N/A: Alguns esclarecimentos:

- Essa é uma fanfic antiga, ela foi feita em 2011, embora eu tenha brincado com a ideia e a iniciado muito antes. Pode ser que exista alguma fic com o mesmo plot. Se houver, desculpe, não foi intencional.

- Eu estou publicando porque é uma história que gosto muito (tem muitos anos que não mexo com esse par) e já está toda escrita (não publico mais multichapter sem escrever tudo antes ou ter, pelo menos, uma boa frente de capítulos).

- A história é pós Hades, pois não acompanho mais CDZ faz tempo (acho o fandom melhor que o canon).

- (Eu tenho mania de falar entre parêntesis!)

Disclaimer: Cavaleiros do Zodiaco é uma criação de Masami Kurumada. Mozão/Mozinho e os nomes Carlo di Angelis e (Afrodite) Thorson, são de propriedade da ficwriter Pipe.


- DIAMANTE NO LODO -

Se você quer ser um outro alguém
Se você está cansado de ficar lutando com você mesmo
Se você quer ser um outro alguém
Mude sua mente, mude sua mente

(Change your mind - Sister Hazel)

PRÓLOGO.

Era uma celebração pela volta ao Santuário. Depois de tudo, da Guerra Santa, de todas as mágoas, de tanto sacrifício, aqueles que lutaram obtiveram a graça da ressurreição. Não era somente a vontade de Athena, mas a de seu pai Zeus. Os cavaleiros de ouro voltaram então para suas casas e organizaram melhor as suas vidas. Um mês havia se passado desde então, e já era hora de celebrarem o recomeço.

Decidiram por fazer um amigo oculto na casa de Touro. Levaram as bebidas, chamaram todos que quisessem participar e fizeram os sorteios, de última hora, com presentes genéricos.

Máscara da Morte segurava seu copo de vodka, prestando atenção nas demais pessoas. Olhou discretamente para Afrodite, mas nada falou. O olhar de peixes transmitia uma necessidade sem fim. Desviou o olhar e voltou-se para uma a mulher ao seu lado, uma ex-aprendiz de amazona morena, que não havia recebido a armadura. Ainda não conhecia, mas que parecia muito atraente e é preciso puxar algum assunto, afinal.

Milo conversava com Afrodite, afastado do grupo. Kanon não estava presente. Camus estava sentado, conversando com Saga, Aioria e Aioros. Shaka e Mu pareciam à vontade, junto com o amigo Aldebaran. Shura prestava atenção nas amazonas. Assim seguiu-se a festa.

Câncer resolveu dar mais atenção à garota ao seu lado, de formas voluptuosas, que lhe agarrava pela camisa. A certa altura, quando a menina ia se retocar no banheiro, saiu para fumar. Bem que gostaria de mandar Aldebaran para os infernos e fumar ali mesmo, mas Saga havia sido bastante implicante, botando-lhe para fora do templo.

Tirou os cigarros de cravo do bolso. A segunda carteira do dia. Fumava mais depois de Hades. Mas o cravo lhe anestesiava e que lhe dava uma tontura boa. À luz do isqueiro, viu Afrodite de Peixes, sentado nas escadas.

_ Máscara da Morte.

_ Hn. Vai cuidar das rosas hoje, veado? - perguntou.

Cuidar das rosas.

Era um código. O código de quando o machão precisava se aliviar. Não entendia aquilo. Como é que aquele homem, que passava o dia todo lhe tratando como lixo, se sentindo o comedor do Santuário, podia, casualmente, aparecer em sua casa buscando por seu corpo?

Entre um casinho e outro, Máscara da Morte.

Depois ele acordava sozinho, em choros e soluços. O italiano vestia-se como se não fosse nada, e descia para sua casa, sem explicar qualquer coisa ao vacilante pisciano. E no dia seguinte o mesmo ciclo. Ser tratado como lixo, e ele apareceria à procura do seu corpo, para depois sumir na noite silenciosamente.

Sempre oculto nas sombras. Sem nenhuma intenção de que qualquer pessoa soubesse daquele segredo. Sem nenhuma intenção se levar aquilo para qualquer nível ao menos "amigável", tratá-lo com respeito no dia a dia, ao menos. Sem se importar com o que o sueco pensava.

Afrodite suspirou.

Aquele homem era o mesmo que havia segurado sua mão no limbo. Que havia lhe dito que não queria ficar só. Que contradição era aquilo com o canalha que estava ali fumando!

_ Não. Não vou.

_ Cansou, é? - ele perguntou, desafiador. - Você enjoa rápido. Vai dar para quem agora?

O sueco fez cara de nojo.

_ Nem acredito nisso. - virou o rosto.

_ Ué, não é o que você faz de melhor? É o que então, veado?

Peixes se levantou, sem responder. Tirou do bolso de sua jaqueta branca uma embalagem. Uma caixinha branca, com um laço vermelho.

_ Pra mim já deu. Eu vou subir. Tirei você no amigo oculto. Toma.

E jogou. Máscara da Morte não pegou. A caixa bateu em seu peito e caiu no chão de pedra. Segurou-o pelo pulso num movimento brusco e rápido, sem dar importância ao presente que acabava de ganhar.

_ Vai parar com essa palhaçada ou quer levar uns tapas? Eu não gosto que ignorem o que eu falo.

O cavaleiro de peixes olhou-o nos olhos, um olhar bem direto e cheio de raiva.

_ Quer saber o que é que o veado tem para não querer mais "cuidar das rosas" é? Muito bem, tá mesmo na hora de tomar uma atitude. Eu vou subir. Daqui a meia hora você vai até a casa de Peixes pra gente conversar. Se você achar que vale a pena, é claro.

E virou as costas.

_ É um pingente de cornucópia. Que a vida traga riquezas para você. - o pisciano ainda disse, enquanto subia.

_ Hn. - não se deu ao trabalho de agradecer. - Eu sabia que você não resistiria a regá-las um pouco à noite, veado...


Por um momento achou que tivesse morrido. O italiano ainda sentia o corpo tremer. Franziu as sobrancelhas e apertou os olhos. Mas sentiu-se num ambiente diferente e perto de um cosmo mais diferente ainda. Abriu os olhos aos poucos.

_ Cazzo, estou no Inferno?

Ouviu uma risada.

_ Que inferno que nada!

Era um menino, que, de costas para ele, atirava migalhas de pão na grama. Era loiro, de pele branquinha e voz macia.

Mas Câncer nem se mexeu, desconfiado. Não se lembrava de nada do que tinha acontecido. Pareciam que um pedaço da sua memória tinha sido roubado.

_ Diga então quem é você, onde estou e o que fez comigo.

_ Calma, Calma. Meu nome é Pluto, prazer. - ele riu outra vez. - Sou o deus das riquezas [1].

O italiano segurava algo dourado entre os dedos. Só foi perceber que trazia o objeto naquele momento. Nem havia se dado conta.

Encontravam-se num grande jardim.

_ Deus da riqueza, é? E o que eu fiz pra merecer a sua atenção? - falou, no típico tom de deboche que sempre trazia estampado no rosto.

Pluto cruzou as mãos na nuca, entretido com os passarinhos que vinham, aos montes, comer perto dali, fazendo barulho e alvoroço.

_ Ora, mamãe Deméter sempre diz: "generosidade não é para quem merece, é para quem precisa". E também... eu não posso mais escolher quem vou ajudar. Me deixaram de castigo.

Virou-se. Só então o moreno foi perceber que o menino não enxergava. Uma faixa de seda branca encobria sua visão.

_ E posso saber o que raios vai fazer? - mudou de assunto.

_ Sim, sim! Mas não aqui. O que eu tenho para você está em outro lugar.

Mal acabou de dizer isso, os dois sumiram do jardim, deixando os pássaros comerem.

Reapareceram numa caverna escura e úmida. Havia ali um rangido de alguma máquina velha trabalhando. Três mulheres vestidas de preto, de unhas grandes e longos cabelos brancos, pálidos como sua pele, teciam numa roca, em conjunto, linhas douradas. Pareciam bruxas muito antigas.

_ Moiras [2]. - ele constatou, lembrando-se das aulas de mitologia grega que recebera na infância.

Sim. As divindades que controlavam o fio da vida. Implacáveis e inflexíveis. Nem Zeus escapava das Moiras. Elas teceriam os fios do enorme tecido que compunha a história do mundo, cortando a vida de cada ser quando fosse a hora determinada. E depois, quando o universo chegasse ao seu fim, terminariam o trabalho e cortariam os fios de suas próprias vidas imortais.

_ Olá, senhoras. - Pluto cumprimentou educadamente.

_ Ah, Pluto, é você. Eu sabia. Isso explica o nó que está no fio da vida desse mortal aí. - foi Láquesis, a responsável pela continuidade da vida, quem falou.

_ Irmã! É só uma criança. Você sabe como Pluto gosta de aprontar as suas. - argumentou Cloto, a responsável pelos nascimentos.

_ Hn. Diga logo o que quer de nós. - disse a tenebrosa Átropos, responsável pelo fim da vida, em tom de ordem.

_ É o seguinte: eu desfaço esse nó. Prometo. Mas quem vai escolher a continuidade desse fio será ele. - e apontou para o italiano.

Câncer estava ali, acompanhando a conversa e não estava gostando nada daquilo.

_ Ô seu moleque, deus ou não, você vai me explicar o que tá havendo de uma vez! Ou será que vou precisar usar da força?

Pluto sentou-se na caverna fria, com seu sorriso no rosto, sem levar aquele comentário do cavaleiro em conta.

_ Bom, Cavaleiro de Câncer, eu fiz um nó na sua vida e marquei um pedaço dela. Por isso você não se lembra de onde veio. Mas você pode escolher para qual caminho sua vida vai seguir a partir desse nó. Mas olha só, presta atenção: eu só vou te dar três possibilidades, sendo que uma delas é sua vida atual.

Usando seu cosmo, Pluto abriu três portas nas paredes de pedra.

_ Cada uma dessas portas vai te levar a uma dessas possibilidades. Para que você possa escolher de forma imparcial, você vai viver cada uma sem se lembrar do nosso encontro, como se fosse sua vida normal. Depois você volta aqui e me fala qual você preferiu, tá? Combinado, senhoras moiras? Láquesis?

_ Está bem, Pluto. Faça o que você quiser, desde que o nó seja desatado e possamos continuar a fiar.

Bem, refletiu por um momento, aquilo parecia bem sério. Aquele moleque que se dizia um deus não brincaria com as moiras. Não, não. Ninguém mexia com elas. Então achou por bem acreditar no que ele dizia. E além disso, não era de todo ruim poder ter a chance de mudar o fio da vida.

Pensando nisso, e sem hesitar, Câncer entrou na primeira porta. Vermelha.

Continua...


N/A: E vamos que vamos! O que acharam até aqui? O que acham que MdM vai encontrar na porta vermelha? Acompanhem e comentem. E feliz ano novo a todos!

[1] Pluto: filho de Deméter e do herói Iásio, é o deus da Riqueza. Pluto é um deus caridoso, que viaja sobre a terra e o mar, e quem o encontra se torna rico. Ele é cegado por Zeus, por querer apenas distribuir riqueza aos bons, tornando-se assim incapaz de distinguir as pessoas boas ou más. (Wikipedia)

[2] Moiras: eram as três irmãs (Cloto, Láquesis e Átropos) que determinavam o destino, tanto dos deuses, quanto dos seres humanos, fabricando, tecendo e cortando aquilo que seria o fio da vida de todos os indivíduos. (Wikipedia)