Shina sentia o corpo dele junto ao seu, molhando suas costas. Com espanto constatou que ele não teve tempo de se enxugar e colocar uma roupa. Seu corpo tremeu, seu rosto corou violentamente. E sua voz saia tremula quando respondeu quase sem conseguir pronunciar as palavras:
- Os dois soldados que deixei montando guarda na entrada do santuário adormeceram enquanto eu fazia uma ronda. Quando percebi que alguém havia passado, subi a escadaria para investigar e expulsar o invasor.
- Veio fazer tudo isso sozinha? Não tem consciência de suas limitações, garota?
- Não sou uma amazona qualquer, cavaleiro de aquário. Sou a amazona de prata. Shina de cobra.
- Sei exatamente quem você é. A questão é que poderia surgir alguém mais forte que você, e tão impiedosos quanto os juízes de Hades.
- Não vim aqui para que um cavaleiro de ouro fique me esnobando, e dizendo o quanto pareço fraca por ser uma mulher. Cheguei aonde cheguei com meu próprio mérito.
- Está distorcendo minhas palavras, Shina. Só quis dizer que me preocupo com você agindo sempre com imprudência. Por mais determinada que seja, sabe que existem pessoas mais forte que você.
- Quer dizer que além de me achar imprudente, acredita que eu nunca deveria desafiar o inimigo por temer que ele seja mais forte que eu? Então por que diabos me tornaria uma amazona? Esse é um risco que qualquer um que segue esse tipo de vida deve passar.
- Não vi prudência nenhuma quando foi me procurar com aqueles trajes impróprios. – provocou baixinho próximo ao ouvido dela, quase como um sussurro.
Então agora ele se lembrava do que havia acontecido há muitos anos atrás? Não sabia se sentiu abalada por ele lembrar daquele tempo, ou se era pelo contato daquele corpo junto ao seu, com apenas o tecido de sua roupa interpondo-se entre eles. Debateu-se um pouco na tentativa de que a soltasse. Demorou alguns segundos, mas ele acabou afrouxando o abraço e ela se soltou de vez, arrependendo-se depois. Há pouco tempo sentia uma certa tranquilidade misturada com um inexplicável temor. E agora, sentia-se vazia desejando que ele voltasse a grudar o corpo ao seu.
- O que diria se eu dissesse que me preocupei com você em Asgard? – devolveu com um tom sarcástico, tentando ferir o orgulho dele ao saber que uma mulher achasse que ele não seria capaz de resolver sozinho uma questão como aquela.
Kamus apenas sorriu, e Shina percebeu, para seu desgosto, que ele não se abalara nem um pouco com sua provocação. Pegando sua máscara no chão, colocando-a no rosto, saiu dali extremamente irritada. Sentiu um ódio tão profundo, que nem sua imprecação ao vento a fez sentir-se aliviada. Estava com raiva dele, e principalmente com raiva de si por fazer o papel de boba. Nem mesmo quando descontou nos pobres coitados dos soldados conseguiu sentir-se aliviada daquele sentimento que a consumia por dentro. Bem na hora em que acertaria o outro que aparecera a sua frente, conteve-se imediatamente ao ver o grande mestre chegando junto com os outros cavaleiros. Seguindo o olhar para onde o grande mestre fitava, percebeu que estaria encrencada se saísse dali sem dar satisfação:
- O cavaleiro de aquário chegou, e esses soldados dormiram no serviço enquanto eu fazia uma ronda. Felizmente era apenas um cavaleiro de ouro. Agora que vocês chegaram, entrego a proteção do santuário, pois tenho que dormir cedo. Amanha tenho um longo dia de treinamento com esses novatos para que nunca mais cometam o mesmo erro.
Disse retirando-se dali sem ter paciência para as perguntas que poderiam chegar depois de agir daquele jeito. Chegando em sua casa, preparou um bom banho quente para relaxar a musculatura que estava dolorida. Estava tão cansada dessa vida ingrata de amazona. Sempre sendo rebaixada a pequenas tarefas, sempre sendo vista como um ser frágil que não poderia enfrentar um inimigo mais forte, sempre tendo que fazer um relatório detalhado quando os cavaleiros faziam uma vez por mês e olhe lá. Enrolando-se na toalha, foi até seu guarda-roupas para vestir algo confortável para dormir. Já ia pegando uma velha roupa que adorava usar quando não tinha que sair de sua casa quando um dos vestidos a sua frente chamou sua atenção. Ninguém a veria usando aquilo mesmo, então decidiu pôr o vestido verde. Mirava-se no espelho dizendo a si mesma que deveria ao menos usar um batom de cor suave. O vestido era simples, mais dava a impressão que não era a verdadeira Shina aquela imagem a sua frente. Já que estava usando aquele vestido e batom, não custava nada se maquiar. Pegou o estojo e começou a trabalhar a única maquiagem que aprendera com a mulher do salão. Olhando-se novamente no espelho pensou "Definitivamente essa não sou eu. Será que teria menos problemas na vida se resolvesse mudar de vida? Bah, e deixar de ser amazona? Nunca!" Deu um certo trabalho para construir aquela imagem, e seria um desperdício retirá-la apenas para dormir. No dia seguinte teria mesmo que lavar o rosto ao acordar, então não tinha muita lógica lavar o rosto naquela hora.
- O que as outras amazonas pensariam se me vissem assim? Provavelmente fariam muita chacota.
Penteou o cabelo, apagou as luzes e deitou em sua cama. Estava muito cansada, e no entanto, não conseguia dormir. Devia ser o calor. Levantou-se indo direto para a cozinha onde se serviu de um copo cheio d'água gelada. Infelizmente, antes mesmo de voltar pra cama, sentia algo estranho percorrer seu corpo. Uma sensação de solidão sem fim. Sentiu-se assim a primeira vez quando partiu da Sibéria, na segunda vez foi por causa de seu discípulo. O que seria isso agora? Ela bem que sabia, mas tentava a todo custo negar isso a si mesma. Tinha que tentar esquecer aquele contato tão íntimo que teve há pouco tempo com o cavaleiro da casa de aquário. Ele era o tipo de homem que estava fora do alcance de qualquer mulher. Bem, talvez nem todas. Conhecia a beleza de Hilda de Polaris, e provavelmente sua demora em resolver o problema que se instalara em Asgard foi apenas um pretexto para permanecer por lá. Se preparava para deitar-se com ou sem conseguir pegar no sono quando alguém bateu a sua porta suavemente. Quem poderia ser àquela hora da madrugada? Não importava quem fosse, enxotaria rudemente. Colocou a máscara no rosto, e abriu a porta pronta para dizer poucas e boas para aquele insolente.
- Quem você pensa que é para me perturbar... ? – as imprecações que viriam após sua pergunta morreram antes mesmo de conseguir terminar de perguntar. O que aquela pessoa poderia estar fazendo ali?, pensava Shina.
A pessoa que estava parada a sua frente olhava para ela com uma expressão diferente. Nunca tinha visto aquela expressão naquele rosto. Pôde sentir ser devorada com aquele olhar. Percebeu o que ele estava fazendo, mas nem conseguiu mover um único músculo para impedir.
- Não precisará disso. – dizia o homem retirando sua máscara e a jogou em cima de uma cadeira.
A seguir segurou-lhe a nuca, e colou os lábios nos dela. Shina estava espantada com aquela atitude dele. Nunca, nem mesmo em sonhos poderia esperar por aquilo daquela pessoa. Mas a forma como ele falou, deu a certeza de que o beijo não seria paciente, e sim algo selvagem. Um terrível engano. Aquele era de pura sensualidade. Parecia que ele aproveitava cada segundo, e não fazia menção de afastar-se, nem mesmo para buscar ar para os pulmões. No entanto, em algum momento teria que se separar para respirar. E quando isso aconteceu, observou que ela parecia paralisada, ainda extasiada com a surpresa. Percebendo aquele olhar, rapidamente mudou sua feição de abandono para uma irritada:
- Você zomba de mim, riu quando eu disse que me preocupei com você. O que fará a seguir? Trocará confidencias com Milo sobre uma noite em que teve a idiota aqui em seus braços?
Kamus aproximou-se mais e mais até que Shina não conseguia mais dar um passo pra trás devido à parede atrás de si. Sentiu o corpo dele ficar tão junto ao seu que ar morno de sua respiração ir de encontro de seu rosto. A voz dele soava com a calma tão conhecida do cavaleiro de aquário, porém parecia tão sedutora que ela sentiu tremores abalar seu corpo e sua convicção:
- Já deveria saber que não sou esse tipo pelo qual me toma, Shina.
Kamus afastou-se um pouco deixando apenas as mãos apoiadas na parede atrás de Shina, encurralada-a contra a parede. Shina pôde ver naquele olhar que lhe dirigia era um pouco parecido com aquele de muitos anos atrás. Não. Agora parecia mais intenso, como se um fogo que não pudesse ser extinto com água queimava-o e consumia sua alma. Sabia disso porque seu corpo também sentia o mesmo desde o momento que saíra da casa dele. Pôde ver também que ele não estava brincando quando demonstrou certo interesse por ela, nem quando deu a entender que jamais ficaria se vangloriando por estar assim, tão junto dela.
Seria mesmo possível que ele estivesse tão excitado quanto ela estava naquele momento? Ao sentir ainda mais a proximidade dos corpos teve a certeza absoluta. Então, quando Kamus tomou seus lábios num beijo sensual, acabou cedendo ao apelo do corpo. Enlaçou o pescoço dele, puxando-o para si, percebendo que seus corpos se encaixavam perfeitamente, como se ambos tivessem sido feitos sob medida. Kamus retirou as mãos da parede, abraçando a amazona e erguendo seu corpo. Entendendo seu gesto, Shina enlaçou-o com suas longas pernas, e se deixou conduzir para a cama. Depois de tantas coisas que havia passado nessa vida, não poderia tentar adiar mais uma vez em satisfazer o desejo de seu corpo.
Se tivesse sido mais receptiva quando o conheceu na Sibéria, certamente não se deixaria levar pelas questões que a irritava com tanta facilidade. Talvez tivesse se tornado uma pessoa mais feliz, e não aquela mulher que tentava disfarçar sua frustração com imprecações e gestos rudes. Todos tinham o direito de fazer aquilo que fizesse bem pra si, e o que estava acontecendo era exatamente o que se podia dizer que lhe fazia um grande bem. Tinha a curiosidade de saber como era e sentir o mesmo que outras mulheres sentiam no momento de intimidade. Depois de ter sido depositada em cima da cama, começou a ter uma ideia de como seria.
Kamus era um homem em todos os sentidos da palavra. Estava sendo paciente ao tirar-lhe o vestido mesmo estando no limite de seu desejo para ter aquele corpo feminino pra si. Era muito carinhoso para um homem tão frio como era conhecido por todos. E definitivamente um verdadeiro espécime masculino, não só pela beleza como também pelo que estava fazendo. Ninguém podia duvidar que ali, diante dela, estava um homem experiente. Ele conseguia arrancar gemidos da mulher que muitos diriam que não era capaz de sentir nada por um homem já que estava sempre mostrando seu desprezo por pessoas do sexo oposto. As mãos dele não eram geladas, como qualquer um poderia supor. Era muito quente e capaz de fazer maravilhas.
Estava muito bom pra Shina, no entanto ela mesma sentiu a necessidade de tomar as rédeas. Poderia ser inexperiente, mas mostraria para aquele cavaleiro que também poderia jogar o mesmo jogo que ele. Shina fez o cavaleiro rolar na cama, e ficou por cima dele. Kamus sorriu ao ver aqueles olhos brilhando cheio de desejo. Mas esse sorriso morreu pouco depois quando Shina demonstrou tudo o que havia aprendido com ele, e quando ousava testar novas experiências. Quando se deu conta, já estava sem suas roupas. O tão controlado cavaleiro de aquário estava a ponto de perder o controle quando sentiu as carícias ousadas em seu baixo ventre. Segurou-a pelos ombros:
- Se continuar a fazer isso terminaremos antes que possa experimentar outras coisas. – sussurrou perto dos lábios dela e deu o beijo pelo qual os franceses ficaram muito conhecidos.
Shina não acreditava que era possível ficar mais excitada do que estava, mas Kamus mostrou que ela estava muito errada quanto a isso. Voltando a rolar na cama, trazendo-a consigo e ficando por cima dela. Beijando-lhe os lábios e descendo vagarosamente até a curva dos seios, tomando um e depois o outro. Kamus desejava fazer isso no momento que a viu toda produzida, pronta para ia ao Coquetel de Saori. O vestido que ela estava usando realçava cada curva do corpo perfeito. Quando ouviu aquele comentário de Saga teve vontade de levá-la em seus braços até sua casa e fazer com ela tudo o que estava fazendo até agora. No dia seguinte se candidatou a ir para Asgard temendo cometer uma loucura.
- Eu quero mais... quero você... Agora! – Shina pedia entre um gemido e outro, trazendo Kamus à realidade.
Atendendo aquele pedido que parecia mais como uma ordem, Kamus se posicionou entre as pernas dela, penetrando-a lentamente. Shina gemeu, abraçando-se a ele, e arranhando suas costas. Kamus capturou seus lábios com um beijo caloroso, esperando o corpo dela se acostumar-se. Kamus sentiu quando o corpo dela relaxou, indicando que poderia prosseguir. Continuou movendo-se com certo cuidado, até que seus corpos exigissem que aumentassem o ritmo. Os corpos suados mexiam-se como se estivessem dançando uma dança selvagem. Por fim, os dois chegaram juntos ao mais alto e satisfatório dos prazeres. O cavaleiro deitou-se ao seu lado, puxando-a para junto de si. Ambos ainda tinham a respiração ofegante. Mesmo depois, nada foi dito. Não era preciso. Havia sido maravilhoso. Kamus tocou seus cabelos agora negros pela tintura e deu um beijo demorado.
Os dois ficaram ali, se beijando, se abraçando e se acariciando até que Shina sobe em cima de Kamus com um sorriso malicioso. Agora sim, seria a vez de ela comandar a dança dos amantes.
Kamus também sorriu. Agora ele veria o que a amazona de cobra seria capaz de fazer. Sabendo que ela aprendia rápido, teve uma vaga ideia do que poderia esperar a seguir.
Shina se mostrou uma performance ainda melhor que a primeira, contudo Kamus pretendia lhe ensinar mais, e parecia que a noite não havia sido suficiente. Mesmo exaustos pela noite insone e pelo exercício físico, os dois sentiam vontade de passar a manha toda ali na cama, abraçados. Todavia, como amazona teria que voltar a sua rotina. E Kamus ficou na casa dela, para preparar um jantar surpresa, tendo em mente fazer outras surpresas que certamente Shina adoraria.
Continua...
N/A: Bem, a minha ideia era fazer um hentai, mas no fim, acabou saindo um lemon. De qualquer forma espero que não tenham ficado decepcionados. Prometo tentar algo melhor no próximo capítulo. Até lá.
Gostaria de agradecer aqueles que leram e comentaram. E um agradecimento especial para Nina. É, minha cunhadinha tem me ajudado muito nessa semana de niver. Todo dia postando um capítulo é cansativo.
