Título: Misunderstanding

Autora: Gabi

Shipper: Roy/Riza

Gênero: Comédia /Romance

Fiction Rated: K+

DISCLAIMER: FMA não é meu, caso contrário não teria aquele finalzinho cretino. Espero que o final do manga seja melhor.

N/A: O Roy tem essa fama de Don Juan. Se o mundo fosse um lugar justo, algum dia ele teria que pagar por este "pecado capital" e qual a melhor maneira se não colocá-lo para cuidar de uma criancinha? O argumento é batido, mas espero que a fórmula funcione mais uma vez e a fanfic fique engraçada.

Eu não prestei tanta atenção no cenário de FMA e na linha do tempo, então não considerem qualquer erro. A fic se passa antes do Hughes morrer, já que ele é parte fundamental aqui (e pq eu gosto dele e achei uma injustiça matarem o pobrezinho).

1 – Mal-entendido

A ordem de chegada, como tudo mais no exército, seguia certa hierarquia: quanto maior a patente, mais os atrasos eram tolerados. Ninguém discutia a lógica de tal raciocínio, pois quanto mais se subia, menor era o grupo de pessoas a quem se devia satisfações e, com menos cobrança, era fácil se acomodar e se permitir maiores liberdades.

Aquela manhã não era exceção, pois Roy Mustang foi o último de sua equipe a chegar ao quartel, mas dessa vez seu pequeno atraso tinha uma outra "pequena" justificativa que estava esperneando com plenos pulmões nos braços desajeitados do coronel.

A Primeira Tenente Riza Hawkeye abriu a boca para perguntar o que era aquilo, mas antes que as palavras pudessem sair de sua garganta, o bebê foi empurrado para seu colo:

- Eu estou atrasado. – disse apressado.

- E o que você espera que eu faça com esta criança? – indisposta a aceitar o que parecia ser sua nova missão.

- Não sei. Você é mulher. Deve saber. – disse o Coronel com o tom mais imperativo que conseguiu dada a sua própria confusão com tudo aquilo.

A criança continuava a espernear desesperada, deixando Roy cada vez mais nervoso, já que seus ouvidos não estavam acostumados com um som tão alto e estridente.

- Sim, eu sou mulher, mas eu sou uma tenente do exército e não uma babá. – respondeu Riza sem nem pestanejar, empurrando de volta a criança pra cima de Roy. Era muito conveniente que ele se lembrasse que ela era uma mulher só naquela hora. Ela não podia negar que era uma mulher, mas não pretendia assumir a postura de subserviência doméstica associada ao seu sexo. Além do mais, se ela gostasse do papel de donzela, com certeza não estaria no exército.

Os dois ficaram se encarando por um breve instante até que a tensão no rosto de Roy se desfez em desespero e ele mudou o tom com que tratava a Tenente porque, afinal de contas, ela era sua fiel aliada de todas as horas. Ele respirou fundo para recobrar sua racionalidade, momentaneamente afastada pelo choro da criança, e disse:

- Eu tenho uma reunião agora. Quando voltar eu explico tudo, ok? – pediu agora com mais serenidade. Se havia uma coisa que havia aprendido em todos esses anos era que as mulheres odiavam receber ordens dos homens, mas adoravam ajudar. Tudo era questão de saber como pedir.

- Tudo bem. – disse Riza pegando a criança e a acalentando com movimentos suaves – E não precisa me explicar de onde vêm os bebês. – ela deixou escapar de propósito para implicar com o coronel, que tinha uma resposta atrevida pronta para a provocação, mas pensou duas vezes e deixou pra lá. Não precisava de mais emoções naquela manhã.

- Obrigado, Tenente. – agradeceu com pressa e saiu rápido.

Riza caminhou um pouco embalando o bebê:

- Shhhhh... Calma, neném. O que aquele homem mal fez pra você chorar tanto? – disse Riza em um súbito ataque do que parecia ser ciúme. Era bastante óbvio de onde aquela criança tinha saído, tanto que ela não chegou a ficar surpresa – como qualquer outra pessoa que conhecesse Mustang - apenas irritada por estar certa sobre suas previsões. Não seria algo de outro mundo que um mulherengo como o coronel tivesse algum filho perdido por ai, mas confrontar a realidade era diferente de lidar com a situação hipotética.

- De onde o Coronel tirou essa criança? – perguntou Fuery, se aproximando e mexendo com as mãozinhas do bebê.

- É só você usar sua imaginação pra descobrir – riu o segundo tenente Jean Havoc, mas a Riza não achou graça da brincadeira.

- Preciso que alguém compre leite em pó, uma mamadeira, fralda, alfinete, talco e algum brinquedinho para morder. – disse Riza cortando o comentário de Havoc.

- Você vai ficar com a criança? – perguntou Kain.

- Por enquanto sim. Alguém tem que cuidar dela. – Riza não fazia o estilo dona de casa, mas também não permitiria que a criancinha fosse destratada.

- Eu vou. – disse Havoc se levantando. Qualquer desculpa era desculpa para parar o trabalho.

- Você deve estar com fome, não é meu bem? – disse Riza assumindo uma postura maternal para com a criancinha que agora parecia prestar atenção no rosto da Tenente que sorriu em resposta.


Roy, já habituado com as reuniões de rotina, colocou seu modo operacional no automático para os assuntos militares e passou o tempo se preocupando com seu novo problema. No entanto, a reunião não foi longa o suficiente para que ele pensasse em uma solução imediata e o jeito foi voltar para sua sala como havia saído dela.

Ele entrou e viu Riza de pé com a criança no colo. O bebê estava brincando de morder um molho de chaves de borracha.

Mustang seguiu em frente e foi direto pra sua mesa sem dizer palavra, então foi a vez de Riza:

- Então, Coronel – questionou Hawkeye inquisitiva – Qual a explicação?

- Eu acordei de manhã e encontrei esse bebê na porta do meu apartamento. Que coisa mais maluca! – respondeu ele com uma falsa calma.

- E você não tem idéia do "porquê" e "quem" deixaria um bebê na sua porta? – insistiu.

- Bom... – e coçou a garganta - Tinha um bilhete...

- Sim... "Uma cestinha com um bebê e um bilhete"... – repetiu ela, pois aquele era a descrição típica de uma cena que todos conheciam.

- Já sei. A mãe deve ser uma ex-namorada do Coronel. – concluiu Kain inocentemente, livrando Roy de ter que contar toda a história para Riza que, apesar da expressão de desdém, sentia como se fosse explodir a qualquer momento.

- Era, mas isso foi há muito tempo. Quando eu ainda era sargento ou outra coisa do tipo. É verdade que nós nos encontramos depois – com um sorriso abobado que indicava o tipo de lembrança que passava por sua mente, o que quase fez Riza lhe dar um murro - Mas eu não vejo a Diana há mais de um ano. – justificou-se na esperança de que aquilo o inocentasse da sentença que estava sendo imposta pelos olhares de todos.

- Ótimo, porque este bebê já consegue controlar a cabeça e olha isto aqui. – puxando com cuidado o lábio inferior da criança para baixo com o dedo – Os dentes também estão começando a nascer. O que significa que este bebê tem pelo menos quatro meses. Agora façam as contas senhores!

Calculando: "quatro meses" mais "nove meses " igual a "mais de um ano".

- Parabéns, Coronel! – foi logo dizendo Havoc, sendo seguido por Kain – O Senhor é papai.

- Não fale besteira! – a declaração acertou em uma pancada em cheio no estômago de Roy, que se levantou instantaneamente da cadeira para mostrar sua indignação, mas se viu obrigado a se apoiar na mesa e a sentar de novo porque sua pressão caiu e suas pernas ficaram bambas – Não tem a menor possibilidade de eu ser pai dessa criança.

- Tem certeza? – perguntou Riza descrente, quase rosnando, mas tentando manter a calma.

- Absoluta! – disse Roy pálido.

- Sabe Coronel, o único meio anticoncepcional cem por cento seguro é a abstinência. – implicou Havoc, o maior encalhado da equipe que não perderia a oportunidade de tirar uma casquinha do Coronel por causa do sucesso deste com o sexo oposto. Mas desta vez Roy não se segurou como havia feito mais cedo e a resposta veio automaticamente.

- Então é por isso que você não fica com mulher nenhuma, Tenente? Três por cento(1) é um risco que eu não me importo de correr considerando os benefícios. – respondeu Roy com um sorriso cafajeste, no que uma nuvem negra cobriu a cabeça de Havoc que ficou quietinho em um canto cabisbaixo e aprendeu a não fazer piadinhas à custa do Coronel.

- Então existe três por cento de chance dessa criança ser sua? – concluiu Riza, virando a afirmação do Coronel contra ele o deixando em uma posição de desvantagem mais uma vez.

- Isso é só um grande mal-entendido. – desconversou – Eu vou ligar para o Maes, achar a mãe desse menino e tudo vai se resolver. É só eu falar com o Maes. – pegando o telefone e ligando para seu velho amigo que, por trabalhar no departamento de investigação, não teria dificuldades para achar quem quer que fosse.

- Qual o nome "dele", Coronel? – perguntou Riza referindo-se ao pequeno embrulho em seu colo ainda de forma um tanto quanto impessoal.

- Não sei. Não dizia no bilhete.

- E como você saber que é um menino?

- Meninas usam lacinho na cabeça. – respondeu ele sem pensar muito, discando os números.

- Quanta sagacidade! – ironizou ela. Ironia não era o forte da Tenente, mas algumas vezes é a única linguagem adequada para tratar certas situações – E nem passou pela sua cabeça olhar?

- Não, mas vá em frente. – sem nem olhar para a mulher loira.

Riza olhou indignada para Mustang e, para evitar sacar sua arma e dar um tiro em seu superior, resolveu dar uma volta e, quem sabe, contar para todo o exército sobre a criança ou fazer um pequeno passeio pelas redondezas apresentando o primogênito do Coronel a todas as mulheres jovens que encontrasse no caminho.

...continua...

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(1) Essa é a falibilidade da camisinha. Quem se esqueceria do memorável episódio de Friends quando o Joey descobriu isso? Foi MUITO engraçada a cara que ele fez como se tivesse sido enganado a vida toda.

Não esqueçam de dizer o que acharam, pra eu saber como e se devo continuar.