Este primeiro capítulo eu dedico à duas pessoas: Renata e Jt! Sniper. Renata, por insistir tanto na criação desta fanfic. Jt! Sniper, por apoiarr a criação desta e betá-la, mesmo não gostando de Dastiel.
-Música deste capítulo:
''Angel''-Aerosmith
-Tire os ''*'' dos links
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Capítulo Um: Lovers.
O Impala corria em meio ao trânsito de Boston, Massachussets. Dean, em seu smoking formal, sentava-se no banco de trás, com um olhar nervoso.
- Dean, está tudo bem? - Perguntou Rufus, ao volante, olhando pelo espelho retrovisor interno.
- Está sim. - O loiro respondeu pouco convincente.
O Winchester mais velho se endireitou no banco, tentando passar uma impressão de falsa auto-confiança e Rufus calou-se. Dean olhou pela janela, fitando a ascendência do crepúsculo sobre os edifícios iluminados anunciando uma noite estrelada.
Fechou os olhos, repassando mentalmente a letra de Lick it up. Não ajudou.
O nervosismo aflorava claramente pela sua face. Estava com uma vontade louca de abrir a porta esquerda traseira, pular do Impala e sair correndo dali. Droga, porque tinha se metido nisso? Ora, ele sabia bem, e muito bem, o porque. E o motivo aparentemente acalmou-o um pouco. Talvez pensar nisso o ajudasse. E foi o que ele fez. Deixou a mente navegar, rumo à tempos atrás...
Flashback:
Kansas, em algum onde, em algum quando.
O céu estava nublado, tempestuoso, escuro. Do tipo de paisagem que Dorothy teria avistado antes do tornado que levaria sua casa nascer. Mas agora, ali, o tornado já tinha nascido. Já estava no meio daquele campo ao lado da estrada interestadual. E se manifestava na forma de uma discussão entre dois grandes amigos.
I'm alone yeah I don't know if I can face the night
(Estou sozinho, eu não sei se consigo encarar a noite)
I'm in tears and the cryin that i do is for you
(Estou em lágrimas e o choro é por sua causa)
I want your love let's break the wall between us
(Eu quero o seu amor, vamos quebrar a parede entre nós)
Don't make it tough, I'll put away my pride
(Não dificulte as coisas, eu colocarei meu orgulho de lado)
Enough's enough, I've suffered and I've seen the light
(Agora já chega, sofrí e ví a luz)
- Sua bichinha mimada! - Gritou Dean, cuspindo saliva na cara do outro. Tinha lágrimas nos olhos.
- Você está bêbado. - Castiel respondeu, parecendo simplesmente nem ligar para o comentário do outro.
- Não mude de assunto! - Bradou o loiro, fazendo um certo esforço para manter o equilíbrio. - Você... você me abandonou! Me trocou por um bando de desgraçados!
- Eles eram minha família.
- Sua família uma ova! EU sou sua família! Eu, Sam, Bobby, NÓS somos sua família! NÓS é que sempre ficamos ao seu lado. E não aquele bando de engomadinhos, que te deram um belo dum chute na bunda!
- Eles estavam confusos. Assim como você e Sam, quando brigaram por culpa da demônia, Ruby.
- Foi diferente! - Disse Dean, embora a excitação em sua voz o entregasse. - Nós... nós dois nos acertamos depois. E, foi tudo por culpa daquela demônia maldita.
- Dean, pare de inventar desculpas para seus atos! - Disparou Castiel, elevando um pouco o tom de voz. - Você... você tentou mudar a cabeça do Sam com agressividade. Já, eu, quero tentar mudar a cabeça dos meus irmãos de outro jeito.
- Não vai funcionar. - Suspirou Dean. - Eles são cabeças-duras. São um caso perdido.
- Um caso perdido? - Indagou Castiel, elevando ainda mais o tom de voz. - Você, Dean, NUNCA abandonou Sam. Mesmo quando o mundo estava em risco. Porque eu não posso fazer o mesmo pelos meus irmãos?
- É diferente, Cas...
- Não, não é. Aliás, acabei de me lembrar. Você abandonou SIM o seu irmão, uma vez. E o que você ganhou em troca? O Apocalipse, o presságio do Fim do Mundo!
- Não trate o Apocalipse como simples obra do Sam. Ele não sabia de nada, ok? Foram os SEUS, irmãos, e até VOCÊ, que armaram para cima de nós.
- Mas eu já me desculpei me rebelando do Céu. - Bufou o anjo. - E, se talvez eu pudesse ter convencido mais os meus irmãos, o Apocalipse não tivesse começado.
- Está dizendo que se arrepende de ter pulado fora da barca, antes dela afundar?
- Não entendo o quê...
- Está dizendo que se arrepende de ter se rebelado?
- Não, não. É lógico que não. Eu me rebelaria quantas vezes fosse necessário, por você, Sam, Bobby e os outros.
- Então por que nos deixar? Porquê nos trocar por eles?
- Porque, eu já disse, eles são minha família. Eles estão confusos. Michael e Lucifer envenenaram eles, assim como Ruby envenenou Sam. E, pode não parecer, Dean, mas eu me importo com os meus irmãos tanto quando você se importa com os seus, Sam e Adam. Eu não quero abandoná-los novamente, não quero ter que matar um irmão meu novamente. É claro que, se for preciso, eu matarei. Mas quero fazer o que for possível para evitar isso. Deus me deu outra chance, Dean. Não quero jogá-la no lixo.
- Ah certo! Aliás, onde está sua coleirinha de ''sou um vadia de Deus''?
- Ok, ok, vejo que você não vai entender. Pense assim, Dean: Meus irmãos são Sam, e você pra mim é o mesmo que eu sou para você. Logo, eu tenho que escolher entre você e meus irmãos. E, se fosse no seu lugar? Se você tivesse que escolher entre mim e Sam, quem escolheria?
Dean ficou em silêncio. Pingos de chuva despencaram do céu tempestuoso, em uma garoa fraca, mas forte, densa.
- Eu escolheria os dois. - Disse Dean, apenas.
- Se não pudesse ficar com os dois de uma só vez, quem escolheria?
- Eu... eu...
- Dean, responda.
- Eu escolheria... o Sam.
Castiel suspirou.
- Foi o que pensei. Entende, agora?
- S-sim...
- Bom, não é que eu não goste de vocês. Ao contrário, eu amo vocês.
- Oh, Cass, que meigo. - Soluçou Dean.
- É a verdade. Eu te amo, Dean. Eu amo o Sam. Eu amo o Bobby.
- Isso é uma declaração de amor? - O mais velho dos Winchester tinha um tom debochado.
- Por quê? Vocês também não me amam? - Perguntou Castiel, com sua típica cara de confuso.
- Ah, não. É lógico que Sam o ama, assim como o Bobby. E eu... eu... eu também te... te..
- Dean?
- O quê?
- Algum problema?
- É que, bem, eu nunca falei à um homem que eu o amava, sabe. - Respondeu Dean, sorrindo sem jeito.
A garoa aumentou.
- Como assim? Você nunca disse isso pro seu pai, por exemplo?
- Papai era diferente. Era...
- Dean?
- Sim?
- Não precisa dizer, se não quiser.
-O h, ótimo! - Suspirou Dean. - Porque esse momento gay foi... embaraçoso.
- Hum? E você nunca disse isso pro Sam?
- Pro Sam é diferente. Ele é meu irmão.
- E eu sou seu amigo.
- Hã...? Esquece, Cas. Eu não passei minha vida inteira na companhia de almofadinhas graciosos, desculpe.
- Do quê está falando?
- Hã... anjos, sabe.
- Nós fomos treinados como soldados, Dean. É normal haver companheirismo nisso.
- Não como soldados espartanos, eu espero. - Caçoou Dean. - A propósito, está aí! Está aí a explicação do porque eu poder falar que amo papai e Sam, por que eu também fui criado como um soldado. E eles eram meus únicos companheiros. Sabe, provavelmente, não do jeito meloso dos anjos...
- Jeito meloso? - Perguntou Castiel, aumentando o nível de voz novamente. - Acha que EU tenho um jeito meloso?
- É, sabe... você não é nenhum símbolo máximo de masculinidade. Pra falar a verdade, se eu não te conhecesse, diria que você é gay ou bissexual.
Castiel fitou-o, os nervos à flor da pele.
- Eu não deveria ter bebido, não é? - Indagou Dean, sem jeito.
- É isso o que realmente pensa? Que sou gay?
- Não, é que... Bem, Cas, sei lá... O jeito como você me olha às vezes, ou o jeito que fica quando está perto de uma mulher, é meio...
Dean sentiu uma dor ardida na bochecha, cambaleando para trás. Castiel acabara de esmurrá-lo, abrindo um pequeno corte no rosto do outro. A dor foi a mesma da vez em que Castiel se irritara e o esmurrara.
- Odeio quando você fica nervoso. - Comentou Dean. - Mas, ok, ok. Eu sei que eu mereço ser esmurrado e ser quase morto por você. De novo.
- O quê? - Gritou Castiel.
- Sabe, da vez que você ficou irritadinho por eu querer me entregar pro seu irmãozinho malvado.
- Pare! Pare de... me provocar, Dean! - Disse Castiel, tentando se acalmar.
- Te provocar? - Bradou Dean. - Não gosta que eu fale a verdade, não é? Reagiu igual quando eu falei dos anjos. E, quer saber, eu nem sei porque perdi meu tempo tentando te convencer à não nos trocar por aquelas bichinhas com asas! É lógico que você não vai abandoná-los! Você é ingênuo demais, é inocente demais para acreditar que eles ainda têm jeito!
- Você disse que entendia o porque de eu estar fazendo isso! - Gritou Castiel, agarrando as vestes de Dean e chacoalhando-o.
- Pois é, mas acho que estava errado. Sam não é, e nunca será igual ou comparável aqueles mauricinhos idiotas!
Castiel fitou com mais intensidade, apertando mais a jaqueta de couro de Dean. Bufava diretamente no nariz e nos lábios do outro. A chuva começou a despencar, violentamente.
- Não... chame… eles... assim. - Entrecortou o anjo, rangendo os dentes à cada palavra.
- Ah, claro! Porque eles são sua "família", não é? São a sua família de merdas voadoras! São um bando de lixo que estão puco se fodendo se você está lá com eles, ou não. Um bando de lixos traíras! Ah, mas quer saber? Acho que vocês todos se merecem! São um bando de traidores que nunca estão lá quando o companheiro precisa! Nunca estão nos momentos mais duros, quando precisamos de um ombro amigo!
Dean conseguiu ouvir o rangido dos dentes do outro agora, e poderia até contar os pêlos da barba dele, devido à proximidade de seus rostos.
- Anda, tá fazendo o quê aqui ainda? - Rangiu Dean. - Vai lá com os seus irmãos maricas que adoram chutar a bunda um dos outros. Pois é isso o quê vocês fazem! E, pelo visto, eu estava na sua lista de traseiros à serem chutados. Pois foi exatamente o quê você fez. Chutou a minha bunda, me rejeitou.
- Winchesterr! - Rangeu Castiel.
- O quê? Não quer que eu diga esta verdade? Eu não sei se você sabe, Maria Pomposa, mas eu fui rejeitado, e isso dói. Dói ter a amizade trocada como você não imagina! Dói infinitamente, e é uma dor que não tem cura. Quando você me abandonou, meu coração se quebrou, se partiu, mergulhou em dor e sofrimento, mais do que já estava por causa do Sam. Mas... por que eu estou falando isso para você? É ÓBVIO que você não entende, pois nunca foi rejeitado, nunca sentiu essa dor. Sempre foi o soldadinho perfeito, com um corpo humano perfeito, no meio de uma família perfeccionista, e num mundinho perfeito. Pois bem, Sr. Perfeito, sinto lhe dizer: Mas o mundo NÃO é perfeito. Até os amigos NÃO são perfeitos. E eu aprendi isso da pior maneira possível.
Castiel soltou as vestes, agora totalmente ensopadas de água, de Dean.
You're my angel come and save me tonight
(Você é meu anjo, venha e me salve esta noite)
You're my angel come and make it alright
(Você é meu anjo, venha e deixe tudo bem)
- Vá! - Bradou Castiel. - Vá e suma da minha vida, e não me chame mais para conversa nenhuma! Vá enquanto ainda está com o corpo inteiro! Vá antes que eu mude de idéia!
- Será um prazer! - Gritou Dean, se recompondo. O Winchester girou nos calcanhares, na direção do Impala estacionado ali perto, pronto para partir.
- Ótimo! - Gritou Castiel. - Vá agora!
- Eu vou mesmo! - Gritou Dean, sem olhar para o outro.
- Que bom então!
- É!
- Então vá!
- Eu irei!
- Excelente!
E, antes que Castiel percebesse, Dean girou nos calcanhares, ficando de frente para ele.
Don't know what I'm gonna do about this feeling inside
(Não sei o que fazer com este sentimento aqui dentro)
Yes, it's true loneliness took me for a ride
(Sim, é verdade a solidão virou minha companhia)
Without your love, I'm nothing but a beggar
(Sem seu amor eu não sou nada só um mendigo)
Without your love, a dog without a bone
(Sem seu amor, sou um cachorro sem o osso)
What can I do, I'm sleeping in this bed alone
(O que devo fazer? Estou dormindo nesta cama sozinho)
- E quer saber de uma coisa? - Gritou Dean, aproximando-se do outro.
- O quê é?
- Quer realmente saber? - Dean agarrou as vestes do outro.
- Quero!
- Quer ouvir uma coisa?
- Quero!
- Quer ouvir algo que eu não quis dizer essa discussão inteira?
- Quero!
- É bom querer mesmo!
- Pois eu quero! Diga!
- Eu te amo! - Gritou Dean, enérgico.
You're my angel come and save me tonight
(Você é meu anjo, venha e me salve esta noite)
You're my angel come and make it alright
(Você é meu anjo, venha e deixe tudo bem)
- O quê? - Gritou Castiel, enérgico.
- Eu te amo! - Dean gritou mais alto.
-Não ouvi!-Castiel gritou mais alto.
- Eu te amo! - Gritou Dean, à plenos pulmões.
-Eu também te amo! - Gritou Castiel, à plenos pulmões.
You're the reason I live
(Você é o motivo que eu vivo)
You're the reason I die
(Você é o motivo que eu morro)
You're the reason I give when I break down and cry
(Você é o motivo que eu dou quando eu não aguento e choro)
Don't need no reason why
(Não precisa de explicação)
E, antes que um dos dois pudesse dar conta do quê estavam fazendo, se beijaram. Não um beijo calculado, calmo. Mas, enérgico, voráz, como se suas bocas estivessem esperando por àquilo há muito, muito tempo. Suas bocas, suas línguas, queriam devorar umas as outras. As salivas, doce do anjo e salgada do humano, passavam de uma língua para outra. Antes que notassem, estavam abraçados. As mãos dos dois avançaram para as faces retorcidas de desejo um do outro. Depois, para os cabelos. E pararam lá, alisando os fios sedosos, negros e loiros. Os corpos, um sereno como a lua e o outro ardente como o sol, se colavam. Beijavam-se como se nada mais importasse, como se a discussão não importasse.
You're my angel come and save me tonight
(Você é meu anjo, venha e me salve esta noite)
You're my angel come and make it alright
(Você é meu anjo, venha e deixe tudo bem)
Dean não soube quanto tempo o beijo durou. Mas não se importou muito com isso. Poderiam ter feito amor ali, mas não fizeram. Dean chegara à tirar algumas peças de roupa de ambos, mas Castiel insistira que não queria sexo, não naquele onde, não naquele quando.
Desde aquela dia, o tempo passara como um turbilhão para Dean. Devagar, quando estava longe do outro. Rápido, quando estavam juntos. Esgueiravam-se por becos, aos beijos, se escondendo de Sam e dos outros. Não estavam preparados para assumir àquilo, ainda não.
Bobby, ao menos, já havia descoberto o caso. Fora tirar o lixo para fora da lanchonete em que estava trabalhando – um disfarce, é claro –, deixando Sam sozinho, após uma saída sorrateira de Dean e Castiel, com a desculpa de que ''queriam apenas um pouco de ar fresco''. Mas, é claro, acabaram por perderem o fôlego quando Bobby avistou-os, agachados atrás da grande lixeira industrial verde no meio do beco, aos beijos. Mas, apesar do susto, o caçador apenas resmungara algo como ''isso não é da minha conta'' e voltara para a lanchonete.
Embora quatro meses, no mínimo, tivessem se passado desde àquilo, eles nunca haviam transado. Uns beijos aqui, uma mão boba ali, mas nada à mais. Dean tentara se deitar com outras mulheres, para ''curar'' a abstinência de sexo, claro. Mas sempre acabava pensando no anjo na hora H, e sua consciência e seu coração pesavam, impedindo-o de ''trair'' o outro, se é que tinham algo mais sério.
E, embora a falta de sexo fosse ruim, Dean acabara por gostar daquilo. Descobrira que um caso ''às escondidas'' era muito mais excitante e envolvente do que os casos ''à mostra'' que tivera com várias mulheres, talvez fosse porque Sam ou outra pessoa pudesse flagrá-los à qualquer momento, porque, de fato, era uma situação perigosa – ao menos para Dean. O loiro gostava do perigo, fazia a adrenalina subir à mil, – e estava em alta com certeza! – no sangue dos Winchesters, e no sangue de todos os caçadores bem-sucedidos, isto é, vivos. E, pelo bater do coração do outro, Dean sabia que Castiel sentia o mesmo quando estavam ''às escondidas''.
E, após todos os encontros escondidos, em becos e na calada da noite, e todos os beijos ficassem ainda mais irresistíveis e envolventes – se é que isso era possível para os dois – sempre havia àquela velha questão: ''qual é o próximo passo?''. Dean não saberia responder. Até que aquele dia chegara. Castiel chegara, após Dean chamá-lo da entrada do hotel onde estava hospedado com Sam, no meio da madrugada, trazendo um pedido que Dean não conseguiria, e não poderia, recusar.
Castiel, Dean sabia, era ingênuo demais. Avistara um casal de humanos, não gays, em um restaurante romântico. O homem pedira a mulher em casamento, e ela aceitara com o maior sorriso do mundo, antes de beijá-lo.
De lá, Castiel fora direto para uma joalheria comprar alianças iguais as quais os dois humanos haviam colocado. O anjo pagara com algo que Dean lhe dera, e que parecia se chamar ''xéki''. A atendente fora tão gentil que Castiel se deu a liberdade de perguntar se Dean gostaria das alianças. Mas, ao perceber que eram mais um casal gay daquela porra de estado com nome italiano, Massachussets, que permitia que aberrações como aquela se casassem com outras aberrações, o sorriso sumira de seu rosto e dera lugar à uma futilidade e hipocrisia. E, após assinar o cheque, e antes que ela percebesse, o cliente já sumira. Na ausência dele, sua chefe, a velha rabugenta e lésbica Sra. Dotts aparecera atrás dela, saindo da sala dos fundos, com um olhar reprovador na face. Certamente, aquela bicha rica de terno iria fazê-la perder um grande bônus pela venda das alianças.
Castiel, então, aparecera , de madrugada, na porta do Hotel, ao lado de Dean. Fora breve, mas objetivo. Tentou imitar a cena do restaurante o mais perfeitamente possível. E Dean ficara sem palavras, o que poderia ser um mal sinal.
- Dean? - O anjo chamou.
Dean tinha as duas mãos à boca, e provavelmente Sam teria rido dessa pose de ''menina surpresa''.
- E-eu... - Gaguejou Dean. Não deveria aceitar, isso iria entregar toda a fantasia de fazer aquilo escondido. Sem contar o fato de que, provavelmente, Sam e os outros descobririam o relacionamento amoroso dos dois. E, poderia ser bobagem, mas Dean não queria compromissos agora, mesmo com Castiel.
Fora duro abandonar Lisa, e ele não queria repetir o feito agora. Talvez depois, ele não saberia quando, fosse o momento exato de aceitar qualquer tipo de compromisso com o outro.
- Cass... Eu... Eu... Eu aceito! Sim! Sim! Sim! Eu quero me casar com você! - O loiro concluiu finalmente e lágrimas escorreram dos olhos de Castiel.
Aquela noite, finalmente, eles deram um passo à mais naquilo. Não sexo propriamente dito, ainda não. Mas algo que fez com que ele, Dean, descobrisse outra utilidade para sua boca, e para a boca do Anjo.
A notícia do noivado chegara, desvastadora, há uma semana atrás, para Sam e os outros. Rufus e os outros caçadores conhecidos aceitaram, no início com certa relutância, o casamento dos dois. Sam, não. Os irmãos Winchesters haviam deixado de se falar desde que a notícia se espalhara, por comentários de caçadores fofoqueiros e beberrões, aos ouvidos do mais novo, antes que Dean lhe contasse pela própria boca. Desde então, Sam havia trocado de celular, e fugido do irmão, sobre o pretexto de ''precisar esfriar a cabeça e pensar sobre o assunto'', segundo um bilhete no criado-mudo do quarto de Hotel de Dean.
Dean até conseguira contatar o outro uma vez, através de um celular no nome de Ross Delacour. No recado da caixa de mensagens do celular, Dean convidada Sam para ser o seu padrinho de casamento, e o lugar onde o casório aconteceria, antes de palavras vagas que talvez pudessem fazer Sam aceitar o caso do irmão e do amigo. Sam, claro, não respondera ao recado. O que estava matando Dean por dentro.
E agora ele, Dean, estava ali. No Impala, em Boston, à caminho do seu casamento.
Todas aquelas lembranças haviam, de fato, acalmado um pouco o nervosismo de Dean. E só o fato de estar indo encontrar o outro já deixa seu coração um pouco mais alegre. Mas, ele estava indo para um casamento, droga. Nunca se casara com alguém. Nunca pensara em se casar com alguém. E agora estava ali, à caminho de um casamento que jamais se passara por sua cabeça, à caminho de alguém que ele jamais achou que iria ter algum relacionamento amoroso. Mas, bem, não era tão ruim assim, era? Quer dizer, o casamento, ao menos, servira como um pretexto para o caso dos dois ser revelado. E Dean sabia muito bem que um dia ele seria, mesmo que contra a sua vontade e suas fantasias.
O Impala virou uma esquina, entrando na, agora movimenta, Rua Congress, em meio à infinitas luzes acessas da noite estrelada que já caía sobre aquela parte do mundo. As entranhas de Dean se contorceram. Estavam, finalmente, chegando. Uma ânsia subiu-lhe pelo estômago. Não comera nada desde cedo, não conseguira comer devido ao nervosismo. Bem, mas ele não deveria ser o único a não comer por causa do nervosismo, não é? Sim, era o único. Castiel, Dean lembrou-se, não precisava comer. Assim como não precisava vomitar, dormir, mijar, cagar... A lista era imensa. E, pela primeira vez desde que embarcara naquele perigoso trem excitante e apaixonante, Dean percebera o quão diferente era de Castiel. E a ilusão de que ele fosse uma espécie de sua alma gêmea transformou-se numa ilusão de que ele era seu oposto. O Winchester começou a pensar, realmente, se aquele casamento daria certo, se iria durar mesmo os dois sendo tão diferentes.
O trânsito congestionara, devido a massa que saía, à essas horas, do trabalho. O Impala estava parado em um congestionamento, agora.
- Rufus. - Dean começou fitando a porta traseira ao seu lado.
- Sim? - O caçador perguntou fitando Dean do espelho retrovisor interior.
- Não sei como dizer isso, mas...
- Ok, ok. Já entendi a indireta. - Suspirou Rufus.
- Como? - Perguntou Dean surpreso.
- E, confesso que havia me esquecido disso quando te peguei no hotel...
- O quê?
- Seus parabéns, é claro! Esqueci de parabenizá-lo pelo casamento.
- Rufus...
- Me desculpe. - Cortou Rufus. - Eu realmente me esqueci disso. E, aliás, dê os parabéns, por mim, ao anjo também. Não acho que eu vá conseguir falar com ele tão cedo.
- Do quê está falando?
- Ora, você viu o jeito que ele estava ontem? Parecia que ia se matar à qualquer momento de excitação. E eu não o culpo. Não o culpo mesmo. Ele está apaixonado, e sabe como dizem: a paixão cega.
- Você acha que ele...
- Mas é claro! Aquele homem deve ser o anjo mais feliz da vida! E, bem, não que eu curta isso, mas acho que você tirou a sorte grande nessa. Você fisgou-o direitinho! Ele está mais apaixonado do que qualquer mulher que eu já tive esteve, ou do que eu estive por elas. E eu não duvidaria em nada se ele lhe trouxesse o café da manhã todo dia na sua cama, com direito à cheeseburgers e cerveja. Acho que se algo acontecesse com você, ou ele te perdesse, ele provavelmente se mataria...
- Hm. - Murmurou Dean olhando para baixo.
- Mas, quer falar sobre alguma coisa à mais? Você está meio quieto.
- Não, tudo bem. Era só isso. - Disse Dean, tentando parece o mais convincente possível.
- Ok. - Disse Rufus com um aceno de cabeça, finalizando a conversa.
O Impala foi um dos únicos carros à estacionar no The Langhan Boston Hotel para a cerimônia. Um tapete vermelho, convidativo, estava estendido sobre a porta porta de entrada do hotel. O Impala estava estacionado na Rua Franklin, em frente ao Hotel luxuoso. Fora uma nota alugar o salão de festas, mas valeria à pena, ao menos na época.
Um velho bateu na porta ao lado de Dean. Era Bobby, usando um traje à rigor. Com sua barba espessa, o terno fazia parecer que ele fosse um mendigo que acabara de encontrar um terno no lixo e usava-o para se sentir importante, e não passar despercebido pelos cidadãos como um cocô de cachorro na rua. Bobby abriu a porta. Dean suava frio.
- Vou estacionar o carro, já que alguém não incluiu o manobrista do hotel na conta. - Avisou Rufus, com um olhar reprovador por cima dos ombros, encarando Dean desajeitadamente. - Te vejo mais tarde.
Dean nem ligou. Apenas fitava o chão do asfalto embaixo da porta aberta do carro.
- Dean? - Chamou Bobby.
- Sam veio? - Dean fez a primeira pergunta que viera à sua cabeça.
Bobby fitou os próprios pés.
- Conversamos sobre isto mais tarde. - Finalizou Bobby.
O coração de Dean pesou. Temia que o irmão não viesse, e seus temores, pelo jeito, estavam corretos. Mais uma vez, Dean pensou em desistir do casamento.
- Dean? - Chamou Bobby, novamente. - Vamos!
Qual é o próximo passo? Pensava Dean enquanto fitava o chão e decidia se pisava ali, para fora do carro e para dentro do casamento – e uma vida inteira com Castiel – e para uma vida que ele já não tinha mais certeza se queria ter. Qual é o próximo passo, Dean?
Fim do Capítulo Um.
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