Ahh! Último capítulo. Nem queria postar! Razão da demora: autora triste se despede da história. Tá. Tem continuação. E por favor, leiam a continuação! Ela vai surgir algum dia aqui no site, com o nome "Minha Razão de Viver". Parece romântico ou tosco demais? Eu esperaria para saber. Bem... lá vai o capítulo 7!

ATENÇÃO: Esta fanfiction contém spoilers do livro Percy Jackson e o Último Olimpiano. Se você não terminou de ler o livro ainda e não quer saber parte do final sem querer, não te aconselho a ler. Para todos os outros, boa leitura.

Disclaimer: Percy Jackson e os Olimpianos não pertence à mim, e sim à Rick Riordan.

Sinopse: O acampamento meio-sangue está mergulhado em um tempo de apaixonados. Apenas Nico di Angelo não consegue entender porquê todos ficam agindo feito bobos.

(In)capaz de Amar

Capítulo 7 - Meu Garoto

O dia seguinte seria o último dia de acampamento e os campistas só teriam até meio-dia do amanhã para arrumar suas malas e ir embora de vez. Porém, sendo o último dia, Nico di Angelo decidiu aproveitá-lo o máximo que podia.

Acordou mais cedo do que costume, apesar de ter ido dormir muito tarde no dia anterior. Ele e Rachel haviam passado o resto da noite conversando na beira do lago e, consequentemente, perdido toda a festa. Não que ele se importasse com isso. A verdade é que acordara mais feliz do que nunca estivera antes, e seu coração batia com uma força vital maior do que estava acostumado, e tudo parecia mais colorido.

Nico levantou da cama e andou até a cômoda que existia num dos cantos do chalé, pegando uma muda de roupa. Após trocar-se, ele teve o ímpeto de procurar ver seu próprio reflexo. Havia um único espelho guardado numa gaveta, e Nico se analizou nele por alguns instantes. Ele estava se olhando no espelho. Aquilo era uma grande piada. Nico nunca havia se sentido tão estúpido assim em toda a sua vida, mas mesmo assim estava feliz.

Quando Nico chegou ao refeitório para o café-da-manhã, o primeiro lugar para onde ele olhou foi a mesa onde Quirón e Dioniso costumavam se alimentar. Ali, iluminada por um raio de Sol da manhã, estava Rachel Elizabeth Dare. Ela também o havia visto, e quando ele a olhou, ela sorriu. Nico sorriu de volta, de orelha a orelha, e seus olhos podiam ter brilhado. Ele desviou o olhar por alguns segundos para pegar sua comida e oferecer parte ao pai. Porém, ao olhar de volta para a mesa da garota, ela não estava lá. Nico arqueoou uma sombrancelha, confuso, quando ouviu alguém pigarrear do seu lado. Ele virou-se assustado e, parada logo atrás dele, estava Rachel.

- Posso me sentar aqui? - ela perguntou, apontando o lugar na mesa ao lado dele. Nico imediatamente afastou-se um pouco para a esquerda, dando espaço para ela.

- Ah... Rachel? - Nico começou, nervoso - Você pode ficar aqui?

Ela riu. - Eu não sou uma semi-deusa, você sabe. Não é como se eu tivesse uma mesa certa para sentar. Posso comer onde eu quiser.

Uma ideia passou rapidamente pela cabeça de Nico, e ele sorriu.

- Por que você não passar a comer aqui todos os dias? - sugeriu ele. Rachel corou. Nico também, mas continuou a falar - Você sabe, eu não tenho irmãos e é péssimo ficar sozinho...

...e é ótimo ficar com você. Ele completou mentalmente, esperando a resposta. Rachel brincou com o garfo com o qual estava comendo suas panquecas.

- Claro Nico. Quirón tem assuntos chatos, mesmo.

E aquele foi o começo de um ótimo dia.

Nico e Raquel passaram o dia todo conversando, rindo, andando para lá e para cá. Ora nas aulas dele, ora em algum lugar apenas por diversão. Rachel ainda fez questão de levar Nico até a casa grande e mostrar-lhe como seu quarto estava novamente arrumado. Ele havia sido repintado, os lençóis estavam limpos e tudo cheirava bem. E Rachel mostrou seus últimos quadros, sorrindo, que eram na maioria paisagens ou animais de campo.

- E quanto a aquele? - Nico apontou um quadro que ainda estava no cavalete, coberto por um lençol branco. Rachel corou imediatamente.

- Ah, bem, aquele... - ela se aproximou do cavalete e deu uma pequena espiada para baixo do conteúdo do lençol - Não está tão bom assim. Acho melhor você não ver.

- Qual é, Rachel. - ele disse, se aproximando - Você tem um dom artístico. Nada do que você pinta fica ruim. Deixe-me ver! - e Nico arriscou pegar a ponta do lençol. Rachel segurou a mão dele.

- Não! - ela sibilou, irritada - Nico!

Mas ele já havia avançado mais uma vez. Rachel desviou seu braço, mas Nico era obviamente mais forte que ela. Ele tentou levantar o lençol, mas ela pulou em suas costas, derrubando os dois no chão, o lençol caindo levemente sobre os dois, deixando-os cobertos. Nico estava deitado sobre Rachel, e aquela posição era um tanto quanto constrangedora. Mas no segundo seguinte, tudo que ele pôde ver eram os grandes olhos verdes de Rachel debaixo dos dele. Ela soltou um gemido de dor, e ele imaginou que devia estar machucando-a. Mas simplesmente não conseguia mais se mexer. Rachel também permaneceu imóvel, embora ainda sentisse alguma dor.

Nico sentiu o rosto começar a esquentar, e viu que Rachel estava quase na mesma situação. Ele olhou dentro dos olhos dela e pôde ver a mesma vontade que ele estava sentindo. Então ele desviou o olhar para a boca entreaberta e rosada dela e quase pôde ouví-la sussurrar me beije, por favor. Bom, aparentemente era agora que as coisas iam ficar "mais difíceis", como disse Rachel.

E quando Nico achava que não poderia segurar-se por mais muito tempo, duas vozes penetraram o quarto em alto em bom som: haviam duas pessoas gritando lá fora. Os gritos foram o suficiente para despertar Nico, que levantou-se e jogou o lençol para lá, ajudando Rachel a se levantar.

- Desculpe. - ele murmurou.

- Não foi nada. - Rachel respondeu, mas foi até a janela espiar lá fora - Ah, - ela suspirou - são só eles.

Nico aproximou-se também da janela para ver de quem ela estava falando. Percy e Annabeth estavam passando perto da casa grande, discutindo. Eles gritavam um com o outro, alguma coisa a ver com uma filha de Afrodite, mas Nico não entendeu muito bem.

- É engraçado como eles brigam o tempo todo, não é? - Rachel comentou, distraída. Nico assentiu. Então, enquanto Rachel observava os dois pombinhos discutindo lá fora, Nico espiou com o rabo do olho o quadro que Rachel estava tentando esconder. Ele sentiu seu rosto ficar mais quente ao perceber que estavam pintados ele e ela, sentados na margem do lago de canoagem. Ele sorriu. Então inventou uma desculpa para Rachel e ele saírem do quarto, a fim dela não perceber que ele havia visto o quadro.

Durante todo o dia, Nico vira Lilian três vezes. Em todas elas, a garota acenou para ele, e ele retribuiu o cumprimento sempre com um sorriso ou um aceno. Lilian, porém, não fez menção de aproximar-se para conversar em nenhuma das vezes, e Nico também não. Ela provavelmente estava preservando a privacidade de Nico e Raquel, ou talvez preservando sua própria privacidade, já que nas três vezes, Lilian estava acompanhada daquele mesmo cara do terno cinza da noite anterior.

No final da noite houve a entrega das contas do campamento. Depois, vieram as cantorias. Rachel e Nico sentaram em um canto um pouco afastado, e ela começou a tocar sua lira. Nico adorava a forma como ela cantava, e era muito bom poder ouvir sem ter de se esconder. Ela cantava em grego antigo, como se aquilo fosse natural dela, apesar de Nico saber que Rachel não tinha aulas de grego na Academia Clarion.

- Vou passar no Mundo Inferior amanhã. - ele comentou com ela quando a música acabou - Antes que Perséfone volte.

Rachel ficou alguns segundos pensativa.

- Nico... você tem certeza de tudo isso? - ela perguntou, olhando para os próprios dedos - Quero dizer, tem certeza do que sente? Você sabe, depois que você tiver falado com Hades...

- Eu é que te pergunto. - Nico disse, e Rachel ouviu nervosismo em sua voz - Você tem certeza disso?

Ela pareceu ofendida com a pergunta.

- Claro que tenho, Garoto dos Mortos. Por que não teria?

Nico riu sarcasticamente. Rachel gostava de ouví-lo rir, mas não daquele jeito.

- Por que? Oras, eu sou um filho de Hades, do tipo bicho estranho solitário que ninguém ama. Depois, eu pareço bem mais novo que você - eu sou até um centímetro mais baixo que você! - e não tenho nenhum carisma ou beleza física. E ainda...

- ... é um garoto preocupado demais. - Rachel disse, e ela colocou uma mão na cabeça dele - Meu garoto preocupado demais. Nico, você não é um bicho estranho. Você é um ser humano. - ela disse enquanto corria a mão pela cabeça dele, lhe fazendo um cafuné - E quanto a você ser mais novo que eu, hm, digamos que é muito mais aparência. Veja bem, vou fazer dezoito daqui a três meses, mas você ficou durante anos e anos no Hotel Lótus. E aliás, me sinto como se ainda tivesse dezesseis. A cada dia você está mais alto, e eu já parei de crescer. Você vai me passar logo.

Nico sentiu um arrepio ao ouvir a palavra "meu". Os arrepios se tornaram fiapos quentes percorrendo seu corpo enquanto Rachel acariciava seus cabelos. A vontade dele foi de desistir da discursão e deitar a cabeça no colo dela, mas ele se conteve. Respirando fundo para buscar sua voz, Nico resmungou:

- Mas você tem de admitir que não há motivos para alguém gostar de mim.

- E meu menino não tem auto-estima, também. - Rachel murmurou, risonha - Di Angelo, é claro que há motivos. Essa sua carinha de cachorro sem dono já é um motivo. - ela apontou para ele, e Nico sentiu seu rosto ficar mais quente - É como se você implorasse para que eu dissesse que te amo. É tão fofo.

Um tremor passou pelo corpo de Nico, e ele fez uma careta contrariada enquanto olhava para o lado.

- Isso não é motivo.

- Tá, você quer motivos. - Rachel agora já estava rindo - Bem, você é bastante corajoso, Nico. E pare de achar que você é feio. Você não é. E... como é que eu posso te falar isso? Vai soar estranho para um filho de Hades, mas você é mesmo amável, Cara-de-Cachorro-Sem-Dono.

Ela riu e retirou a mão da cabeça dele, voltando suas atenções para a lira. Recomeçou a tocar então, ignorando o olhar que Nico lhe lançara. Ele não era assim tão carente, era?

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No dia seguinte, Nico arrumou suas coisas para ir embora. Ainda eram dez e meia quando alguém bateu na porta de seu chalé. Nico não lembrava de estar esperando ninguém, mas teve uma pontada de esperança de que fosse Rachel. Ao abrir a porta, porém, encontrou Lilian, e não ficou tão decepcionado assim.

- Err... Eu vim me despedir. - disse ela, sorrindo.

Nico não pôde deixar de sorrir. Lilian abraçou ele, contente.

- Parece que as coisas vão bem entre você e a Rachel. - ela disse em seu ouvido antes de se separar.

- Nós somos amigos agora. - ele falou baixo para ter certeza de que ninguém ouviria - Ela aceitou ser minha amiga, e ... Obrigado pela consideração.

- Eu também vou bem. - Lilian sorriu - Acho que você deve ter percebido que...

- O filho de Atena. Sim, percebi. - ele riu.

- Daniel. O nome dele é Daniel.

- Ah, claro. Daniel. - Nico repetiu - Pois fale para esse tal de Daniel que se ele machucar a minha irmãzinha Lilian, vai estar muito encrencado.

Lilian fez uma careta irritada, mas estava rindo.

- Não sou sua irmãzinha. Você nem me conhece a tempo o suficiente para me tratar feito um bebê.

Nico apenas sorriu, e uma voz atrás deles gritou:

- Lily, você já está indo?

Um garoto de cabelos escuros e cinzentos estava parado a alguns metros dali, e Lilian sorriu para ele.

- Já vou! - gritou ela de volta, e Nico riu de novo - Bem, tenho que ir. E vê se parar de rir, bobão!

Lilian saiu correndo na direção do garoto. Ele falou alguma coisa para ela e ela corou; Nico seguiu rindo para dentro de seu chalé. Pelo menos Lilian estava mais feliz agora. Era ótimo que ela tivesse superado tudo aquilo. Ótimo. E Nico torcia para que, dali para frente, Lilian pudesse sempre contar com essa felicidade.

O típico papel que perguntava se ele passaria o ano no acampamento jazia esquecido em sua cabeceira. Nico marcou a opção não e pegou suas coisas do chão do quarto. Ele tinha que se apressar se quisesse passar no Mundo Inferior antes que Perséfone voltasse. Ao sair do chalé, porém, Nico soube que precisava ir até a casa grande se despedir de Rachel. Eles provavelmente não se veriam durante o ano todo. Mas isso apenas se não quisessem. E Nico tinha planos para todos os finais de semana do ano, e todos eles incluíam Rachel.

Antes de chegar à casa grande, porém, Nico ouviu alguém gritar seu nome ao longe. Virando-se de costas, Nico viu Percy correndo em sua direção, com um riso zombeteiro na face.

- Ei, Nico! - sorriu o rapaz. Nico sorriu levemente de volta - Você já está indo embora? - Percy apontou a mochila nas costas de Nico.

- Ah, sim. Preciso dar uma passada no Hades. - respondeu Nico, e Percy riu - O que foi?

- É engraçado, dar uma passada no Hades. - disse entre risos - A maioria das pessoas entenderia isso como um eufemismo para morrer.

Nico não riu, mas tentou sorrir para Percy.

- Rachel ainda está na casa grande? - perguntou o mais casualmente que pôde. Percy parou de rir.

- Acabei de falar com ela. Estava no refeitório, mas ela falou alguma coisa sobre passar no chalé de Hades. - um estranho sorriso formou-se no rosto de Percy enquanto ele falava - Ela está te procurando.

Um sorriso bem parecido - este mais inocente - apoderou-se do rosto de Nico. Ele e Percy eram semelhantes, afinal.

- Vou lá, então. - Nico murmurou virando na direção contrária à casa grande - Bom ano, Percy.

- Bom ano, Nico. A gente se vê por aí, nas férias, quem sabe? - Percy sorriu e seguiu na direção do lago de canoagem.

Quando Nico já estava próximo do chalé de Hades, pôde ver a silhueta de uma garota em frente a porta. Seus pés e mãos estavam em constante movimento e ela parecia nervosa. Nico se aproximou furtivamente dela e pôs as mãos sobre seus olhos, e Rachel gritou.

- NICO DI ANGELO! - ela gritou novamente ao se virar para ele - Não me dê sustos assim!

A expressão no rosto de Rachel suavizou-se ao que ela percebeu o sorriso sincero de Nico.

- Vim me despedir. - ele disse sorrindo - Vou falar com meu pai daqui a pouco, e depois voltar para o internato, eu acho.

Rachel suspirou.

- Academia Clarion. - ela explicou, quando Nico arqueou uma sombrancelha - Não suporto aquele lugar.

- Você vai ficar bem. - Nico olhou para os próprios pés, de repente encabulado. Era bem mais fácil falar aquilo para ela em teoria. Já na prática... - Rachel?

- Sim?

- Nós... podemos... Você sabe... - Nico tentou lembrar-se das palavras que havia pensado antes - Manter contato durante o ano?

Raquel riu, e seu riso fez Nico ficar vermelho.

- Claro que podemos, oras. Devemos.

- E... - ele olhou para a parede atrás dela - Como?

- Telefone, mensagem de íris, viagem nas sombras... Você é um semideus, Nico. Eu sou o Oráculo de Delfos. A gente vai dar um jeito. - Rachel sorriu. Nico sorriu de volta.

- Então... é isso. - ele disse meio sem graça - Bem... Bom ano. - e Nico virou-se para ir embora. O que? Ele não sabia o que dizer, hora essa. Para sua sorte, Rachel se encarregou disso. Ela segurou o braço dele e o forçou a voltar a encará-la, sorrindo em seguida. Ela deu-lhe um beijo longo e estalado na bochecha.

- Obrigada por tudo, Nico. - Rachel disse sorrindo. Nico sorriu de volta, sem graça.

- Por tudo o que? - perguntou.

- Esse sentimento. - Nico percebeu que ela estava quase rindo, e suas bochechas estavam coradas - Eu pensei que, você sabe, sendo o Oráculo e tudo, eu nunca mais iria... - as últimas palavras saíram em um sussurro, e Nico percebeu que ela não queria que ninguém mais ouvisse - ...amar alguém.

Nico sorriu para ela.

- Preciso te contar um segredo. - ele aproximou a boca do ouvido dela para poder sussurrar - Eu também.

Rachel riu.

- Está pronto para enfrentar o Senhor dos Mortos, di Angelo?

- Você sabe que eu nunca estou pronto. - Nico murmurou, e os dois riram. Aquele seria um ano... promissor. E, não importando o que seu pai pensasse daquilo, Nico tinha até um certo orgulho em dizer que estava apaixonado por Rachel Elizabeth Dare. E ela, por ele. E durante muitos anos, só aquilo importaria.

-x-x-x-x-Fim-x-x-x-x-

Um final um pouco súbito. Mas bem, deixe-me explicar... Acontece que essa era a ideia da fanfic. Espero não ter decepcionado (muito) a todos. E também, espero que quem tenha gostado (com esse final, ninguém) acompanhe a segunda. Sempre tentando melhorar, né?

E mais uma vez, obrigada à Roh Matheus, Isabela, Luu Potter e Fernanda Weasley. E a todos que lerem a história. Obrigada por perderem seu tempo conosco (eu, Nico e Rachel, duuh!).