Título: Wicked Game
Autora: Senhorita Mizuki
Categoria: Slash
Gênero: Romance
Classificação: R
Personagens: Harry Potter e Draco Malfoy
Avisos:
Spoilers do primeiro ao sexto livro, O Enigma do Príncipe.
Agradecimentos especiais a: Obrigada a Bela chan, Celly e sis Mudoh Belial pela betagem.

Disclaimer: Harry Potter e personagens aqui representados não me pertencem, mas sim a autora J.K.Rowlings e a Warner Bros. Foi escrito de fã para fã, sem fins lucrativos.


Wicked Game

Por Senhorita Kaho Mizuki


Capítulo 1

No momento em que colocou os pés no Ministério da Magia, sentiu dezenas de olhos se cravarem nele. Era assim todos os dias, desde que derrotara, pela segunda vez, o maior bruxo das Trevas há pouco mais de um ano. Mas na primeira, ele era apenas um bebê e passara dez anos sem aquilo. Harry Potter, o garoto da profecia.

- Podiam tirar aquele cartaz dali de cima? Está começando a amarelar. – resmungou para o homem alto que o acompanhava.

Não só o cartaz, grande, com o rosto dele estampado, mas também o sorriso que se via obrigado a dar para as pessoas que freqüentavam o Ministério e insistiam em idolatrá-lo como se tudo tivesse acontecido na semana anterior. O homem negro do seu lado riu, divertido.

- Relaxe, Harry. As pessoas não esquecem tão facilmente os feitos como o seu. Pensei que já estivesse acostumado com a popularidade.

O Menino-Que-Sobreviveu (se é que ainda podia ser chamado assim), apenas deu um muxoxo. Não era bem assim. Achava que depois de finalmente destruir Voldemort, poderia ter uma vida simples. Mas aquela sempre havia sido a vida normal de Harry Potter; pessoas olhando fascinadas e pedindo autógrafos; a imprensa que não perdia seus passos e volta e meia inventavam histórias sensacionalistas ou surgia algum ex-Comensalem busca de vingança.

Hogwarts voltara a ser reaberta pela professora Minerva McGonagall, e finalmente os alunospuderam completar seus últimos anos e prestar os NIEMs. Mas nada mais foi o mesmo depois da morte de Dumbledore.

Harry agora era um Auror em treinamento. Acompanhava Nymphadora Tonks e Kingsley Shacklebolt, o homem com quem conversava agora, em algumas missões. Remus lhe dizia que seus pais e Sirius ficariam orgulhosos do que se tornara.

Separou-se de Shacklebolt e seguiu para a sala que compartilhava com outros colegas em treinamento. Antes de chegar, ouviu uma discussão animada e risadas. Quando entrou, três pares de olhos o encararam.

- Vejo que acordaram de bom humor. Posso saber o motivo da comoção?

Hermione Granger, sua melhor amiga desde o primeiro ano da escola de magia, sorriu enigmática e, atrás dela, Dino Thomas e Justino Finch-Fletchleyriram. Um jornal foi posto na mesa a sua frente, franziu a sobrancelha antes de pegá-lo. O que haviam inventado sobre ele daquela vez?

- Parece que alguém ficou com inveja do seu artigo, Harry. – a garota falou.

- Como sempre. – Dino revirou os olhos.

Os três amigos haviam começado o treinamento para Aurores logo que saíram de Hogwarts, Harry ficara feliz de poder ainda ver e manter contato com a maioria dos colegas. Ainda mais quando pensava que nunca sobreviveria para vê-los adultos.

Abriu o jornal e os olhos correram pela parte indicada, arregalando ligeiramente os olhos verdes. Em uma foto em preto e branco, DracoMalfoy se mexia posando, arrogante, para o fotógrafo. A manchete acima dizia que estava noivo. Piscou duas vezes. Malfoy noivo? E quem seria a caça níqueis que agüentaria o loiro?

Havia uma mulher do seu lado, tinha cabelos lisos e loiros, possuía umolhar aristocrático, que para Harry parecia olhar de alguém doente. Praticamente uma cópia mais nova Narcissa Malfoy, a mãe de Draco. Se não soubesse dos parentes de Sirius, poderia jurar que era alguma prima da parte dos Black.

Fez uma cara enojada e voltou a encarar os amigos.

- Por acaso existe um pré-requisito para ser esposa de um Malfoy? – resmungou.

- Gostaria de saber de onde elas saem, deve haver uma fábrica delas em algum lugar da Europa. – completou Dino.

- Eu também. Creio que gostaria de uma dessas. – Justino falou, fazendo com que os três o encarassem incrédulos – Que foi? Ao menos é bonita!

- Tirando o ar doente, talvez. – Dino concordou.

- Sempre achei que ele se casaria com Pansy Parkinson. – observou Harry, sentando-se na sua mesa e puxando alguns pergaminhos empilhados.

- Todos achavam. – disse Hermione, pegando o jornal de volta – Nessa nota abaixo do artigo diz que ela atualmente está viajando com um partidão italiano.

Harry grunhiu e pôs-se a começar a trabalhar. Odiava aqueles artigos sociais. Na semana retrasada, o Profeta Diário havia noticiado que havia ficado noivo de Gina Weasley. Não era verdade, mas a notícia teve tal impacto que fora difícil desmentir. No fim a Sra. Weasley o havia obrigado a comprar um anel e fazer o pedido.

"Estava mais que na hora", lhe diziam. Logo quando a guerra acabou Harry havia corrido e reatado com Gina, achando que romper a relação havia sido umas das coisas mais erradas que fizera. Namoraram desde que voltaram a estudar até aparecer aquele artigo. Gina era bonita e agradável, mas não era como se estivesse apaixonado ou arrebatado por uma turba de paixão.

Devia ter sido atraído como fora a Cho Chang, em um arroubo de puberdade. Bem, estava feito. Provavelmente se casaria e teria uma vida tranqüila, com alguns filhos. Se é que ser um Auror era ter uma vida tranqüila. Estar ligado à família dos Weasley pelo resto da vida lhe agradava, afinal, ele havia desejado estar nela por tanto tempo.

Seus pensamentos foram interrompidos por uma série de passos duros e agressivos contra o chão do corredor, seguido de um baque de madeira e uma voz gritando enfurecida. Hermione saltou de seu assento e trocou olhares com Harry quase que imediatamente. Fazia muito tempo, mas ambos reconheciam aquela voz.

Saíram e seguiram na direção do som e Harry teve a sensação de que era nada bom. Naquela direção estava a Seção para Detecção e Confisco de Feitiços Defensivos e Objetos de Proteção Forjados, onde o Sr. Weasley trabalhava e Rony, seu outro melhor amigo, agora ajudava o pai.

- Falando no capeta. – murmurou Hermione momentos antes de alcançarem seus destinos.

- Como se atreve a mandar gente revistar minha casa, Weasley? Além de não ter a mínima autoridade para fazer tal coisa, alguém precisa lembrá-lo que a mansão já foi revistada pelo Ministério centenas de vezes desde que essa maldita guerra acabou!? E para sua informação, levaram quase metade dos nossos pertences! O que espera achar ainda?

O loiro parou para tomar fôlego, tinha os punhos apoiados na mesa a sua frente. Harry percebeu que tinha os cabelos desalinhados e as faces coradas. Na mesa estava Rony, encarando-o com uma expressão um tanto satisfeita. Harry soltou um gemido baixinho – o que seu amigo aprontara daquela vez?

- Malfoy.

Chamou, antes que este pudesse recuperar o fôlego e continuar a jorrar palavras para o ruivo. O rapaz da sua idade se endireitou ao ouvir sua voz. Puxou a barra do seu colete e endireitou as mangas da camisa fina, passou os dedos pelos fios loiro-platinados, colocando-os no lugar, antes de se virar para ele. Um sorriso de escaninho lhe adornava o canto dos lábios quando o fez.

Draco Malfoy, o arrogante, almofadinha, desprezível de sempre. Harry estendeu a mão, oferecendo-a para um aperto cortês. O ex-Sonserino apenas baixou os olhos claros para ele e depois voltou a se focar no seu rosto, ignorando solenemente a mão estendida.

- Potter! Que encontro agradável! – o tom da sua voz era tudo, menos "agradável".

- Sinto não poder dizer o mesmo. – Harry recolheu sua mão e cruzou os braços.

- Adorável, como sempre. – passando a língua pelos lábios, recostando-se na mesa – Eu sempre soube que você ia acabar casando com algum Weasley, mas eu achava que era com o fuinha aqui.

Nisso apontou para Rony, que ficou da cor do seu cabelo e se levantou. Estava com uma cara de que iria socar Malfoy até ele perder a consciência a qualquer momento. Atrás de Harry, Mione continuava silenciosa, esfregando a têmpora e prevendo um desastre.

- Corte o papo infantil, Malfoy. – replicou Harry, então se virando para Rony – O que está acontecendo aqui?

- Oh, deixe-me explicar... – se intrometeu o loiro sarcástico – Eu estava tomando meu café-da-manhã na sacada, com minha mãe, quando três pessoas do Ministério bateram à minha porta, com o motivo de revistar, pela enésima vez, nossa mansão. Tenho certeza de que fui cooperativo com o Ministério desde o final da guerra, entreguei documentos e tudo que poderia ser considerado Arte das Trevas. – parou, para recuperar o fôlego novamente – Fui ver quem havia assinado aquele mandato absurdo. – lançou um sorriso enviesado para Rony – Então, Potter, e Granger – olhou para a moça escondida – se puderem explicar para essa cabeça de vento a besteira que acabou de fazer, eu agradeceria imensamente.

Um longo silêncio se seguiu após a última sentença de Malfoy. Rony torcia a pena que tinha em sua mão como se estivesse se segurando para não pular no pescoço do loiro. Então Harry abriu os braços e os deixou cair como se dissesse "tudo bem", tentando ignorar o olhar atravessado que recebeu do amigo.

- Ótimo! – disse Malfoy.

Pegando algo que parecia muito com a bengala de seu pai, com a cabeça de uma serpente na ponta, o loiro se retirou com pompa. Os ex-Grifinórios olharam exasperados para Rony, que se sentou ruidosamente em seu assento. Harry achou que ele havia melhorado e muito seu autocontrole. Na época de escola ele não pensaria duas vezes antes de descer um punho em Malfoy.

- Rony, o que você fez? – começou Hermione.

- Achei que meu pai ficaria orgulhoso de mim quando voltasse de viagem. – o rapaz ruivo se defendeu, evitando o olhar da garota.

- Não, o que você queria era alguma vingança contra Malfoy pelos tempos de escola. – Mione disse num tom que lembrava a professora Minerva – Seu pai não vai ficar nada feliz de saber disso, Ron.

- Eu odeio ter de concordar com Malfoy, cara. – interveio Harry – Mas realmente acredito que a mansão deles esteja praticamente vazia, depois do tanto que arrancaram de lá.

- Fizeram até uma fogueira na frente para queimar o que retiravam. – complementou Mione.

Lucius Malfoy continuava preso – e com uma longa sentença nas costas, em Azkaban. O patriarca havia deixado o filho e a esposa em uma situação delicada, moral e financeiramente, além de colocar os dois em perigo. A única opção para eles parecia se aliar aos Comensais da Morte, o que realmente Draco Malfoy fez.

Alguns meses depois do incidente em Hogwarts, que resultou na morte de Dumbledore e o ataque aos estudantes, o garoto reaparecera, se entregando aos Aurores. Harry suspeitava que Snape o havia protegido e ajudado a escapar. Não chegara a ser preso por ser ainda menor de idade e fez um acordo para cooperar com a Ordem.

As conseqüências vieram logo após o término da guerra. O nome Malfoy estava manchado na sociedade, quase nenhum dos amigos de seu pai, famílias de nomes poderosos no mundo bruxo, haviam aceitado os apoiar.

Draco Malfoy havia voltado para completar o último ano como Harry e seus colegas. Boa parte da escola e da própria Sonserina dera as costas a ele e aos poucos filhos de Comensais e ex-Comensais que voltaram junto. Por um ano inteiro, não houve os ataques ao trio dourado. Assim como no sexto ano, Draco o evitava, andando com aparência cansada pelos corredores e aulas. Quando o encontro com Harry fazia-se inevitável, ele lançava seus olhares e seus comentários sarcásticos. Mas dessa vez sem brutamontes às suas costas para rir das suas piadas infames.

Vicente Crabbe e Gregório Goyle haviam feito uma grande besteira ao se juntar aos Comensais. Era sabido que não eram lá muito inteligentes e hábeis em magia. Eles haviam morridoem uma batalha entre Aurores e Comensais, que acontecera no meio da rua de uma cidade trouxa. Curiosamente, Malfoy se entregara pouco tempo depois.

Mas a situação dos Malfoy pareceu melhorar em poucos meses depois que Draco se formara. Narcissa e seu filho voltaram à sociedade bruxa, administrando a fortuna da família e substituindo a posição de Lucius Malfoy. Voltaram a aparecer em colunas sociais e o jovem Malfoy era citado como um dos heróis juvenis da guerra.

"Como se voltar com o rabo entre as pernas e entregar metade das famílias bruxas importantes para o Ministério fosse um ato de heroísmo", pensou Harry, enquanto voltava com Hermione para a sala deles. Draco combinava mais com covardia e egoísmo.


- Sr Weasley é promovido de cargo pelo ministro Rufus Scrimgeour, no sexto livro da série.
- Fuinha: pelo fato de Draco brincar com o nome de Weasley, trocando-o por Weasel, que significa... fuinha! \o/

Capítulo 2

Harry saiu do banho esfregando a cabeça com uma pequena toalha, sentando-se na grande cama que havia no meio do quarto. Seu olhar seguiu um tanto pesaroso para a roupa arranjada em uma cadeira por um elfo doméstico. Camisa e calça finas, uma capa negra e botas que Gina havia escolhido em uma das compras que o havia arrastado, mas que nunca usara.

Estavam próximos do Natal e havia sido convidado para uma festa de gala. Sabia que não era somente por ser Harry Potter, o herói dos bruxos, mas também por ser um Potter e herdeiro da fortuna dos Black. Sinceramente? Não estava com muita vontade de comparecer. Mas Rufus Scrimgeour, que continuava sendo o Ministro da Magia, o pressionara para ir como uma presença do Ministério. Finalmente o velho leão havia conseguido o que queria desde seu sexto ano em Hogwarts, trazer Harry Potter para debaixo das suas patas.

Gina queria acompanhá-lo a essa festa, de qualquer maneira. A garota puxara de um pulo uma revista de moda bruxa no momento em que Rony acidentalmente soltou algo sobre o convite que Harry recebera. E já ia mandar o pedido via coruja, para comprar um vestido de luxo. Na conta de Harry, claro, uma vez que os Weasley continuavam menos afortunados em termos de dinheiro. A sra. Weasley se recusava a receber ajuda financeira dos gêmeos.

Harry entrou em pânico, pensando na imprensa que deveria estar em massa na festa. Se com a notícia recente do noivado dos dois, Harry sozinho já causava furor o suficiente por onde passava... Não gostaria de vê-la bombardeada por flashs e perguntas, para ver no dia seguinte uma foto como a de Draco Malfoy e sua noiva, mais um monte de invenções a la Rita Skeeter logo abaixo dela. A jornalista não trabalhava mais em jornais importantes depois do incidente de ser descoberta como uma animaga sem licença. Mas o trabalho sensacionalista dela inspirava muitos jovens jornalistas.

Olhou possesso para Rony, que sorriu amarelo e tentou explicar para a ruiva porque não gostaria que fosse. Ela acabaria sabendo no dia seguinte pelas notícias, mas o dano sairia menor. No fim acabaram em discussão, Gina quando queria tendia a ser teimosa e muito esquentada como o irmão um ano mais velho.

A garota ameaçou terminar o noivado e fazer "greve", antes de correr escada acima da casa d'A Toca, batendo a porta de seu quarto tão violentamente, que tiveram de segurar os cristais da sra. Weasley, para que não caíssem e quebrassem. Começou a ficar arrependido, mas quando Jorge e Fred garantiram que era só a velha e costumeira birra que fazia quando não conseguia o que queria, ficou um pouco mais tranqüilo, voltando para sua casa.

Posicionou-se na frente da lareira lendo cuidadosamente o destino da festa no convite. Um punhado de pó de flu depois e estava do outro lado, deparando-se com muitos bruxos bem vestidos e abastados que lotavam o salão do castelo de certo feiticeiro escocês. Logo se viu sendo cumprimentado por vários deles e forçou um sorriso nervoso, apertando muitas mãos. Um flash quase o cegou, e quando conseguiu enxergar de novo viu Colin Creevey segurando uma câmera e acenando excitado para ele.

Harry retribuiu o aceno e tratou de se afastar o mais rápido possível, aquele garoto continuava obcecado em tirar fotos dele. Algo lhe dizia que fora Colin que vendera fotos comprometedoras suas no vestiário do time da Grifinória para uma revista bruxa feminina muito conhecida.

Apertou muitas mãos e foi puxado para muitas rodas, sendo apresentado a tanta gente que fora impossível guardar os nomes. A certa altura viu de relance um loiro muito pálido e seu olhar foi imediatamente atraído antes mesmo que pudesse ter consciência.

Praguejou mentalmente, alheio ao que os bruxos da roda falavam. Depois de meses sem vê-lo, desde a formatura, aquela era a segunda vez na semana que encontrava Draco Malfoy. Uma vozinha na sua mente disse "deve ser destino", enquanto outra sibilava "deve ser karma".

Malfoy estava vestido todo de preto, sua cor favorita, além do verde escuro e prata, que ele levava nos anéis e em um cordão ao pescoço. Seu cabelo estava impecável como sempre, mas dessa vez solto, sem gel. Estava um tanto mais comprido do que costumava usar na escola. Harry imaginou se pretendia deixá-lo como o do seu pai. Os fios eram muito claros a luz das velas flutuantes e pareciam muito macios ao toque.

Dracoacompanhava a mãe e a moça que vira no Profeta Diário aquela vez,e cumprimentavam o anfitrião do castelo. Espichou os olhos para ver a mão da garota, e sorriu bastante satisfeito. A pedra de diamante do anel de noivado da Gina era maior.

Deviam ter lambido o sapato de muita gente daquele salão para voltarem a seu status, ou, pelo menos, para não serem expulsos a pontapés da elite bruxa. Harry voltou a bebericar seu champanhe e fingir prestar atenção à piada que um velho bruxo contava, e rir do mesmo tom que os outros da roda. Definitivamente, ser hipócrita não era papel de um Grifinório.

Por costume achau que só havia suco de abóbora, cerveja amanteigada e firewhisky naquele mundo bruxo. Olhou surpreso para sua bebida borbulhante – talvez estivesse andando demais com bruxos menos abastados.

Elfos domésticos se esgueiravam pelas pessoas perguntando se precisavam de mais bebida. Se sim, eles estalavam os dedos e no copo vazio reaparecia a bebida. Harry depois de horas rodando não fazia idéia de quantos copos de champanhe tomara. Ele nem fazia idéia com quantas pessoas falara naquela noite!

Depois de se separar de mais uma roda, recostou-se discretamente a uma parede em um canto mais afastado da turba e da música. Ali alguns casais aproveitavam para ficarem agarrados. Suspirou e tomou mais um gole da sua bebida, talvez devesse ter trazido Gina, afinal de contas. Ou talvez fosse a hora de ir embora e desabar na cama, pensando em como se desculpar com a noiva.

Um grupo de rapazes por volta da sua idade passou por ali, e um deles parou a sua frente, o resto fez o mesmo.

Era o filho caçula do anfitrião, chamava-se Richard Honeyman, havia estudado em Hogwarts também, era da casa da Corvinal. Era moreno e tinha um porte atlético, devia praticar quadribol ainda, mesmo depois da escola. Aliás, Harry reconheceu alguns, todos haviam pertencido às três casas, apenas um era da... Sonserina. Seu olhar pousou na figura elegante de Malfoy, que mantinha seu rosto pálido virado para outro lugar. O ex-Sonserino estava acompanhado de ex-Corvinais, Grifinórios e Lufa-Lufas? Mal podia esperar para contar aquela para Rony!

- Harry! – o rapaz a sua frente chamou sua atenção – Espero que não esteja pensando em ir embora agora, está cedo! Olhe, estamos subindo para jogar cartas, não gostaria de nos acompanhar?

- Bem... – Harry lançou um olhar rápido para o ex-Sonserino.

- Oh, eu esqueci, vocês eram inimigos na escola, certo? – Richard apontou para os dois e depois virou para o loiro – Está tudo bem pra você, Malfoy?

E então o loiro finalmente virou o rosto quando ouviu a voz suave de Richard. Harry ficou irritado. Por que perguntar ao ex-Sonserino se estava tudo bem e não a ele?

Malfoy olhou para Harry e percorreu os olhos pela figura do moreno, mas sem o aspecto arrogante e orgulhoso que geralmente tinha quando fazia isso. O ex-Grifinório estremeceu ligeiramente e achou que havia bebido demais, pois de súbito achou atraente a imagem que ele fazia sob a luz daquelas velas.

Um sorriso surgiu no canto dos lábios rosados e respondeu:

- Não vejo problema algum, – deu de ombros – se Potter não estiver preocupado em perder vergonhosamente.

- Em seus sonhos, Malfoy. – foi a réplica de Harry.

- Perfeito! Nada como uma velha rivalidade para esquentar nosso jogo! Queiram me acompanhar, por favor? – disse Richard, antes de se dirigir às escadas.

Harry e Malfoy ainda trocaram olhares intensos antes de seguirem o grupo.


Continua...

Março/2006