Título: Olhar e Tocar

Gênero: Romance

Classificação: Slash / Yaoi / Lemon / Homem x Homem / Cenas de Sexo / Palavreado de Baixo Calão – se te desagrada, não leia.

Aviso: Harry Potter e personagens pertencem a J. K. Rowling todos os direitos reservados. Fic sem fins lucrativos.

Par: Harry Potter x Draco Malfoy

Resumo: Pós Guerra. Harry venceu a guerra e está sob a vigilância do Ministério, quando seus poderes se excedem, não há o que fazer, senão prendê-lo da forma que ele jamais imaginou. SLASH!


Capítulo 1 – Lacrado

Olhos verdes se abriram num brilho obscurecido pela raiva. Dormia tranqüilamente quando o chamado da lareira o acordou. Estendeu a mão e buscou o relógio de pulso, sobre a cômoda ao lado da cama e constatou ser sete da manhã.

- Porra! Em pleno domingo! – xingou em voz alta.

Quis ignorar e voltar a dormir, mas a pessoa insistia. Cobriu a cabeça com o travesseiro e rolou na cama, ficando de bruços. Não teve jeito, levantou-se com lentidão e se espreguiçou. Andando a passos lentos se dirigiu à sala e acionou a lareira com a varinha, aproveitando para azarar quem quer que fosse que o despertara a essa hora. Cruzou os braços, com a pior cara quando ficava nervoso e aguardou a cabeça aparecer entre a chama.

No segundo seguinte, a cabeça de Hermione surgiu pelas chamas. Fungou apertando a varinha com força. Não podia azarar a amiga, mas podia brigar com ela.

- Droga Mione, sete da matina em pleno domingo? Se o mundo não estiver acabando, tenha certeza de que não te perdoarei por isso.

- Não seja dramático Harry – ela parecia séria demais, sinal de que algo não estava bem.

- O que foi dessa vez? – se abandonou no sofá, de frente a lareira e aguardou.

- Estão te chamando no Ministério, e parece grave, apronte-se logo, e chegue às oito em ponto.

- Uma merda que vou! – declarou, dando por encerrado o assunto e se levantando para voltar ao quarto e apagar no sono.

- Se eu fosse você, eu iria ver o que querem. Parece que tem a ver com a magia que detectaram em sua casa – e sem mais, ela desapareceu, não era boba de aturar a raiva que o amigo começava a demonstrar.

Sem pensar duas vezes, Harry pegou o vaso de cristal sobre a mesinha de centro e o atirou com força contra a parede, despedaçando-o. Não era o suficiente para diminuir sua raiva, mas por enquanto, bastava.


Ás oito em ponto, ele escancarava a porta do escritório de Fudge ignorando os protesto da secretária, que se descabelava tentando impedi-lo de entrar sem aviso prévio de sua chegada.

Dentro da sala, espantados, estavam, fora o ministro, Remus Lupin e Severus Snape. Fazia quase nove anos que não via a cara do professor de poções, já Lupin, ficara em contato por ele ser amigo de seus pais e padrinho e o considerava muito.

- Olá Harry! – cumprimentou Remus com um sorriso de divertimento, sendo retribuído por um aceno de cabeça.

Snape nada disse, apenas o mediu de cima a baixo com o mesmo desdém que tinha quando ainda estudava.

- Ao menos chegou no horário... – reclamou o ministro, nada satisfeito com a invasão em sua sala e o tratamento que estava recebendo. Ele era uma autoridade e nem Harry Potter, o salvador do mundo podia faltar-lhe o respeito.

- O que foi agora, Fudge? – cuspiu, com irritação.

O ministro estreitou os olhos. – Veja como fala, seu mal educado.

- Chega de enrolação, Fudge, eu quero voltar pra casa e dormir – arrastou uma cadeira e a virou para si, sentando e apoiando os braços cruzados sobre o encosto. Numa demonstração de completo desleixo.

- Parece que ficou pior do que era quando adolescente... – resmungou Snape, sem fitá-lo e com uma expressão de repulsa.

- Oi pra você também, Snape – retrucou o comentário fazendo pouco caso.

- Nós estamos aqui, pois foi constatado uma alteração de energia mágica em você, Harry. – esclareceu Remus, com voz calma.

- Uma grande variação de magia pra ser mais exato – corrigiu Fudge.

- E daí?

- Se continuar a crescer e se tornar mais instável, teremos que trancafiá-lo numa ala segura em Azkaban ou extingui-lo, se é que me entende – Harry quis voar contra o pescoço do velho ministro, que lhe sorria com satisfação, mostrando que era o que mais desejava.

- Então, pra quê estou usando essa porra dessa merda? – gritou totalmente revoltado, quase esfregando o pulso na cara do ministro.

Quando havia ganhado a guerra e matado Voldemort, seus poderes estavam acima da média considerada insegura e insana para um mago da sua idade, talvez até para um ancião de séculos de vida e experiência. O que o faria enlouquecer, tornando-se uma ameaça à vida da comunidade bruxa. Fudge declarou que o trancaria para o resto da vida em Azkaban, mas Lupin foi contra e lutou para que isso não acontecesse. A solução, dada por Snape, coisa que nem o próprio Harry Potter desconfiava, foi usar uma tranca de magia. Uma espécie de drenagem de energia mágica que controla o nível dentro do corpo da pessoa. E era exatamente essa tranca mágica, em forma de bracelete em seu punho direito, que esfregava nas fuças do ministro.

- Isso não está funcionando... – declarou Severus Snape, sentindo o que de fato estava se passando. A magia de Harry era até palpável, coisa que não deveria ser, com a tranca, uma das mais poderosas, que chegava a deixar um bruxo de nível alto, como um trouxa, sem um pingo de magia.

- E o que você está fazendo aqui? – a raiva foi dirigida agora para o ex-professor. Nessa hora, o bracelete trincou e rompeu-se num raio tão forte que quase cegou a todos que estavam na sala. Pergaminhos e objetos mais leves foram ao ar em redemoinho ao redor do moreno e vidro começou a explodir.

- Controle-se Potter! – gritou Snape.

- Estupefaça! – Fudge tentou acertá-lo, mas o feitiço foi rebatido antes mesmo de alcançar o alvo, como se Potter tivesse um campo de força o protegendo, e voltou contra o próprio conjurador, o acertando em cheio e o derrubando da cadeira, desmaiado.

Harry levou as mãos à cabeça, sentindo uma forte pressão no crânio como se fosse estourar. Seu corpo queimava como em chamas e convulsionava como se recebesse constantes raios elétricos.

Precisava manter a calma, mas não conseguia, fazia dois anos que Fudge não o deixava em paz, o ameaçando e o recriminando todo dia, exigindo que aceitasse ser trancado numa ala em Azkaban, por vontade própria. Tudo para livrar-lhe a cara e manter-lhe o cargo. Ao pensar isso, ficou com mais raiva e o poder começou a crescer e oscilar, empurrando os móveis e os outros dois que restaram acordados.

Sem escolha, Snape apoiou-se contra a parede e sacou a varinha.

- Não Severus! – pediu Remus, achando o pior.

- Não sou tolo em utilizar algum ataque contra ele para receber de volta. Só quero alcançá-lo.

Com a varinha frente ao rosto, conjurou uma magia que permitiu que avançasse contra o descontrolado homem, agora de joelhos, sem condições de dominar o próprio poder. A energia ia sendo cortada pela varinha conforme caminhava, mas estava sendo difícil manter os passos, com a pressão que o ameaçava jogá-lo contra a parede. Agarrou-se na borda da mesa, mantendo o ritmo e conteve-se quando a energia de Potter passou a cortar-lhe a pele da mão, vertendo sangue. Já ao lado do moreno, retirou das vestes um outro bracelete, e a todo custo, travou-o ao punho esquerdo de Harry. No mesmo instante o poder cessou.

Todos caíram ao chão, cansados.

Depois de alguns minutos se recuperando, se dignaram a levantarem-se e se olharam com repreensão.

- Tudo bem Harry? – Lupin correu em ajudá-lo a erguer-se. – Severus? – olhou ao outro.

Snape estava de pé, mas apoiado na mesa.

- O que aconteceu? – Harry perguntou, um tanto confuso.

- Aconteceu que você rompeu a tranca, como havíamos previsto, só não pensava que seria tão rápido – disse seu ex-professor de poções.

- E o que você fez? – voltou a perguntar, dessa vez totalmente recomposto.

- Usei um lacre...

- E acha que vai funcionar até quando? Pelo jeito, o último não funcionou... – escarneceu.

Snape estreitou os olhos. – Não seja ridículo, Potter! Sei perfeitamente que tranca mágica não te segura mais. Como eu disse, dessa vez, você foi LACRADO.

Harry quedou-se calado e o encarando com uma expressão indecifrável. Ouvira direito? Mexeu-se e constatou que podia mover-se perfeitamente, como sempre. Esticou a mão para o tinteiro, caído a sua frente e tentou fazê-lo levitar sem a varinha, testando seu poder mágico. O tinteiro prontamente suspendeu-se ao ar e depois voltou ao chão, conforme ordenava, sinal de que ainda tinha magia correndo em seu corpo, e não tão baixa, se conseguia usá-la sem varinha. A diferença era que aquele poder em excesso e descontrolado, não estava mais pressionando seu corpo e nem ao seu redor.

- Sinto muito Severus... – a voz de Remus quebrou o silêncio que se fez.

- Não tivemos chances de discutir sobre o assunto, e depois do que aconteceu, só tenho que aceitar, mesmo que me desagrade – Snape deu de ombros.

- Peraí! Parou! – Harry ergueu as mãos pedindo tempo. – O que está acontecendo que eu não sei? E o que é esse lacre?

Remus olhou a Severus. – Acho melhor você explicar isso.

- Primeiramente, vou dizer o que faz a tranca mágica. – o seboso professor começou. – A Tranca, serve para segurar a magia dentro da pessoa, sem que esta seja liberada. É uma espécie de cadeado. Compreende? – olhou ao impaciente moreno.

- Entendi... Continue.

- O lacre mágico estabiliza o excesso de magia e o guarda em algo poderoso o suficiente para armazena-lo sem que rompa, no caso, não o lacra na própria pessoa, como a tranca faz. Entendeu agora? – Snape aguardou a resposta.

- Quer dizer que o excesso da minha magia foi passado para outro lugar e guardado? – Snape confirmou com a cabeça – Certo, então, onde está parte da minha magia?

- É aí que entra o que você não sabe. – Remus intrometeu-se.

Snape puxou uma cadeira e se sentou, voltando em seguida a encarar o impaciente ex-grifinório a sua frente. – O que estávamos querendo discutir nessa reunião, Potter... Era o lacre que seria usado em você. Como seu poder é muito além de nosso conhecimento e controle, não se pode armazena-lo em nenhum tipo de objeto, que certamente seria rompido com extrema facilidade por sua magia e voltado como uma bomba a seu corpo. – dessa vez, quem sentou foi Potter, já temendo o pior. – A única forma de armazenar seu poder, seria em uma pessoa também bruxa, mas que tenha um nível baixo de magia e um corpo puro, sem mistura, para suporta-lo.

Harry engoliu em seco. – E quem seria essa pessoa?

Snape fungou com desgosto. – Sabe o que aconteceu com Draco Malfoy, certo?

- Ele foi morto por Voldemort, junto com sua mãe. – disse o que soube.

- Errado. – Severus negou com a cabeça. – Ele está em coma profundo. Voldemort precisava de energia, mas já havia matado Narcissa e Lucius em Azkaban, então roubou a magia de Draco e o esgotou até que seu coração parasse, mas como ele é sangue puro e de linhagem antiga, seu organismo havia de alguma forma protegido um resquício para mantê-lo vivo, mesmo que em estado vegetativo.

- Merda... – Harry soltou, enquanto apertava as mãos. – Então, nesse exato momento, Draco Malfoy é o canalizador que guarda minha magia?

- Sim... – Snape confirmou. – Era para discutir sobre isso, que você foi chamado. Queríamos saber sua opinião e se você aceitava ou não, além de que eu estava na dúvida também, e não queria envolver meu afilhado em algo tão complexo e perigoso como um lacre mágico.

- Como assim complexo e perigoso? – quis saber, não pensava que seria pior do que já estava.

Dessa vez, Remus apoiou a mão ao ombro de Harry e sorriu-lhe. – Eu explicarei. – o moreno fez que sim com a cabeça. – Como seu magia foi guardada no corpo de Malfoy, vocês tiveram uma ligação entre si, caso contrário, isso não seria possível. Se ele morrer, você também morre e vice-versa. Estão unidos daqui pra frente.

- Como assim? – ficou histérico, jamais ficaria unido a Malfoy algum. – E se eu quiser quebrar o lacre?

- Você pode Harry... – Lupin garantiu e viu como ele relaxava. – É só extinguir com o corpo que guarda seu poder. Somente você pode romper o lacre, nem mesmo Malfoy poderá faze-lo, por isso que Severus não estava de acordo.

- Mata-lo? – Harry voltou a ficar tenso.

- Matar é a outra forma de dizer extinguir – Snape ironizou.

- Bem, ele está de coma certo?

- Com a sua magia dentro dele, acho que não mais... Fraco, esgotado e certamente com amnésia, pois sua magia não dará a ele poder como antes, apenas o manterá vivo e acordado. – garantiu Remus.

- Indefeso? – Potter perguntou com interesse.

- Completamente... – Remus voltou a confirmar.

- Menos mal então. - Snape o encarou com raiva, perante esse comentário. – Quê? Ele já é insuportável com ou sem magia! – se defendeu.

- Chega de conversa. O que está feito está feito. – Severus cortou o assunto com rispidez. – Vamos terminar logo com isso. - Antes que Harry perguntasse algo, colocou em sua frente um pergaminho e lhe entregou uma pena. – Assine.

Harry arqueou uma sobrancelha em desconfiança. – E o que seria isso?

- Um tratado. Você não poderá tocar um dedo no meu afilhado, nem utilizar qualquer tipo de magia contra ele, a menos que ele permita. A única coisa, que você poderá fazer por direito, é mata-lo para romper o lacre. Essa é a única e justa condição, então assine.

Potter pegou o documento e o leu com calma e no mínimo detalhe. Não confiava em Snape e não seria agora que ia confiar. Depois, assinou sem se queixar, entregando o pergaminho para Lupin.

- Remus guardará o documento. – esperou objeção por parte do professor de poções, mas este simplesmente aceitou.

- Assunto encerrado – Snape disse por fim. – Só uma última coisa, Potter. Draco já deve estar em sua casa, dormindo por causa da poção que lhe ministrei. Lembre-se de nosso acordo, e não faça nada estúpido.

- Certo, certo. – concordou - Agora, posso ir?

Remus o abraçou e se despediu, enquanto Snape apenas moveu a cabeça como um curto e frio aceno.


Em casa, Harry se atirou ao sofá exausto. Aquele golpe de poder que se desprendeu de dentro de si, o deixara um trapo. Queria agora dormir até anoitecer e depois jantar pizza com cerveja. Era isso mesmo que faria.

Uma sombra se assomou sobre seu rosto, o que o fez sobre-saltar de susto e empunhar a varinha, mas logo se relaxou e desabou novamente no sofá.

- Droga Mione! – reclamou. – O que faz aqui?

- Vim trazer Malfoy, como Remus havia me pedido, caso eu notasse um brilho intenso ao corpo dele. Confesso que não esperava que você aceitasse tão facilmente.

- Eu não aceitei, apenas fui forçado a toda essa droga, já que a merda da minha magia excede os padrões toleráveis!

- Que mau humor! – suspirou, seguindo para a lareira. – Já vou indo, Malfoy está no quarto de hóspedes e a cerveja acabou.

Ela riu quando ouviu o grunhido do amigo então, jogou um pouco de pó de flú na lareira e se foi.

Harry girou o corpo ficando deitado de lado e olhou para o corredor dos quartos, olhando para uma das portas. Do outro lado, estava a pessoa mais imbecil e intragável de sua vida, e era obrigado a aceitar. Nove anos sem se verem, nove anos mais arrogante e indesejável, foi o que pensou antes de apagar no sono. Resolveria esse problema quando acordasse.


N/A: obrigada por lerem essa minha nova fic! Deixem reviews comentando se estão gostando ou não, por favor! Assim saberei se devo continuá-la ou desistir.