Final Fantasy 7 não me pertence, mas sim a SQUARE ENIX. Essa história fos escrita sem fins lucraticos, apenas por amor ao game (vício xD), ao filme e meu amor pela escrita.
Espero que se divirtam e boa leitura! o/
Tsubasa
Capítulo 1
Podia ver umas poucas árvores a sua volta, sentia a terra fofa devido à grama verdejante e viva sob seus pés. Podia ouvir o som da água, que lhe era proporcionado pelas gotas de orvalho que caiam sobre o singelo lago a alguns metros de distância. Ainda sim, a sua frente podia reparar em uma imensidão acastanhada bem clara. Uma imensidão que a seus olhos cansados parecia interminável.
Mas... Que lugar era aquele? Onde era ali? Como havia chegado ali? Teria sido andando? Isso explicaria o motivo dos espasmos que sentia por todo o corpo, mas não se lembrava. Por que estava ali? Eram tantas dúvidas que começavam a surgir em sua mente confusa, e a que mais lhe incomodava, quem ele era?
Não se lembrava de nada, apenas que estava ali, de alguma maneira. Mas o que devia fazer? Para onde devia ir? Não sabia, só queria sair daquele lugar e achar... Alguma coisa.
Sem que notasse, seu corpo começou a se mover, como se estivesse atendendo a seu desejo desesperado, que gritava dentro de si. Começou a caminhar com passos lentos, sentindo a dor de seus pés aumentar a cada passada. Sentia seu corpo gritar para que parasse, mas sua mente gritava igualmente, para que continuasse. Qual delas era a certa ele não sabia, apenas continuou andando.
Logo, seus pés já não pisavam mais no solo macio, já não tinha mais árvores ao seu redor, que até o momento o protegiam do sol escaldante, e que apenas agora tinha se dado conta de sua intensidade. Suas passadas se tornaram mais torturantes. Pisava na areia do deserto, que o faziam escorregar, tendo que fazer movimentos um tanto bruscos para não cair. Sentia a cabeça doer e rodar muito mais com isso.
Um piso em falso, e acabou por despencar, sentindo todas as células de seu corpo soltarem gritos de escárnio, implorando para que parasse. Mas ainda sim, sua mente teimava em mandá-lo continuar. Assim, novamente se levantou e recomeçou sua tortuosa caminhada.
Não sabe quanto tempo ficou andando, mas sentia que já não agüentava mais. Sua cabeça doía, sentia como se algo a pressionasse com uma força intensa, junto com milhares de agulhas espalhadas, a vista embaraçada não permitia que ele visse praticamente nada a sua frente, apenas borrões, imagens distorcidas sem sentido nenhum.
Sentindo toda e qualquer força sua se esvair, caiu sobre a areia. Não demorou muito, sua vista começou escurecer, sentia as pálpebras pesadas, forçando-o a fechá-las, até tudo ficar preto.
OoOoOoOoOoOoOoO
-Ainda vai demorar para chegarmos, Alon? – uma menina, que não parecia ter mais de 12 anos, perguntou, um tanto impaciente, para uma jovem ruiva que estava sentada a seu lado, agarrando-lhe o vestido azul-claro na parte da cintura.
-Creio... Creio que não. – a jovem moça respondeu, aparentemente desconcertada.
As duas figuras femininas encontravam-se dentro de um carroça, de aparência um tanto rústica e até mesmo velha, que era puxada por dois chocobos. Se algum terceiro olhasse, diria que não combinava com nenhuma das duas. Fosse pela graça de suas aparências, ou pelas boas vestes, diferente das do cocheiro, que já se vestia com roupas mais simples e até mesmo desleixadas.
O Cocheiro já não era alguém de aparência tão suave e ligeiramente chamativa como as duas. A pele fortemente morena mostrava o quanto se expunha ao sol, que mesmo já passando do meio dia, ainda queimava impiedosamente quem se expusesse. Seus cabelos loiros claros, quase platinados, faziam um belo contraste, mesmo ele não sendo muito atraente.
Havia também uma quarta pessoa ali. Um homem de pele tão morena quando o cocheiro, se não até mais, de grande estatura, cabeça raspada e barba por fazer. Podia-se notar que possuía os músculos bem trabalhados, pois estava sem camisa, com apenas uma calça longa e branca, mas também cobria seus ombros com uma capa branca, para que não acabasse queimado.
-Sara, pare de perturbar a Alon. Não faz nem 5 minutos que você perguntou isso. – disse o homem de grande estatura.
A menina, ainda transparecendo uma impaciência sem igual, parecia a mais animada, mesmo que fosse por não gostar de ficar parada por tanto tempo, agora se mostrava um pouco emburrada. A pele rosada era protegida por um vestido verde claro, com a barra longa, mas com as mangas curtas, e seus cabelos negros balançavam freneticamente, junto com os movimentos incansáveis de sua cabeça.
-Ah... P-por favor, não precisa s-se incomodar... Comigo, Senhor George. – a jovem moça disse tentando impedir uma provável discussão entre os dois.
A garota, Alon, possuía alguns traços um tanto diferentes dos outros. Os longos cabelos ruivos, bem alaranjados, caiam muito bem com seu rosto de feições calmas, semelhante ao de uma boneca. Seu cabelo caia delicadamente sobre suas costas, como uma cascata reluzente, até a altura de seus ombros, também cobertos por uma capa branca, para depois se ondularem até encontrarem-se com a madeira da carroça.
O vestido azul claro tinha um belo contraste com sua figura, apesar de parecer ter apenas uma boa cintura.
-Não precisa fingir que está tudo bem. Eu sei como essa menina pode dar trabalho. – respondeu o moreno.
-Pois é... Tal pai, tal filha. – o cocheiro disse, em um tom divertido.
Com exceção de uma risada bem baixinha, vinda da ruiva, o silêncio reinou. Tanto o homem como a menina pareciam não ter gostado do comentário, e o cocheiro não estava disposto a levar uma surra, então segurou o riso. Eles continuaram seu caminho em silêncio, como antes de Sara ter se proferido.
Porém, não demorou muito para que a mesma se levantasse subitamente, assustando George e Alon.
-O que foi? – perguntou seu suposto pai.
-Ali! – Disse indo para o outro extremo da carroça e apontando para um ponto preto na areia, um pouco mais distante – Aquilo não é uma pessoa? –perguntou um pouco alarmada.
Preocupado com a possibilidade, George pega um binóculo, que estava dentro de uma pequena bolsa escondida entre as mercadorias, e mira o local que sua filha tinha apontado. Ali, pôde ver que realmente era uma pessoa, e constatou que ela não estava bem.
-Fred, acho melhor parar. –disse ao cocheiro, que parou no mesmo instante – Eu vou lá. Alon, venha você também. – falou enquanto descia da carroça, de uma forma que nenhum dos presentes conseguiu contrariar.
Com passos apressados, os dois chegaram logo ao corpo inerte. A garota parece ter ficado preocupada. Dependendo do tempo que ele estava exposto, poderia sofrer insolação, febre ou até um hipertermia, no pior dos casos. Como a pessoa estava com roupas escuras, naquele sol, essa preocupação dela apenas aumentou.
-Alon, venha dar uma examinada nele. – a voz de George a fez despertar, enquanto o moreno virava a pessoa para que pudesse examiná-la melhor.
Qual não foi a surpresa dos dois, quando viram que o paciente em questão era um rapaz aparentemente bem jovem. Parecia estar no sol já há algum tempo, pois já havia transpirado tanto que estava praticamente encharcado.
-O que um rapaz como ele faz por aqui? – George pensou em voz alta, mais para si, sem esperar alguma resposta da ruiva.
Alon se abaixou bem ao lado do rapaz e colocou o dedo médio e o indicador em um ponto estratégico do pescoço dele. Ficou um pouco mais aliviada ao ver que tinha pulso. Em seguida, afastou os cabelos dele, que eram de um peculiar porém belo tom prateado, do rosto e encostou sua bochecha na testa dele. O que ela temia: estava muito quente.
-Senhor George... S-será que me... Ajudaria a levá-lo? Esse jovem... Precisa de tratamento. E rápido. – ela disse preocupada.
O homem nem respondeu, apenas fez um sinal positivo com a cabeça e pegou o jovem, levando-o até a carroça.
-Fred, é melhor correr. Estamos com um paciente. – ele informou ao cocheiro, com seriedade.
OoOoOoOoOoOoOoO
Os chocobos passavam correndo pelas pessoas, que pareciam assustadas e preocupadas. A cidade era pequena, mas todos os seus moradores, não importando quem fossem, tinham uma rotina calma. Talvez fosse alguma emergência médica, o que era bem provável. Os médicos eram as pessoas com a vida mais corriqueira dali. Por isso, todos evitavam ao máximo ficar no caminho.
Até que a carroça pára repentinamente, assustando os mais próximos. Viram um homem realmente alto descer carregando um jovem, que ninguém conseguiu reconhecer, sendo seguido por uma garota ruiva, muito bem conhecida por eles.
O homem entrou apressadamente em um sobrado pequeno e simples.
Dentro da casa, ele subiu as escadas e entrou em um dos quartos, parando perto da cama e mirando a garota que vinha apressadamente mais atrás, ofegante.
-É aqui mesmo? – ele perguntou a Alon, que finalmente tinha o alcançado.
-S... S-sim... P-pode... Colocá-lo na c-cama... – ela confirmou, parando e se permitindo tomar fôlego. Não imaginava que fosse tão cansativo passar por toda a sua casa correndo.
Cuidadosamente, ele colocou o garoto deitado na cama. Quem não conhecesse George, se surpreenderia com sua delicadeza.
-Pronto. Existe mais alguma coisa que eu posso fazer para ajudar? – ele perguntou.
-Ãh? Ah... Er... Bem... – Alon parou por um momento para pensar. Sentia que estava se esquecendo de algo. Então, um flash lhe veio à cabeça, e seu rosto tomou um tom rosado – Ah! S... Sim... E-existe algo... Se não for incômodo, c-claro...
-Claro que não, será um prazer! Pode me dizer. – George diz com um sorriso cativante.
-B... B-bem... O s-senhor po... Poderia... Er... D... Da... Dar lhe... Dar lhe um banho? – ela perguntou, sentindo a face arder, sem nem mesmo olhar para o rosto do moreno a sua frente.
-Um banho? – ele se perguntou, sem entender. Mas ao lembrar que o rapaz estava totalmente encharcado de suor compreendeu – Ah, claro! Pode deixar comigo! Eu também irei falar com meu filho para emprestar alguma roupa a ele.
-Isso seria d-de grande ajuda... Muito obrigada mesmo, Senhor George. – Alon agradeceu, parecendo um pouco aliviada – Ah, mas deve ser com água morna. Se usar água fria, ele pode ter um choque térmico. – alertou, voltando a ficar com uma feição preocupada.
-Não se preocupe. Tomarei todo o cuidado. – o moreno falou sorrindo ternamente, enquanto levava o jovem para o banheiro, fora do quarto, fazendo a moça se acalmar.
George entrou no banheiro sem demora, trancando a porta em seguida. Sabia que não demoraria muito para a segunda moradora daquela casa aparecesse para reclamar. E não queria que ela acabasse abrindo a porta em algum momento inconveniente, então, era melhor prevenir do que remediar.
-Muito bem, que bagunça é essa?! – uma voz irritada se fez soar no andar de baixo, fazendo Alon parar de encarar a porta do banheiro.
Uma figura feminina, de alta estatura subiu as escadas apressadamente. Parecia bem zangada.
-Ah! Asaliah! Não precisa se preocupar! Está tudo bem, e-eu acho... – a ruiva falou, tentando acalmar a moça, que parecia alguns anos mais velha que ela, para que não tentasse arrombar a porta do banheiro.
-Como assim, "eu acho"? Alon, explica o que ta havendo ou eu arrombo aquela porta! – a moça falou impaciente, apontando para a porta, mirando a ruiva com seus olhos verdes penetrantes.
-É q-que...! Enquanto voltávamos de Costa Del Sol, acabamos encontrando um jovem muito debilitado! Ele precisa de tratamento urgente! – Alon explicou sucintamente. Em uma situação como aquela, seu cérebro não processava direito.
-Um cara? Onde? No deserto? – ela perguntou, mostrando mais curiosidade. Sua resposta foi uma aceno positivo de cabeça da amiga, que parecia preocupada – E como ele é? –perguntou com a curiosidade atiçada, mas também para tentar colocar outra coisa na cabeça da ruiva.
-Uh? Bem... Eu... –parou para pensar um pouco, tentando se recordar de como ele era. Na hora, estava tão preocupada com o estado dele, que mal deu importância para sua aparência. Mas, quando se lembrou, olhou para Asaliah com os olhos levemente arregalados – Bem... E-eu diria... Que se parece com você.
-...! - Asaliah arqueou uma sobrancelha, enquanto franzia a outra. Depois, soltou um longo suspiro, enquanto colocava suas longas mechas prateadas atrás da orelha – Fazer o quê! É ruim ter um sósia homem, mas... Ah, dane-se! Ele deve estar meio desnutrido, não?
-Sim, aparentemente. – Alon confirmou, abaixando a cabeça, preocupada.
-Certo! Então eu vou preparar um soro caseiro! –a mulher falou sorrindo, com um tom de voz despreocupado, fazendo a outra erguer o olhar – Você é uma boa médica. Sabe o que fazer, por isso pare de ficar se preocupando! Afinal, você foi treinada por aquele sadista! – uma pequena veia surgiu em sua têmpora, alarmando um pouco Alon.
-Bem, de qualquer forma! Depois eu te trago o almoço, ok? – encerrou a conversa, descendo as escadas e entrando por uma abertura sem porta, do lado direito. Aparentemente era a cozinha.
Alon sorriu. Asaliah sempre sabia como animá-la. Mesmo tendo algumas pessoas dizendo que ela não era a pessoa certa para lhe fazer companhia, ela adorava sua presença. Parecia até que as coisas tendiam a dar certo, e isso a animava.
Repentinamente, batidas fortes são ouvidas da porta do banheiro, fazendo Alon voltar sua atenção para ela rapidamente, se aproximando um pouco.
-P-precisa de alguma coisa, Senhor George? – ela perguntou ao se aproximar.
-Sim. Você poderia ir até em casa e pegar as roupas? É que sair agora, com ele assim, é uma situação um tanto... Er... Complicada, sabe? – a voz atrás da porta falou, soando meio constrangida.
-Ah! S-sim! C... C-claro! E-e-eu Irei imediatamente! – a ruiva falou rápido, tropeçando um pouco nas palavras, saindo da casa tão apressadamente que quase tropeçou nos próprios pés.
Aproveitando, George saiu do banheiro e entrou no quarto da garota apressadamente, carregando o garoto que tinha sua nudez escondida por uma toalha.
OoOoOoOoOoOoOoO
-Uhm? Ué, cê tinha saído, Alon? – Asaliah perguntou a garota, que estava encostada no parapeito da porta, vermelha, sem fôlego e segurando uma sacola branca, que parecia ter bastante coisa dentro.
-E... E-eu tinha, por algum tempo... – ela respondeu pausadamente, com a respiração descompassada e o tom avermelhado do rosto voltando ao seu normal, rosado levemente moreno.
-Que sacola é essa? – a mulher mais alta pergunta curiosa, tirando uma presilha roxo-escura de uma mecha de seus longos cabelos prateados, que lhe caiu graciosamente pela face.
-É que o Senhor George me pediu pra ir buscar para ele. – Alon explicou, entrando na casa e retirando seus sapatos, ficando apenas com as meias azuis escuras.
-Ah, ta! Pro carinha que cês acharam né? – Asaliah concluiu, dando uma rápida mirada no teto, para depois de alguns segundos de silêncio se voltar para a cozinha – O almoço já ta praticamente pronto, mas eu devo levá-lo pra você mais tarde, certo? – indagou enquanto prendia a mecha novamente, junto do rabo-de-cavalo alto que prendia o resto de seu cabelo.
-Eu agradeceria muito! – a ruiva agradeceu, parando no meio da escada para dar um rápido sorriso para a companheira, e se voltar para o segundo andar logo em seguida.
Ali, a primeira coisa que olhou foi o banheiro, mas a porta escancarada já deixava claro que não estavam ali. Provavelmente George havia deixado-a assim de propósito, para que visse que não estavam ali. Assim, Alon foi até seu quarto, que estava com a porta fechada, para que Asaliah não entrasse, provavelmente. Ao lado da porta, tinha uma cadeira com duas embalagens transparentes, com um líquido incolor dentro e um papel escrito "soro".
Sorriu de leve, voltando sua atenção para a porta de seu quarto logo depois, batendo nela algumas vezes e esperou por alguma resposta, que não tardou a vir.
-Alon? – a voz grave e firme de George se fez ouvir. Também foi possível ouvir passos se aproximando da porta.
-S-sim. Sou eu. – ela respondeu prontamente.
Sua resposta foi uma pequena fenda se abrindo na porta, bem devagar.
-Me passe às roupas. – George pediu, enquanto passava um de seus fortes braços pela fenda, para poder pegar a sacola, que lhe foi entregue sem demora – Não vou demorar, espera aqui, sim? – disso antes de fechar a porta.
Mesmo querendo obedecer ao pedido do homem, para que pudesse tratar logo do rapaz, Alon não ficou parada. Havia se esquecido do suporte de soro. Então, desceu rapidamente até a dispensa, que era onde ficava o suporte. Algumas pessoas achariam estranho guardar aquilo junto com a comida, mas Alon preferia isso a deixá-lo junto com os outros objetos raramente usados em casa, que ficavam em um quartinho pequeno e abafado. Feito isso, voltou para o segundo andar, onde George já a esperava.
-O que é isso? – ele perguntou, olhando para o cabo metálico nas mãos da garota.
-É o s-suporte de soro. – explicou com simplicidade.
-Uhm... Bem, eu já o vesti adequadamente. É melhor você examiná-lo logo. – disse sério, enquanto pegava o suporte das mãos dela.
-Ah! Sim! – e se dirigiu rapidamente para o interior do quarto.
O lugar era simples e confortável. As paredes pintadas de branco, duas camas, cada uma de um dos lados do quarto, um criado-mudo com um abajur e um armário. Tudo feito de madeira. O jovem estava deitado na cama à esquerda, coberto com um lençol cor de creme e estava com uma camisa branca, aparentemente bem folgada.
Alon se sentou na beirada da cama e começou com o rápido exame. Mediu a temperatura, respiração, coração e pressão. Além de dar uma analisada na saliva, também verificando se não havia nada que obstruice sua respiração, e da retina.
-Que bom, o estado dele não é tão grave. – ela concluiu por final, parecendo muito aliviada.
-Sério? O que ele tem? – George perguntou curioso. Não importava quantas vezes visse, sempre se impressionava com aqueles exames que, embora rápidos, eram precisos. O mestre de Alon devia ser um médico realmente bom.
-Ele está com insolação, o que acabou resultando em uma apoplexia. Mas não estão tão fortes. Não será necessário um tratamento como eu imaginava. Só que acho que ainda vamos precisar do soro, pois ele ainda demonstra alguns sinais de desnutrição. – a ruiva explicou, se levantando da cama e descendo as escadas.
Não demorou muito para que ela voltasse com as coisas certas para poder tratar do rapaz. Trazia uma jarra de vidro, cheia quase até a boca de água, uma bacia rasa, alguns panos, um pequeno pote branco e um copo.
Colocou as coisas sobre o criado-mudo e se voltou para seu paciente. Iniciou seu tratamento pegando dois travesseiros do armário e colocando sob as pernas dele, voltando a cobri-las em seguida, colocando-o com a cabeça de lado, na típica Posição Lateral de Segurança. Tirou o lençol da parte superior de seu tronco, primeiramente para verificar se não eram apertadas, mas suspirou aliviada ao ver que eram bem folgadas. Pórem, achou que o melhor seria optar por retirar a camisa, assim o fazendo.
Depois, despejou um pouco da água da jarra na bacia, molhou um dos panos, lhe retirando o excesso para que ficasse apenas úmido, e colocou sobre a testa dele, fez o mesmo com outros dois panos, só que dessa vez ela as colocou nas axilas. Por fim, cobriu-o com o lençol, mas deixando os ombros descobertos.
-Parece que você não precisa mais da minha ajuda, não? – George se proferiu, um tanto constrangido. Não era boa a sensação de ser um total inútil naquele momento.
-Ah, c-creio que... Sim. Desculpe. – Alon se volta para o homem, se assustando de leve. Estava tão concentrada no tratamento que havia se esquecido totalmente dele.
-Então eu já vou. Até outro dia e boa sorte com o rapaz. – o moreno falou, dando um leve aceno para a moça, saindo do quarto em seguida.
-O-obrigada. Até... Outro dia! – ela se despediu brevemente. Ainda estava preocupada com o jovem, por isso queria voltar sua atenção para ele logo.
OoOoOoOoOoOoOoO
-Aaalon! O almoço! – Asaliah disse enquanto abria mais a porta com seu traseiro – "Apesar de que, nesse horário, tá mais pra janta..." Uhm? O que você ta fazendo? –perguntou curiosa, olhando a cena.
Quem olhasse aquilo e não soubesse que a ruiva era médica, certamente acharia aquilo muito estranho. O rapaz estava sentado na cama, com a moça abrindo sua boca, levantando de leve sua língua, e colocando uma espécie de papa branca em baixo da mesma.
-Isso? É por causa da apoplexia. O açúcar vai ajudar. – explicou com simplicidade.
-Ah, ta... Sei... – a mais velha disse, fingindo ter entendido. Sinceramente, não entendia e acreditava que nunca iria entender essas coisas de medicina. Eram tantos nomes, e alguns para coisas (doenças) tão parecidas, que a deixavam com dor de cabeça.
-Perai! Essa papa é açúcar? – indagou curiosa.
-Sim. Eu peguei o pote de açúcar. Desculpe não ter avisado, é que eu estava um tanto afobada. Espero que não se importe. – Alon explicou, parecendo um tanto envergonhada pela atitude impulsiva, apesar de ser tão comum por parte dela.
-Não, tudo bem. Mas agora desencana um pouco desse carinha e vem comer. Se você desmaiar, não vai ser bom. – e estendeu o prato para a ruiva, que o segurou com cuidado, depois de colocar o rapaz deitado na cama.
-Parece delicioso! Obrigada, Asaliah! – a moça falou ao olhar para a grossa sopa de legumes, que tinha uma cara realmente boa. Sem demora, ela começou a se deliciar com aquela sopa que, como ela esperava, estava deliciosa.
-E como ele tá? – Asaliah perguntou, se voltando para o rapaz, que tinha uma feição mais tranqüila. Parecia apenas dormir.
-Ele se recuperou bem, em pouco tempo. Em apenas algumas horas, seu estado já se estabilizou. Admito que fiquei até impressionada. – disse dando uma pausa de sua refeição, olhando o jovem atentamente, porém sorrindo de leve. Estava aliviada por ele estar melhorando bem.
-Sério? Que bom! – a mulher falou sorrindo.
Ficaram um tempo em silêncio. Alon apenas terminava sua refeição enquanto Asaliah mirava algum ponto aleatório na cama, aparentemente pensativa. Até que sentiu lembrar-se de algo.
-Ah! E o soro? Vai precisar dele? – perguntou se voltando para a companheira.
-Sim. Ele ainda tem alguns sinais de desnutrição e desidratação. Por isso será bastante útil. – respondeu a ruiva, mirando a amiga com seus olhos azul, praticamente negros.
-Que bom, mas... Cadê eles? – indagou ao não vê-los ali, apenas o suporte de soro.
-Ãh? – se virou para a o criado-mudo, onde se lembrava claramente de ter colocado o soro, mas quase deu um pulo de susto ao ver que, no lugar haviam apenas as duas supostas embalagens transparentes murchas e com praticamente nada dentro e também com o chão próximo ao criado-mudo molhado.
-HEIN?! As embalagens tavam furadas?! – Asaliah indagou quase gritando, tamanho o susto que tinha levado com aquilo.
-M-ma... Ma... Ma-mas c-como...? – Alon olhava aquilo estupefata. Isso explicava a certa umidade que sentiu quando pegou as embalagens, que no momento ela pensava que era apenas o suor das mãos.
-Droga! E não da pra fazer mais por que acabou o sal! – disse a outra se dando um tapa na cara – Ei, você não pode ir ao hospital e pegar alguns?
-Não posso. Eles têm recebido muitos pacientes por desidratação. Não podem ceder nenhum soro. – a ruiva explicou, enquanto tentava pensar em alguma solução.
-Ah! E se você ligar praquele serviço de entrega! – a moça mais velha fala, tendo um súbito flash vindo a mente.
-Boa idéia! Irei ligar para ele agora mesmo! – a médica disse mais animada, saindo do quarto e indo para o andar de baixo.
-Ei! E como fica... Esse chão molhado? – tentou perguntar, mas a moça mais nova já não estava mais lá.
Depois de um rápido suspiro, Asaliah pegou um dos panos que a ruiva tinha trazido e ainda estava seco para limpar o piso. Ao terminar, enrolou os panos que usou em outro para que não ficasse pingando pelo chão. E, antes de sair do quarto, lançou um rápido olhar para o rapaz deitado, fechando a porta devagar ao sair.
OoOoOoOoOoOoOoO
No andar de baixo, Alon já estava no telefone, que tinha uma aparência um tanto antiga. Havia discado o número há pouco tempo, por isso, apenas aguardava que atendessem na outra linha.
Agora que havia pensado, já fazia algum tempo que não conversava com eles. Sabia que seria difícil o loiro estar em casa, pois estava sempre ocupado com o trabalho de entregas, a menos que ela tivesse uma boa sorte e ele acabasse atendendo. Mas logo abandonou a possibilidade. Ela era o tipo de pessoa que não tinha aquela sorte.
Todavia, iria falar com sua velha amiga, que já devia fazer... Quantos? Dois anos? De acordo com sua conta mental, dois anos e alguns meses... Agora que ficava pensando nisso, se sentia um tanto ansiosa. Mal podia esperar para atendesse na outra linha, não importava quem fosse.
Continua...
Esse foi o primeiro capítulo da fic /o/
Admito que estava tão ansiosa para terminá-lo que ficava abrindo o documento do word todos os dias, mesmo quando não sabia o que escrever xD
Queria ter colocado a parte que os personagens do game entram logo, mas como eu já estava com esse capítulo totalmente montado na cabeça, não quis acelerar ou mudar nada para não acabar broxando.
Não precisam se preocupar, no segundo capítulo, além da identidade do rapaz ser revelada, os personagens do game vão começar a ser inseridos /o/
E eu estou tão ansiosa pelo próximo capítulo que já estou até começando a escrevê-lo!
Estou com uma expectativa muito boa para com esse projeto e com o segundo capítulo, por isso, aliviem-se em saber não irei abandonar esse projeto até terminá-lo, mas infelizmente não poderei garantir postagens constantes, pois no próximo ano estarei no primeiro ano do ensino médio e terei pouquíssimo tempo para escrever... T-T
Mas farei o possível para postar, no mínimo, um capítulo por mês... Só não sei se devo prometer, desculpem...
Espero que tenham se divertido com esse capítulo tanto quanto eu me diverti e me empolguei a cada linha!
Espero por vocês no próximo capítulo ansiosamente! Até lá! o/