu os olhos, e tudo era branco. De um branco leite, puro e completo. Harry Potter se apoiou nos cotovelos e olhou para si mesmo, confuso.

O garoto estava pelado. De fato, agora que percebia, estava sem óculos também. Encolheu-se envergonhado, olhando para os lados para garantir que ninguém o estava vendo naquele estado.

Como fora parar ali? Não fazia ideia.

Naquele momento, Harry Potter só queria um conjunto de roupas.

Ele se levantou decidido a encontrar alguma coisa para vestir, o chão, aos seus pés, parecia fundir-se com a brancura a sua volta. Mas se observasse com atenção, como estava fazendo naquela hora, poderia notar uma divisão. Com o passar dos segundos, o ambiente tomava uma estrutura.

Harry estava (ou ele assim pensou) em um piso elevado, e não muito longe dele havia um banco com um amontoado de roupas, também brancas. Como um raio, o garoto pegou o conjunto e o vestiu, aliviado.

Agora que estava apresentável, passou a considerar a situação em que se encontrava. Sua memória voltava ao poucos, a cada minuto que se passava.

Um gemido baixinho cortou o silêncio, sobressaltando o bruxo. Alguém estava chorando, não muito longe. Na realidade, a lamentação estava vindo debaixo do banco, algo que Harry achou estranho.

Ele se agachou e prendeu a respiração.

Ali, aninhada, estava a criatura mais horrorosa que já vira. Isso era algo formidável, pois ao longo da vida, se deparara com coisas bem estranhas em Hogwarts.

Parecia uma criança. Seu corpo era miúdo e extremamente magro, a pele lembrava um couro vermelho, como se houvesse sido queimado até deixar em carne viva. A criatura se abraçava desolada, algo horrível emanava dela. Harry queria sair correndo, mas precisava ajuda-la.

- Não há nada que possa fazer por ele, Harry – disse uma voz às costas do garoto. Ele gritou assustado, ficando de pé. Ao se virar, deparou-se com seu próprio reflexo.

Pelo menos foi o que primeiramente imaginou...

- Pai? – falou chocado.

James Potter sorriu e passou um braço em volta dos ombros do filho.

- Eu sabia que você apareceria eventualmente – comentou o maroto.

Harry olhou para os dois lados, colunas brancas se destacavam da névoa leitosa. Ele voltou a observar o pai.

- Onde estamos?

Prongs deu de ombros.

- Não saberia dizer. Onde acha que estamos?

Harry prestou mais atenção no ambiente. Devagar uma ideia começou a se formar.

- Em uma estação de trem... King's Cross!

- Interessante.

O garoto se soltou do braço do pai e ficou de gente para ele.

- A última coisa que me lembro, é de ter me jogado na frente de mamãe...

- Isso foi muito corajoso.

- A maldição da morte me atingiu e... e eu acordei aqui.

James colocou as mãos nos bolsos da veste azul que usava.

Harry franziu o cenho.

- Eu morri, não é?

- Ainda não.

- E o que você está fazendo aqui? - um medo começou a subir pela garganta do garoto.

Os olhos cor-de-mel do maroto brilharam com pesar.

- Eu... – falou – Não tive tanta sorte.

O chão clinicamente branco (Petúnia ficaria com inveja) pareceu sumir sob os pés de Harry. Ele balançou a cabeça.

- Você não pode estar morto. Xenofílio o trouxe de volta e...

- E eu morri de novo. – completou James – Como disse: não tive tanta sorte.

O pai o bruxo começou a caminhar pela plataforma, quando achou um banco se sentou. Ele indicou para que o filho fizesse o mesmo.

- Não estou aqui – disse – para falar de mim. Você tem duas escolhas para fazer agora. Ambas irão mudar o rumo do mundo bruxo para sempre.

- O que é? – o coração de Harry acelerou.

- Morrer ou não. – disse James com simplicidade.

Harry Potter precisou de alguns segundos para absorver a mensagem. Ele se mexeu no banco, incomodado.

- Eu posso escolher entre... morrer ou não?! – exclamou, pasmo.

James, o antigo brilho maroto voltando aos seus olhos.

- Uma das muitas maravilhas de você ser quem é.

- Como isso é possível?

- Dumbledore já explicou a você como se tornou uma Horcrux de Tom Riddle – o olhar de James vagou para o outro banco, onde a criatura continuava escondida. – O que você não sabia, é que Voldemort também está ligado com você. Ele, com toda sua arrogância, não percebeu que, quando se utilizou de seu sangue para recriar um corpo, formou um elo com você. Um elo que só pode ser quebrado com a morte.

Harry achou, pela segunda vez naquela noite, que iria vomitar.

- E agora...

- E agora, você pode morrer e ir "à diante" comigo. – disse James Potter – Ou, pode voltar e ter outra oportunidade para destruir Voldemort.

O garoto pesou as possibilidades que seu pai o estava oferecendo. Ele levantou os olhos para James.

- Eu sei o que vou fazer. – disse com firmeza.

O maroto sorriu com orgulho.

- Tome conta de sua mãe por mim.

OOOOOOOOOOOOO

Quando a maldição acertou Harry, ela ricocheteou e Voldemort também caiu inconsciente por alguns segundos. Naquele curto instante, todos seguraram a respiração, crentes que o inimigo estava finalmente morto.

Mas não estava.

Com um grito de guerra Sirius atacou Bellatrix, que tentava ajudar seu mestre a se levantar. Como se fosse um sinal, a Ordem da Fênix e todos os outros que haviam comparecido para defender a escola avançaram contra os comensais.

Voldemort se levantou, furioso, e avançou contra Lily. Mal havia dado alguns passos e seu caminho foi interceptado por uma jovem muito bonita.

- Você terá que passar por mim, se quiser chegar até ela – desafiou Ginny em voz alta. A garota não fazia ideia de onde aquela coragem viera, estava morrendo de medo e mesmo assim estava ali. Talvez fosse o fato de que aquele homem havia matado seu namorado, talvez fosse o fato que queria que a guerra terminasse logo... a ruiva não saberia dizer.

Mas faria o que fosse necessário para defender Hogwarts.

- Isso pode ser arranjado – concordou Voldemort com um sorriso de escárnio.

Os reflexos do quadribol foram o que impediram Ginny Weasley de morrer naquele instante, pois o Lord era rápido e seus feitiços muito fortes.

- Protego! – gritou a jovem. Um escudo brilhante de energia se materializou entre os combatentes.

Duas das maldições de Voldemort encontraram o escudo, que vibrou como um gongo e explodiu. A ruiva recuou, tentando encontrar uma forma de certar o bruxo.

Um pio profundo ecoou pelos terrenos do castelo, sobrepujando o barulho da batalha. Uma fênix imensa surgiu por de trás da torre mais próxima, ela se aproximava com velocidade, entoando uma melodia suave. Fwakes carregava algo entre as compridas garras.

Todos, por um instante, pararam de lutar e observaram, admirados, a bela ave circundar Ginny Weasley e largar o fardo aos seus pés, que caiu com um baque abafado.

Voldemort estreitou os olhos, quando a ruiva abaixou-se e pegou objeto.

- Um pássaro... – caçoou o Lorde – e um chapéu! – exclamou ao reconhecer o Chapéu Seletor nas mãos da garota.

Ron, Hermione e Lily se aproximaram de Ginny para ajuda-la. A jovem estranhou o peso excessivo do chapéu, algo estava escondido dentro dele. Com um movimento fluído, a garota puxou a espada de Gryffindor. A lâmina refletiu majestosamente as chamas que ainda se espalhavam pelo terreno, lançando um brilho triunfante.

- Ah... o que você vai fazer com isso, traidora de sangue? – Voldemort abriu os braços – Me espetar?

Hermione ofegou.

- Ginny! – gritou – A cobra!

E com isso Mione atacou o Lord, seguida de Ron e Lily, para poder ganhar tempo para a ruiva. Ginny hesitou por um segundo e avançou contra Nagini que estava a poucos passos de seu mestre.

A batalha por todo o castelo reiniciou, o incidente com a fênix momentaneamente esquecido.

Nagini deu o bote, mas a ruiva conseguiu se desviar de suas presas. Voldemort tentou se desvencilhar dos três jovens bruxos para salvar a cobra, mas não podia escapar dos diversos feitiços lançados em sua direção.

Ginny Weasley girou a espada em um arco incompleto, a lâmina afiadíssima, afundou nas escamas de Nagini como se estivesse cortando manteiga. A cabeça da cobra voou e caiu, com um baque nauseante, aos pés de Voldemort.

O Lord gritou e cambaleou. Com satisfação, Lily viu um de seus feitiços cortar o lado esquerdo do rosto de Tom Riddle; e, como qualquer outro mortal, sangue respingou nas vestes pretas do inimigo.

OOOOOOOOOOO

- CRUCIO! – berrou Bellatrix com um sorriso de escárnio.

Ela avançava contra Sirius jogando maldições com uma velocidade absurda. Se ele fosse um bruxo qualquer, já estaria morto há algum tempo. O maroto desviou com agilidade de uma maldição da morte.

- Está perdendo o jeito Bellatrix – disse o animago – Se não ficasse tanto tempo olhando apaixonada para seu Lord Maravilha, estaria em forma.

A bruxa enrubesceu, e gritou de raiva.

- Não ouse desrespeitar o meu mestre, seu vira-lata – rebateu, e para enfatizar, um flash verde-esmeralda saiu de sua varinha. Sirius, entretanto, esperara por meses por aquela oportunidade, e não deixaria que Bellatrix Lestrange o matasse com tanta facilidade.

- Diffindo! – gritou o maroto.

A comensal não foi tão rápida, e cambaleou tentando estancar o corte profundo que se abrira em seu peito. Ela deixou escapar um lamento.

Sirius avançou sem piedade, mas sua prima já estava pronta. Com um rebote de varinha, o animago foi lançado vários metros para trás. Assim que suas costas encontraram o chão, ele perdeu o ar. Estrelinhas dançaram em sua visão, o desorientando.

O pé da bruxa pisou com força em seu peito, a varinha apontada entre os olhos de Sirius.

- Você tem muito que aprender, filhotinho – ela riu, os dentes amarelos à mostra – Pena que não vai ter mais tempo para isso.

- Se você falasse menos, talvez não fosse morrer – rebateu o maroto, furioso.

Sua mão agarrou a perna da prima e ele a puxou para baixo com força. Perdendo o equilíbrio, a bruxa tombou; sua varinha voou para longe de seu alcance.

Com um salto Sirius Black se pôs de pé, antes que Bellatrix pudesse se recompor.

- Diga olá para minha mãe quando a encontrar no inferno – falou friamente antes de lançar a maldição da morte. Um segundo depois a comensal se calou para sempre.

OOOOOOOOOOO

Ódio e descrença emanaram dos olhos de Lord Voldemort. Quantas pessoas saberiam de seu segredo? Com um guincho agudo, ele atacou os quatro bruxos. Uma coluna de fogo jorrou de sua varinha. O feitiço, entretanto, parou a centímetros do rosto de Ron, Hermione, Lily e Ginny; colidindo com uma parede invisível.

Riddle, admirado, procurou o responsável, e empalideceu, pois no topo da escadaria que levava às grandes portas de carvalho, se encontravam Albus Dumbledore e Harry Potter.

- HARRY! – berrou Lily, aliviada, lágrimas de alegria escorreram por sua face, deixando dois traços finos em suas bochechas sujas. – Como...?

- Ele está vivo! – vários gritos de alegria ecoaram pelas tropas de Hogwarts, mas logo cessaram, aterrorizados.

A expressão no rosto de Voldemort era homicida. Harry não esboçou qualquer reação ou reconheceu as exclamações dos amigos. Para o garoto, só havia um rosto naquela batalha, o de Voldemort.

Dumbledore ainda apontava a varinha para o inimigo, segurando por mais alguns segundos, o escudo. Com um maneio de cabeça, indicou para que Lily e os amigos de Harry saíssem de dali.

Um por um, todos os combatentes se afastaram, formando um círculo perfeito ao redor de Harry, Albus e Riddle.

O garoto e o diretor desceram as escadas e pararam a dois metros do Lord, este aprumou a varinha.

- Ora, ora, ora – Tom Riddle sibilou com veneno – se não é o velho caduco e seu bebezinho covarde. Vieram se juntar a festa? Ou ficarão nos bastidores como sempre?

- Não haverá mais festa hoje à noite – disse Harry com simplicidade – Isso irá acabar agora. Só nós dois. Um não poderá viver, enquanto o outro sobreviver. Lembra-se disso?

O Lord soltou um riso insano, que era muito mais aterrorizante do que qualquer um de seus gritos e berros.

- Um de nós? Você realmente acha, criança patética, que poderá me subjugar, que é mais poderoso do que eu? – os olhos de Riddle voltaram-se para o diretor – Então você deixará o garoto morrer? Irá utilizar um de seus alunos como escudo? Como as coisas mudaram, não?

- Ah, Tom – suspirou Dumbledore com tristeza – Você nunca aprende. Insiste em ignorar os fatos... O Harry, aqui, possui algo que você nunca terá...

- Ele possuí algo que eu nunca terei? ELE?! – berrou, as narinas inflando com fúria. Mas logo seu tom abaixou, para um sussurro sibilante. A multidão que assistia estremeceu de medo. – E o que seria esse pretenso poder que Harry Potter teria?

- Um coração. Amor, algo, que se bem me lembro, lhe disse inúmeras vezes.

Por um segundo, Tom Riddle ficou em silêncio, chocado. Então desatou em uma gargalhada maníaca.

- Amor! Amor! – seu rosto se contorceu. Harry podia sentir a magia se acumulando no cerne da varinha do inimigo. – O amor não te impediu de cair daquela torre, não foi, Dumbledore?! Eu tenho poderes, seu velho tolo, que você nunca sonharia em ter! Poderes que este garoto patético nunca seria capaz de produzir! – os rubis, que eram os olhos de Voldemort, voltaram-se mais uma vez para Harry Potter – Você, menino, só está aqui, não porque seja mais poderoso do que eu, mas porque se escondeu por detrás das saias de homens e mulher mais corajosos que você! Você, Potter, está aqui por acaso. Não devia ser capaz de portar uma varinha, não é digno para isso. E agora, veio aqui, querendo ser melhor que eu! Clamando ter poderes que eu, Lord Voldemort, não tenho!

- Você é – disse Harry lentamente – tão... cego. Foi acaso quando minha mãe morreu para me salvar? Acaso, quando não me defendi hoje à noite e, ainda assim, sobrevivi e voltei para lutar?

"Você não matará ninguém hoje à noite; nenhum deles, nunca mais. Pois sua ignorância não é capaz de ver e entender algo que há muito tempo já deveria ter compreendido. Fiz o que minha mãe fez. Protegi-os de você, me sacrifiquei por essas pessoas...

- Você não MORREU! – gritou Voldemort, o rosto ofídico empalidecendo.

- Tive a intenção, e é isso que faz toda a diferença. Portanto, hoje, tudo se resume a nós dois. Tem que ser assim. – Harry ergue a varinha em desafio - E é assim que vai ser.

Por um segundo, o mundo pareceu silenciar, na expectativa do que estava por vir. Era como se a multidão não estivesse ali, respirando, mas só Harry e Lord Voldemort.

E então esse segundo terminou, e o último duelo começou.

Os dois gritaram ao mesmo tempo, encarando-se nos olhos, verde e vermelho. Flashes dispararam de suas varinhas, os feitiços se chocaram no centro absoluto, produzindo um clarão que iluminou a noite. Mas daquela vez, suas varinhas não se conectaram, como acontecera no cemitério.

Não, pois a varinha que Harry empunhava não tinha um cerne de fênix, mas fora produzida pela madeira de um salgueiro há muitos anos atrás. Era a Varinha das Varinhas, que depositária sua lealdade no garoto no momento em que ele subjugara Draco Malfoy dias atrás.

A luta, desta vez, seria de igual para igual. Somente com perícia.

Voldemort não pode deixar de notar que Harry não era mais o garoto que duelara com ele naquele cemitério. Ele evoluíra, estava mais forte e rápido, alimentado pela tristeza e amargura que fora submetido tantas e tantas vezes.

Harry se desviava com uma facilidade alarmante das investidas do Lord, seu rosto fincado em pura concentração.

- Incarcerous! – Harry fez um movimento de varinha e cordas se materializaram. Para frustração do garoto, Voldemort impediu o feitiço.

- Reducto! – rebateu o bruxo. Harry rolou para o lado e os degraus mais próximos da escadaria explodiram. As pessoas gritaram e se afastaram tentando proteger os rostos.

Com um salto Harry ficou de pé, se aproveitando da confusão para ganhar terreno.

- Sectumsempra – o garoto ficou surpreso quando realmente acertou Voldemort.

O bruxo caiu para trás, cortes profundos rasgando sua pele pálida e encharcando suas veste de sangue. O próprio Lord não parecia acreditar no que estava acontecendo e por um instante ficou sem reação.

Foi tudo o que Harry Potter precisou naquele momento.

- E espero que tenha se arrependido de tudo que fez – falou inexpressivo – Avada Kedavra!

Tudo ficou silencioso, as pessoas deixaram de correr.

Harry pode escutar as batidas de seu próprio coração, não percebera antes o quanto ele estava acelerado.

Uma, duas, três...

- Você conseguiu! – gritou Sirius em algum canto.

Fez-se o caos.

OOOOOOOOOOOO

Uma hora depois, quando conseguiu se desvencilhar da multidão que vinha parabeniza-lo, Harry encontrou sua mãe ajoelhada ao lado de um homem deitado, imóvel. Os dois estavam ao lado da mesa dos professores, no Salão Principal.

Várias pessoas adentravam o local trazendo mais e mais feridos de guerra, mas o clima ainda assim era leve. Voldemort se fora para sempre.

O garoto viu de relance, Dumbledore agachado, ajudando a curar um casal de jovens. Mas não parou para conversar com o diretor, sua atenção focada em Lily Potter.

Sua mãe segurava com ternura a mão pálida de James, que depois de morto, tinha a aparência de uma estátua de cera. Lágrimas escorriam livremente pelo rosto da jovem, uma mão de ferro parecia estar segurando seu coração.

Harry ajoelhou-se do lado da mãe. Não sabia o que dizer, na verdade, não sabia se conseguiria dizer alguma coisa, sua garganta estava embolada, como se tivesse engolido uma goles. Precisou de todo o autocontrole que adquiriu com o passar dos anos, para não cair no choro também. Não conseguiu observar o cadáver de James por muito tempo, lembrava-se de seu pai na branca Estação King's Cross, e era essa a imagem que queria guardar em sua memória.

- Não... – começou a dizer, mas sua garganta estava seca de mais e o resto da frase se perdeu. Lily levantou os olhos inchados. Harry inspirou e tentou de novo – Não precisa ser assim, sabe.

- O que quer dizer? – a ruiva sussurrou. Ela parecia quebrada, acabada. Harry odiou cada segundo daquilo. Não suportava ver sua mãe naquele estado, Lily não merecia nada tão cruel.

- Xenofílio pode trazer meu pai de volta... de novo.

Como se tivesse aberto uma torneira, Lily começou a chorar de verdade. Harry a abraçou, confuso, sentindo o corpo de sua mãe convulsar por conta dos soluços de rasgavam sua garganta.

- Xenofílio está morto – falou por entre as lágrimas.

O garoto empalideceu, ficando tão branco quanto o pai, todos os seus músculos fraquejaram. Precisou de alguns segundos para absorver o que sua mãe dissera.

- Não pode ser – arquejou. – Mas isso significa... meu pai...

- James não pode voltar – Lily cuspiu aquelas palavras como se elas houvessem aberto feridas em seu peito.

Harry não conseguiu mais suportar aquilo. Segurou a mãe com mais força, buscando apoio e conforto. Mas sabia que Lily não poderia oferecer nenhum, parte dela havia morrido com James Potter. Os olhos de Harry embaçaram, não se lembrava da última vez que chorara. Uma lágrima quente e salgada escorreu por sua bochecha.

- Xenofílio deve ter arquivado seu segredo em algum lugar – exclamou o garoto, frustrado.

Imediatamente, Lily Potter parou de chorar, seus olhos verdes dardejaram para o rosto do filho, pasmos.

- Arquivou.

OOOOOOOOOOOOO

O quarto de Xenofílio estava como Lily se lembrava da última - e breve - vez em que visitara o local.

Ela torceu o nariz, o lugar cheirava muito mal. Harry acendeu a luz do pequeno quarto. Dizer que aquilo era um chiqueiro era pouco, parecia que o apocalipse acontecera bem ali.

Roupas, livros, papeis soltos e objetos não-identificados coalhava cada centímetro do assoalho. Por baixo do entulho, o garoto notou manchas de queimado, como se várias coisas houvesse explodido.

Lily correu para debaixo da cama, procurando o baú de Xenofílio, onde estavam guardados os papéis que explicavam como ressuscitar os mortos.

- Não está aqui – falou com uma nota de pânico na voz.

- Vamos acha-lo, não se preocupe – disse Harry tentando acalmar a mãe.

Achar o baú provou-se não ser uma tarefa fácil, apesar do pequeno espaço, Xenofílio entulhara muitas coisas estranhas...

Mas nada daquilo era o que buscavam.

Lily sentou-se na cama com os ombros caídos.

Os raios das primeiras horas da manhã iluminavam seus cabelos, dando-lhes um aspecto de fogo.

- Não pode ser...

- Mãe... – Harry não sabia bem o que dizer, ele se aproximou com pequenos passos.

- Pelo menos – disse a ruiva – Nós ainda temos um ao outro.

- Para sempre – prometeu o garoto. Piso de madeira aos seus pés rangeu de forma estranha. Ele olhou para baixo. Lily não percebeu nada, distraída.

Harry se ajoelhou e bateu de leve no chão. O som oco se repetiu. Com as mãos trêmulas, o garoto retirou a tábua do lugar, que saiu com facilidade.

Lily ofegou.

Ali, embaixo do piso, estava o baú.

Precisaram remover mais três tábuas para levantá-lo. Os olhos verdes de Lily brilhavam com animação.

- É esse mesmo.

Impaciente, a ruiva abriu a tampa, expondo enormes quantidades de pergaminhos. Alguns eram muito antigos e outros muito recentes, como se Xenofílio estivesse transcrevendo as informações.

- Ainda há esperança – suspirou a ruiva.

OOOOOOOOOOO

Foram precisos dois meses para que Lily Potter pudesse estudar e entender completamente as instruções. Nesse ínterim, James e Xenofílio foram enterrados, protegidos por feitiços de conservação. E a ruiva, descobriu algumas informações interessantes.

O pai de Luna Lovegood, depois de passar vários anos pesquisando sobre as Relíquias da Morte, encontrou alguns pergaminhos na Bélgica que mencionavam um avanço dos estudos de um dos irmãos Peverell. Lily se lembrava de ter lido o Conto dos Três Irmãos, em seus anos em Hogwarts.

Xenofílio, acreditava que a história estava diretamente conectava com a família Peverell. No caso, esse três irmãos não teriam ganhado suas relíquias das mãos da Morte, como relatava o conto, e sim, as teriam produzidos por si sós.

Os pergaminhos da Bélgica, diziam que o segundo irmão, que inventou a Pedra da Ressureição, enquanto se utilizava do artefato para trazer parte da essência de sua antiga noiva; conseguira descobrir uma forma de realmente ressuscitá-la. Infelizmente, percebendo a infelicidade da moça, ele desistiu da ideia e escondeu até a morte o segredo, que fora enterrado com ele.

Xenofílio foi atrás dos documentos e começou a estuda-los. O procedimento, entretanto, não era muito fácil.

Primeiramente, o bruxo deveria criar uma da Pedra da Ressureição, para tanto, a pedra deveria ser banhada em uma poção que levava um mês e meio para ser preparada. Depois, submetida há uma série de encantamentos complexos.

Mas essa não era a parte que desvendava a façanha.

O problema que muitos bruxos enfrentaram durantes anos, a causa de as inúmeras tentativas de ressureição falharem, era porque todos só se preocupavam em convocar as almas, quando na verdade, além disso, deveriam criar um caminho para que elas encontrassem os corpos. O caminho reverso que fizeram ao morrer.

Portanto, quando, além de fabricar a pedra e ela era insertada perto do coração do cadáver, um feitiço muito importante deveria ser lançado.

Revocatas Anima. Ou Reversão da Alma.

E essa era a grande a invenção do irmão Peverell. Uma invenção, que até recentemente, ninguém executara.

Dois meses depois de encontrar os pergaminhos... Lily Potter estava pronta.

Ainda deveriam ser seis horas da manhã, quando a ruiva pediu para Harry ajudasse a trazer os corpos para a casa de Sirius, que habitavam temporariamente. A ideia o deixava um tanto enojado, mas não tinha alternativas, precisava ajudar seu pai.

O lugar estava quieto, o ar da manhã ainda fresco.

- Cuidado – alertou Lily quando o filho tropeçou em uma mobília, e Xenofílio se inclinou perigosamente.

Harry deitou os corpos no quarto onde Ginny antes ocupara com Hermione na época em que a Ordem da Fênix ainda se escondia. Infelizmente para o garoto, sua mãe não o deixou presenciar a ressureição.

Ele se sentou encostado na parede do lado de fora. Ron, Hermione e Sirius lhe fizeram companhia por quase duas horas.

- Vai dar tudo certo – disse a garota com um sorriso encorajador, percebendo a ansiedade do amigo. – Sua mãe é a mulher mais inteligente que conheci. Mais inteligente do que eu.

- Sua humildade me espanta – disse Ron com sarcasmo. Hermione deu um empurrão no ruivo, com um sorriso. Sirius e Harry se entreolharam, achando graça no flerte.

- Mal posso esperar para jogar uma partida de quadribol com Prongs. – suspirou Sirius.

Harry sabia que não era só isso que ele esperava. Sirius ainda não se casara com Marlene, com a esperança que Lily trouxesse seu melhor amigo de volta, e ele pudesse ser seu padrinho de casamento.

Naquele instante, como se tivesse escutado Harry pensar nela, a morena subiu as escadas e parou no patamar, observando-os.

- Querem que eu traga alguma coisa para comer? – perguntou com gentileza.

Ron concordou imediatamente, e Sirius deu de ombros, o que também significava que estava faminto.

Ver Sirius e Marlene juntos, fez Ron refletir um pouco o que ele queria para seu futuro (agora que tinha a chance de ter um, sem Voldemort por perto). O ruivo, subitamente virou-se para Hermione, reunindo coragem sabe-se lá de onde (algo que acontecia com frequência entre os Grifinórios).

- Precisamos conversar.

Sem esperar resposta, ele puxou a amiga para a sala de estar de Sirius.

- Espero que resolvam isso logo – comentou Harry com o padrinho.

- Eu também, eles estão enrolando há anos – criticou o animago – Nunca levei mais de cinco minutos para me decidir.

- Cinco minutos ou cinco segundos? – riu o garoto. Padfoot não respondeu, mas deixou escapar um sorriso.

Sirius passou a mão pelos cabelos.

- E você e Ginny?

Harry sorriu, uma coisa que nos últimos meses se tornara rara.

- Estamos bem – falou – É melhor pessoa que poderia ter ao meu lado. Mas Ginny voltou à Hogwarts. Afinal, Dumbledore conseguiu reabrir a escola em pouco tempo e voltou ao cargo de diretor depois que encontraram o corpo de Snape perto da Floresta Proibida.

Sirius olhou para as mãos.

- Julguei mal aquele homem... se eu soubesse... – ele interrompeu o que estava falando, voltou a olhar para Harry e mudou de assunto – Queria que Dumbledore tivesse aceitado o cargo de Ministro da Magia, aquele lugar poderia se beneficiar com um homem como ele.

- Não consigo ver Hogwarts sem ele – discordou o afilhado – Acho que Kim Shacklebolt será muito bom também.

O maroto concordou com a cabeça.

- Ele é um grande bruxo...

Sirius foi interrompido quando a porta do quarto se abriu e Lily apareceu no batente, parecendo mais pálida do que nunca.

- Não está funcionando... o feitiço não está... – ela soluçou. Harry e Sirius se levantaram rapidamente e se aproximaram.

O clima leve de antes se fora. Os três adentraram o quarto. De fato, James e Xenofílio estavam tão imóveis quanto antes.

Harry segurou a mão gelada do pai, enquanto Sirius e Lily repassavam as etapas das instruções para ter certeza de que a ruiva não se esqueceram de nada.

- Faz meia hora que terminei e nada aconteceu. Não sei mais o que fazer – exclamou Lily Potter à beira das lágrimas.

A ruiva não costumava ser daquela forma. Tão chorosa, insegura e frágil. Infelizmente, na vida, haviam algumas coisas que as pessoas não era capazes de suportar.

Harry aproximou os lábios do ouvido de James.

- O que mais precisamos fazer para que você volte? – suplicou, tentando manter a postura. Não queria chorar mais, não queria dar outro motivo para que sua mãe se preocupasse.

O garoto soltou a mão do pai e voltou-se para Lily.

- Talvez nós devêssemos...

Mas seja lá o que devessem fazer, ninguém nunca descobriu, pois naquele instante alguém segurou seu pulso com força. Harry rapidamente olhou para baixo, e viu James Potter o encarando de volta.

Sua alma havia despertado novamente.

FIM

OOOOOOOOOOOO

N/A: Acabou! É! Eu sei!

Espero que tenham gostado (pelo menos um pouquinho =])

O James voltou! Vocês sabiam que eu não seria tão cruel assim, né.

Sei que tem gente que gostaria que eu tivesse escrito mais momentos entre o Harry e Ginny, e o Ron e a Hermione. Só que essa fic era prioritariamente sobre a Lily e o James.

Enfim, nossa jornada termina aqui, mas tem muito mais coisa vindo por ai. Juro.

Beijos e obrigada pela honra de me acompanharem por todo esse trajeto!

Feliz 2013!

Aggie.