N/a: O título significa Primavera, em Francês.


Ressort

A primavera é o recomeço. Não é uma nova chance, é uma continuidade.

Para que tudo que se foi, e teve forças para resistir, possa voltar.

O recomeço de tudo é lento.

Não se podem pular fases para que a nova vida não seja prejudicada.

Cada broto nasce pequeno, surge de dentro das sementes que permaneceram adormecidas anteriormente.

A vida se faz e se mostra.

Revela-se a cada segundo.

E dá a oportunidade para que tudo que estava inerte, se liberte.

"Good morning

The night is over and gone… "

Era uma chuva leve que caía, que mais perturbava que molhava e o ar estava quente mesmo assim.

Os som dos passos cansados morriam com o barulho lento e contínuo da água.

Tudo que ele queria era chegar em casa.

Via o jardim da frente, e o sol fraco, ainda nascendo, que teimava em brilhar, apesar da garoa, começava iluminar todas as pequenas flores que estavam alegremente dançando com o vento.

Mas não prestava atenção nisso.

Casa. Sua casa.

Era tudo que queria.

Entrou no lugar onde havia ficado por tão pouco tempo e sentiu um cheiro adocicado no ar.

Incensos.

Subiu as escadas com passos leves e parou à porta do quarto principal.

O vidro da janela estava fechado, mas suas cortinas estavam abertas, deixando à vista a garoa e o sol pálido.

Um mar de cabelos castanhos emoldurava o rosto da jovem que dormia. Cada cacho se perdendo entre os lençóis claros e alguns caindo em seu rosto, escondendo parcialmente sua face.

Como se tivesse sentido que ele estava ali, Hermione abriu os olhos e saiu correndo da cama para atirar-se nos braços do loiro.

Draco a abraçou de volta, segurando-a firmemente contra ele, como que para sugar o calor do corpo dela.

Hermione se afastou e olhou fundo nos olhos cinza do rapaz e então desceu o olhar para seu rosto e seu corpo.

Estava ferido e suas roupas tinham vestígios de sangue e pó.

Seu rosto estava manchado pela chuva e expressava cansaço, mas também alívio.

O cheiro de incenso espalhado pela casa, as poucas coisas que eles tinham guardado de sua vida em comum, a mulher que ele escolhera para viver ao seu lado em seus braços.

Era o que ele mais precisava naquele momento.

Entre os braços de Draco, Hermione sentiu-se, pela primeira vez, em meses, realmente em casa.

Lar, não era onde suas coisas conhecidas e já usadas estavam.

Lar era onde eles pudessem estar juntos.

E era tudo que importava.

Sem dizer uma palavra, Hermione pegou as duas mãos dele e o conduziu para o banheiro, sem desviarem os olhares por nenhum segundo.

Abriu as torneiras da banheira e, lentamente começou a despi-lo, com delicadeza, correndo os dedos pela pele clara dele, deslizando a sua mão por cada um dos machucados que eram visíveis em suas costas e peito.

Desabotoou sua camisa e contornou-o, ficando em suas costas enquanto a tirava, notando que ele deixava escapar suspiros contidos de dor, a cada vez que passava a mão por algum ferimento mais recente, por mais gentil que o toque dela fosse.

A morena correu os dedos pela barriga dele, terminando de despi-lo e ajudou-o a entrar na banheira.

Draco fechou os olhos e deixou que ela o banhasse.

Estava entorpecido pela exaustão e nada no mundo lhe parecia melhor do que ficar ali, sentindo as mãos de Hermione percorrerem seu corpo.

Sempre tão leves, tão delicadas... era como nascer novamente.

"I thought once

this dark would last for so long…"

A morena estava ajoelhada ao lado da banheira e, quando ele finalmente reabriu os olhos, viu a preocupação refletir em seus olhos castanhos.

Estendeu uma das mãos e gentilmente puxou o rosto da jovem para perto do seu, inclinando-se na direção dela.

Quando suas bocas se tocaram, esqueceram tudo que estava lhes atormentando.

A guerra que continuava e da qual precisavam fugir, os amigos dela que eram intolerantes com esse romance, os antigos companheiros dele que não hesitariam em matar a mulher que ele amava.

Nada importava. Só a pele dos dois, seu contato, suas mãos.

Aquilo era a verdadeira florescência da vida.

Era a continuidade.

Era primavera.

Draco levantou-se e levou Hermione junto, sem permitir que suas bocas se separassem. Repentinamente, a exaustão e o cansaço o haviam abandonado.

Ele se sentia vivo.

Ela se sentia completa.

Afastaram-se alguns centímetros e, delicadamente, tocou as alças da camisola que ela usava, deixando-as escorregar sobre seus ombros, seguindo o movimento do tecido, beijando-a levemente no pescoço e cabelos, enquanto Hermione deixava suas mãos passearem pelas costas dele, subindo para os cabelos platinados e segurando-os com força enquanto buscava a boca dele mais uma vez e retomava o beijo.

Draco a ergueu alguns centímetros, sem esforço e foi até a cama, deitando-a sobre os lençóis que recendiam a incenso e ao perfume que ela usava.

Encararam-se por longos segundos, sem necessidade de falar, de expressar nada em palavras.

O loiro colocou seus braços de cada lado dela e desceu o rosto novamente para beija-la.

Com urgência dessa vez, um beijo exigente que ela correspondia, puxando-o para mais perto com uma das mãos, que ainda estava entre os cabelos do loiro.

Com a outra entrelaçou os dedos dele nos seus. Draco chegou ainda mais perto dela, seus corpos finalmente se tocando, nenhum espaço entre eles, sem nada que atrapalhasse o toque.

Hermione deixou escapar um suspiro quando sentiu Draco sobre ela.

Ele também não se continha, os sons se misturando à chuva primaveril que caía e batia na janela de seu quarto.

Juntos seguiram até que seus corpos estivessem satisfeitos e cansados, mas contentes.

Suas almas completas como uma só.

Adormeceram entrelaçados e calmos.

O pesadelo e a escuridão estavam longe.

Nenhuma guerra destruiria a sua paz agora.

Era primavera.

E eles eram a continuidade.

E estavam livres...

Por estarem um no outro.


NA2: Tnx one more time, telle pela capa, Sweet pelo ouvido XD