Lynne Graham

Adaptação.

Personagens pertencentes a Lynne Grahame e Stephenie Meyer

Historia pertence a Lynne Graham.

***Espero que gostem e um historia bem legal..***

AMANTE E ESPOSA

Resumo:

Estava a ponto de converter-se na amante de seu marido...

Quando Isabella Cullen se convenceu de que Edward, seu milionário marido, tinha uma aventura o abandonou imediatamente. Embora estivesse grávida dele, não podia viver debaixo do mesmo teto que o homem que tinha lhe quebrado o coração.

Agora Bella acabava de descobrir que possivelmente Edward não fora tão culpado como ela tinha acreditado e decidiu voltar a seduzi-lo e salvar seu matrimônio.

Mas Edward não ia aceitar uma simples reconciliação. Voltaria com ela, mas a seu modo... Seriam amantes!

Capítulo 1

- NÃO estava seguro de que quisesse vê-lo... - com o tom incômodo de alguém que estivesse desculpando-se de antemão por uma possível ofensa, o primo de Edward, Felix, deixou sobre a elegante escrivaninha um jornal sensacionalista. Uma só olhada para a sorridente loira que desfilava suas curvas orgulhosa, logo abaixo das manchetes e Edward Cullen ficou gelado. Era Tanya Denali, a mulher cujas mentiras tanto tinham contribuído à destruição de seu casamento. De acordo com as notícias da coluna social do dia anterior, tinha chegado ainda mais baixo revelando com toda riqueza de detalhes tudo o que se atreveu a fazer para conseguir seus quinze minutos de fama. Em tão descarada declaração, a ex-modelo de publicações para homens confessava ter inventado a história de sua noite de paixão com o multimilionário italiano Edward Cullen.

- Deveria processá-la! - insistiu Felix com a veemência e a pouca experiência de um recém formado em Direito com vontade de demonstrar seu um esforço inútil, refletiu

Edward torcendo sua ampla e sensual boca em um gesto cheio de sarcasmo. Sabia que não obteria nenhum benefício arrastando aos tribunais aquela mulher e com ela, sua própria reputação, arruinada fazia já algum tempo. E mais, seu divórcio estava a ponto de ser homologado já que Bella, sua iminente ex-esposa, tinha-o declarado culpado com uma rapidez e uma falta de confiança que teria deixado lívido qualquer marido.

Inflexível ante qualquer explicação, Bella tinha assumido o papel de vítima e tinha abandonado o lar do casal, incentivada por sua amargurada e ambiciosa irmã, Kate. Negou-se a escutar suas sucessivas declarações de que era inocente e tinha optado por deixá-lo, apesar de estar grávida do que seria seu primeiro filho. A mesma mulher que chorava rios de lágrimas com os filmes de Lassie se converteu em pedra diante dele.

- Edward...? - falou Felix, tentando recuperar sua atenção e rompendo um silêncio que qualquer outro empregado de Edward teria reconhecido como um sinal de aviso.

Não sem esforço, Edward suprimiu um grunhido de protesto enquanto tratava de recordar a si mesmo que se um rapaz tão pouco qualificado como seu primo estava trabalhando para ele, era unicamente por caridade.

Felix necessitava desesperadamente acrescentar experiência na área trabalhista a seu limitadíssimo curriculum. Edward tinha comprovado que era inteligente, mas pouco prático, consciencioso, mas com pouca inspiração, bem intencionado, mas sem tato algum. Enquanto outros levantavam vôo, Felix continuava caminhando com lentidão, às vezes de um modo enervante.

- Eu lhe devo uma desculpa - continuou dizendo o rapaz evidentemente empenhado em falar o que tinha preparado -. Eu não acreditei que essa Denali tivesse armado uma armadilha. Todos pensavam que você realmente tinha tido uma aventurazinha com ela.

Com a confirmação da pouca fé que essa parte da família tinha nele, Edward tampou os olhos claros e tristes.

- Mas ninguém o culpou de absolutamente nada - apressou-se a dizer -. Bella simplesmente não reunia as condições...

- Lembre-se que Bella é a mãe de meu filho. Não quero ouvir você falar dela se não for com o respeito que merece - murmurou Edward com frieza.

Felix ruborizou e pediu desculpas. Consciente de que seu primo tinha acabado com sua paciência com tanta estupidez, Edward pediu que ele o deixasse sozinho. Ficou de pé e se aproximou dos imponentes vidros que ofereciam uma vista espetacular de Londres, mas ele, apesar de estar olhando, não via nada, pois seus pensamentos eram sem dúvida mais amargos que a bela paisagem.

Seu filho, Masen, estava crescendo sem ele em uma modesta casa onde não se falava italiano. O rompimento e posterior separação de Bella tinha sido qualquer coisa exceto civilizada; Edward tinha tido que lutar com unhas e dentes para conseguir ver sequer seu adorado filho. Todo mundo o tinha culpado de adultério devido às sórdidas declarações de Tanya Denali e, num primeiro momento, seus advogados tinham deixado bem claro que seria impossível tirar a custódia do menino de uma esposa com a reputação irrepreensível de Bella. O sangue de Edward ainda fervia quando pensava que ela, que tinha arruinado o casamento dos dois com sua falta de confiança, tivesse obtido a tutela do pequeno sem esforço algum.

Estava consciente de que em sua situação se convertera para Masen em pouco mais que um visitante ocasional e tinha medo de que o pequeno se esquecesse dele entre visita e visita. Como poderia um menino tão pequeno recordar de um pai ausente durante um mês? E certamente Bella não estaria disposta a lhe falar do pai que ela mesma lhe tinha privado ter. Agora ao menos se daria conta de que não contava com a autoridade moral que ela mesma se outorgou.

Aquela prometedora mudança lhe dava forças para continuar e jogar a um lado tão inquietantes pensamentos. De repente sentiu uma satisfação pouco comum nos últimos tempos, embora não demorasse para considerar a possibilidade de que Bella não visse a notícia da confissão de Tanya Denali.

Sua esposa era uma intelectual que dedicava pouca atenção aos assuntos da atualidade e rara vez lia os periódicos. Automaticamente, chamou sua secretária e lhe deu instruções de comprar uma nova cópia da relevante publicação para depois mandar à Bella acompanhada de uma carta lhe oferecendo seus respeitos. Mesquinho? Não acreditava. Seu orgulho ferido o impulsionava a atrair a atenção de Bella sobre a prova de sua inocência.

Estava consciente de que ia arruinar lhe o dia. Bella estava acostumada a viver protegida e uma mulher tão ingênua como ela se sentia ferida com facilidade. Era dessas pessoas às que qualquer problema lhes tirava o sonho e sem dúvida se atormentaria quando se visse obrigada a enfrentar-se à evidência que demonstrava que tinha julgado mal seu marido. Possivelmente a justiça natural estivesse por fim de parte de Edward, mas nada poderia lhe compensar o sofrimento.

- Jake, faça o favor de sair... - suplicou Bella ao pequeno terrier de três patas que se escondia sob o aparador.

Jake, cujo nome fazia menção a um simpático personagem de desenhos animados, permaneceu imóvel. Tinham-lhe negado a oportunidade de fincar os dentes na perna do reparador de máquinas de lavar roupa e portanto, tinham-lhe impedido de cumprir com seu dever de proteger a sua proprietária de um intruso. Supunha-se que os cães não se zangavam, mas Jake estava acostumado a enraivar-se como um menino quando se via privado do prazer de brincar com os homens da casa.

Masen soltou uma gargalhada e se dispôs a engatinhar sob o móvel em busca de seu companheiro de jogos. Mas Bella o impediu, aqueles enormes olhos verdes se abriram de par em par e começou a dar tapas para livrar-se dos braços de sua mãe. Quando viu que não o conseguia, gritou contrariado.

- Não - disse-lhe tranqüila mas taxativamente. depois de uma recente humilhação sofrida no supermercado, não lhe tinha ficado outro remédio que chegar à conclusão de que tinha que aprender a controlar os ataques de gênio de seu filho.

« Não?» Masen olhou com evidente perplexidade à mulher de cabelo marron e grandes olhos chocolates cheios de ansiedade. Sue, sua babá, utilizava com freqüência aquela desagradável palavra, e também seu pai. Mas sabia que sua mãe o adorava e detestava lhe negar nada. De fato em seus dezoito meses tinha todos os instintos de um tirano que tinha descoberto que unicamente necessitava de algumas respostas básicas para obter o triunfo em qualquer situação: quando lhe frustravam algum plano, só tinha que agarrar uma boa manha de criança até que lhe dessem o que queria. Assim começou a respirar fundo preparando-se para gritar e espernear.

Com apenas seu metro e sessenta de magra estatura, Bella se limitou a deixar o pequeno no parquinho, pois já tinha comprovado mais de uma vez quão difícil resultava sujeitá-lo quando o mau gênio se apoderava dele.

Depois do dia em que lhe caiu dos braços, tinha decidido que nessas situações o melhor era soltá-lo.

- Este menino está muito mimado! - havia-lhe dito sua irmã Kate naquela ocasião, e o tinha feito com tão evidente desagrado, que a tenra e maternal Bella se sentiu ferida.

- Exigente o pequenino, não? - tinha comentado com desaprovação James Hunter, seu amigo e companheiro do departamento de botânica -. Não pensou em lhe ensinar um pouco de disciplina?

- Tem que ser firme com ele - tinha-lhe recomendado Sue depois que Bella insistisse em que lhe explicasse por que o menino não se comportava desse modo com ela -. Masen pode chegar a ser muito teimoso.

Bella fez o pinheiro junto ao parque. Uma distração a tempo podia fazer maravilhas para cortar suas birras. E assim foi, o pequeno ficou pela metade no pranto para tornar a rir surpreso ante as piruetas de sua mãe.

Bella o levantou nos braços e o estreitou com força enquanto piscava para eliminar as lágrimas de seus olhos. Todo o amor desesperado que havia sentido uma vez por Edward tinha sido transferido a seu filho. Estava convencida de que sem Masen teria se tornado louca de dor depois do fim de seu matrimônio. As necessidades do menino a tinham obrigado a enfrentarse à dura realidade e a inventar uma nova vida para os dois. Mas o sofrimento que lhe tinha provocado a traição de Edward continuava igual

dentro dela e tinha que viver com ele dia após dia. Sempre havia sentido coisas de um modo muito fundo e já de menina tinha tido que aprender a ocultar a intensidade de suas emoções depois de uma aparente tranqüilidade. De outro modo com fazia que outros se sentissem incômodos.

O ruído de um carro aproximando-se da casa pelo caminho de cascalho anunciou a volta de Kate. Jake apareceu com a cabeça por debaixo do aparador, deu um só latido olhando com nervosismo à porta e voltou a esconder-se. Um segundo depois, abriu-se a porta para dar entrada à mulher alta e castanha que teria sido preciosa a não ser pela dureza de seus olhos verdes e por sua mandíbula sempre apertada em um gesto de descontentamento.

Indiferente à entrada de sua tia, certamente porque Kate jamais lhe prestava atenção se não era para queixar-se de seu imaturo comportamento, Masen bocejou e deixou cair a cabeça sobre o peito de sua mãe.

- Não deveria estar tirando a sesta? - perguntou Kate irritada ao ver o pequeno.

- Estava a ponto de subi-lo a seu dormitório - Bella subiu as escadas perguntando-se se o mau humor de sua irmã teria sido ocasionado por outro desgosto profissional, o que lhe recordou que ela mesma tampouco se encontrava em uma boa situação econômica.

Teria sido cruel exortar Kate sabendo que tinha que lutar com força para sobreviver sem champanhe, caviar e todo esse tipo de luxos. Bella também se sentia culpada porque estava consciente de que sua negativa em aceitar nenhum apoio econômico de Edward mais do que o estritamente essencial para manter o menino era a razão principal de seus números vermelhos. Tinha posto seu orgulho acima do sentido comum e agora estava pagando as conseqüências.

Ao menos a casa em que vivia era pequena e fácil de manter. É obvio, Kate era da opinião de que parecia uma casa de bonecas; mas nos escuros dias que tinha passado sozinha, a ponto de dar a luz e lutando por suportar a vida sem Edward, aquela pequena casa se converteu em uma espécie de refúgio. Além disso, estava situada em uma bonita zona de campo próxima a Oxford, em cuja universidade Bella trabalhava três dias por semana como tutora no departamento de botânica. Com seus dois dormitórios, tinha o tamanho perfeito para uma mãe e seu único filho; mas ficava curta quando surgia a necessidade de alojar outro adulto. Não obstante, Bella estava encantada de ter ali sua irmã e só esperava que tivesse em conta a possibilidade de buscar um lugar mais amplo em um futuro próximo. Mas quem teria pensado que a boutique londrina de Kate acabaria tendo que fechar. Sua pobre irmã tinha perdido tudo: seu moderno apartamento na zona cara da cidade, seu carro esportivo... para não falar da maioria de seus sofisticados embora volúveis amigos.

- Nem se incomode em me perguntar como foi a entrevista! - advertiu sua irmã quando Bella voltou após deitar o pequeno -. Essa velha bruxa virtualmente me acusou de mentir no curriculum. Mas eu já lhe disse o que podia fazer com seu asqueroso emprego.

- Vamos - tratou de dizer Bella um pouco desconcertada-... Garanto que não a acusou de mentir.

- Não tem feito falta... começou a me perguntar coisas em francês e eu não sabia que demônios estava me dizendo — narrou Kate furiosa—. Eu só havia posto que tinha conhecimentos de francês, não que fosse bilíngüe!

Embora não tivesse a menor idéia de que sua irmã mais velha tivesse estudado francês em sua vida, tentou acalmá-la com palavras de consolo e compreensão. Mas Kate não apreciou tal intento.

- A culpa de que tenham me humilhado assim é sua!

— Minha? — perguntou Bella desconcertada.

- Ainda está casada com um homem incrivelmente rico e entretanto morremos de fome - explicou com tremenda amargura-. Sempre está se queixando do pouco dinheiro que tem e fazendo que me sinta culpada...

- Estou procurando trabalhos que estão muito abaixo de meu nível, enquanto que você passa o dia sentada em casa comodamente mimando Masen como se fosse um príncipe.

Bella estava horrorizada pelo profundo ressentimento que estava mostrando sua irmã e se sentia responsável.

- Kate, eu...

- Sempre foi muito estranha, Bella. Joga uma olhada na sua vida! - continuou dizendo com igual desprezo-. Vive aqui na metade do nada, com um cão monstruoso e seu precioso filho e jamais faz nada nem vai a nenhum lugar que vale a pena. Tem um trabalho aborrecido, uma vida aborrecida, sempre foi a pessoa mais aborrecida que conheço. Não me admira que Edward tivesse uma aventura com aquela loira tão sexy! O que é um mistério é que alguma vez se casasse com alguém tão insignificante como você!

Bella observou consternada o final de tão terrível discussão e a saída explosiva de sua irmã. Em seguida se apressou a armazenar todas aquelas palavras no subconsciente enquanto acariciava Jake, que tinha se posto atremer pelo efeito de uns gritos aos que não estava acostumado. Tentou recordar-se que Kate estava passando um mau momento que teria tirado de a paciência de qualquer um. Ninguém sabia melhor que Bella quão duro era construir uma nova vida sobre as cinzas da perda e da destruição. E era especialmente difícil para Kate, que nunca tinha tido que renunciar a nada, acostumada a uns privilégios que sempre tinha desfrutado sem perguntar-se por que.

Entretanto Bella tinha crescido acreditando-se uma pessoa afortunada. Seus pais biológicos haviam falecido em um acidente de carro quando ela era só um bebê, mas logo a tinha adotado a acomodada família Swan. Sua única filha, Kate, tinha naquela época três anos e o casal tinha decidido adotar outra filha para que nunca faltasse companhia à sua menina. Ninguém a tinha tratado mal na família Swan, mas Bella sabia que não tinha respondido às esperanças de matrimônio de que se convertesse na alma gêmea de Kate. Entre elas nunca tinha havido nada em comum e a diferença de idade nunca tinha feito mais do que intensificar sua disparidade.

Consciente de sua falha, Bella tinha crescido com a sensação de ser uma contínua fonte de decepções para a família. Os Swan tinham esperado que Bella se convertesse em uma senhorita feminina como Kate, a que lhe tinham encantado a moda, os cavalos e o balé antes de interessar-se pelos homens e a intensa vida social. Entretanto Bella sempre tinha sido tímida, introvertida e resultou ser também a mais torpe da classe de balé. Os cavalos a tinham apavorado só um pouco menos que os homens, o que a tinha feito fugir das festas como da peste. Converteu-se em um camundongo de biblioteca no momento em que tinha aprendido a ler; e só se sentiu segura de si mesma no mundo acadêmico, onde sua inteligência sempre tinha sido recompensada com notas imensuráveis. Entretanto os lucros conseguidos nesse terreno não tinham feito mais que incomodar seus pais, que achavam anormal que uma jovem de sua idade estivesse tão interessada em estudar.

Sua mãe havia falecido de um ataque cardíaco quando Bella tinha dezessete anos e seu pai tinha morrido quando ela estava na universidade, depois de vários meses de uma séria crise econômica. Para o Kate tinha sido tudo um golpe ter que vender a casa e as antiguidades dos Swan, que sempre tinha acreditado que acabariam sendo seu algum dia. Bella não soubera como consolar sua irmã por tal perda. O estridente timbre da porta a tirou daquele repasse de seus fracassos como filha e irmã adotiva. Um mensageiro lhe entregou um pacote e se voltou para partir rapidamente.

- O que é? - perguntou-lhe Kate enquanto ela olhava atônita o elegante cartão em que em seguida tinha distinta a letra de seu marido.

- Não sei - Bella franziu o cenho confusa ao ver o jornal, já que tinha dado por certo que seria um presente para Masen. A confusão se transformou em ira assim que reconheceu a exuberante loira que prometia contar todos os seus segredos na página cinco. Enquanto passava as folhas ia formando um nó na garganta e um suor frio lhe empapava as mãos. Por que Edward ia ser tão cruel de lhe mandar um artigo sobre Tanya Denali? Continuou procurando a página que lhe importava fazendo caso omisso à insistência de sua irmã para que lhe deixasse ver o jornal.

Por fim encontrou o título «SOU RICA GRAÇAS Às MENTIRAS» e leu o artigo de metade da página sem pestanejar sequer. Com uma incrível falta de vergonha, Tanya confessava que a história de sua fugaz aventura com Edward não tinha sido mais que uma efetiva mentira elaborada com o propósito de fazer-se famosa e de que a convidassem às festas de sociedade. A noite de paixão desenfreada que a modelo tinha relatado só dois anos antes tinha sido pura invenção. Bella ficou petrificada, uma espécie de atordoamento tomou lugar tanto de seu corpo como de seu cérebro. Tanya Denali tinha inventado tudo? Não tinha sido mais que uma cruel mentira? de repente tinha a sensação de haver ficado loca. Edward não a tinha traído, ele não tinha mentido e ela... E ela? Ela tinha preferido pensar o pior dele e se negou a aceitar suas explicações. Tinha dado as costas a seu marido e a seu matrimônio. Aquela agonia a estava devorando viva. Era como cair em um abismo.

- Equivoquei-me... Julguei mal Edward...

- Que fez o que? - perguntou sua irmã quase gritando, ao mesmo tempo em que lhe arrancava o jornal das mãos com evidente impaciência.

Bella passou a mão pela fronte coberta de suor. A culpa fazia com que lhe retumbassem as têmporas e tinha a sensação de não poder confrontar a enormidade de seu engano. Aquela confissão a tinha golpeado como golpeava uma pedra contra um cristal fazendo-o em pedaços. O mundo que tinha reinventado a derrubava. Em um décimo de segundo, tinha passado de ser uma mulher que acreditava ter agido corretamente abandonando seu marido infiel a converter-se em uma que tinha cometido um tremendo engano com o que tinha feito mal ao homem que amava e a seu querido filho.

- Você não irá acreditar neste lixo? - inquiriu sua irmã em tom depreciativo

-. Agora que os meios não lhe faziam caso, Tanya Denali faria ou diria algo para que seu nome voltasse para as manchetes.

- Não... Sua história coincide exatamente com o que Edward me disse em seu momento, mas... - sua voz foi perdendo força até quebrar-se com a chegada do pranto que ela lutava por conter -. Mas eu não quis escutá-lo...

- Claro que não o escutou! - interrompeu-a sua irmã -. Foi muito sensata para escutar suas mentiras. Sabia que, antes de casar-se com você, era um reputado mulherengo. Acaso não tentei avisá-la?

Muita gente tinha tentado acautelar Bella para que não se casasse com Edward Cullen; de fato ninguém parecia haver-se alegrado de sua união. Nem a família dele nem a dela. Todos tinham se surpreendido por sua decisão e tinham duvidado de que houvesse muitas possibilidades de que tão estranho casal tivesse êxito. Até os que se supunha que lhes desejavam o melhor haviam dito a Bella que era muito tranqüila, muito reservada e estudiosa e muito pouco apaixonada para um homem tão sofisticado como Edward. Ela tinha escutado todos aqueles preocupados conselhos que tinham conseguido fazê-la sentir-se insegura, inclusive antes das bodas. Entretanto ao final do dia, Edward só tinha tido que estalar os dedos para que ela fosse correndo contra vento e maré. Tinha-o amado mais que a sua própria vida e se sentiu desprotegida e indefesa ante o poder daquele amor.

— De todos os modos, agora já está virtualmente divorciada - recordou-lhe Kate duramente -. Nunca deveria ter casado com ele. Foram totalmente incompatíveis.

Bella não disse nada, tinha o olhar perdido no vazio, imersa em um torvelinho de sentimentos. Edward não a tinha traído nos braços de Tanya Denali. A grosseira loira penetrou no iate de Edward, recordou Bella. Fazendo-se passar por uma estudante, Tanya tinha conseguido que um dos convidados de Edward a contratasse para servir de acompanhante a sua filha no cruzeiro e ao mesmo tempo ajudá-la a praticar inglês. E quando aquelas detalhadas confissões tinham saído à luz, ninguém tinha se sentido em posição de confirmar ou contradizer tais afirmações. Ninguém exceto Edward...

Bella sentiu uma náusea. Tinha castigado seu marido por um pecado que não tinha cometido, em lugar de ter fé no homem com o que se casou. Edward era inocente, o que significava que toda a agonia pela qual ela tinha passado nos dois últimos anos tinha sido exclusivamente por sua própria culpa. Aquela era uma realidade muito dura de aceitar de repente, mas Bella tinha suficiente humildade para aceitar seu engano e dar o passo mais importante, desculpar-se pelo dano que tinha infligido a Edward. Sabia perfeitamente o que devia fazer.

- Preciso ver Edward... - murmurou em seguida.

- Você não escutou nada do que eu disse? Para que demônios precisa ver a Edward?

Bella se encontrava em estado de choque e apesar de estar agindo com o piloto automático, a premente necessidade de ver Edward a guiava como uma tocha em metade de um túnel escuro. Fazia quase dois anos da última vez que o tinha visto, pois após os advogados se encarregaram de todo o processo legal e uma babá era a que recolhia Masen para levá-lo com ele. Acomodada, a situação econômica de Edward lhe tinha permitido não ter que tolerar nenhum encontro pessoal com sua mulher depois da separação.

- Tenho que vê-lo - enquanto falava, Bella estava ideando torpemente a maneira de deslocar-se a Londres. Como aquele dia tinha que trabalhar, Sue estava a ponto de chegar para cuidar de Masen e ficaria ali até as seis da tarde

-. Vai sair esta noite?

- Não... Não pensei - respondeu Kate surpresa pela súbita mudança de assunto.

- Não sei a que hora conseguirei ver Edward. Certamente não será uma de suas visitas mais esperadas, assim suponho que voltarei tarde - explicou-lhe com ansiedade -. Posso pedir a Sue que fique um pouco mais e coloque Masen na cama. Você poderá cuidar dele até que eu volte?

- Se for ver Edward, cometerá o maior engano de sua vida - vaticinou Kate com veemência.

- Tenho que me desculpar... é o mínimo que posso fazer.

No tenso silêncio que se fez na habitação, apareceu uma luz que iluminou Kate.

- Possivelmente não seja tão má idéia. Poderia aproveitar a oportunidade para lhe dizer que está completamente arruinada...

- Jamais poderia fazer isso! - saltou Bella imediatamente.

- Então eu não poderei cuidar de Masen - contra-atacou sua irmã sem titubear.

A raiva e a vergonha lutavam dentro dela.

- Está bem... mencionarei o tema e verei se posso fazer algo...

Sua capitulação provocou um sorriso em Kate.

- Muito bem... então só por esta vez, farei papel de babá. Esperemos que Edward se sinta muito generoso quando a vir se humilhar ante ele.

Nada mais inteirar-se da chegada de Bella, Edward solicitou fazer um descanso na reunião.

Ao vê-la de pé na recepção, ficou parado no patamar das escadas. Em metade da enorme sala, Bella parecia diminuta e insignificante. A saia e o suéter marrom que usava estavam deformados e provavelmente tinha outros dois ou três conjuntos iguais. Bella odiava ir as lojas e comprar as coisas de três em três a ajudava a espaçar aquela obrigação ao máximo. Longe da atenção que lhe tinha emprestado, tinha abandonado rapidamente o estilo que lhe tinha inculcado e tinha retornado a sua falta de elegância. Tinha as unhas sem pintar e o cabelo chocolate e sedoso recolhido com um vulgar alfinete de plástico. Com aquela indumentária, não era o tipo de mulher que fazia com que os homens se voltassem a olhá-la pela rua. E entretanto tinha uma beleza luminosa que nem a mais aborrecida vestimenta podia ocultar. Passeou o olhar pela porção de ombro que deixava entrever o suéter e depois percorreu aquele delicado e feminino perfil. Uma quebra de onda de desejo lhe fez reagir apertando os punhos com força.

Em outro tempo a tinha considerado doce e leal até a morte. Sua calidez e sua modéstia o tinham cativado, e sua sinceridade e sua bondade tinham influenciado enormemente em sua cínica visão do mundo. Não havia nada falso nela. Edward tinha acreditado ciente de que tinha encontrado um tesouro. Tinha acreditado que seu matrimônio funcionaria enquanto tantos outros fracassavam. Ele era um homem para o qual o fracasso era terreno proibido e tinha escolhido a que seria sua esposa com extremo cuidado. Mas Bella não tinha resultado ser digna do anel que ele tinha posto em seu dedo.

Afastou o olhar com justificada ira, mas em seguida seu cérebro esfriou o fogo de seu sangue. Por que motivo tinha interrompido a importante reunião que estava mantendo? Por um momento se deixou levar pelas boas maneiras, decidiu dando meia volta. Depois de tudo, ele não a havia convidado a que se apresentasse em seu escritório na metade da jornada com a idéia de receber sua atenção.

Edward tinha que admitir que aquela reação ante a confissão de Tanya Denali era muito típica dela e ele mesmo poderia havê-la previsto. Conhecia bem Bella. De fato, em outro tempo apreciou se sobressair em tudo o que ela era um verdadeiro desastre. Apesar de sua aparente tranqüilidade, Bella podia reagir com uma incrível impulsividade que arrastavam suas indisciplinadas emoções. Sempre tinha estado completamente cega às escuras motivações que podiam impulsionar outros a agir, por isso era incapaz de proteger-se contra a manipulação. Era capaz de lutar até a morte para encontrar um ato redentor até no ser humano mais deplorável.

Mas Edward não tinha a intenção de redimir-se ante ela. Tampouco desejava vê-la e aquela repentina visita lhe parecia uma insensatez que poderia deixála em ridículo. Era uma estupidez aparecer ali no mesmo dia em que se publicou a confissão de Tanya Denali. - Acaso Bella não tinha o mínimo sentido comum? Freqüentemente tinha acreditado que não. Se a imprensa se inteirava de que estava ali, apareceriam hordas de paparazzi. Assim, sem querer lhe dedicar mais tempo, Edward reatou seus passos, dessa vez de volta à reunião.

Bella sentou-se sem suspeitar que tinham estado observando-a atentamente. Sentia-se incômoda e inquieta com os olhares furtivos que atraía. Tinha tentado entrar em contato com Edward por telefone do trem, mas tinha sido em vão pois o número do celular que ela tinha estava agora «for a de serviço». Tampouco chamando à empresa tinha tido muita sorte, já que lhe tinha resultado impossível falar com ele pessoalmente. Assim só lhe tinha ficado a opção de apresentar-se ali, onde a tinham informado com frieza de que o senhor Cullen estava muito ocupado, por isso se preparou para uma larga espera com o consolo de que ao menos Edward estava no edifício e não de viagem como teria podido acontecer.

Essa mesma tarde às cinco, Edward concluiu a reunião e pediu à sua secretária que acompanhasse Bella até seu escritório. Depois de três horas de espera sem que ninguém lhe desse o menor resquício de esperança, sentiuse aliviada de que alguém a tirasse daquela imponente recepção. Mas se converteu em uma massa de nervos ante a perspectiva de voltar a ver Edward depois de tanto tempo. Não sabia o que ia dizer-lhe, não tinha a menor idéia de como salvar o abismo que se havia aberto entre eles. Sua suposta infidelidade tinha criado uma enorme barreira entre ela e suas emoções, mas agora essa barreira tinha desaparecido e com ela a noção de como devia comportar-se.

Bella atravessou a soleira da porta sobressaltada e insegura.

Edward dominava sem esforço tudo o que o rodeava com seu metro noventa e seu corpo de atleta. Bella teve a sensação de que o oxigênio do cômodo se esfumaçou lhe impedindo de respirar. Tinha-lhe ficado a boca seca e o coração ameaçava escapar do peito. Encontrar-se com aqueles olhos Verdes e profundos era como se chocar contra uma cerca elétrica. Envergonhava-a que inclusive em uma situação tão crucial como aquela, sentisse-se arrastada pela atração que exercia aquele homem sobre ela.

- Bom... - murmurou Edward, a quem por suas operações no mundo empresarial, haviam descrito como frio como o gelo e muito mais perigoso. Seu ligeiro acento italiano lhe provocou um calafrio que lhe percorreu as costas como uma descarga -... O que a traz para a cidade?

***** What U guys Think? REVIEW************