Disclaimer – Quase conseguindo dinheiro suficiente para comprar... Mas, até lá, não é meu. xD


Notas da Autora – Eu estou de volta! xDDD

Acho que ninguém mais que lia o fic deve acompanhar, mas como eu prometi, vou terminar e publicar todo. =)

Whatever, se alguém ainda ler, espero que goste e comente.

Até o próximo. o/

Beijos,
Lis


Ensina-me a Amar

By Palas Lis


Música – "Give Me Love", Ed Sheeran.


Dedico à Laura Berthold, porque a conheci por intermédio do fic e da Mitz-chata. Para mim, o melhor de escrever, são os amigos que conquistei com as histórias. 3


Parte XXIII

Give me love like her

'Cause lately I've been waking up alone

Pain splattered teardrops on my shirt

Told you I'd let them go

Dê-me amor como ela

Porque, ultimamente, eu tenho acordado sozinho

A dor espalhou lágrimas na minha camisa

Eu disse a você que os deixaria ir

O sorriso continuava estampado no rosto da menina enquanto o carro se afastava do hospital no centro de Tóquio no começo da noite. E era realmente de se esperar aquela reação dela: passara algumas semanas trancafiada daquele lugar. Qualquer pessoa em sã consciência estaria implorando a Deus que pudesse ir logo embora – Rin não era diferente. Ela quase podia imaginar aquela desprezível enfermeira fazendo uma festa por ela estar de alta médica.

Os olhos castanhos pararam no rapaz dirigindo o carro. Inokuma Sesshoumaru. Ele a buscara e agora a estava levando para a casa de Suikotsu. Em silêncio, os dois permaneceram por um longo período. Não tinham exatamente o que falar. Muito menos sabiam o quê falar. A menina começava a se incomodar com o silêncio por parte dele, então se mexia desconfortavelmente no banco.

Naquele instante, Rin percebeu como realmente havia mudado. Em outro momento, ela não queria falar com ele, sequer queria ouvir sua voz ou que ele estivesse por perto, mas agora era diferente. Um sorriso minúsculo ficou visível no rosto dela. E, por mais estranho que aquilo pudesse parecer, ela não se importava com a mudança. Parecia até mesmo que gostara de mudar...

"Será que ainda estou sob o efeito do remédio?", Rin pensou, quase divertida, contendo a vontade de rodar os olhos castanhos com o pensamento.

- Está sorrindo do quê? – a pergunta de Sesshoumaru fez Rin piscar e perceber que ainda olhava para ele. – Vai ficar o caminho todo olhando para mim?

- Não interessa. – ela respondeu, grossa, cruzando os braços frente ao peito e virando o rosto para o outro lado. – Não vou ficar olhando para sua cara feia.

- Seu humor muda de uma forma tão incrível que beira a magia. – Sesshoumaru olhou de canto para ela. – Ontem mesmo estava toda gentil.

- Eu estava dopada, não gentil. – ela deu de ombros. – Mas já passou.

Bem, talvez não houvesse mudado tanto assim... Rin não conseguia evitar ser grossa; era mais forte que ela.

- A casa do chato do noivo da Kikyou é longe? – Rin perguntou, curiosa com o caminho que ele seguia. – Não conheço esse bairro.

- Não. Estamos chegando. – Sesshoumaru respondeu. Rin olhou para ele... Parecia distante. – No outro quarteirão.

- O que diabos há com você? – Rin foi direta.

- O que há comigo? – ele perguntou, sem desviar os olhos da rua a sua frente.

- É, você. – Rin rodou os olhos. – Está estranho. Diga de uma vez o que foi.

- Espero que sua casa fique pronta logo...

Rin olhou para ele e inclinou o rosto. As palavras dele eram difíceis de compreender. O que ele queria dizer com aquilo? O que a casa dela tinha a ver com o estado dele? Será que era pelo fato de que não estava mais morando do lado da casa dele? Seria aquilo...?

- Você poderia ser mais claro?

- Como?

- Que inferno, Sesshy! – Rin bufou. – Está assim por que vou morar longe de você por enquanto?

- Sim.

And I'll fight my corner

Maybe tonight I'll call ya

After my blood turns into alcohol

No I just wanna hold ya

E vou lutar pelo meu canto

Talvez hoje à noite eu vá chamar você

Depois que o meu sangue se transformar em álcool

Não, eu só quero segurar você

Rin entreabriu os lábios e virou para ele. Infeliz, não era mais fácil falar de uma vez?

- Você complica minha vida. – Rin não queria mostrar, mas gostou dele se importar que ela não estivesse mais morando ao lado dele. – Estamos namorando agora, esqueceu? Pode ir lá me ver quando quiser.

Sesshoumaru virou para ela e sorriu.

- Está sorrindo do quê?

- Não interessa.

- Não use minhas palavras contra mim, Sesshoumaru!

- Chegamos. – Sesshoumaru parou o carro frente ao apartamento de luxo. – Suikotsu mora aqui.

- Ele é rico?

- Sim.

- E por que nunca deu presentes para mim? – Rin se perguntou, abrindo a porta do carro e saindo, resmungando como uma velha, como era seu habitual. Algumas coisas nunca mudam. – Que cunhado avarento que a Kikyou arrumou pra mim.

Sesshoumaru saiu do carro e ligou o alarme. Os vidros automáticos subiram e as portas travaram antes dos dois se afastarem para a entrada do apartamento. Eles chegaram à portaria e imediatamente foram anunciados. Não demorou nem dois minutos e estavam no elevador. Rin olhava para o reflexo de Sesshoumaru na porta metálica; ele mantinha a mesma postura impassível, com as mãos nos bolsos da calça. É, ele parecia realmente distante...

Assim que a porta se abriu no andar do apartamento de Suikotsu, Rin apenas foi surpreendida pelos braços de Kikyou ao redor de seu pescoço, abraçando-a a ponto de quase sufocar. A menina arregalou os olhos e bateu de leve nas costas da irmã mais velha, para que ela notasse que estava quase a enforcando. A mais nova, por um segundo, achou que capotaria com a surpresa do ato da mais velha.

Sesshoumaru passou direto por elas e foi falar com Suikotsu.

- Rin-chan! – Kikyou falou, alegre. – Que bom que chegou!

- Eu queria saber por que você não estava lá no hospital para me esperar, Kikyou. – Rin falou, mimada; os braços cruzados diante do peito. – Achei que ia querer buscar sua irmã!

- Sesshoumaru-sama disse que gostaria de ir buscá-la, por isso não fui.

Rin olhou para o namorado, esperando que ele confirmasse; isso não aconteceu. O rapaz apenas continuou a conversar com Suikotsu. Então a mais nova olhou para a mais velha, em uma nítida expressão duvidosa.

- É verdade, Rin-chan!

- Vou fingir que acredito...

- Mas é ver—

- 'Tá bem, Kikyou, 'tá bem. Não me irrita logo cedo. – Rin balançou a mão na frente do corpo, dando de ombro depois.

- Eu nunca te irrito!

- Vamos fingir que isso é verdade também.

Kikyou olhou torto para a mais nova.

- E onde eu vou dormir?

- No meu quarto, se quiser.

Uma voz atrás da menina a fez se virar.

- Quem é esse? – Rin quis saber, apontando para o homem alto e moreno, muito parecido com Suikotsu, exceto pelos cabelos serem maiores.

- Meu irmão, Rin. – Suikotsu suspirou e alisou a fronte, como quem esperava pelo pior... – Manzo Bankotsu.

- Eu nem sabia que você tinha irmão. – Rin piscou.

- Irmãos. – ele ressaltou o plural. – Dois, na verdade.

- E o que é essa festa toda aqui? – Bankotsu sorriu largamente. – E você não me disse que a irmã de Kikyou era tão bonitinha.

Rin não percebeu os olhos de Sesshoumaru se estreitarem ameaçadoramente.

- Meu Deus!

Todos se sobressaltaram com a voz aguda de um rapaz afeminado que entrara na sala saltitando. Ele vestia calça jeans apertada e uma baby-look rosada. Rin era a única que não conhecia o irmão mais novo de Suikotsu e até inclinou o rosto para o lado para admirar tal peculiaridade. Era um menino ou uma menina? A pergunta mental logo foi esquecida quando o rapaz se aproximou de fininho de Sesshoumaru e pareceu querer devorá-lo com os olhos castanhos...

- Meu Deus, que homem lindo! – ele tornou a exclamar, com a voz fina; perguntou em seguida, apoiando-se no braço de Sesshoumaru: – Eu sou Manzo Jakotsu e você?

Sesshoumaru preferiu ignorar os olhos estreitos de Rin na direção de Jakotsu.

- É meu namorado, dá licença. – Rin se aproximou, colocando-se praticamente entre os dois.

- Ah, tem namorada... – ele levou a mão no rosto e soltou um suspiro alto e deprimente. – Nunca vou achar meu príncipe assim!

- Tem, sim. Circulando, circulando. – Rin fez um sinal para que ele se afastasse de Sesshoumaru. – Que família louca o Suikotsu tem.

- Rin! – Kikyou não poderia acreditar que a irmã poderia ser tão mal educada. – Por favor...

- E ninguém me disse onde eu vou dormir! – Rin tornou a perguntar.

- Você pode ficar no quarto do Jakotsu e ele fica com Bankotsu no quarto, Rin. – Suikotsu anunciou, preparando-se para os possíveis gritos que viriam a seguir...

- Não vou ficar com ele! – Bankotsu e Jakotsu gritaram ao mesmo tempo, um apontando para o outro acusadoramente, como duas crianças que não querem obedecer aos pais.

- Bem feito! – Rin zombou.

Os dois olharam feio para ela. Rin apenas riu debochada, dando de ombros. Kikyou balançou a cabeça para os lados e Suikotsu suspirou. Sesshoumaru continuou como se nada estivesse acontecendo ao seu redor.

- Por que eu não divido o quarto com a irmã da Kikyou?! – Bankotsu perguntou. – É idiota, mas é bonita!

- Hei! – Rin exclamou, indignada.

- Ah, se for assim eu quero ficar com o bonitão ali! – Jakotsu bateu um pé no chão, emburrado.

- Pode tentar ficar com a Rin, mas ou morre pelas mãos do Sesshoumaru-sama ou pelas da Rin-chan. – Suikotsu avisou. – O mesmo vale para você, Jakotsu.

- Eu não vou ficar com ele!

- Nem eu com ele!

- Bem feito para os dois. – Rin se divertia com a situação. – Bem feito.

- Poderia ao menos fingir que não está gostando da confusão. – Sesshoumaru falou.

- Eu não. – Rin continuou a sorrir, quase sadicamente. – É legal.

- Parem os dois! – Suikotsu falou, sério, levemente alterado.

- Mas... – os dois tentaram argumentar novamente.

- A casa é minha e eu mando aqui. Vão fazer o que estou mandando ou que cada um se sustente sozinho. – até mesmo Kikyou ficou surpresa com o noivo. – Estamos entendidos?

- Sim. – os dois concordaram, ainda que insatisfeitos.

- Agora... Onde é o quarto que vou ficar? – Rin quebrou o silêncio com um sorriso.

Kikyou balançou a cabeça para os lados. Sesshoumaru preferiu ignorá-la. Jakotsu e Bankotsu olharam feio para a menina e Suikotsu suspirou. Seriam longos dias aqueles...

- A primeira porta à esquerda. – Suikotsu respondeu e massageou as têmporas ao mesmo tempo, fazendo Jakotsu sair para a cozinha pisando duro.

Rin deu de ombros e seguiu para o lugar que o outro informou. Ao abrir a porta, ela recuou, como se a visão fosse lhe deixar cega... Por alguns segundos, os grandes olhos castanhos passearam pelo lugar, meio que em choque com a situação... A cara de estranheza dela chegava a ser cômica. Ela voltou para perto dos outros correndo, fazendo-os olharem para ela, sem entender por que a cara de surpresa e choque que a menina apresentava.

- O que diabos é aquilo?! – Rin apontou na direção do quarto.

- O que foi? – Kikyou perguntou, quase não querendo realmente saber a resposta...

- Aquele quarto rosa! – Rin gritou. – É tudo rosa! Tudo mesmo! Por Deus, nunca vi tanto rosa na minha vida!

Segundos depois, Kikyou começou a rir – gargalhar, para ser mais exato.

- Não é engraçado, Kikyou! – Rin gritou. – Eu não vou dormir naquele lugar!

- Não fale assim do meu quarto! – Jakotsu se pronunciou, voltando da cozinha, indignado com as palavras da menina. – Você é hóspede aqui, não devia falar assim!

- Bem feito, Rin. – Kikyou comentou, sem deixar de rir.

- Você é minha irmã! – Rin falou, ainda mais indignada com a mulher do que Jakotsu com ela. – Devia ficar do meu lado!

- Você queria um lugar pra dormir, então que fique no quarto agora. – Kikyou respondeu, sem conseguir ainda segurar as risadas.

- Eu não quero, Kikyou! – Rin cruzou os braços frente ao peito, emburrada. – Não quero e não vou!

- Pare com isso, menina. Não estamos em casa!

- E daí? Só por isso vou ter que ficar naquele quarto de Barbie?!

- Oh, meu quarto é da Barbie! – Jakotsu comentou para si mesmo, feliz.

- Rin, por favor...

- Kikyou, não quero!

- Não tem outro lugar para ficar, menina.

- Não quero saber, lá é que eu não fico.

- A Rin pode passar à noite lá em casa até arrumar outro quarto para ela ficar.

Rin e Kikyou se viraram para Sesshoumaru quando ele fez as duas se calarem.

- Ótima idéia! – Rin resmungou. – Assim não tenho que ficar naquele lugar e nem aturar esse povo aqui.

- Sei... – Jakotsu zombou. – Está é querendo ficar com o bonitão aí...

Bankotsu riu e Rin ficou corada, rosnando depois para ele.

- Ela pode ir, Kikyou? – Sesshoumaru se virou para a mais velha.

- Sim. – Kikyou passou a mão pela franja, suspirando cansada. – Vou ver com Suikotsu um lugar pra Rin aqui e amanhã ela fica por aqui mesmo.

- Então vamos embora, Sesshoumaru. – Rin falou, caminhando em direção à porta de entrada. – Quero ir embora logo.

Sesshoumaru não esboçou reação alguma, apenas um fino sorriso – imperceptível por todos, até mesmo pela namorada –, surgiu no canto dos lábios dele ao enfiar as duas mãos nos bolsos da calça e caminhar com Rin para a saída do apartamento. Em silêncio, os dois saíram do prédio e entraram no carro. O caminho todo para a casa dele, nenhum dos dois sequer pensava em alguma coisa para falar. Era um silêncio incomodo. Os pensamentos deles pairavam em outro lugar...

Give a little time to me, we'll burn this out

We'll play hide and seek, to turn this around

All I want is the taste that your lips allow

Dê um pouco de tempo para mim, vamos queimar isso

Vamos brincar de esconde-esconde, para virar esse jogo

Tudo que eu quero é o gosto que seus lábios permitirem

Na verdade, ambos refletiam sobre a reação da menina ao ver o lugar que tudo aconteceu... Sesshoumaru parecia preocupado com Rin e como reagiria com aquilo... Talvez, não devesse ter oferecido para ela ficar na casa com ele. Quando Sesshoumaru passou direto pela casa dela para entrar na garagem, Rin se virou para olhar o estado de sua casa: ainda estava bem destruída. Algumas coisas haviam sido arrumadas, mas nada que melhorasse o aspecto da casa e nem que permitisse que fosse ficar lá.

Rin não tirou os olhos da casa nem quando ele parou o carro para abrir o portão elétrico. Um suspiro desanimado escapou nos lábios e instintivamente ela voltou os olhos para os pulsos ainda com faixas enroladas; as mãos se fechando sobre o colo. Mesmo que quisesse, nunca conseguiria esquecer o ponto de desespero que chegara... As cicatrizes nos pulsos seriam um lembrete perpétuo. Um terrível lembrete. Ela piscou quando ele abriu a porta do carro para ela e desceu em seguida.

- Você está bem? – Sesshoumaru perguntou.

- Por que não estaria? – Rin se fez de indiferente e deu de ombros, descendo do carro em seguida. – Eu estou com fome, só isso.

- Meu pai deve ter chegado agora do escritório, então não tem jantar pronto. – Sesshoumaru avisou. – Mas posso pedir comida e se Inuyasha não acabou com tudo, ainda tem sorvete na geladeira.

- Sorvete? – os olhos de Rin até brilharam ao ouvir aquilo. – De morango?

- Sim. – Sesshoumaru sorriu.

- Eu quero! – Rin só faltou pular com a notícia. – Eu tomo só sorvete e 'tá tudo certo.

- E fica sem comer? – Sesshoumaru levantou uma sobrancelha, abrindo a porta da principal da casa para dar espaço para Rin passar.

- Sim, e daí? – Rin rodou os olhos.

- E daí que a Kikyou descobre, ela...

- Kikyou não está aqui. – Rin sorriu, arteira. – Nem precisa saber disso.

- Você não tem jeito. – Sesshoumaru suspirou. – Você está esquecendo que acabou de sair do hospital.

- Não comece, não comece, Sesshoumaru. – Rin bufou. – Eu passei um século naquele lugar sem nem tomar uma colher de sorvete e de nada gostoso!

- Isso não é desculpa. – ele falou, sério. – Precisa se cuidar. Ainda não está totalmente boa.

- Você parece a Kikyou falando assim. Credo! – Rin bufou ainda mais e mais alto. – Dá um tempo, 'tá legal?

- Eu me preocupo com você. – Sesshoumaru falou após alguns segundos calado, apenas a encarando.

- Não precisa. – Rin encolheu os ombros, parecendo tirar a capa de proteção e indiferença que estava usando ao ouvir as palavras dele. – Será que eu posso tomar banho?

- Se não se importar se usar uma roupa minha para dormir. – Sesshoumaru falou, percebendo a intenção dela de mudar de assunto. – Esquecemos de trazer roupas para você.

- Não me importo. – Rin sorriu.

- Vou levá-la ao meu quarto para tomar banho e peço alguma coisa para a gente comer. – Sesshoumaru falou.

- E cadê seu pai e seu irmão idiota? – Rin perguntou, seguindo o namorado para o andar de cima da casa.

- Pelo visto meu pai ainda não chegou do escritório e Inuyasha deve estar no quarto dele, ou saiu com a Kagome. – Sesshoumaru respondeu.

- Com a Kagome? – Rin ficou curiosa.

- Parece-me que finalmente eles estão juntos. – ele deu de ombros, sem dar grande importância para aquilo, ao abrir a porta do quarto.

- Oh! – Rin piscou, sorrindo depois. – Isso é bom!

- Imagino que sim. – o rapaz continuou impassível.

Quando eles entraram no quarto, Sesshoumaru a levou direito para o banheiro, entregando uma toalha e duas peças de roupa. Com um sorriso, ele deixou Rin sozinha para poder se arrumar e voltou para o andar de baixo para pedir comida. Ela também sorriu e olhou o ambiente antes de se lembrar que gostaria de tomar um longo e relaxante banho e tirar aquele cheio insuportável de hospital que parecia ter se impregnado nela.

Ela cuidadosamente retirou os curativos, como o médico lhe recomendara e olhou os pontos... Então fechou os olhos por alguns segundos, tentando não pensar muito no que havia feito e em como poderia ter realmente morrido... Suspirou e puxou a porta do box após se despir e ligou o chuveiro com a água no mais quente que conseguiu. Não aguentava mais aqueles banhos rápidos e quase gelados do hospital, aquilo não era vida.

Por longos minutos, ela apenas deixou a água escorrer pelo corpo esguio e ainda extremamente pálido. Os cabelos escuros caíam nas costas, como uma cascata. Mesmo que quisesse continuar por muito tempo ali, ela preferiu não enrolar muito e logo saiu. Ela vestiu uma camiseta preta de Sesshoumaru que mais ficou parecendo um vestido, com uma calça de moletom e precisou puxar o cordão ao último para a calça não sair do corpo, de tão grande que a roupa dele ficou nela.

Rin secava os cabelos longos pensando que precisaria ir ao cabeleireiro para cortar os fios sedosos. Definitivamente não tinha paciência para cuidar dos cabelos, então nunca os deixava muito compridos. Ela terminou de secar os cabelos e deixou a toalha no banheiro, sentou-se na cama e esfregou os olhos com as costas da mão, bocejando em seguida, cansada depois de tantos dias no hospital sob feito de medicamentos.

- Você precisa dormir. – Sesshoumaru chamou a atenção dela ao passar pela porta do quarto com uma taça nas mãos. Rin, ao ver o que ele trazia, sentou na cama em posição de lótus e estendeu as mãos para receber o prêmio do dia. – Precisa descansar.

- Não atormenta minha vida, Sesshoumaru. – Rin grunhiu. – Dá logo isso aqui!

- Nem sei por que ainda falo com você. – ele suspirou, entregando o sorvete para ela.

- Porque me ama. – Rin passou a tomar o sorvete, como se o namorado não estivesse olhando para ela. – Adoro sorvete de morango!

- É, eu sei. – Sesshoumaru sorriu. – Vou tomar banho.

- Hu-hum. – Rin apenas prestava atenção no sorvete. – Não demore!

Sesshoumaru a deixou sozinha e entrou no banheiro depois de pegar a roupa de dormir no closet. Rin acabou o sorvete em questão de segundos e resmungou irritada pelo namorado estar tomando banho ao invés de estar no quarto e pedir que buscasse mais sorvete. Se tivesse certeza que não encontraria ninguém pela casa, desceria e assaltaria a geladeira para tomar todo o sorvete que encontrasse, mas ficou receosa de encontrar o pai de Sesshoumaru.

A morena deixou a taça no criado-mudo e pegou o controle remoto da televisão para ligá-la. Ela mudou diversas vezes de canal, até deixar em um filme de terror, sorrindo por ter encontrado um. Novamente bocejou, deitando-se na cama de Sesshoumaru. Nesse momento que percebeu que estava sozinha com ele naquela casa e ainda no quarto dele... Sem que conseguisse evitar, ela se mexeu nervosamente na cama e voltou a sentar, olhando para porta do banheiro.

My my, my my oh give me love

My my, my my oh give me love

My my, my my give me love

Minha nossa, minha nossa, oh, dê-me amor

Minha nossa, minha nossa, oh, dê-me amor

Minha nossa, minha nossa, dê-me me amor

Ela dividiria a cama com ele naquela noite...?

Rin ficou ainda mais corada com o pensamento, deixando o controle de lado e tentando não parecer nervosa quando Sesshoumaru saiu do banheiro apenas de calça, com o tórax definido nu. Rin tentou, mas foi inevitável não olhar para ele. Acabou por desviar os olhos assim que ele notou e sorriu de lado. Raios! Não era possível que ele pudesse saber que estava nervosa somente de olhar para ela! Odiava o fato de ser tão previsível e ele conseguir decifrá-la ainda mais facilmente.

Ela se virou para o filme que continuava a passar, ainda sem graça. Ao ouvir uma risada leve de Sesshoumaru, Rin cruzou os braços frente ao peito, com as bochechas ficando mais coradas. Infeliz, será que não percebia que estava envergonhada? Ou será que fazia apenas de propósito aquilo e...?

Rin piscou diversas vezes ao sentir os braços de Sesshoumaru envolverem seu corpo por trás, em um cálido abraço. Ela arregalou os olhos e teve a certeza que se tivesse em seu estado normal de saúde, sua telecinesia teria explodido Tóquio! Sesshoumaru estava sem camiseta, eles estavam no quarto dele, sozinhos na casa... Aquilo não poderia ser mais sugestivo... A morena se afastou com o pensamento que teve e apenas encarou o namorado, meio assustada.

- Algum problema? – Sesshoumaru quis saber.

- Ne-ne-nenhum! – ela gaguejou e balançou as mãos na frente do corpo. – O-o-o-onde eu vou dormir?

- Aqui. – ele respondeu, simplesmente.

- A-a-a-a-a-aqui... – Rin hesitou por um momento em continuar a frase. – Com vo-você...?

- Sim. – ele sorriu. – Não quer dormir comigo?

- Não é isso! – ela exclamou ainda nervosa e ele sorriu. – Ai, Sesshoumaru, pare com isso! Eu sei que está fazendo de propósito!

- Não estou fazendo nada... – ele se aproximou e a segurou pela cintura, para beijá-la. – Ainda...

- Eu...

Ela não conseguiu terminar de falar: os lábios dele a impediram de abrir a boca. Mesmo que estivesse extremamente nervosa com o que poderia acontecer, ela apenas fechou os olhos e deixou que ele aprofundasse o beijo. Não sabia explicar o porquê, mas quando Sesshoumaru a beijava, nem pensar direito mais ela conseguia. Era como se não tivesse controle de seus atos... Era o mesmo que sentia quando os poderes se descontrolavam, exceto pelo fato que não havia nada voando ao redor dela, apenas o coração descompassado e a respiração agitada...

Rin sentiu o frio no estômago quando sentiu a mão dele a tocar na cintura, por baixo da camiseta... Tudo era tão novo para ela, poder sentir todas aquelas sensações... A palma da mão dele e os dedos longos explorando a pele sem roupa dela. Sesshoumaru aproveitou para mordiscar a orelha dela e descer para beijar o pescoço. Rin sentiu que uma corrente elétrica a percorria internamente com as mãos dele a acariciando.

Um gemido escapou de seus lábios com os toques dele. Mordeu o canto da boca, apertando as mãos no lençol da cama.

Sesshoumaru debruçou o corpo sobre o dela, fazendo com que ela se deitasse... Rin abriu os olhos de uma vez ao sentir o peso dele... E, antes que ele tentasse mais alguma coisa, ela o empurrou pelo tórax com as duas mãos e se sentou na cama, olhando assustada para ele. Ele apenas sorriu e a fez ficar ainda mais corada, cruzar os braços frente ao corpo e o encarar com os olhos estreitos. Aquele idiota! Parecia que sentia um prazer mórbido por deixá-la sem graça.

O corpo ainda estava agitado com o que havia acontecido, com o rosto corado por ele a encarar daquele jeito e os lábios vermelhos do beijo apaixonado... Por mais que estivesse fraca e soubesse que os poderes provavelmente não se manifestariam, não conseguia deixar Sesshoumaru terminar o que começou, pois somente conseguia pensar que estragaria aquela noite tão especial... Quase suspirou desanimada com o fato, mas ele ainda sorria da cara dela, então fechou o rosto, emburrada.

- Está rindo do quê?! – Rin sentiu vontade de tacar o travesseiro no rosto dele.

- Nada. Definitivamente nada. – Sesshoumaru a puxou pela cintura e a abraçou. – Eu não vou fazer nada que não queira, Rin.

- Claro que não vai! – ela tentou disfarçar o nervosismo com a hostilidade, afastando-se do abraço dele para apontar o dedo ameaçadoramente no peito dele. – Ou eu mataria você e cortaria em pedaços seus restos mortais.

- Você lê livros de terror demais, menina. Está afetando seu cérebro. – Sesshoumaru tornou a sorrir, levantando-se para desligar a luz e voltar para a cama. – Está com frio?

- Não mude de assunto! – Rin respondeu, puxando o edredom para se deitar no canto da cama.

- Quer continuar a falar sobre o que começamos aqui...? – ele zombou; um sorriso quase malicioso nos lábios finos. – Eu não me importo...

- Sesshoumaru! – Rin dessa fez deu um tapa nele e escondeu as bochechas extremamente vermelhas sob o edredom. – Por que tem que ser idiota assim?

- Estou apenas querendo agir como você. – Sesshoumaru deitou ao lado dela, pegou o controle remoto do televisor e desligou o aparelho. – Você precisa mesmo dormir. Amanhã tenho uma surpresa para você...

- Surpresa? – Rin tratou de tirar o rosto do edredom e olhar para ele com os olhos grandes e castanhos curiosamente. – Que surpresa?

- Se eu contar não seria mais surpresa...

- Eu não ligo!

- Mas eu ligo.

- Então por que começou a contar?

- Para você dormir sem reclamar. Assim que se cuida de crianças.

- Eu não ia reclamar!

- Claro que não...

- Eu nunca reclamo de nada!

- Eu vou fingir que não ouvi isso.

- E eu não sou criança.

- Eu também vou fingir que não ouvir isso.

- Sesshy, conte!

- Rin, durma e me deixe dormir também.

- Irritante!

- Irritada.

- Grrr...

- Pode até latir que não vou falar.

- Idiota!

Rin deu outro tapa nele, arrancando uma leve risada do namorado. Sesshoumaru a segurou pela cintura e a puxou para deixá-la mais perto de si. Ela se acomodou nos braços dele e tornou a bocejar. Os olhos estavam pesados e sentia muito sono. Aqueles remédios que precisava tomar por mais alguns dias eram realmente soníferos para ela. Com a mão esquerda coçou o olho e depois tirou a franja dos olhos antes de fechá-los. Sorriu quando Sesshoumaru beijou a testa dela e se aninhou ainda mais ao lado dele.

- Sesshy, ainda está acordado?

- Não, estou dormindo.

- Não seja idiota.

- Então não faça perguntas idiotas.

- Não falo mais nada também.

- O que você quer falar?

- Já disse que não vou falar mais!

- Você é birrenta demais.

- E você é bobo demais.

Silêncio. Por alguns minutos, os dois ficaram calados. Rin achou que Sesshoumaru tinha dormido, mas percebeu que não quando ele afagou os cabelos dele e beijou o topo da cabeça. Ela novamente bocejou e estava quase dormindo. Sorriu com aquilo. Era tão bom poder ficar ao lado dele daquele jeito... Ela ia dormir com ele e estava feliz com aquilo. Realmente feliz. E agradecia a Deus por, pelo menos daquele momento, ter tentado se matar e os poderes ainda estarem fracos e não se manifestarem.

- Só queria falar que... – ela murmurou, quase adormecida; a voz mole de tanto sono que sentia. – Eu te amo.

Give me love like never before

'Cause lately I've been craving more

And it's been a while but I still feel the same

Maybe I should let you go

Dê-me amor como nunca antes

Porque, ultimamente, eu tenho desejado mais

E faz algum tempo, mas eu ainda sinto o mesmo

Talvez eu deveria deixar você ir

- Está com febre?

- Não falo... Mais... – ela retrucou, quase pegando no sono.

- Eu também te amo, Rin.

Ela ouviu as palavras dele e sorriu, caindo no sono em seguida, nos braços de Sesshoumaru. Naquele momento, sentia-se uma pessoa normal, uma adolescente normal com medo adolescentes habituais, não com poderes prontos para destruir tudo a sua volta. Por mais que quisesse melhorar logo, sabia que ao estar com o corpo totalmente reestabelecido, os poderes voltariam também... Entretanto, aproveitaria ao máximo, enquanto pudesse...

My my, my my, my my, oh give me love, love

Minha nossa, minha nossa, dê-me me amor