Epilogo

Eu nunca fui lá muito romântica, nem ficava cogitando como seria meu casamento, quem seria o meu marido, como seria os meus filhos.

Na verdade, sempre fui muito focada em meu trabalho para prestar atenções em coisas que mulheres geralmente se apegam.

Talvez eu seja uma displicente feminina ou simplesmente uma realista filha de uma boa mãe que se conformou com o capitalismo e passou a viver em um mundo paralelo ao da realidade a onde criava seu próprio universo e sucumbia perante a esse se esquecendo de coisas triviais como de que um dia poderia se apaixonar de verdade, e que eu amaria esse homem e então aceitaria a sua proposta de casamento... ou na pior das hipóteses ele me chutaria e viraria lésbica apenas para esfregar que consigo uma mulher mais gostosa que ele.

Ok, peguei pesado no lésbica. Provavelmente eu ficaria amargurada e não pensaria mais em um relacionamento e morreria compenetrada em meu trabalho. Possivelmente criaria um personagem igual a ele para matar varias vezes.

Mas mesmo eu sendo uma alienada nos assuntos amorosos, aqui estava eu de vestido de noiva sorrindo amavelmente para os convidados, se eles soubesse o que estou com vontade de fazer, provavelmente não corresponderiam ao meu sorriso amável.

O que quero fazer?

Simples, matar o meu noivo/atual marido.

Pedirei o divorcio até o final da noite, vou bater o recorde de casamento mais rápido do século.

O motivo de minha irritação é bem simples, esse viado filho de uma boa mãe – a mãe dele é linda e amável, como pode ter gerado algo assim? – não sorri, não cumprimenta os convidados, não me fala nada... apenas fica com uma cara de bunda.

E durante a recepção consegui ouvir comentários sobre eu estar dando o golpe do ano me casando com um dos herdeiros da Corporação Taisho, Bankotsu precisou ser contido por Jakotsu e Yuri para não socar os parentes de Sesshoumaru que havia dito aquilo.

Pior que ao menos consegui ficar irritar com as pessoas que ficavam com comentários repletos de injuria, difamação e calunia, afinal, o meu marido estava dando motivos latentes para que tudo aquilo fosse dito.

Sesshoumaru, seu merda.

Eu queria um casamento simples, sério, apenas passar no papel e uma festinha pequena com os amigos da família mais íntimos, não aquela festa monstruosa que havia saído no jornal com uma semana de antecedência com o evento do ano, sinceramente, a mãe do meu marido não foi muito legal de ter transformado o casamento do seu filho em uma espécie de premiação do Oscar. Minha opinião não foi muito levada em consideração sobre nada nesse casamento, acredito que apenas escolhi o homem que subiria comigo no altar nessa putriqueira de casamento.

Respirei fundo e esbocei o sorriso mais falso que conseguia quando meu pai me abraçou, ele fungou algumas vezes dizendo que não acreditava que sua menininha havia crescido tão rápido, mamãe me abraçou em seguida e segurou meu rosto entre as mãos sorrindo docemente.

- Que você seja muito feliz, querida.

- Obrigada, mamãe.

Ela se virou para Sesshoumaru que apenas abaixou o olhar para ela e correspondeu o abraço, sério, sem qualquer trajeto de sentimento naquele momento mágico de novo membro da família que é aceito amigavelmente.

- Bem vindo a família, querido.

Ele correspondeu apenas com um aceno de cabeça, respirei fundo e voltei a esboçar meu sorriso falso para o meu irmão quando este me abraçou.

- Papai pretende invadir o quarto do hotel pra evitar que o casamento se consume essa noite. – Sussurrou Souta em meu ouvido. – Eu disse que já deveria ter se consumido a muito tempo, mas ele recusa a acreditar e me deixou de castigo até sair de casa... falando nisso... posso ficar com o seu apartamento?

- Não.

- Morra em sua ganancia, Kagome Higurashi.

- Taisho. – Ouvi Sesshoumaru ao meu lado, pela primeira vez desde o "aceito", ele havia falado aquela noite.

- Vou levar um tempo para acostumar. Bom, se um homem vestido de ninja aparecer em seu quarto, é o papai.

- Fala sério. – Reclamei rolando os olhos.

Souta cumprimentou Sesshoumaru com um aceno de cabeça e seguiu até meus pais, a onde acontecia uma briguinha casual, provavelmente sobre a noite de nupcia, soltei um pesaroso suspiro enquanto voltava minha concentração para os outros convidados que vinham me cumprimentar. Tentei me manter concentrada nos convidados e sorrir amavelmente para todos, confesso que aquele flash do fotografo estava me deixando com dor de cabeça, um grande mal de ter olhos claros é sensibilidade a claridade, os flash estava me cegando.

Consegui deixar minha raiva de Sesshoumaru de lado quando a banda começou as músicas agitadas e Rin junto com Yuri foram comigo para o meio da pista, não demorou um minuto para Sango acompanhada dos meus amigos mais íntimos estarem conosco, o que seriam de mim sem meus amigos para salvarem a noite que deveria ser a minha e que de acordo com a porcaria dos sonhos melados de qualquer adolescente era ara ser perfeita.

Acho que Sesshoumaru tem algum pacto com o demônio a onde ele acordou que ia me ter sob a condição de que provaria que poderia ser o homem mais cretino do mundo e mesmo assim muito amado.

Amo essa peste, mas isso não vai me impedir de provar que tapa de amor doí.

E foi isso que fiz quando entramos no quarto do hotel, acertei um murro no estomago dele o fazendo envergar, sorri passando mão pelo seus cabelos o bagunçando.

- Estou bem melhor agora. Vou me trocar. – Sai em direção ao banheiro, o ouvir tossir algumas vezes antes de fechar a porta.

Nem um minuto depois a porta do banheiro foi aberta, o reflexo de Sesshoumaru apareceu ao meu lado no espelho enquanto me concentrava em tirar aquela tonelada de maquiagem.

- O que diabos foi esse soco?

- Agradecimento pelo seu companheirismo e vivacidade em nosso casamento.

- Eu odeio festas. – Ele respondeu repousando as mãos na pia, me deixando entre seus braços.

- Então não me pedisse em casamento.

- Uma coisa não está vinculada a outra.

- Você estava conosco quando decidimos como seria o casamento.

- Eu avisei para você não deixar que elas comandassem a festa.

- Quero o divorcio. – Ele me ignorou começando a desabotoar meu vestido. Balancei a cabeça soltando um suspiro. – Acredito que vou morrer antes de lhe ver sorrir.

- Possivelmente.

- Maldito. – O senti beijar meu pescoço, sorri me virando para ele enquanto deixava o vestido cair sobre meus pés. – Acha mesmo que vai conseguir me seduzir após me fazer arquitetar seu assassinato durante toda a noite?

- Não acho nada. Estou apenas utilizando as armas que tenho para você esquecer a raiva.

Ele repousou a mãos em minha cintura enquanto soltei um suspiro de prazer quando seus lábios percorreram a linha do meu queixo até a clavícula. Segurei seu cabelo com a mão esquerda puxando sua cabeça para trás, fiquei na dúvida se socava ou beijava aquele sorriso de canto nos lábios de meu marido.

- Estou conseguindo lhe fazer esquecer?

- Não gosto muito de você nesse momento. – ele deu de ombros. – Pensa mesmo que com alguns carinhos ira conseguir me fazer esquecer o seu mau humor em nosso casamento?

- Kagome, por favor. Não confunda meu repudio por festas com a satisfação de você ser minha mulher.

- Como não confundir se não houve qualquer manifestação de satisfação de sua parte?

Ele suspiro se afastando, voltou sua atenção a desatar o nó da gravata, aproveitei a deixa para me abaixar e tirar a sandália, que apenas agora havia notado que provocara bolhas em meus pés. Engraçado, fiquei tão concentrada no mau humor de Sesshoumaru que nem ao menos me dei conta que estava com o pé dilacerado. Sai do banheiro no intuito de colocar minha camisola, minha ação de procura por ela na mala que usaria para viagem de lua de mel foi interrompida pela visão de meu marido apenas de cueca box branca escorado no batente da porta com os braços cruzados... maldito sexy que faz minha sanidade me abandonar rapidamente.

Meu queixo caiu levemente, por que ele havia arrepiado o cabelo daquela forma?

Provavelmente se eu perguntar ele apenas ira dizer que estava tirando o gel, mas eu sei que aquilo era resultado de um comentário meu sobre como ele ficava malditamente sexy com o cabelo prateado arrepiado dando um ar selvagem aquela aparência polida que Sesshoumaru sempre sustentava.

- O que está fazendo? – Ele questionou me fazendo voltar a realidade.

- Procurando minha camisola. – Voltei minha atenção para mala, não consegui evitar meus olhos de irem até Sesshoumaru várias vezes enquanto afastava as roupas procurando a bendita camisola.

- Não vai precisar dela.

- Vou sim.

Ouvi quando ele se aproximou, mas fingi que estava muito concentrada em minha procura para notar sua movimentação, contudo, mesmo sabendo que ele estava se aproximando, gritei quando fui suspensa no ar e agarrei o pescoço de Sesshoumaru, ele se dirigiu até a cama e me deitou nela ficando com apoiado com joelho esquerdo entre minhas pernas e as mãos no colchão me mantendo entre seus braços.

- Não ira precisar nem dessas peças intimas, o que lhe faz pensar que terá a necessidade de utilizar uma camisola?

- Acha mesmo que vai conseguir alguma coisa comigo após seu comportamento dessa noite?

Ele abaixou o rosto ficando com os lábios rosando minha orelha esquerda, mordi o lábio inferior tentando manter um requisito de minha dignidade para ceder a tentação e sucumbir ao desejo.

- Consigo pensar em uma forma muito excitante de você me punir.

Ok, lá se ia minha dignidade pela janela do hotel.

O pior – ou melhor depende do ângulo que se analisa a situação – é que o albino notou minhas defesas haviam sido arrasadas e que a vitória era dele.

- Eu quero socar você. – Falei entre os dentes, Sesshoumaru afastou o rosto, estava com aquele olhar arrogante e um meio sorriso.

- Esqueça essa festa estupida que...

- Está chamando nosso casamento de festa estupida?

Minha dignidade havia voltado pela janela e eu o espalmei as mãos no peito nu dele o fazendo se afastar para me sentasse. Estava preste a me levantar e sair da cama, mas Sesshoumaru não permitiu, me forçou a deitar soltando um suspiro pesaroso e franzindo o semblante.

- Casamento não é estupido, apenas a festa.

- Você não concertou o que disse, querido.

- Odeio quando você me chama de querido.

- Querido é uma forma carinhosa de chamar o futuro ex marido.

- Querido banhado de sarcasmo... pare de dizer que quer se separar de mim.

- Pare de dar motivos para eu queira isso.

- Cristo, não estou dando motivo algum.

- NÃO?! Então o que...

- Esqueça a porcaria da festa que nossas mães fizeram e se concentre em seu marido semi nu sobre você, pronto para fazer amor contigo a noite toda.

- Tentador, mas meu orgulho e minha dignidade me fazer pensar em greve de sexo.

- Por mim tudo bem. – Ele mordeu meu lábio inferior me fazendo ir com a cabeça na direção dele enquanto puxava meu lábio com os dentes. – O desafio de lhe fazer mudar de ideia me excita.

- Maldito. – Minha intenção era de ter falado isso com raiva, mas, não passou de um sussurro contra seus lábios antes de um beijo.