Sailor Moon e Codename Wa Sailor V não me pertencem.


I Still Remember

"Siento que te conozco hace tiempo
De otro milenio, de otro cielo
Dime si me recuerdas aún
Sólo con tocar tus manos
Puedo revelarte mi alma
Dime si reconoces mi voz"

Adriana Mezzadri – Marcas de Ayer

"Não" ela gritou por dentro, seu coração parecia estar sendo espremido por mãos de aço e ela não tinha ideia do por que.

Ele era o inimigo, certo? Tinham que matá-lo ou ele destruiria sua amada princesa!

Então, porque seu coração doía tanto?

Afastou os pensamentos perturbadores, fingindo fazê-lo com a mesma facilidade com que afastava os longos cabelos louros do rosto.

- VENUS POWER! – sua boca gritou.

A luz cegante dos poderes das Senshi junto ao dela tornou tudo ao redor branco, imaculadamente branco, alvo como a luz que resplandecia por entre as torres de cristal do Silver Millenium...

- Procurando sua princesa de novo? – a voz era grave, mas macia, tão macia que ela se perguntou se seus lábios eram feitos de veludo.

Com um farfalhar de saia laranja e cabelos dourados, ela se virou para ele, era como se não tivessem borboletas em seu estômago, suor frio em suas mãos e seus joelhos não estivessem se transformando em geleia.

Sorriu provocante, como se o líder do Shitennou fosse somente mais um de seus joguetes de Deusa do Amor ou, como Mars diria – mesmo visitando sua cama com frequência -, Deusa dos Casos Curtos e Corações Partidos.

- Não diga isso como se não precisasse fazer o mesmo por seu príncipe, caro senhor. - o tom de repreensão bem-humorada dela fez o grave e sério Lord Kunzite sorrir levemente.

A Vênus do século XX sentiu uma lágrima deslizar por seu rosto.

Os lábios dele, aqueles suaves como veludo, repousavam em sua têmpora. Uma cortina de cabelos prateados cobria seus olhos, os dedos dela deslizavam pela pele morena dos braços dele, os beijos continuaram, descendo para sua pálpebra, ponta do nariz, bochechas, orelha...

- Nós deveríamos dar o exemplo... – ele sussurrou causando-lhe arrepios.

Ela riu embaixo dele.

- Ela anda saindo de madrugada, agora também. Tenho certeza que eles estão seguindo nosso exemplo muito bem! – disse se demorando na letra "u" de "muito" antes de jogar a cabeça para trás numa gostosa gargalhada.

Ele aproveitou o ato para beijar-lhe a ponta do queixo proeminente, a garganta curvilínea.

Ela gemeu baixinho apertando a pele, daquela bonita cor bronzeada, entre seus dedos.

A luz estava diminuindo e ela, com uma dor insuportável no coração, viu-o desaparecer sob o brilho frio e indiferente de incontáveis estrelas.

Desesperada, gritou por Usagi, tentando se convencer que se sua princesa estava bem, tudo estava bem.

Inúmeras moedas de ouro tintilavam ao chocarem-se umas com as outras graças aos seus graciosos movimentos, elas estavam presas à seda da cor do sol poente em seus quadris.

Sua dança era lenta para os padrões daquele estilo, os tambores batiam com o ritmo que seu coração acelerado perdera.

Os braceletes e os anéis que lhe enfeitavam os braços e os dedos faiscaram refletindo a luz quente das lamparinas de óleo que iluminavam o interior da tenda.

Ela se mantinha de costas para ele, os cachos dourados estavam entremeados a fios de ouro, ele jurou que jamais esqueceria a imagem dos cabelos dela naquela noite, pois pareciam feitos de pura luz.

Em meio ao seu dançar lascivo, ela finalmente se virou para ele, mas tudo que pôde ver foram os olhos muito azuis marcados com uma generosa camada de delineador preto e o fantasma de um sorriso malicioso que se insinuava por detrás do véu ondulante da cor da areia do deserto.

Ele bateu palmas em apreciação, o ritmo da musica acelerou, ela jogou a cabeça para trás, balançando os ombros lindamente enquanto girava e deixava o véu cair deslizando pelos seios quase desnudos. O líder do Shitennou podia ouvi-la gargalhar de pura alegria e notou que o som era mais agradável do que o das harpas encantadas do Castelo da Lua.

- Porquê você não levou isso para a Rei-chan?

Usagi estranhou, quando se imaginara levando o misterioso porta-joias de vidro que encontrara no escritório de Mamoru até Minako, esperava risos maliciosos, olhares curiosos e teorias absurdas de uma feliz Mina-chan, jamais cogitou encarar os diamantinos olhos frios de Sailor Venus, mesmo com a estranha energia que envolvia as quatro pedras, afinal, elas emanavam um poder parecido com o de Mamoru e o que vinha de seu Mamo-chan não podia ser mau, não é?

- V-chan!

- Usagi-chan, essa energia, você sentiu não foi? Poderia ser perigosa!

- M-mas e se Rei-chan achasse perigosa? Ela as teria destruído!

Minako de repente pareceu muito velha, em vez da garota de vinte anos, a deusa atemporal.

- Ela estaria fazendo sua obrigação como senshi. – disse calmamente, com talvez uma ponta de cansaço na voz.

Usagi a olhou horrorizada.

- Mas elas são do Mamo-chan! Ele deveria estar as guardando para me dar de presente ou coisa do tipo...

Minako sorriu para a outra, o tipo de sorriso que se dá a uma criança pequena e que de nada sabe.

- Usako, tadaima! – a voz veio da sala.

A Aino sentiu a raiva acelerar seus batimentos cardíacos e fechou os olhos buscando por equilíbrio.

- MAMO-CHAN! – a princesa da lua gritou feliz, se contendo o bastante para não ir até o marido, mas não o suficiente para não correr até a porta do cômodo. – Pronto. Agora, Mamo-chan já chegou e vai explicar tudo a você e tudo vai ficar bem, não sei por que está agindo assim V-chan, Mamo-chan jamais traria algo perigoso para casa. – disse com muita certeza e então, arregalou os olhos demonstrando preocupação pela primeira vez – Será que ele vai ficar muito bravo por eu tê-las encontrado? Bem, a culpa não foi minha, eu estava procurando uma caneta para escrever para o Seiya-kun... Ah Mamo-chan!

O sorriso de Mamoru morreu instantaneamente ao avistar Minako e a caixa na mesma sala. Seus generais lhe murmuravam instruções que só ele podia ouvir, mas todos falavam ao mesmo tempo e ele não entendia nenhum. "Silêncio!" e assim se fez. E antes que Venus pudesse fazer algo a respeito, ele se interpôs entre ela e as pedras. Tudo isso numa fração de segundos.

O sorriso de Usagi se desfez em uma boca dramaticamente escancarada em sinal de choque, Minako deu um passo corajoso em direção as pedras, mas Mamoru não se moveu.

- Como você ousa manter essas coisas no mesmo ambiente que Usagi-chan? – De todas as Senshi da lua, Sailor Venus era a que mais apavorava Mamoru, era assustador ver uma duplicata triplamente dramática de sua Usako se transformar numa comandante de guerras apocalípticas, nenhuma das outras mantinha uma distanciamento tão grande entre suas personalidades, nem mesmo Usagi que chorava nas batalhas ou Rei e Makoto que não precisavam de uniformes para parecer mortais.

- Minna... Porque vocês estão agindo assim? – perguntou Usagi realmente preocupada.

- Eles não coisas! São minha guarda!

Minako riu sem humor.

- Achei que depois de todo esse tempo sob a proteção das minhas Senshi, você teria aprendido as funções de uma verdadeira guarda.

- Você não ter direito de falar deles assim! – a revolta aflorou em Minako, mas Mamoru tentou se manter na defensiva, talvez para não magoar Usagi, talvez porque no fundo sentia uma boa parcela de culpa e precisava se desculpar, nem que fosse para si mesmo. – Não quando eles sofreram lavagem cerebral!

- Duas vezes! Ouvi dizer que seu líder, três! Ah, mas para você isso não deve ser nada, não é? Afinal também é muito inclinado a tais infortúnios! – não era mais Mina ali e era quase possível ver o brilho dourado da tiara da testa dela.

Mamoru parecia no seu limite e com a sabedoria que poucos atribuiriam a ela, Usagi escolheu aquele momento para se postar entre os dois.

- Do que estão falando? Porque estão tão nervosos?

- Usako...

- Shitennou! – cortou-o Minako com uma nota alta de histeria na voz – Depois de todo trabalho que tivemos, de tudo que sacrificamos, ele tem mantido aqueles traidores aqui! Onde nós achávamos tão seguro... – seu tom de voz era quase choroso, como se a deusa a tivesse abandonado, a deixando somente com a garota que havia passado por coisa demais.

O brilho de compreensão finalmente surgiu nos olhos de Usagi.

- M-mamo-chan... Isso é verdade?

O olhar culpado dele disse que sim.

Usagi sustentou o olhar por alguns segundos, com se deliberasse sobre a sentença que Mamoru dera a si mesmo. Então, com um de seus enormes sorrisos que, mesmo por vezes forçados, enchiam qualquer ambiente de luz e a sensação de que tudo daria sempre certo.

- Se Mamo-chan confia neles e se não me fizeram nenhum mal durante todo esse tempo, não tem pelo que se preocupar V-chan. – ela amavelmente tomou as mãos de Minako entre as suas. – Está tudo bem!

Mas para Minako – que lutava par anão se comover pelo amor que ela emanava – não parecia estar.

- Espero que saiba o que está fazendo... De qualquer forma, vou falar com as outras sobre isso. – A princesa da lua fez menção de que iria dizer mais alguma coisa, mas a Aino não estava disposta a ouvir mais nada. – Ja nee, Usagi-chan.


N/A: Editado. Havia postado sem revisão, que vergonha!

Essa fic começou com um devaneio gostoso de quando eu estava numa época em que o vício pelo ship havia me pegado como um resfriado de verão, totalmente fora de época. Eu lia fanfics em inglês dos dois como louca, algumas eu vou guardar sempre no coração e talvez as traduza num momento de tédio para engordar o magro fandom de MinaKunz brasileiro de somente duas autoras.

Engraçado que logo depois começou a passar O Clone no vale a pena ver de novo e aquele clima de deserto com a música "Marcas de Ayer" me ajudaram a tecer o enredo, a novela passou, acabou, acabou a seguinte a ela e eu ainda não terminei essa história, então numa noite de insônia em que eu tinha que acordar cedo no outro dia me deu um comichão estranho e eu simplesmente precisava terminar essa história, ainda falta um pouco, provavelmente somente mais um capítulo que já está quase todo escrito e finalmente a agenda de 2011 vai poder descansar na prateleira com as outras.

Kisses.