PRIMORDIUM NULLA RETRORSUM

Capítulo 11

AUTHOR: TowandaBR, Thysbe, Cris Krux

DISCLAIMER: Todos os personagens da série "Sir Arthur Conan Doyle's The Lost World" são propriedade de John Landis, Telescene, Coote/Hayes, DirecTV, New Line Television, Space, Action Adventure Network, Goodman/Rosen Productions, e Richmel Productions.

4ª temporada.

PRIMORDIUM NULLA RETRORSUM: Não retorne às suas origens.

Dedicado a todos aqueles que mantêm TLW vivo, escrevendo e/ou lendo fics.

Obrigada Cris, Aline, Di Roxton, Maga, Kakau, Fabi K Roxton, Jess, Rafinha

Referências: Tribute, Nectar, Amazons, The Guardian, Into The Fire.


"Verônica, eu..." – Ouvindo o barulho do elevador, Finn virou-se, parando no meio da frase.

"Isso é jeito de receber as visitas, minha jovem?"

"CHALLENGER!"

Gritando e correndo, a garota do futuro reagiu eufórica, literalmente se jogando no pescoço do cientista que mal teve tempo de retribuir o abraço.

"É muito bom ver você também Finn."

Finalmente ela largou George, apenas para gritar novamente.

"ROXTON!" – foi a vez do caçador sentir o abraço apertado.

"Mal chego e você já quer me enforcar?" – A moça nem teve tempo de responder.

"MALONE!" – Apesar de ter conhecido o jornalista por tão pouco tempo, ela não se intimidou em abraçá-lo tão fortemente quanto aos outros.

"Como você está, Finn?"

"Com saudades... De todos vocês."

Soltou o rapaz, mas não resistiu e pulou novamente no pescoço de Challenger. Após alguns segundos, ele afastou-a de si.

"Deixe-me olhar para você, mocinha." – George arqueou a sobrancelha –Que roupa é esta que você está usando?"

Ela empertigou-se, orgulhosa.

"Comecei meu treinamento com as amazonas."

"Amazonas?"

"Elas não queriam me aceitar, mas Verônica intercedeu."

"E onde está ela, Finn?" – Malone estava aflito.

"Preparou o café da manhã e saiu muito cedo."

"Quando voltará?"

"Eu nunca sei. Às vezes só retorna ao anoitecer." – a moça fez uma pausa antes de continuar – "Onde estão suas bagagens?"

"Não temos nada."

Finn deu de ombros. Afinal tê-los de volta era mais do que suficiente.

"Mas que mal educada eu sou. Venham comer."

Conduziu-os até a mesa, ainda arrumada para o desjejum.

Os homens estavam famintos e comeram com prazer.

"O que você tem feito?" – finalmente o caçador perguntou.

"Como já disse, em breve serei uma guerreira amazona. Na verdade, não tão em breve assim. Gosto de ir até lá treinar, mas não gosto de ficar longe daqui por muito tempo. Então acho que vai demorar muito. E já sei ler muito bem, Challenger."

"Isto é excelente, minha jovem." – elogiou George – "Já leu todos os livros da biblioteca?"

"Nem todos. Mas quando terminar vou reler os que mais gostei."

"Estou orgulhoso de você, Finn." – o cientista sorriu com sinceridade, e a moça retribuiu.

"E Verônica?" – John perguntou, antes que Malone o fizesse.

"Ela está bem... quer dizer..."

"O que?"

A moça suspirou.

"Acho que ela finge que está bem."

"Conte-nos."

Ela hesitou por alguns instantes.

"Por favor, não digam nada a ela, porque na verdade são coisas que tenho guardadas apenas comigo... e eu costumo errar."

Os homens mostravam-se atentos, e Finn prosseguiu.

"Vocês chegam, e ela ganha uma família por três anos. Depois, eu venho do futuro. De repente, ela relembra o que aconteceu ao pai, descobre sobre Avalon e sobre as protetoras, o platô quase é destruído, Marguerite morre, vocês vão embora... Aconteceram muitas coisas de uma só vez."

"E a mãe dela? Alguma notícia?"

"Verônica tentou e ficou um bom tempo procurando pelo platô, mas não encontrou nenhuma pista. A única coisa que tem são os sonhos, que sempre lhe dizem que deve esperar, e que o dia em que elas se encontrarão está cada vez mais próximo. Porém esse dia nunca chega, mesmo depois de tanto tempo." – Finn fez uma pausa – "De alguma forma todos procuravam respostas, mas todas as dúvidas ficaram com ela. Onde está sua mãe e por que não pode encontrá-la, se poderia ter evitado a morte de Marguerite, e vocês indo embora." – ela parou por mais alguns instantes – "Naquele dia, assim que vocês pularam, descemos o rio e encontramos a maioria de suas coisas. Armas, mochilas, suprimentos. Até os diários de Malone."

"Meus diários?"

"Sim. E estão todos na biblioteca. Embalados em linóleo, exatamente como os encontramos. Verônica nunca quis abrí-los. Nunca soubemos se vocês estavam vivos ou mortos. Não havia como saber."

"Vocês não conversam?" – Foi Roxton quem perguntou.

"Sobre quase todos os assuntos, sim. Sobre como ela se sente, nunca. É difícil para ela precisar de ajuda. Tentei algumas vezes, mas sempre mudava rapidamente de assunto. Acho que Verônica se sente muito sozinha, e eu não sei mais o que fazer para ajudar."

Os três homens permaneceram quietos.

"Vou achá-la." – Ned levantou-se, angustiado.

"Tente no lago, Malone. Às vezes ela fica lendo debaixo das árvores."

"Obrigado." - gritou o jornalista, já descendo no elevador.

"Ele nem pegou uma arma." – conformou-se John – "Tomara que não encontre nenhum dinossauro no caminho."

Finn serviu mais um pouco de chá aos amigos.

"Quero saber tudo de você, Finn. O que você fêz durante esse tempo?"

"Eu? Bom, como disse, tenho lido muito. Fora isso, o de sempre. Enquanto procurava Avalon, Verônica me levou a muitos lugares no platô. Até acho que conheço mais lugares do que vocês." – provocou ela.

"Isso eu duvido. E como você se sente? Quero dizer... Você está feliz?"

"Gosto dessa época, gosto da casa da árvore, gosto dos meus amigos. Às vezes até gosto de correr dos raptors. Estou feliz sim. E agora mais ainda porque vocês voltaram."

"Que bom, Finn."

"Vocês vão ficar, não é?"

"Se vocês nos quiserem de volta..."

"Se quisermos? O laboratório ainda está no mesmo lugar." – A moça levantou de súbito e correu até uma parede, voltando em seguida – "E isso aqui é seu, Roxton."

O caçador sorriu ao receber seu chapéu de volta. Examinou-o com cuidado até finalmente colocá-lo.

"Como ficou?"

"Perfeito, como sempre." – George sorriu ao ver o amigo.

Era uma sensação tão boa, e ao mesmo tempo tão curiosa, voltar à casa da árvore.

Os três permaneceram conversando à mesa por mais algum tempo, até que Roxton levantou-se.

"É melhor procurar Malone. Não acho uma boa idéia ele andar desarmado pelo platô."

"Vou com você."

"Esperem por mim." – completou Finn – "As armas estão no mesmo lugar de sempre."

"Eu pego." – John ofereceu-se.

George escutou o elevador, e já esperava pelo jornalista que obviamente não encontrara...

"Verônica?" – A moça parou, olhando para os dois homens sem se deter em nenhum deles. Parecia não acreditar no que via. Challenger aproximou-se.

"Olá, querida. Será que você ainda aceita receber exploradores?"

Não se contendo, ela abraçou o emocionado cientista.

"Esta casa é de vocês."

Depois olhou para John, e foi a vez dele envolvê-la em um carinhoso abraço.

"Que saudades, minha amiga."

"Senti sua falta, Roxton."

Finalmente a moça levantou a cabeça, olhando a sua volta. Procurava alguma coisa.

"Ned?"

"Malone está muito bem."

Ela suspirou. Mesmo não tendo voltado com Challenger e Roxton, saber que Ned estava vivo lhe trazia um alívio que já havia perdido a esperança de um dia sentir. Após alguns segundos, procurou recompor-se.

"Vocês comeram?"

"Estamos muito bem, Verônica." – sorriu o caçador – "Mas tem um jornalista que saiu a sua procura, e é melhor você achá-lo antes que ele se meta em encrencas."

Ela demorou um pouco até entender, e sem se despedir entrar rapidamente no elevador.


Malone fechou o portão. Ao virar, seu coração quase parou ao perceber Verônica à saída do elevador.

Observou a moça, ao mesmo tempo em que andava muito devagar na direção dela. Ela parecia em transe e mal respirava.

O rapaz aproximou-se. Nunca havia visto um olhar tão angustiado.

Verônica fechou os olhos quando ele acariciou seu rosto, mas praticamente não se mexeu. Esperou alguns segundos, até inclinar a cabeça para o lado, prendendo levemente a mão do rapaz com o ombro. Parecia temer que nada daquilo fosse real. Finalmente ela abriu os olhos. Levou a mão até o rosto do jornalista, sentindo a aspereza da barba por fazer.

Ned, que sempre teve a certeza de que seria ele a procurar abrigo e alento em sua força, surpreendeu-se ao vê-la tão vulnerável.

Carinhosamente, puxou-a para si em um abraço, que ela retribuiu ao mesmo tempo que chorava mansamente, aconchegada junto a seu peito.


Challenger, Roxton, Malone, Verônica e Finn dedicaram-se à reorganização de sua pequena família.

A casa da árvore necessitava de pequenos reparos, e eles de atividades que pudessem compartilhar. Começaram com um multirão onde consertaram o telhado, fizeram uma faxina cuidadosa em todos os cômodos, tendo um atenção especial com o aposento que Roxton e Malone dividiam, e com o laboratório e quarto de Challenger que há muito não eram limpos com tanto esmero.

Roxton e Verônica saíam para caçar, e muitas vezes Finn os acompanhava. Mas invariavelmente transformavam a atividade em uma disputa, e a garota do futuro gostava de observá-los naquela curiosa batalha, até que os dois faziam com que ela se juntasse a eles, e a competição passava a ser entre os três.

Challenger e Malone ocuparam-se na reforma do moinho de vento, que sofreu adaptações para que também servisse para a moagem de café e trigo. E com os progressos de Finn na leitura, George ficou feliz em ensinar-lhe mais a respeito da ciência.

Ned e Verônica também dedicavam bastante tempo um ao outro. Tinham muitas coisas a conversar. Acima de tudo queriam, mais do que nunca, estar juntos. Mesmo sabendo que ninguém tinha dúvidas sobre até que ponto havia chegado o relacionamento dos dois, quando na casa da árvore, cada um se recolhia a seu próprio aposento. Imaginavam que seus amigos, especialmente Challenger, pudessem se sentir de alguma forma desconfortáveis.


"Posso acompanhá-la?"

Verônica sorriu ao ver Challenger já vestido e pronto àquela hora da manhã. Costumava caminhar, pegar algumas frutas ou cuidar das flores no túmulo do pai e de Marguerite logo pela manhã, mas raramente o fazia acompanhada.

"Claro. Não quer tomar seu café antes?"

"Não. Tomamos depois." – sorriu o cientista.

Durante a caminhada, desfrutaram da agradável companhia um do outro, e dividiram algumas impressões a respeito do platô, como sempre faziam.

"Não me entenda mal, Challenger. Você sabe que adoro sua companhia, mas acho que veio comigo por algum motivo especial."

"Você me conhece muito bem." – Challenger riu, e eles sentaram, aproveitando o delicioso ar da manhã – "Me perdoe tocar no assunto, mas..." – fez uma pausa e limpou a garganta tentando encontrar as palavras certas – "...eu sei que não é da minha conta, nem de ninguém, mas percebemos que Ned tem ido para o seu quarto no meio da noite."

Veronica enrubesceu.

"Challenger..."

"Por favor, deixe-me continuar. Você e Malone são adultos e se amam. Não estamos em Londres, e vocês não devem explicações a quem quer que seja."

"Não queriamos que vocês se sentissem constrangidos."

"Fico feliz que vocês se preocupem conosco, e admito que, se fosse há alguns anos atrás, certamente isso aconteceria. E certamente eu jamais teria a coragem de estar conversando a este respeito com você. Mas não hoje. Se vocês realmente desejam ficar juntos, então fiquem juntos. Acredite quando digo que nada me deixará mais feliz. E tenho certeza de que todos pensam assim."

A moça riu, ainda encabulada.

"Obrigada, Challenger."


O caçador partiu alguns dias depois de Verônica ter conversado com Ned a respeito de seu diálogo com Challenger, e de todos terem finalmente ajudado o casal a se instalar de forma mais confortável.

Roxton achou importante que os dois passassem alguns dias sozinhos, e convenceu Finn a levar Challenger em uma de suas viagens de treinamento até as amazonas. O mais difícil foi convencer o cientista a deixar suas experiências de lado, mesmo que por um breve período. Ele ainda argumentou que ficaria quieto em seu laboratório, mas John foi categórico.

"George. Escolha. Ou você passa uns dias com Finn e as amazonas, ou eu te arrasto comigo sem destino certo."

O cientista foi rápido na resposta.

"Amazonas."

John lembrou-se de algumas pessoas que encontrara ao longo dos anos no platô, e decidiu revê-los.

Entre outros, visitou os Hagens, agora governados por uma liderança legítima e justa, e também Pakim e as crianças cujas casas já haviam sido construídas nas árvores. Ambas as comunidades haviam prosperado graças, entre outras coisas, à sua ajuda e à ajuda de seus amigos.

Passou alguns dias com Adama, que continuava a viver sozinha. Ao contrário da ultima vez em que os recebera com um dardo tranquilizante, ela lhe deu abrigo por alguns dias, e ele lhe retribuiu com preciosa ajuda nos afazeres cotidianos. Ambos se divertiram com amistosas conversas à lareira.

Mas após despedir-se, o caçador refletiu. Quem choraria por aquela velha senhora quando ela se fosse?

Roxton chegou ao próximo povoado no fim da tarde. Andara o dia inteiro, e estava cansado e faminto.

"Ei, ei, ei." - fingindo-se assustado, o caçador levantou os braços quando o menino se aproximou, apontando-lhe um pequeno galho de árvore – "Por favor, não me machuque."

"Quem é você?" - o garoto perguntou, ousado.

"É difícil responder enquanto alguém tão corajoso quanto você esteja me apontando uma arma. Como é o seu nome, pequeno guerreiro?"

O menino estufou o peito

"Meu nome é Cassius. Como meu pai."

O caçador abaixou-se em frente ao garoto.

"Cassius. Conheci o seu pai, e ele foi um grande guerreiro, assim como você um dia o será." - o caçador apertou a pequena mão de Cassius - "Meu nome é John Roxton."

"Lord John Roxton." – escutou. Depois levantou-se, cumprimentando a lider dos Tintas, que se aproximava.

"Apenas John Roxton. Olá, Tarya."

A moça olhou para o garoto.

"Parece que você já conheceu Cassius."

"Ele é muito esperto. E se parece muito com o pai."

"Obrigada. O que o trás por aqui?"

"Tenho viajado pelo platô revendo amigos."

"Está só de passagem ou podemos lhe oferecer a hospitalidade dos Tintas? Mas devo lhe avisar que estamos na época da colheita, e sempre precisamos de ajuda extra. Então, é melhor pensar bem antes de responder." – ela sorriu.

"Será uma honra poder ajudar." - respondeu ele.

"Como sabe, costumamos nos reunir às refeições. Pode deixar suas coisas na mesma choupana que ocuparam anteriormente, e juntar-se a nós."

Pegando a criança pela mão, Tarya conduziu o caçador pela aldeia.

"E como estão o professor Challenger e Verônica?"...


Roxton retornou à casa da árvore quase um mês depois, onde passou mais quinze dias com seus amigos exploradores, para logo em seguida voltar à aldeia dos Tintas. Queria aprender um pouco mais sobre a pesca. O caçador tinha grande prazer no trabalho braçal, e gostava de sair ao amanhecer e retornar com a canoa cheia de peixes ao entardecer. Haviam derrotado os Hikaris uma vez, mas, apesar de pacatos, deveriam estar preparados para defender-se quando precisassem. Auxiliado por seu fiel aprendiz, o pequeno Cassius, John tomou para si a responsabilidade de ensinar tudo o que sabia aos aldeões. Os Tintas permaneceriam cordiais com seus amigos, mas atentos a seus inimigos.

Com o passar do tempo, Roxton deixou de ser um morador da casa da árvore para tornar-se uma visita muito querida.


Verônica ficaria ausente por alguns dias com os Zangas e não encontraria com o amigo, então, confortavelmente sentados na varanda após o jantar, coube a Ned questionar o caçador.

"Verônica comentou sobre uma coisa que ela gostaria de lhe falar da próxima vez que você viesse à casa da árvore. Como ela não está, vou me arriscar a receber uma má resposta."

"Fale, Malone." – o homem estava curioso, mas relaxado.

"Você... e... Tarya... quero dizer." – o jornalista hesitou. Roxton olhou para ele.

"Malone. Depois de tudo o que passamos juntos, você ainda tem alguma dúvida de que pode perguntar o que quiser?"

"Você contou tudo a ela, Roxton?"

"A primeira coisa que eu e Tarya fizemos, ao perceber que poderíamos nos tornar importantes um para o outro, foi conversar sinceramente." – Roxton pensou por alguns instantes – "Tarya sabe que jamais amarei alguém como amo Marguerite, assim como sei que ela jamais amará alguém como ama Cassius. Mas eles estão mortos, e nenhum de nós dois pode ter o passado de volta. Porém, temos um presente e queremos ter um futuro."

Malone ergueu o copo em um brinde.

"Que você seja muito feliz, meu amigo."

E no dia seguinte, Roxton voltou para a aldeia dos Tintas, enquanto a casa da árvore voltava à sua rotina.


Epílogo

Após mais de um mês longe da casa da árvore, Roxton sorriu ao ver Verônica caminhando pela mata alguns metros adiante. Deteve-se observando-a por alguns segundos. Anos antes havia encontrado uma moça forte e solitária, que se transformara em uma bela mulher. E agora, com mais de oito meses de gravidez, ela parecia mais radiante do que nunca. Correu até ela, tomando-lhe a sacola que carregava.

"Você sabe muito bem que não pode carregar peso. Não vai fazer bem nem para você e nem para o bebê. Já pensou se aparecesse um t-rex ou um raptor?" – Reprovou ele, para rapidamente abrandar a expressão.

"Ned passa o tempo todo me vigiando para que eu não saia sozinha, e quando consigo fugir sem que ele perceba, acabo encontrando você."

"Ele está certo. Imagino que aquele jornalista esteja mais nervoso do que nunca. Quanto tempo falta?"

"Duas, no máximo três semanas. Acho que esta foi minha última escapada." – sorriu ela, sentando-se em um tronco. Roxton fez o mesmo, já pegando uma laranja na mochila que carregava, cortando em quatro partes e dividindo-a entre os dois.

"Como estão Challenger e Finn?"

"Eles não param mais em casa. Challenger continua a acompanhar Finn até as Amazonas, e agora insiste que ela não pode andar pela selva sem que ele vá junto. Só que passam dias fora, e cada vez mais frequentemente Finn tem voltado sozinha. Disse que Challenger e Selena têm tido conversas cada vez mais reservadas e educativas sobre os avanços da ciência..."

Roxton deu uma sonora gargalhada ao observar o sorriso matreiro de Verônica.

Ficaram ali por alguns instantes, apreciando a belíssima paisagem da primavera no platô, e sentindo a deliciosa brisa da tarde.

"Como você está, Roxton?"

"Bem melhor do que mereço."

"E Tarya?"

"Ela se tornou uma boa amiga e companheira. Uma sobrevivente, como todos nós." – Verônica segurou a mão do pensativo caçador, que após uma pausa continuou – "As chuvas castigaram aquela região e temos tido muito trabalho na aldeia. Estamos fazendo alguns reparos. Voltei para pegar algumas ferramentas, se você puder emprestar, é claro."

"Desde quando precisa perguntar?"

"Eu sei. Estava brincando. Se não houver problemas, passarei a noite na casa da árvore e amanhã cedo volto para lá."

A jovem mal teve tempo de mostrar seu desapontamento, antes que ele continuasse.

"Mas não se preocupe. Estarei aqui quando o bebê nascer. Posso trazer Tarya também? Ela quer rever você e Challenger, e conhecer Malone e Finn. E vocês também conheceriam o pequeno Cassius."

"Eu gostaria muito." – sorriu ela, ao ver o amigo tão tranquilo.

"Você sabe que não sou de sentir essas coisas, mas algo me diz que talvez você encontre sua mãe muito em breve."

"Queria tanto que ela estivesse aqui quando a criança nascesse." – ela respondeu, com uma mistura de tristeza e esperança.

"Algum palpite? Se é menino ou menina?"

"Challenger preparou uma de suas fórmulas infalíveis e queria que eu bebesse. Jurou que, dependendo da minha reação, descobriria o sexo do bebê, porém achei melhor não tentar." – riu ela.

"Sábia decisão."

"Ned sempre chama de 'ele', mas a curandeira Zanga tem certeza absoluta de que é uma menina."

"Já escolheram o nome?"

"Bem, se for menino terá o nome do pai do Ned."

"E se for menina?"

Verônica virou-se para ele, encarando-o e dirigindo um olhar terno para o amigo, que compreendeu de imediato.

"Eu posso?" – ele perguntou, emocionado.

A moça pegou a mão do caçador, colocando-a sobre sua barriga. Roxton cumprimentou suavemente.

"Olá, pequena Marguerite..."

FIM

R-E-V-I-E-W! R-E-V-I-E-W! R-E-V-I-E-W!

Referências: Tribute, Nectar, Amazons, The Guardian, Into The Fire.