Oi pessoal. Espero que gostem e me acompanhem nessa história que minha mente distorcida idealizou, rsrsrs.

Boa leitura


Trabalhando para o diabo

▬ Bella ▬

— Isabella venha até minha sala AGORA – meu chefe gritou pelo telefone que ligava sua sala a minha.

Me virei para Angela que me olhava incomodada e tinha uns papeis em mãos que eu tinha que conferir antes de levar para o meu chefe. Entendo seu incômodo, se o demônio inventasse de sair de sua sala e vir aqui pessoalmente seria pior. Aproximei meu polegar do meu indicador fazendo um sinal de 'pouco'.

— Eu estou a isso aqui – levantei minha mão para que Ang pudesse ver – Isso aqui de ir lá e meter a mão na cara desse homem – ela riu do meu desespero.

— Não tenho nada a ver com isso, aqui eu sou apenas a Ana – ela riu – Agora pelo amor de Deus, pega logo esses papeis pois eu quero sair daqui.

Peguei os papeis das mãos de Ang que logo saiu correndo, covarde. Respirei fundo uma vez, depois outra e mais outra. Tudo que me ajudasse a me acalmar era necessário antes de ir pra sala do meu chefe.

Bom, você não deve estar entendendo nada não é mesmo? Então é melhor eu explicar melhor, tudo começou algum tempo atrás, quando minha alma ainda me pertencia.

2 anos e 9 meses atrás...

Estava triste sentada na minha cama olhando para o diploma em minhas mãos. Por que mesmo eu quis fazer administração? Se eu tivesse feito pedagogia como Renée me aconselhou eu provavelmente já estaria empregada.

— É isso mamãe – eu conversava via Skype com minha mãe pois ela morava em Phoenix e eu em Seattle – Eu vou ficar desempregada pra sempre, vou morrer de fome e vou ter que virar pedinte na rua, em breve terei que vender meu corpo – solucei alto ao me dar conta de qual seria meu futuro – Eu não consigo um emprego na minha área, eu vou mesmo ter que virar pedinte – Renée fez uma carinha triste e isso quase me fez chorar.

— Own meu bebê, me parte o coração ver você tristinha assim, mas para de drama filha. Tá literalmente com duas semanas que você se formou, ainda nem foi atrás de emprego. Levante sua bunda seca da cama e vá espalhar seu currículo pelas empresas da cidade e parar de ficar pensando que vai morrer e ser enterrada como indigente – arregalei os olhos em surpresa.

— Eu não disse que seria enterrada como indigente – disse cabisbaixa.

— Eu te conheço filha, em breve ia ser exatamente o que falaria.

Ponderei suas palavras, eu até poderia discutir, mas ela está certa. Eu provavelmente falaria isso mesmo.

— Hoje não dá mais tempo de ir entregar currículo – respondi cabisbaixa brincando com o diploma em minhas mãos

— Isabella – falou séria – Em Seattle são oito e meia da manhã. Levanta essa bunda magra da cama, toma um banho, se arruma, passa uma maquiagem na cara e vai entregar seu currículo antes que você de fato seja enterrada como indigente.

Minha vontade foi me sentar em um canto e chorar um pouco, mas Renée tinha razão, eu não podia simplesmente ficar em casa esperando um emprego cair do céu. Oh Deus. 23 anos e desempregada, tem como a vida piorar mais que isso?

Tirei o dia pra ir me humilhar na porta das empresas pedindo para alguém me dar um emprego. A maioria dos lugares uma mulher bem vestida e com sorriso mecânico pediu para eu deixar na recepção que em breve entrariam em contato, mas eu sei que ninguém ia entrar em contato coisa nenhuma. Meu Deus, eu vou mesmo ser enterrada como indigente. Cheguei ao fundo do poço.

Uma semana havia se passado desde que eu comecei a sair pela cidade implorando um emprego. Renée dizia que as coisas iam melhorar, que eu só tinha que ter paciência. Charlie dizia o mesmo, que era tudo uma questão de eu saber esperar. Mas que inferno, se eu soubesse esperar eu não tinha nascido de 8 meses. Meu celular tocou e olhei no visor reparando que eu não reconhecia o número.

— O que foi? – atendi mal humorada.

— Bom dia, Isabella Swan? – perguntou uma voz feminina do outro lado da linha.

— Sim, quem gostaria?

— Aqui quem fala é Jane Volturi, estou ligando para falar sobre a vaga de assistente do CEO da Cullen Enterprises & Co. na qual você se candidatou...

— Claro, claro – fiquei tão empolgada que acabei a interrompendo.

— Bom, caso ainda possua interesse, compareça amanhã às 7h para sua entrevista e leve seus documentos pois caso seja contratada precisaremos deles para fazer seu contrato.

— Muito obrigada moça, estarei lá amanhã às 7 sem falta.

— Certo. Tenha um bom dia.

Assim que ela desligou eu praticamente saí quicando por todo meu pequeno kitnet alugado, eu até pularia se de fato tivesse mais espaço. No dia seguinte me arrumei da melhor forma que poderia e segui para o endereço a mim indicado. Ao chegar, fui encaminhada para uma sala para esperar minha entrevista e estranhei que esta estava vazia, tendo apenas eu como candidata. Ignorei este detalhe, preferi acreditar que eu era boa demais e a concorrência apenas ficou com medo do meu currículo.

Também escolhi ignorar o fato de que havia uma câmera ali dentro. Deus, será que eu vim para um teste como atriz pornô? Se sim, será que o salário valia a pena? Merda, o que eu estou pensando? Só posso estar muito desesperada mesmo pra consegui um emprego.

— Isabela Swan? – Uma loira alta entrou na sala cortando minha linha de pensamentos. Concordei com um aceno de cabeça – Prazer sou Jane, Jane Volturi, vim lhe entrevistar.

— Oh Claro, prazer Jane – me ajeitei melhor cadeira que eu estava.

— Você quer este emprego? – perguntou.

— Sim, com certeza quero – respondi animada.

— Ótimo, então está contratada – ela sorriu.

Ué, mas já acabou?

— Mas moça, você nem me entrevistou – estava confusa.

Jane respirou fundo. Deu um aceno fraco e desanimado de cabeça e foi até a câmera a ligando e posicionando para ficar... bom, pra ficar bem na minha cara. Isso era mesmo necessário?

— Isabella, preciso que olhe bem para a câmera e repita o que eu falar, certo?

— Certo? – minha resposta soou como uma pergunta.

Jane respirou fundo mais uma vez e foi para de trás da câmera.

— Eu Isabella Swan por livre e espontânea vontade aceito trabalhar como assistente do CEO da Cullen Enterpises & Co. Edward Cullen – falou e me olhou em seguida.

— Isso é mesmo necesário? – questionei confusa.

— Política da empresa – deu de ombros.

— Certo – concordei incerta e repeti o que ela havia mandado.

— Está contratada – repetiu novamente.

— Quando eu posso começar?

— Trouxe seus documentos? – concordei com um aceno de cabeça – Agora mesmo, leve seus documentos no RH para que incluam seus dados no contrato e você o assina em seguida.

— Uau, que demais – disse animada.

O telefone de Jane tocou e ela atendeu parecendo extremamente perturbada e estressada. Eu hein.

— Mudança de planos Isabella – ela se virou para mim assim que desligou – Eu vou deixar seus documentos no RH, você vai para a sala do seu chefe ele está... precisando da sua presença – ela parecia muito tensa.

— Você não tinha que me levar para andar pela empresa e conhecer o local? – questionei.

— Oh querida, não é como se você tivesse muito tempo para circular pela empresa – ela sorriu mas não era um sorriso encorajador – Vamos, eu te mostro o que der no caminho.

Ela pegou a pasta com meus documentos e me mostrou o que pôde durante o curto trajeto até a sala do meu chefe. A sala tinha uma porta elegante e uma placa mais elegante ainda onde se podia ver os dizeres "Edward Cullen – CEO". Ela parou em frente a sala, respirou fundo e me olhou com pesar. Gente, pra que uma mulher tão estranha?

— Isabella... que Deus te proteja – falou, abriu e porta e me empurrou lá dentro fechando a porta em seguida.

'Sua maluca'. Foi o que consegui pensar graças ao susto. Eu hein. Me virei para falar com meu chefe e meu queixo caiu em surpresa. O cara estava sentado atrás de uma mesa que gritava "poder", mas não foi isso que chamou minha atenção e sim o homem que estava ali sentado.

Ele tinha seu olhar abaixado observando uns papeis a sua frente mas eu ainda podia ver seus olhos. Verdes. Verdes como esmeraldas. Seus lábios formando uma linha fina que era perfeitamente emoldurada por um maxilar quadrado e bem desenhado. Sobrancelhas grossas e cílios longos. Sua pele alva contrastava com seu cabelo que tinha um tom estranho, era algo meio acobreado, mas ele tinha cabelos selvagens, que apontavam para todas as direções.

Meu chefe estava sentado, mas do que pude ver de seu corpo e do que seu terno perfeitamente arrumado e sem um vinco se quer mostrava, era possível notar que seu corpo, bom, seus braços, eram fortes, ombros largos e porra. O homem é a personificação do deus da beleza seja ele quem for.

Isso explica o porquê Jane disse "Deus te projeta", é preciso muita proteção para não querer dar pra esse homem. Puta que pariu, como eu vou conseguir trabalhar com um homem desses? Minha calcinha está molhada só de olhar pra ele. Como não deve ser a voz desse homem? Porra, ele deve ser daqueles que fala sedutoramente e ele é educado como o inferno e te provoca e te excita sem nem tentar. Oh merda, estou ferrada.

Ele levantou o rosto e seu olhar cruzou com o meu. Porra, esses olhos, que olhos Deus. Sorri para ele e diferente do que eu achei, ele não sorriu de volta, continuou me olhando, seu rosto sério. Porra, que homem quente.

— Quem é você e o que faz aqui? – perguntou me tirando do transe – Você é surda? O que quer aqui garota? A porra de um gato comeu sua língua? – porra... o encanto foi embora quando ele abriu a boca.

Broxei aqui. Cadê o homem que eu fantasiei que ele seria? Cadê a educação que eu achei que ele teria.

— Quer saber? Não me importa. Saia daqui, sua cara de quem tá perdida no mundo está me incomodando – falou de forma grosseira – Não ouviu o que eu falei garota? Quer que eu chame os seguranças para tirá-la daqui? – bufou irritado.

— E-E-Eu... –

— Eu, eu, eu – me imitou de forma grosseira – Não sabe falar? Apenas vá embora, está me fazendo perder tempo – apontou para a porta.

— E-Eu sou sua nova assistente? – minha voz estava fraca e soou como uma pergunta, eu ainda estava assustada com sua reação.

— Você tá me perguntando isso? – me olhou sério – Se está, então não acho que tenha competência para o cargo.

— Sou sua assistente – minha voz ainda estava fraca, mas dessa vez afirmei.

— Ótimo, agora me traga um café Ana – voltou seus olhos para os papeis que olhava antes.

— Isabella – disse.

— O que? – me olhou novamente.

— Meu nome, é Isabella, mas pode me chamar de Bella – tentei soar amigável.

Ele bateu na mesa fazendo um barulho tão alto que sobressaltei de susto.

— Vá pegar meu café agora, Ana – ordenou.

Assustada e quase me mijando, saí de lá quase correndo.

Enquanto andava pelos corredores atrás da maldita copa, senti muitos olhares curiosos sobre mim e ouvi muitos cochichos, em sua maioria eram coisas tipo "coitada, vendeu a alma por tão pouco", "ela está no inferno e não sabe", "meu Deus, mais uma pra ter a alma atormentada". Resolvi ignorar. Eu tinha um emprego, o salário era bom, não seria mais enterrada como indigente e Renée ficaria orgulhosa de mim. Ele só deve estar tendo um dia ruim e em breve isso passaria.

Quando finalmente achei a copa, servi um copo com café, estava quentinho mas notei que estava sem açúcar. Bom, meu chefe já é amargo o suficiente então pra que lhe amargar mais avida? Coloquei um pouco de açúcar e com um sorriso no rosto voltei para sua sala, lhe entregando o café logo em seguida. Poxa crush, ele nem disse um "obrigado" se quer.

Assim que seus lábios tocaram o copo ele virou para o lado e cuspiu o café imediatamente e virou o rosto para me olhar. Seu olhar era de pura fúria.

— Que porra você colocou nesse café Ana? – perguntou com a voz dura e isso fez eu me borrar.

— Açúcar?

— Se você tem amor a sua vida, nunca mais faça isso. Fui claro?

Engoli em seco.

— Cristalino – sorri amarelo.

Eu quero a minha mamãe.

É isso, Jane tinha razão, que Deus me ajude.

2 anos e 5 meses atrás...

Já estava mais habituada a empresa. Aceitei o fato de que meu chefe é um completo lunático, viciado em trabalho e explorador do caramba. O filho da puta não contente em passar o dia gritando comigo, me faz chegar aqui as sete da manhã e fazer hora extra pelo menos 4 dias na semana. Tudo bem que o dinheiro das horas extras é ótimo, mas não compensam.

Eu era a única assistente que ganhava pouco mais de 5 mil dólares, tinha plano de saúde e dentário e recebia adicional de periculosidade, ainda sim, ninguém queria ocupar meu cargo. Descobri alguns meses depois de trabalhar aqui que o motivo no qual no dia da minha entrevista eu era a única que compareceu pois a fama de "demônio" do meu chefe era muito bem consolidada por Seattle e após ele fazer algumas funcionas surtarem, ninguém mais quis trabalhar pra ele, até aparecer eu, a louca desesperada atrás de um emprego.

Talvez eu tenha contribuído com sua má fama em uma vez que eu carinhosamente o chamei de "Lúcifer de olhos verdes" e bom, o apelido pegou. Mas o fato de o chamarem assim não é culpa minha e sim de sua personalidade que é horrível.

Era sexta feira e eu nunca fazia hora extra na sexta feira. Eu gostava de acreditar que meu chefe sabia que eu tinha uma vida fora daqui, diferente dele. Estava super animada pois teria um encontro com Jacob, um carinha que conheci em um Pub que frequento com o pessoal do trabalho nas raras vezes que eu vou.

— E aí amiga, animada pra encontrar o boy? – Jessica, minha melhor amiga na empresa se aproximou perguntando animada

— Muito, espero que hoje eu consiga tirar o atraso –cruzei os dedos – Tô torcendo por isso.

— Hoje seu chefe não te prendeu aqui? – perguntou curiosa.

— Não. Dia de sexta ele me deixa em paz – suspirei aliviada – Eu ainda acho que o humor dele deve ser falta de sexo.

— Acho que não. O infeliz é bonito, não deve ter problema com as mulheres – argumentou dando de ombros enquanto mexia nos botões de sua blusa.

— Sério? E você transaria com ele?

— Por Deus, não – mexeu as mãos fazendo o sinal da cruz – Ele deve ser um porre transando, deve ficar dando ordens o tempo todo do que deve fazer. 'Você não está fazendo direito, seu gemido não está constante' – imitou uma voz masculina nos fazendo rir – Acho que quem transa com ele deve manda-lo para o inferno.

— Quando ele chegar no inferno quem vai atormentar Lúcifer é ele. Já vai chegar lá dando ordens. 'Olha, esse inferno tá desorganizado. Cadê a planilha que consta o nome das pessoas que tem que ser atormentadas agora?', 'Esse inferno tá mal organizado, Lúcifer você é um incompetente' – imitei a voz do meu chefe rindo – Nem o capeta quer ele por perto.

Jessica ria mas logo seu rosto ficou sério.

— Lúcifer se aproximando e eu vazando, adeus – ela saiu quase fugida dali.

Deus, me dê a paciência que eu preciso para sobreviver aos meus cinco minutos restantes de expediente.

— Isabella, iremos trabalhar até mais tarde hoje – disse e simplesmente se afastou indo para sua sala.

— Hoje não posso – arranjei coragem do cu pra falar isso.

Meu chefe parou de andar no mesmo instante e girou nos calcanhares para me olhar. Seu olhar era duro, frio e intimidador. Minha alma estremeceu e pediu clemência.

— Por que? – perguntou sério me olhando.

— Porque eu tenho um encontro hoje e estou muito animad... – ele simplesmente me ignorou e continuou seguindo seu caminho sem se importar com o que eu queria –Ok, eu cancelo – murmurei para mim mesma.

Suspirei pesadora. Que inferno de homem. Mandei uma mensagem para Jacob avisando que faria hora extra e não poderia comparecer.

É, acho que é como diz o ditado... eu que lute.

2 anos atrás...

— Vem cá. Qual é a desse cara com essa tal de Ana? – perguntei a Jane que estava estressada pois meu chefe hoje resolveu infernizar mais de uma pessoa, eu agradecia por isso.

— Ninguém sabe. Ele simplesmente chama todos de Ana, até quem é homem – ela deu de ombros – Agora corre Ana, leva esses papeis pra ele – ela riu da minha cara. Eu por outro lado gemi de frustração.

— Não quero.

— Nem eu, mas eu sou sua superior então...

— Sua diaba – praguejei.

Ela gargalhou e me entregou os papeis. Respirei fundo umas dez mil vezes antes de entrar na sala do meu "querido chefe".

— Senhor Cullen – chamei sua atenção.

— Estou ocupado Ana, você não bateu na porta e sabe o quanto eu odeio quando faz essa merda – fofo como só ele pode ser – ironia– falou sem me olhar.

Se o filho da puta olhasse pra mim saberia que eu estou com os braços abarrotados de papel e que mal consigo me manter em pé.

— Desculpe, eu...

— O que quer? – perguntou por fim me olhando.

Custa vir me ajudar, infeliz?

— Jane pediu para lhe entregar esses papeis.

— Deixe ali no canto – apontou para o canto da sala.

Respirei fundo mais uma vez.

— Ana – me chamou – Quero meu almoço ao meio dia pontualmente. Garanta que isso aconteça e faremos hora extra, temos muito trabalho por conta do fechamento com a Silver Têxtil – disse sem nem ao menos me olhar para ver minha cara de indignada por fazer hora extra em uma segunda.

— Claro senhor Cullen – concordei.

Eu estava à beira de um colapso nervoso. Eu não aguentava mais trabalhar pra esse homem, mas o medo de ficar desempregada era maior que qualquer coisa e bom... o salário era bom.

— Agora saia, sua presença está me irritando Ana – ordenou.

— Isabella – murmurei baixinho para mim.

— Não me importo, apenas saia Ana – falou.

Eu nem estava falando com esse infeliz. Como eu adoraria meter a mão na cara desse ser miserável. Custa ser uma pessoa agradável, seu filho da puta?

Eu não sou de chamar palavrão, mas trabalhar pra esse homem tem mexido com meu humor e não era de um jeito bom.

1 ano e 6 meses atrás...

— Eu estou surtando Jess – reclamei com minha amiga – Eu não tenho mais vida, vivo pra trabalhar e pagar boletos. Eu tenho dia fixo na semana pra transar acredita? Eu faço hora extra de segunda a quinta, na sexta descanso por conta da semana exaustiva, no sábado encontro Jacob pra transar e no domingo descanso para poder aguentar a semana. Eu nem vou mais com vocês aos barzinhos da vida – choraminguei.

— Você está acabada amiga – ela observou e a mostrei o dedo do meio – É sério. Ele é como um dementador, está sugando sua alma, juventude e felicidade.

— Sim – concordei – O que ele quer atormentando uma jovem de 24 anos que já está mentalmente desequilibrada graças a ele?

— Ele só está fazendo o que um dementador faz Bella, é da natureza dele.

— ISABELLA – ouvimos o grito do meu chefe.

— Own, é a primeira vez que ele te chama pelo nome e não de Ana – Jess põe a mão no peito como se fosse um gesto fofo.

Reviro os olhos pra ela. Grandes merda. Depois que eu me acostumo a ser chamada de Ana ele resolve magicamente aprender meu nome? Arregalei os olhos.

— Merda, eu esqueci do café dele – saí correndo sem me despedir de Jess.

Corri para a copa e peguei seu café e rezei para que estivesse forte e amargo, caso contrário eu seria uma pessoa morta. Por sorte ainda estava quente.

— Aqui está senhor Cullen – entrei esbaforida em sua sala.

Meu chefe levantou o olhar para me olhar e sua expressão não era das melhores.

— Você não organizou minha agenda semanal.

Puta merda. Esqueci.

— Cadê a porra dos meus compromissos? Sabia que perdi uma reunião por sua culpa?

— Perdão, não vai se repetir – quase chorei, eu preciso de ajuda psicológica, urgente. Acho que vou ter que começar a usar meu plano de saúde.

— Que porra tem de errado com seus olhos? – questionou sem tirar os olhos dos meus – São assustadores.

— Obrigada – eu sei que não era um elogio, mas era responder isso ou mandar ele tomar bem longe.

— Não era um elogio, era uma crítica.

Jura? Eu nem tinha percebido.

1 ano atrás...

A cada dia minha alma estava um pouco mais perturbada. Meu chefe estava cada vez mais atacado e bom, eu ficava cada dia mais atormentada.

— Essa merda tá toda errada Isabella – nem me assustei quando ele jogou os papeis a minha frente – Eu pedi os dessa semana e não da semana passada.

— Estão debaixo dos da semana passada, trouxe todos caso queira fazer um comparativo – dei de ombros.

Já estava acostumada com ele querendo sempre mais do que pede então já me adianto. Me poupa trabalho. Ele me olhou com fúria mas nada disse, pegou os papeis e saiu do meu campo de visão.

Ano passado eu tive uma crise nervosa e taquei todos os papeis na cara dele e me demiti. Bom, ele se recusou a assinar minha demissão. Ao invés disso, me ofereceu um aumento, meu salário saiu de 5.670,00 para 7 mil dólares e bom, vendi minha alma mais uma vez, me rendi ao capitalismo pois o salário permitiu com que eu comprasse meu –de certa forma– luxuoso apartamento, se for tomar como referência a kitnet que eu morava.

Eu sei que agi mal, não devia ter aceitado o acordo com o diabo, mas foi necessário. O dinheiro era bom.

6 meses atrás...

Quando Ang chegou à empresa, ela sofreu muito pois o infeliz do meu chefe a chamava de Ana e ainda ficava puto com ela se ela não respondesse. Como se fosse obrigação dela ser chamada por um nome diferente e ter que responder.

Eu lhe disse que as coisas melhorariam, mas na verdade só estava mentindo para ela. Nunca melhorariam, eu bem sabia disso.

— ISABELLA – Deus, como eu odiava a voz desse homem.

Respirei fundo e fui até sua sala.

Deus, por favor, exorciza o lúcifer de olhos verdes da minha vida. Por favor. O infeliz nunca tira férias.

— Sim senhor Cullen?

— Quero peixe para o almoço.

CAGUEI.

— Claro – concordei

— Se certifique que não colocarão aquele molho estranho em minha comida.

Virei supervisora de cozinha agora?

— Certo.

— Agora saia, o que ainda faz parada aí?

Esperando a oportunidade de enfiar uma faca em seu pescoço e vê-lo sangrar até a morte.

Saí da sala e fui até a mesa de Ang.

— Me mata, me mata agora, por favor. – pedi procurando algum item cortante em sua mesa para cortar meus pulsos e acelerar o processo.

— Relaxa Bellinha, as coisas vão melhorar – a filha da puta repetiu minhas palavras e a olhei com fúria.

— Não me teste Ang, hoje eu já estou sendo muito testada e preciso aliviar minha raiva – grunhi.

Ang por outro lado gargalhou. Isso, é engraçado ver o emocional fodido dos coleguinhas de trabalho.

Atualmente...

— Me chamou, senhor Cullen? – tentei soar educada.

— Cadê meu café?

Respirei fundo. Lá vamos nós de novo.

— Está em sua xícara, em sua mesa.

— Já esfriou.

— A xícara é térmica e tem sistema de aquecimento que inclusive eu sempre deixo ligado para que não esfrie.

— Hoje eu quero um pouco de açúcar.

— Os sachês estão próximo a xícara.

Ele me olhou com os olhos semi cerrados. Podia ver a irritação em seu rosto apenas para constatar o que eu já sabia: ele sentia prazer em atazanar minha vida.

— Não recebi minha agenda com meus horários.

— Seus horários estão dispostos em seu desktop, além de estarem em seu iPad e terem sido encaminhados para seu e-mail.

Mais uma vez vi a irritação em seu olhar. Rá. Achou mesmo que quase três anos depois eu ainda cometeria esse tipo de falha? Não sou mais novata, meu querido.

— Saia daqui, sua cara está me irritando.

— Como quiser, precisando basta chamar.

MAS PELO AMOR DE DEUS NÃO PRECISE.

Além do salário, outra vantagem que tenho por trabalhar para o demônio de olhos verdes manifestado em forma de chefe é que consegui minha própria sala. Bom, na verdade era quase que uma extensão de sua sala, mas tinha paredes e me dava um pouco de privacidade e eu amava isso. Era um lugar que eu podia chorar durante meu horário de almoço.

Deus, não vejo a hora de chegar sábado. Eu preciso transar e infelizmente, eu ainda só tenho como transar no sábado. Espero que Jacob não adoeça novamente.

Me joguei em minha cadeira giratória e fiquei lá girando e encarando o teto. O que eu estou fazendo da minha vida? Como pode alguém viver pra trabalhar e pagar boletos?

Será que se eu me jogar daqui é suficiente pra morrer? Estamos no 25º andar, se for pra me jogar tem que ser pra morrer. Era só o que me faltava me jogar daqui, sobreviver e meu chefe ir ao hospital gritar comigo que eu não me suicidei direito. Bufei irritada. Oh deus, quase 26 anos e eu já estou neste nível. Me ajuda Deus.

— Isso aqui não é playground Isabella – a voz do meu patrão me tirou do meu estado pensativo/vegetativo.

Levantei num pulo e olhei pra janela, respirei fundo mais uma vez. Se jogar daqui estava cada vez mais tentador.

— Perdão, preciso de algo senhor Cullen?

— Cadê meu almoço?

— O restaurante trará ao meio dia em ponto, me certifiquei disso.

— Quero comer agora.

ENTÃO VAI NA PORRA DE UM RESTAURANTE E COME LÁ.

Meu Deus, meu chefe é uma criança.

— Posso ligar e pedir para adiantarem seu pedido, se quiser – ofereci.

— Não, eu posso esperar – deu de ombros.

Juro que senti meu olho esquerdo tremer. Sério que ele veio aqui só pra encher a porra do meu saco?

— Certo.

— Troque a cor do seu cabelo. Esse loiro é ridículo, meus olhos doem só de olhar – quase não acredito quando ouço suas palavras.

Ah pronto. Agora o bonitinho vai querer mandar na cor do meu cabelo também?

— Perdão?

— A cor do seu cabelo me incomoda. Troque – ordenou e voltou pra sua sala.

Oh Deus, dai-me paciência para sobreviver a este emprego. Sim Deus, paciência, porque se me der forças eu juro que mato meu chefe.

Sentei em minha cadeira novamente e girei mais uma vez encarando o teto. O telefone em minha mesa toca em seguida.

— Isabella Swan – atendo.

— Aqui não é playground – meu chefe fala e desliga em seguida.

Olhei aterrorizada para os lados. Sua sala não tem brechas ou janelas, como ele sabe que eu estava rodando na cadeira? Tá me vigiando agora? Filho da puta.

É isso. Só pode ser castigo por algo que eu fiz de ruim na minha vida passada, não tem outra explicação.


Awn, que Edward mais rabugentinho né?

Dá até vontade de meter a mão na cara dele, rsrsrs.

Tadinha da bella.

Mas e aí, me contem o que acharam, vou adorar saber o que pensam