Disclaimer: Saint Seya e seus personagens relacionados pertencem ao mestre Masami Kurumada e às editoras licenciadas (mas eu já entrei com um processo para tomar o Shura dele de uma vez por todas!).

Fim de ano chegando, o ritmo vai diminuindo, a decoração natalina começa a tomar conta das cidades... E os presentes de Natal também! E, como não poderia deixar de ser, eu que amo presentear meus amigos, resolvi prestar uma pequena homenagem a três meninas que conheci através do fanfiction e que acabaram se tornando amigas queridas.

Jéssy, Silvana e Samara (ou, se preferirem, Dama 9, Saory – San e Sah Rebelde), espero que curtam o presente, escrito com o mesmo carinho que sinto nos reviews e e-mails de incentivo que trocamos durante todo o tempo em que nos conhecemos...

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Capítulo I - O que será, que será?

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I - Que andam suspirando pelas alcovas?

Era estranho ver aquela casa vazia, acostumara-se a ter a companhia de suas companheiras de morada, brigas e baladas por ali. Mas, fazer o quê, a vida seguia seu próprio rumo e a hora de partir foi se aproximando, de uma por uma.

Agora, era levantar a cabeça, pagar uma boa faxineira para dar um jeito em tudo e procurar novamente a agência de intercâmbios para colocar um novo anúncio. E mergulhar de cabeça no trabalho, os próximos dias seriam muito agitados.

Em breve, certamente novas moradoras chegariam e se instalariam por ali. E isso seria rápido, afinal de contas, quem não sonharia em morar em uma casa com vista para o belíssimo mar grego, com as ruínas do cabo Sunion à direita e a imensa e bela Acrópole de Atenas à esquerda?

Pensando assim, a jovem ajeitou os cabelos castanhos em um coque meio torto e aboletou-se na frente do laptop, os olhos castanhos atentos na matéria que redigia para um jornal brasileiro.

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Mais um dia que chegava ao fim. Cansado, suspirando e louco por um banho, entrou em sua casa depressa e foi logo para o banheiro. Claro, não sem antes conferir se havia trancado bem a porta, odiava ser importunado no único momento do dia em que podia relaxar... E um certo escorpiano sabia disso e sempre aparecia para encher o saco!

Abriu o chuveiro e deixou que a água escorresse por todo seu corpo, como se com isso pudesse lavar sua alma e mente de toda preocupação. Era como se ali, naquele momento, fosse apenas mais um entre bilhões de seres humanos sobre a Terra.

Mas não eram bem assim. Era um escolhido, um privilegiado, diriam alguns. Ou simplesmente alguém que não teve outra escolha na vida senão tornar-se o que era.

Um cavaleiro de Atena não escolhe sua vida, é escolhido por ela.

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II - Que andam sussurrando em versos e trovas?

Fim de tarde, o sol se punha no horizonte, pintando de vermelho com seus raios o mar abaixo de si. Uma cena digna de ser retratada na mais bela pintura, certamente sentiria saudades de apreciá-la todos os dias.

Caminhando pela beira da praia, sentindo as ondas chocarem-se contra seus pés, abriu os braços e fechou os olhos, o vento soprando os longos cabelos castanhos para trás. Aspirou o ar e o cheiro da maresia, como era bom estar ali!

Era a sua despedida, silenciosa e já cheia de saudade. Em breve, estaria embarcando em um avião, rumo a uma nova e desconhecida etapa de sua vida...

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Fazia pelo menos duas horas que estava deitado no sofá de sua casa, em silêncio. Fitava o teto, com pequenas lágrimas rolando por sua face. Quem foi o hipócrita que disse que homem não chora?

Sentia a falta dela, não conseguia acreditar que estava tudo acabado. Como um amor tão forte e sincero podia ter se transformado em um sentimento de amizade assim, do nada? Seria a rotina, algum desencantamento?

Pelo menos ela tinha sido sincera e terminado tudo da melhor maneira, conversando, sem brigas ou acusações. Ficariam amigos depois de tudo, mas como conter o amor que ainda sentia?

Agora, a águia podia voar livre pelo céu de Atenas. E o leão precisava encontrar um jeito de não se isolar do mundo em sua jaula dourada.

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III - Que andam combinando no breu das tocas?

Pela milésima vez conferia suas malas e a pasta de trabalho, onde estavam guardados seus maiores tesouros: as telas de pintura, tintas e pincéis variados. Tudo estava em ordem, arrumado e devidamente identificado. Não podia correr o risco de ter sua bagagem perdida ou extraviada, não é mesmo?

Sentando-se na cama, abriu a gaveta do criado mudo e tirou dela uma passagem aérea somente de ida e um passaporte, já carimbado pelo consulado grego. Encostando-se no travesseiro, os fios ruivos espalhados pela fronha, lançou um olhar para fora da janela, observando sua rua e o entorno. Certamente sentiria saudades de sua cidade, seus amigos e família, mas aquela vida interiorana havia ficado pequena demais para seus objetivos e planos..

Mudanças são sempre bem vindas, pensava. E ainda mais quando vêm acompanhadas da realização de um antigo sonho!

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Os olhos azuis fitavam o horizonte, visto do terraço de sua casa. Quantas vezes se pegou assim, observando o sol e as estrelas como se fosse um moleque sonhador e não um homem que praticamente carregava o mundo em suas costas?

Um suspiro cansado escapou de seus lábios, era inevitável pensar que, há alguns anos, quisera dominar toda aquela beleza e tomá-la para sim, tornar o mundo um mero escravo aos seus pés... Fatos que ficaram no passado, esquecido por alguns, mas ainda vivo em sua alma, encravado como um espinho.

Baixou a cabeça, arqueando as costas para frente, como se estivesse cansado. E as primeiras estrelas que pipocavam no céu iluminavam o terraço de sua casa, banhavam com sua luz a solidão que por vezes aquele homem sentia.

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IV - Que anda nas cabeças, anda nas bocas?

Conforme o ônibus seguia viagem, o coração apertava mais e mais. Via pela janela pastos, plantações das mais variadas, tudo ficando para trás. Logo, o concreto tomaria conta da paisagem, o verde daria lugar ao metal, o som de pássaros ao de buzinas e derrapagens no asfalto. Os olhos castanhos brilhavam de excitação e também com as pequenas lágrimas que os enchiam.

Deixava para trás a família, os amigos, a vida sossegada em uma cidade que poderia ser considerada mágica, onde o pica-pau amarelo saudava a todos com seu canto. Um nó se formou em sua garganta, mas ela manteve-se firme. Sonhara durante toda uma vida com aquela viagem, seus pais fizeram das tripas coração para terem condições de realizar o sonho da filha querida.

Não desistiria tão fácil, não agora que estava tão perto da concretização de seus desejos e planos. E certamente a vida em Atenas não seria tão difícil, ela pensava, apertando contra o peito a caixa do violino que seu pai lhe dera de presente.

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Pacientemente, ele ajeitava as frutas frescas em uma travessa de cerâmica, dispondo-as de acordo com as cores e o tamanho que possuíam. Observando satisfeito o trabalho, deixou a fruteira sobre a mesa da cozinha e foi para os fundos de sua casa, gostava de aproveitar o ar da noite para fazer seus exercícios antes de se recolher de vez.

Enquanto alongava os músculos definidos por anos de treinamento, aproveitava para pensar na vida, nos amigos e em suas responsabilidades. Um suspiro pôde ser ouvido nessa hora, há quantos anos não sabia o que era não ter responsabilidades?

Balançou a cabeça para os lados, recriminando suas divagações. O cavaleiro mais fiel à Atena não podia ser pego com tais pensamentos.

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V - Que andam ascendendo velas nos becos?

O som do mar batendo contra as rochas da encosta era um despertador eficiente para ela. Em poucos minutos, estava de pé, de banho tomado e roupa trocada. Conferiu rapidamente se estava tudo certo com o dinheiro do táxi, a placa de identificação e saiu depressa, ainda mastigando um pedaço de pão. E dando tapas na franja que teimava em cair sobre os olhos!

A excitação criada pela expectativa de uma nova etapa em sua vida era tamanha que a pobre quase se esqueceu de trancar o portão de casa!

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O avião iniciava a manobra de pouso. Fechando a revista que começara a ler há pouco, uma garota lançou um olhar pela janelinha e ficou de queixo caído ao vislumbrar as ruínas que ficavam em uma encosta, com o mar grego em perfeita moldura. Que belo quadro aquela cena daria!, pensou, os olhos castanhos brilhando de felicidade.

Uma outra garota, sentada mais à frente, também parecia maravilhada. Como podia, aquele mar todo era mais bonito e azul que o de sua cidade! Entusiasmada, ela tratou de anotar mentalmente que seu primeiro passeio por aquela cidade terminaria em um mergulho naquela beleza sem tamanho.

Então, o avião descreveu um círculo no ar e sobrevoou a Acrópole em todo seu esplendor e imponência. Piscando so olhos seguidamente, como se ainda não acreditasse no que via, a garota da cidade mágica sentia seu coração dar pulos. Como esperou por aquela chance e agora Atenas estava ali, diante de seus olhos, pronta a recebê-la!

A manobra de pouso foi completada com sucesso. E cada uma das garotas desembarcou com suas malas, bagagem de mão e sonhos...

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Meninas!!! E aí, gostaram? Me digam o que acharam, eu tô louca para saber a opinião de vocês sobre este primeiro capítulo!

O nome da fic é uma música do Chico Buarque, a que mais amo e que será o tema da história (a fic surgiu a partir de uma cena que será descrita em um capítulo próximo, inspirada por essa canção)... Mas o nome do primeiro capítulo e de cada uma das partes descritas são versos de uma outra canção do mestre, "Que será, que será". Ambas lindas e altamente inspiradoras.

Preparam-se para ver o que minha mente doidinha imaginou para esta aventura...