Mestre do Encantamento


Prólogo

Era o verão logo após o sétimo ano, e a guerra estava no auge. Hermione estava em seu turno no revezamento e cuidava do Quartel General, junto com Minerva McGonagall. Logo após a meia noite, houve batidas frenéticas na porta, e Hermione correu para receber Severo Snape e Remo Lupin, com uma inconsciente Ninfadora Tonks apoiada entre eles.

Minerva se apressou em ajudá-los enquanto carregavam Tonks para um dos quartos no primeiro andar e colocaram-na cuidadosamente na cama. Com uma calma magistral, Minerva examinou Tonks e disse:

– Ela foi estuporada e bateu a cabeça quando caiu. Eu ficarei sentada aqui com ela até ela acordar.

Lupin esticou-se e tocou Hermione no ombro. – Severo e eu precisamos falar com você, Hermione.

Lupin a guiou de volta para a cozinha, onde todos os membros da Ordem pareciam se reunir no Quartel General. Ele se sentou ao lado dela e falou para Severo:

– Coloque a chaleira no fogo, por favor, Severo. Todos nós ficaríamos melhor com uma xícara de chá.

Snape aquiesceu sem nenhuma palavra, alcançando o conjunto de chá. Hermione percebeu um corte na mão dele, e viu que tento ele quanto o Lupin estavam em suas piores formas, esgotados e sujos.

– O que aconteceu? – ela perguntou.

– Nós tivemos uma informação... – Lupin olhou involuntariamente para Snape – de que sua família era alvo de Comensais da Morte, mas nós não sabíamos quando eles planejavam atacar. Tonks e Mundugo Fletcher estavam mantendo a casa de seus pais sob proteção. Esta noite, nós descobrimos que os Comensais da Morte estavam a caminho. Severo e eu fomos o mais rápido que pudemos, Hermione; nós mandamos avisos ao Moody e ao Shacklebolt, e eles estavam a caminho também. Quando Severo e eu chegamos na casa, ela estava vazia. Tonks estava no chão no jardim do quintal, inconsciente. Dunga está morto.

Hermione arfou um soluço terrível, e Lupin segurou sua mão. Impacientemente, Snape deu as costas para o conjunto de chá e tirou uma garrafa de conhaque de um armário. Ele serviu uma medida de conhaque na xícara de chá, e a pressionou na outra mão dela.

– Beba isso, Srta. Granger. Devagar. – A voz dele era baixa mas autoritária. Hermione virou seu rosto molhado de lágrimas para olhá-lo; depois de sete anos como sua aluna, ela estava acostumada a obedecer seus comandos. O rosto de Snape estava impassível, mas seus olhos eram aterradores. Com a mão temendo, ela levou a xícara aos lábios e bebeu o líquido flamejante. Imediatamente, ela sentiu o calor escorregar garganta abaixo, começando a aquecer e acalmá-la. Ele balançou a cabeça em aprovação, enquanto Lupin falou novamente:

– Nós fizemos uma busca pela casa, Hermione. Houve uma luta, disso nós temos certeza. Seus pais não estavam lá. Agora, nós não sabemos se aconteceu alguma coisa de ruim para eles. Nós enviamos um alerta, e a maioria da Ordem está procurando por eles agora. Você não deve se desesperar. Alguém vai nos contatar assim que souberem e alguma coisa.

A chaleira começou a assoviar, e Remo levantou para colocar a água fervente dentro do bule. Snape se moveu para ocupar seu lugar, indicando sem palavras que Hermione tomasse mais um gole do conhaque.

Falando no costumeiro tom impassível, Snape continuou a história. – Nós esperamos até Dumbledore chegar; ele está levando o corpo de Fletcher para a irmã. Os outros foram procurar seus pais, e nós trouxemos Tonks para cá. St. Mungos está sendo vigiado pelo Lorde das Trevas.

Lupin colocou três xícaras na mesa e colocou o chá quente e forte para cada um deles. Ele completou cada xícara com uma medida de conhaque e empurrou uma para Hermione.

– Beba, Hermione. Isto vai ajudar, eu prometo. – Hermione tomou agradecidamente a segunda xícara entre as mãos trêmulas, agradecida pelo calor. Snape a observou até ela começar a beber o líquido quente. Ele então tomou rapidamente seu próprio chá, resmungou algo sobre um banho, e deixou a cozinha.

Lupin começou a falar com Hermione num modo gentil e distraído, perguntando sobre os planos dela de ir para a Universidade na Bulgária no final do mês e sobre Rony e Harry começarem o curso de aurores no próximo mês de janeiro. Contou uma história ou duas sobre seus dias na Universidade, até Snape reaparecer na cozinha, vestido com calças largas pretas e um suéter também preto, seu cabelo negro ainda molhado do banho. Lupin o olhou com surpresa.

– Tendo problemas para dormir, Severo? – ele perguntou.

– Minerva me pediu para que você subisse, Lupin.

Lupin se levantou para servir mais uma xícara de chá. – Eu vou subir, então – disse, colocando também a garrafa de conhaque no bolso de suas vestes. – Hermione, você deveria tentar dormir. Severo, vamos sair às 7:00? – Com o aceno de cabeça positivo e quieto de Snape, Lupin deixou a cozinha.

– Se já terminou o seu chá, Srta. Granger, deveria tentar dormir agora. Eu não dormirei e cobrirei o seu turno. – O tom de Snape era prático. Sua conduta demonstrava que ele não estava oferecendo favor ou ajuda, simplesmente constatando a realidade.

Hermione se levantou, sentindo-se pasma e amedrontada, assim como um pouco bêbada. Ela balançou em pé, e Snape chegou mais perto para colocar uma mão estabilizadora no cotovelo dela. Ela podia sentir o cheiro do xampu que ele usou para lavar o cabelo e da sua loção pós-barba. Ele era uma cabeça inteira mais alto que ela, e pela primeira vez, ela estava consciente da largura do peito deste homem e da força rígida dos braços dele. Uma energia incomum parecia emanar dele; ela sentiu o poder a envolver, entrar em sua essência, e seu coração disparou. Ela notou o ângulo do queixo dele, com uma fascinação surpreendente, e soube do desejo de pressionar os lábios no pulso batendo na garganta dele. Quando ele a tocou, ela sentiu sua barriga se revirar.

Sem medo, ela colocou uma mão no peito dele e olhou dentro de seus impenetráveis olhos negros.

– Por favor, não me afaste, professor – ela sussurrou, olhando de baixo para ele, suplicante.

Pelo que pareceu uma eternidade, eles ficaram daquela maneira na cozinha aconchegante do numero 12 do Largo Grimmauld. A palma da mão dela, descansando abaixo do coração dele, registrou a contínua, se acelerada, cadência. Ela sentiu a pressão dos dedos dele na pele de seu braço, quase uma carícia. Sem fôlego, ela observou a boca normalmente taciturna relaxar – será que ela somente imaginou o suavizar no olhar de obsidiana dele? O que era esta força no ar entre eles que parecia tão viscosa e parecia tão quente e ao mesmo tempo traiçoeira? Com sua mão livre, ela alcançou ao redor dele, ignorando seu enrijecer instintivo, sem se importar que seu movimento desalojava a mão dele do seu braço, e vagarosamente reuniu uma boa parte das costas da camisa dele. Ela precisava deste contato, requeria-o, ansiava por ele. Fechando os olhos, ela colocou a cabeça cheia e cachos embaixo do queixo dele e pressionou seu corpo suave contra o angular dele.

Snape ficou ali, rígido no abraço dela. Hermione estava distraída absorta do desconforto dele; ela se sentiu segura e confortada e uma outra emoção para a qual ela não tinha nome. Agarrando-se nele com os olhos fechados, ela não podia ver nem a expressão de agonia no rosto dele nem os punhos cerrados seguros deliberadamente ao lado do corpo dele.

Rápido demais, a campainha tocou, e ele a afastou dele, caminhando a passos largos para fora da cozinha sem um olhar para trás. Ela o seguiu, ouvindo vozes excitadas no corredor, e caminhou direto para Rony e Harry, que estavam correndo a frente dos outros membros da Ordem.

– Hermione! – Rony estava ofegante. – Nós temos os seus pais a salvo, na Toca!

Harry a olhou de perto e secou uma lágrima da bochecha dela com as costas da mão. – Moody e Shacklebolt conseguiram tirá-los de lá enquanto Tonks e Dunga seguraram os Comensais da Morte. Você está bem?

Rony agarrou sua mão e começou a puxá-la para a porta. – Nós a levaremos até eles, venha...

Hermione estava apenas minimamente consciente dos sorrisos e tapinhas dos outros membros da Ordem agrupados no hall, que tiravam os casacos e discutiam sobre um jantar improvisado com o que quer que tivesse dentro do armário. Snape permaneceu imóvel, o grupo os separando, enquanto Rony a puxava pela mão e Harry a guiava por trás. Seu "Obrigada, Professor" se perdeu no tumulto, e ele meramente inclinou a cabeça para ela enquanto ela era levada dali.

Ela não o viu novamente.


continua... Master of Enchantment by Subversa Traduzido por Regine Manzato - 2007


N/T: Oi pessoas!! Bom, aqui estou eu, traduzindo mais uma fic maravilhosa!

Gostaria de agradecer a Subversa por permitir a tradução.

FerPotter, obrigada por betar!