Capítulo 17: Não posso fazer nadar

Narração do ponto de vista de Naruto.

Kakashi estava obviamente me escondendo algo. A sua hesitação em me dar uma resposta era a prova, mas eu não sabia o que era que estava sendo omitido ou o quão grave era.

Segurando em minha mão e guiando-me, Kakashi saiu do quarto e foi em direção ao primeiro andar, parando apenas para ativar o sistema de alarme contra incêndio.

Não entendi o motivo do alarme ter sido tocado, mas alguns minutos depois quando chegamos na sala estavam todos reunidos ali, desde seguranças a empregado. Entendi então que aquilo era um sinal para todos se reunirem e que devia ser algo planejado pelo meu guarda-costas.

O último a chegar foi meu pai e ele parecia estar de mau humor. Pelas roupas levemente tortas e a pequena marca de batom no pescoço, podia-se facilmente deduzir que eu e Kakashi não fomos os únicos interrompidos em um momento inapropriado.

— Quando você disse que seriamos atacados, não achei que fosse ser ainda hoje. O que está acontecendo? — perguntou Minato confuso. A pergunta foi direcionado para o homem que ainda segurava fortemente a minha mão.

— Também não esperava que fosse acontecer tão cedo e ainda mais com tantas pessoas... sinto mais de duzentas presenças diferentes— avisou Kakashi, fazendo com que eu entendesse o que ele estava escondendo e também o motivo para fazer isso.

Continuei apenas escutando a tudo sem fazer perguntas, pois já havia percebido que o assunto era sério.

Depois deles fazerem a contagem dos seguranças, descobrimos que três grupos de vigias estavam desaparecidos, diminuindo assim o número de combatentes. Sem saber o que fazer, Way passou o comando da segurança para Kakashi, na esperança de que saíssemos dali com vida.

— Way, leve as mulheres e não combatentes para um lugar seguro. Quanto aos seus homens que sobraram, mande-os se espalhar pela casa e vigiar os inimigos pela janela — ordenou meu namorado, vendo logo em seguida as suas ordens serem seguidas e um a um eles deixarem a sala, sobrando apenas nós quatro.

Kakashi tirou o colete que já estava aberto, assim como a bandana que parecia atrapalhar a sua visão e verificou o seu equipamento, parecia estar se preparando para uma batalha. Logo Way voltou, junto de dois de seus homens que trouxeram algumas informações sobre a localização dos inimigos, essas informações foram ouvidas atentamente.

— Me diga que você não irá lá fora sozinho — disse atraindo a atenção de todos para mim enquanto encarava-o seriamente.

— Se eu não combatê-los lá fora, terei que fazer isso aqui dentro. A segunda opção aumenta a chance de alguém se tornar uma vítima, principalmente você — explicou de modo simples, mas não aceitei tal explicação e apenas continue a observá-lo seriamente.

Por fim ele deu um longo suspiro e caminhou até mim, abraçando-me e sussurrando em meu ouvido: — Eu sou seu guarda-costas, é meu trabalho mantê-lo vivo. Além disso, quanto mais tempo esperamos, mais pessoas podem morrer.

— Não quero que você volte a matar — disse honestamente, retribuindo o seu abraço.

— Ser um assassino é parte de mim e nunca vai desaparecer completamente. Se pretende estar ao meu, você terá que se acostumar com isso — encerrou soltando-me e voltando sua atenção a Way e aos outros seguranças que estavam com ele.

— Não deixe ninguém sair da casa, pois não quero matar um aliado sem perceber. E certifique-se de cuidar do Naruto. Se algo acontecer a ele, farei dez vezes pior com você, entendeu? — Advertiu seriamente ao Way que com visível medo respondeu:

— S-sim senhor — confirmando enquanto acenava com a cabeça, mostrando uma face branca como uma vela.

Após dar o seu recado e olhar novamente para mim, ele caminhou em direção a porta e quando a alcançou... liberou a sua aura assassina.

Eu nunca havia presenciado esse lado dele, ainda assim sabia que aquele Kakashi era bem diferente do meu Kakashi. Naquele momento era como se uma aura negra começasse a deixar o seu corpo, se alastrando e se espalhando cada vez mais, a cada segundo que se passava ela se tornava maior, fazendo o meu corpo tremer levemente de medo... Um pouco de medo dele e muito, muito medo de perdê-lo.

— Ele é realmente um homem assustador — comentou Way, assim que Kakashi deixou a casa.

— Esse homem assustador está salvando a sua vida e a de seus homens, você deveria ser grato — disse encarando-o seriamente e mostrando toda a minha irritação, antes de me afastar e me escorar em uma das paredes.

Alguns segundos se passaram até que senti uma mão tocar meu pescoço levemente, fazendo-me levantar o olhar e encontrar meu pai em minha frente.

— O seu pescoço está marcado, imagino que tenha sido o Kakashi. Fico feliz se você estiver feliz, mas que tenho vontade de dar um soco nele, isso eu não posso negar — disse-me em tom brincalhão, deixando-me surpreso.

— Você já sabia? — perguntei não conseguindo acreditar.

— Não tinha certeza, mas já suspeitava. Afinal sou seu pai. — gabou-se com um grande sorriso enquanto eu dava um passo a frente e o abraçava, era o primeiro abraço depois de muitos anos.

Tudo o que eu mais queria naquele momento era dizer ao Kakashi: "Olhe, meu pai já sabe sobre nós, por isso podemos ficar juntos"... Porém não podia dizer isso a ele, porque naquele momento ele não estava ali. Então tudo o que eu podia fazer era esperar e rezar para o seu retorno seguro, enquanto mantinha em minha mente a sensação se seus lábios em meu pescoço e de suas mãos em meu corpo.