Cap 1- Lágrimas de despedida

"Há muito tempo num reino distante existia uma jóia que dava um infinito poder a quem a possuía. Seu nome era jóia de quatro almas. Um dia, um rei pediu a uma sacerdotisa para que cuidasse da jóia. Seu nome era Kikyou. Kikyou nasceu de um clã de sacerdotisas. Protegia a jóia, porém, um dia teve que viajar. Deixou a jóia de quatro almas no reino, lá estaria protegida, mas quando voltou encontrou corpos mortos e o rei no quintal rindo, com a jóia na mão. Havia lutado com muitas pessoas no caminho, manipuladas pela jóia, por isso estava cambaleante. Kikyou viu o rei entrando no palácio calmamente, enquanto ela entrou furiosa e o viu sentado no trono, ferido. Ele levantou a cabeça para ela e sorriu, com a jóia nos pés, mas essa pegou seu arco e atirou no objeto, dividindo-a em fragmentos que voaram pelo mundo afora e disse: -Um dia, juro! Meu clã se vingará de você, estou prestes a morrer só consegui dividir essa jóia.... assim menos mal acontecerá! Mas, um dia, meu clã se vingará de você, mesmo continuando a servi-lo! Uma voz respondeu: -E todas as herdeiras de sua família se apaixonarão por um herdeiro, até que o seu poder reapareça...".

Olhava para o pôr-do-sol e suspirava, monótono, era o que definia os dias daquela garota, não, daquela mulher. Não era mais uma garota, mas considerava que havia parado de viver depois que ele a deixou para trás, junto de doces, e ao mesmo tempo, dolorosas lembranças que cortavam, afiadas e fortes, rasgando sua alma e coração. Em pensar que ele poderia estar o olhando o mesmo pôr-do-sol agora.

Uma garotinha linda e sorridente veio ao seu encontro, cabelos negros, olhos castanhos. Dava um sorriso puro, doce, inocente. Não pôde deixar de sorrir também, ela era tão graciosa e meiga. Poderia esquentar o mais gelado dos corações, tinha esse dom, mas receava que o perdesse. Crescer naquele templo não era fácil. Não queria o sofrimento que teve para ela, o maior dos pecados seria apagar esse sorriso.

Sorriu também. Passou a mão na cabeça da filha menor e a abraçou.

-Mamãe vamos brincar?

Seus lábios tremeram junto com as lágrimas que vieram, balançou a cabeça e deitou a pequenina em seu colo.

-Hoje não queridinha...

-Mas mamãe, você não brinca mais comigo?

-Não posso hoje. E você não está grande para brincar?

Ela fitou a mãe com os olhos castanhos preocupados. Limpou as lágrimas dela com as mãos delicadas e macias , então, disse:

-Você esta chorando mamãe... Não quero te ver triste. Quem não brinca fica assim, ninguém brinca aqui no templo, então ninguém fica feliz, mas todos que brincam ficam alegres e ninguém é grande para ficar feliz, né?

Ela escutou a resposta inocente e pueril, mas ao mesmo tempo tão inteligente. Como seu pai dizia: "as pessoas mais sábias do mundo são as crianças, que sabem ter a felicidade, o único objetivo de todos é ser feliz. Esquecemos disso trabalhando para conseguir dinheiro ou crédito, mas as pessoas mais sábias encontram a felicidade, as crianças encontram a felicidade".

-Certo. –Disse rindo –Do que iremos brincar?

A menina correu envolta da mãe e começou a bater os braços como um pássaro.

-Vamos brincar que podemos voar!

-Voar?

-Sim! Voar para bem longe daqui, para você não chorar mais.

Ela riu e pegou a menina no colo:

-Sim, você vai voar bem alto! Muito alto!

-Junto com os passarinhos?

-Se você quiser... Até correndo nas nuvens!

As duas rodopiavam rindo. Sim, as crianças tinham a chave para felicidade.

Até que deitaram no chão. A mãe delicadamente ajeitou o quimono azul celeste da filha e a deitou no colo, ficaram assim deixando a brisa tocar-lhes suavemente.

-Mamãe, promete que um dia a gente vai sair daqui voando, para sempre? –Questionou a menina sonolenta.

A mãe não respondeu triste, as lágrimas voltaram:

-Não posso prometer nada... Mas um dia você vai sair daqui...

-Sem você?

Mais uma vez não respondeu e ficou segurando a filha no colo, até que ela adormeceu.

-Minha Kagome... Um dia você saíra daqui, por bem ou por mal...

Então chorou pensando no futuro de sua filha, Kagome.

Eram sacerdotisas, cresciam aprendendo as artes do yin yang, mas isso era doloroso, não machucava muito fisicamente, mas ficava na alma para toda a vida e ficaria principalmente ela, sua Kagome.

Flashback

-Kagome, não vá por ai! –Dizia Kaede, uma ansiã, e sua mãe, enquanto se embrenhavam pela mata.

Mas a menina não obedecia, corria, até que não se ouviu mais som.

-KAGOME! –Gritou Kaede ao ver o Youkai aranha indo avançar nela.

Ela ficou imóvel olhando o youkai vindo em sua direção, até que tremendo gritou:

-PARE! –Falou empurrando a aranha e uma luz saiu de sua mão, queimando o yokai.

As duas mulheres que presenciaram a cena ficaram lá espantadas.

-Esse poder...

Fim do Flashback

-Aquele poder –Suspirou –Kaede disse que era de Kikyou, a lendária sacerdotisa, mas como ela pode ter essa dádiva?

Flashback

-Sim, ela tem! Esse poder é dela.

-Mas a Kikyou não passa de uma história?

-Não sei. –Baixou os olhos –Mas você sabe a lenda de Kikyou, não?

-Claro...

-Kagome tem o poder... E daqui um mês, a levarei para ser instruída comigo.

-Mas Kaede, ela é tão pequena!

-Não é! Já revelou os dotes divinos uma vez. Está pronta, não podemos esperar mais!

Fim do flashback

-Hoje é...

E começou a chorar, era hoje que entregaria Kagome. Entregaria sua filha. Provavelmente nunca mais iria vê-la e ela nunca mais iria sorrir.

Ouviu paços e viu uma sacerdotisa vindo em sua direção.

-Kaede a chama, traga a criança.

Engoliu o choro e segurou a filha. Começou a andar até a casa da velha ansiã. Devagar entrou, enquanto a outra saia para longe.

-Posso me despedir dela?

-Claro...

-Kagome... -Sacudiu-a levemente -Acorde querida...

Ela abriu os olhinhos castanhos e sorriu.

-Oi mamãe!

-Oi queridinha... –Abraçou-a fortemente –Hoje você vai ficar com a Kaede.

-Que bom! E você vem com a gente?

Ela tremeu:

-Não... Não vou poder mais te ver, porém... Não! Não chore, venha cá... –Ela segurou a filha e pegou uma corrente com um pingente que parecia uma lasca de vidro rosa –Com isso você sempre estará protegida. Nunca deixe isso com ninguém... EU estarei com você enquanto tiver isso.

-NÃO! MAMÃE!

-Shiii... Nunca largue isso, prometa.

Chorando a garotinha abaixou a cabeça e disse:

-Prometo.

-Venha comigo criança... -Disse Kaede a segurando.

A menina olhou para trás e não viu mais a mãe. Andou com Kaede cabisbaixa, triste. Pegou o pingente e lágrimas sairam de seus olhos.

-Prometo... Mamãe...

E rumou com Kaede para receber o treinamento de sacerdotisa.

Continua...