Extra:
Je t'aime

Jacob's POV

Cinco anos tinham passado desde o casamento de Bella. Cinco anos que eu passei ao lado de Enyo, assistindo diariamente à sua loucura, vendo o quão esplêndida ela era, aprendendo os seus defeitos um a um e sabendo como amá-los, como amá-la por isso. Cinco anos de estudos em Oxford, de dias maravilhos e noites ainda melhores. Cinco anos de uma vida moderna e com luxuosos exageros que ela cometia. Cinco anos com Enyo, cinco anos com Eddie e.... cinco anos com Teo, desempenhando a função de pai que eu acreditava nunca ser possível ao lado de Enyo.

Teodore, o menino de quatro anos que se encontrava internado no hospital de Forks e que tinha um distúrbio alimentar que não o permitia deixar o hospital. No dia anterior a embarcarmos para Oxford, ela, simplesmente, me apareceu em casa com a criança nos braços, dizendo que ia tomar conta dele, criá-lo e vê-lo crescer, tal como se fosse nosso filho. Fiquei abismado. Perguntei-lhe o que a mãe da criança dissera e ela lançou-me um olhar gelado. Susanna não tinha posses para manter Teo no hospital, era tudo demasiado caro. Ela ia abandonar lá o menino com esperança que ele pudesse continuar o tratamento. Escusado será dizer que Enyo ficou louca com isso.

Ela arranjou maneira de equipar plenamente o apartamento que havia comprado em Oxford para que Teo pudesse ter uma vida normal de um menino de quatro anos. No dia seguinte, quando chegamos a Inglaterra, um vampiro bem vestido veio ter connosco e entregou-lhe uma pasta com papeis. Ela sorriu, dizendo-me que aquele era o seu advogado e que Teo estava, oficialmente, adoptado. Eu juro que não compreendo os vampiros, mas gosto da eficácia com que eles tratam das coisas.

Portanto, cinco anos passados de uma vida cheia de alegria e de momentos inesquecíveis.

Olhei para o mar sereno e de águas translúcidas, sorrindo ao ver Teo nadar com facilidade. Ele crescia cada dia mais saudável e isso apenas se podia atribuir a Enyo. Olhei em volta, apreciando as árvores daquela ilha, perdida entre o paraíso tropical que eram as Maldivas. Ainda estava para descobrir como Enyo tinha conseguido que aquela ilha ficasse deserta para nós passarmos férias. Será que ela alugou a ilha? Isso é, ao menos, possível?

O sol tinha acabado de se pôr e a fogueira que iluminava a praia estava acessa há algumas horas. Dirigi a minha atenção para a enorme cabana típica onde ela se vestia e gargalhei com a conversa que vinha de lá. Eddie estava completamente irritante naquele dia.

- Tens a certeza? - indagava ele, com a sua voz estridente e choramingas.

- Absoluta - respondia Enyo.

- Mas ainda podes mudar de ideias! Ou eu posso comer a licença que consegui através da net e-

- Tu nem te atrevas, Edward! - rosnou ela, e eu apostava que lhe tinha lançado um olhar fulminante.

Contive uma gargalhada e aproximei-me mais da beira-mar. Estava quase na hora.

- Teo - chamei, vendo o pequeno olhar-me, sorrir, e começar a nadar na direcção da praia.

Ele correu pelas areias brancas, sacudindo os cabelos loiros e encaracolados, parando a meu lado.

- Ela demora? - perguntou, apoiando as mãos nos joelhos, recuperando o fôlego.

- Eu penso que não - respondi, ao mesmo tempo que ouvia outro 'Edward!' vindo da cabana. - Isto se o Eddie deixar de tentar convencê-la do contrário.

- Dá-lhe um desconto - pediu Teo, gargalhando. - Ele estava habituado a ter a Enyo só para ele. Assim como toda a atenção dela e as regalias malucas que ele gosta.

- Ela mimou demais aquela raposa! - protestei, no momento em que via a porta da cabana a abrir-se e Enyo saindo de lá num simples vestido pálido. - Agora que a aguente.

Rimos. Eddie era, sem dúvida, o ser mais castiço e implicante que eu conhecia. Era pior que uma madame da alta sociedade, cheio de manias e hábitos chiques. Viver connosco num modesto apartamento e ainda ter de partilhar a atenção de Enyo comigo e com Teo fora um duro golpe.

Ela aproximavam-se, a raposa sempre resmungando algo baixo e em francês, impedindo-me de compreender. Eu tinha mesmo de aprender aquela língua maldita!

- Cansado? - perguntou ela, sacudindo os caracóis de Teo com uma mão.

- Um pouco - confessou ele, sorrindo-lhe. - Mas ainda ganho uma partida na consola contra o Eddie.

- Isso é o que vamos ver, humano! - exclamou a raposa, saltando para cima de um tronco de árvore velho e mantendo-se mais alto. - Enyo, tu tinhas mesmo de escolher este sítio horrível e cheio de areia? Isto faz mal ao meu pêlo!

- Eu estou a começar a ter vontade de te ter deixado trancado num canil qualquer - rosnou ela, passando o braço em volta do meu e encostando a cabeça no meu ombro.

- Eu acho que devias mesmo ter deixado - disse, prendendo uma gargalhada perante a expressão de indignação da raposa.

- Se é isso que querem, eu vou-me embora! - guinchou ele, preparando-se para saltar para o chão.

- Eu acho melhor não fazeres isso, Eddie -aconselhou Teo, sorrindo. - Senão ficas outra vez de castigo!

- E será pior do que quando compraste aquele sistema de cinema em casa sem autorização - completou Enyo, sorrindo também. - E começa lá isto, que eu não tenho a vida toda!

- Eu acho que vou de férias para um spa depois disto - resmungou ele, suspirando e olhando para nós. - Vocês querem mesmo fazer isto? Ainda estão a tempo de desistir.

- Edward! - rosnou ela, no que a raposa de encolheu.

- Ok, ok - suspirou, olhando para mim em seguida. - Cão, tu tens mesmo a certeza que queres casar com uma vampira louca e insana que é compradora compulsiva e juras amá-la e respeitá-la, obedecendo a todas as suas ordens e às do seu fantástico animal de estimação, até que vocês se cansem um do outro e resolvam separar-se já que a morte não o pode fazer por vocês?

- Porque é que tu não podes dizer as coisas como elas devem ser? - interrogou Enyo, fuzilando Eddie com o olhar. - Custa-te muito dizer: "Jacob aceitas a Enyo como tua esposa" sem mais disparates?

- Eu aceito - respondi, enlaçando a cintura dela com o braço. - Sem contar com o obedecer ao animal de estimação.

- Enyo - chamou a raposa, virando-se para a dona e fazendo uma expressão de dar pena. - Minha querida Enyo, tu ainda vais a tempo de não concretizar esta loucura! Pensa bem, por favor!

- Eu vou-te mandar capar! - afirmou ela, cruzando os braços, furiosa.

- Estás feito, Eddie - comentou Teo, gargalhando.

Era impossível não rir da raposa encolhida a um canto do tronco.

- Ok, pronto - cedeu ele. - Enyo, aceitas o cão que cheira mal e ressona grotestacamente, que é demasiado grande para a caber numa cama normal, que não tem um pingo de glamour no sangue poluído, que come a minha comida e joga os meus jogos, que é burro e que é o teu inimigo natural como teu esposo?

- Eu aceito e vou-te bater, sua raposa miserável! - bufou ela, dando um passo em frente, no que eu a segurei.

Porque este animal tinha de ser o único que tinha a licença para realizar casamentos?

- Mas depois quem joga consola comigo quando vocês estão na universidade? - indagou Teo, gargalhando.

- Vês? Ele apoia-me! - protestou a raposa, no que Enyo apenas lhe lançou outro olhar. - Então, antes que a Enyo me mate, eu, pelo poder investido em mim pelas fantásticas licenças de casamentos que eu consegui na net a um preço fabuloso, vos declaro... marido e- Enyo tens a certeza?

- EDWARD! - berrou ela, avançando para a raposa.

- Ok, pronto, vos declaro marido e mulher, pode beijar a noiva, fui! - guinchou ele, saindo a correr de cima do tronco em direcção à cabana.

Eu e Teo gargalhávamos perdidamente enquanto Enyo bufava de raiva. Teo aproximou-se de nós, nada disse, apenas estendeu os braços e abraçou-nos aos dois. Sorriu, virando costas e correndo, também, na direcção da cabana.

- Eu juro que arranjo um casamento decente quando regressarmos - suspirou ela, envolvendo o meu pescoço com os braços. - E que nunca mais volto a confiar nada à minha raposa idiota.

- Não é necessário - sussurrei, roçando os lábios nos dela. - Eu estou feliz assim, sem festas nem juízes da paz mórbidos. Apenas contigo, com o Teo e com a raposa louca. Foi perfeito, Enyo. Não o teu tipo de perfeito, mas o meu.

- Eu já disse que te amo? - perguntou ela, sorrindo.

- Já - respondi, beijando-lhe o pescoço desnudo. - Mas eu não me importo que o digas novamente.

- Je t'aime, Jake - sussurrou ela, no seu francês impecável, olhando-me directamente nos olhos. - Je t'aime.


N.A.: Agora sim, terminou ^^
Eu espero que tenham gostado do extra e de toda a fic.
Reviews são sempre muito bem vindas, eu respondo a todas ^^

Obrigada a todos os que acompanharam e a todos os que sempre me apoiaram e ajudaram a ter inspiração para continuar.

Bjos, até uma próxima ^^
(De certo que noutro fandom, já que esta foi a minha primeira e última fic de Twi)

Just