Título: Os únicos presentes que nós precisamos

Pairing: Steve McGarrett/Danny Williams (McDanno)

Música-tema: In the morning, Jack Johnson

Universo: Hawaii Five-0

Timeline: Segunda temporada

Rating: M (+18)

Categorias: Shortfic. Algo perto do fluffy. Nem sei.

Advertências: Relação homossexual entre dois homens, linguagem de baixo calão.

Disclaimer: Nenhum dos personagens me pertence, associações com a realidade são mera coincidência – e se eu estivesse fazendo grana com isso, compraria presentes de Natal para todos vocês.

Na realidade, espero que ela veja isso. Essa vai pra minha companheira de surtos e amores McDanno, a ShiryuForever94. Feliz Natal, coisa linda dessa vida.

Sinopse: Depois que tudo tinha acontecido para destruir aquela data para Danny, Steve assumiu para si mesmo a missão de salvar o Natal.


Os únicos presentes que nós precisamos

O sorriso amarelo de Danny era inconfundível. Steve estava ao seu lado, as mãos no volante, e tentava apenas focar o olhar na rua iluminada pelos postes. Grace estava no banco de trás e sua voz parecia ainda mais inocente que o de costume. Era a sua terceira pergunta sobre o Natal; e perguntas costumam assustar pais inevitavelmente.

"Papai, as renas do Papai Noel conseguem parar na praia?" Foi a terceira.

"As renas vêm voando, meu amor, elas não precisam parar." Danny tinha respondido de imediato. Até ali, ele ainda estava tranqüilo.

"O Papai Noel não vai ficar com muito calor aqui no Havaí?"

Danny lançou um olhar sutil para Steve, que correspondeu. Danny limpou a garganta.

"Ele vem voando no trenó e pega um vento no rosto no meio do caminho."

Steve não conteve o riso ao seu lado, e Danny lia em seu rosto o 'mas o quê...?' de sua expressão de interrogação. Danny deu de ombros e acabou tendo também que segurar a risada. Diante do silêncio de Grace, os dois pararam. Aquilo começava a incomodar o loiro. Ele franziu o cenho e virou-se, voltando-se para o banco traseiro, onde sua filha sentava um pouco cabisbaixa.

Ele percebera o que ela queria fazer com aquelas frases. Não estava de fato preocupada com o Papai Noel, estava incomodada.

Danny passou o braço entre os espaços do banco e estendeu a mão para Grace. Ela segurou-a e lançou ao seu pai um olhar indefeso e entristecido.

"O que aconteceu com a minha princesinha?"

"Aqui no Havaí nós nunca vamos poder fazer um boneco de neve?"

Danny engoliu em seco e desviou um olhar rápido para Steve. O moreno não sabia o que dizer, e Danny apenas voltou a encarar as perguntas no olhar de sua filha desanimada.

"Aqui não neva, meu amor." Danny conseguiu dizer apenas.

"Eu sei." Grace deu um meio sorriso entristecido, fazendo seu pai engolir em seco. "Eu só queria um boneco de neve. Mas tudo bem."

Steve parou o carro à frente da casa de Rachel e Danny desceu, abrindo a porta. Seus olhos azuis pareceram um pouco perdidos. Ver o sorriso torto e chateado de Grace o intrigava e perturbava. Quando soltou o cinto de segurança de Grace, segurou-a sob os braços e pegou-a no colo. Segurou sua mão e forçou um sorriso.

"Eu tive uma ideia, ok? Você quer passar o Ano Novo comigo lá em Jersey? Com certeza está nevando e nós podemos fazer muitos bonecos de neve. Podemos visitar a vovó, o que acha?"

"Nós vamos ver o tio Matty?" Grace finalmente abriu um sorriso, e Steve, ainda dentro do carro, conseguia quase ouvir o som do coração de Danny se partindo. O loiro engoliu em seco e Steve admirou sua força de continuar sorrindo diante dos olhos puros e ternos de Grace.

"Tenho certeza que o tio Matt iria adorar ver você, mas não sei se ele vai estar em Nova Jersey para o réveillon, princesa. Ele tem viajado muito."

Danny deu as costas e continuou falando com Grace, tentando fazê-la sorrir. Steve apenas acompanhou-o com os olhos, segurando o volante com os lábios comprimidos. O loiro deixou Grace no chão e tocou a campainha.

Estava escuro, e era o começo da noite do dia vinte e três de dezembro. Rachel abriu a porta de casa e andava em passos lentos pela extensão de seu quintal. A barriga de grávida dela estava proeminente, sob um vestido violeta de tecidos leves. O portão se abriu e ela continuou andando até os dois.

Mesmo vista de longe, Steve percebeu a severidade de seu rosto. Danny despediu-se de Grace com um longo abraço e Rachel fez um gesto amigável de que era para sua filha entrar em casa. Enquanto ela o fazia, Danny e Rachel permaneceram se encarando como dois cães de briga por alguns instantes.

Começaram a conversar, e permaneceram pacíficos por talvez um único minuto. Danny perdeu a paciência bastante rápido e sua voz se elevava. Rachel não deixava por menos; por certo sabia como brigar com Daniel.

Steve quis desviar o olhar, afinal, não cabia a ele. E, depois de quinze minutos, preferiu de fato reclinar o banco e colocar alguma música para tocar. Talvez aquilo fosse demorar. Ligou a música e cruzou os braços atrás da cabeça.

So much love
The kids are laughing in their sleep
Swimming through their dreams into the morning
So peaceful all the stories that we're told
Lead them through the night back from the shadows
So much joy every little girl and boy
Even better when they wake up tomorrow

Mais dez minutos se passaram; não era como se Steve tivesse algum compromisso, mas estava começando a ficar entediante demais. Mas entre as letras da música, ele escutou Danny dizer algo como "afinal, a filha é dele, mesmo!", para em seguida o loiro dar as costas e voltar para o carro em passos duros.

Quando se sentou, fechou a porta com um estrondo. Steve não perguntou nada.

"Desculpe a demora." Danny murmurou, e seu rosto estava enfurecido.

Steve voltou até uma música e eles apenas a escutaram.

So much love
In their little mistletoe
Gonna miss you till we meet again in the morning
So much peace in their pitter-patter feet
Any open eyes can see that minds are reaching
So much joy
I'm afraid to be swept away
Upstream there's a spring that brings in the new day

Então Danny pareceu inquieto demais. Era a terceira vez que cruzava e descruzava a perna, e mais uma vez ele tomou fôlego, como se fosse dizer algo. Steve olhou para ele quando parou em um semáforo.

"Você quer falar sobre isso?"

"Puta que pariu, ela só pode estar me tirando para otário." Danny explodiu tão logo Steve terminou a frase. "Ela fica seis dias por semana com ela, no mínimo, e vai fazer isso comigo agora?"

"O que aconteceu?"

"Os pais da Rachel vão chegar amanhã de manhã. O Stan tem uma fantasia de Papai Noel importada diretamente dos duendes do pólo norte e vai usá-la para impressionar os sogrinhos." A voz de Danny era puro desprezo e escárnio.

"O quê? Mas isso sempre foi você quem fez, você é o Papai Noel da Grace!"

"Nem me fale, Steve, eu sou capaz de enfiar uma árvore de Natal no rabo do Stan se o visse agora."

Steve apenas suspirou ao seu lado. Viu as luzes piscantes do lado de fora e percebeu que aquilo conseguia ficar cada vez mais triste para Danny.

"Ela não vai ficar com você amanhã, então?"

"Não." Danny estralava os dedos e seus lábios tremiam.

Steve via Danny afundar o corpo no banco ao seu lado e sua raiva transformar-se em um olhar deprimido e incerto para frente. O loiro suspirou, apoiou o cotovelo na janela e apoiou desanimadamente sua cabeça na mão.

"E o pior é que eu não posso discutir, não posso, sei lá, roubar minha filha. Rachel sempre me teve na mão com essa história do divórcio e da sua posse sobre Grace."

Steve não gostava daquilo. Não sabia o que dizer. Não era do seu feitio fazer promessas falsas ou consolos vagos. Comprimiu os lábios.

"Tente então negociar com a Rachel a história de você passar o réveillon em Nova Jersey com a Grace, pelo menos."

Danny balançou a cabeça.

"Eu não quero ir para Jersey."

"Não quer ir para Jersey? Logo você? Uau, sinto como se eu estivesse em um universo paralelo."

"Estou falando sério, Steven. Mesmo que os parentes já tenham ido embora depois do dia de Ação de Graças, se eu for para uma reunião de fim de ano com minha família, alguém vai perguntar do Matt, e eu não quero falar sobre ele."

"Se não queria ir para lá, por que prometeu isso à Grace?"

Danny suspirou, e Steve percebeu que não deveria ter dito aquilo. Steve engoliu em seco e sentiu a angústia apertar-lhe a garganta. O loiro não ficaria com sua filha na noite de Natal, e ficaria com a imagem do padrasto dela roubando-lhe todas as suas exclusividades. Sua filha ainda por cima estava triste com algo, incomodada com o Havaí, sendo que ela sempre demonstrou adorar a ilha. E Danny sequer podia voltar para a cidade que amava, tirar umas férias em Jersey, sem ser metralhado pela lembrança de seu irmão fugitivo do FBI.

Steve não o culparia se ele amaldiçoasse aquele Natal com todas as suas forças.

"Eu não posso oferecer nada de novo para ela, Steve." Danny parecia desabafar. Sua voz tinha se tornado constante e beirando a rouquidão. "Se eu comprar um brinquedinho daqueles Little Pony pra ela, o Stan e a Rachel compram um pônei cor-de-rosa de verdade, que solta purpurina."

"Danny, eu vou repetir o que disse ano passado: Não importa o quanto você ache que não, mas a sua filha quer ficar com você, quer brincar com você. Não interessa para ela se você vai conseguir comprar. Muitas vezes os melhores presentes para uma criança é aquele que nem custa tanto dinheiro.

"Você diz isso porque ano passado tinha todo mundo para ajudar a fazer uma festinha de Natal para ela. Agora, eu vou passar essa merda de noite sem ninguém e, no máximo, vou dar meu presentinho lixo para ela."

"A Malia e o Chin te convidaram para cear na casa deles, com a Grace. Eles convidaram todos nós, você não precisa passar o Natal sozinho."

"Eu sei, mas... Não quero ir. Não quero estragar o Natal de ninguém com o meu inevitável mau humor, e não quero ser obrigado a fingir que estou bem. Só quero fugir de uma ceia e de musiquinhas havaianas de Natal o máximo que eu puder."

Danny suspirou e Steve engoliu em seco.

"Entendo. Tem vezes que eu acho isso um saco, também." Steve não achava assim tão chato, mas precisava dizer que sim, para dar argumento para a sua frase seguinte. Seus olhos azulados agora beiravam o castanho. "Eu posso passar o Natal com você, se isso faz alguma diferença. Podemos sair para beber alguma coisa e eu te dou um laquê de presente para esse seu cabelo."

Danny abaixou a cabeça, rindo. Em mais um semáforo, Steve voltou o olhar para o loiro, e sabia que tinha que fazer alguma coisa para salvar o Natal de Danno. Não podia deixá-lo sozinho naquela noite, ele era seu amigo.

Não sabia o porquê, mas tinha tomado aquilo como uma missão para si, e, com a sua alma de SEAL, uma missão dada é uma missão cumprida.

"Faz diferença, sim." Danny deu um sorriso fraco e lançou-lhe um olhar azul e grato. "Obrigado por isso."


Continua...