Desclaimer: Nada disso me pertence. Mas amo muito brincar com eles.


Parte 3

Conseguia sentir que ele a observava, vigiava seus movimentos e se escondia nas sombras. Viu outros dois olhos brilhantes aparecerem no fim do beco e sumirem rapidamente, avisando que eram duas pessoas; perigo redobrado. Se ao menos conseguisse alcançar a porta, entraria por ela e a trancaria. Mas já sabia que não conseguiria antes que eles a pegassem. Era tarde demais.

Estava com medo, um medo insano de que não seria apenas assaltada, tinha algo mais em seu medo lhe avisando que vinha dor. Uma dor que ela não conhecia e isso a assustava ainda mais, ouviu passos arrastados. Olhou novamente para a porta, tinha que conseguir chegar lá, tinha que escapar. Não era possível que não fosse conseguir salvar a própria vida a poucos metros da porta de sua casa.

Como queria ter aceito o convite de Harry para que fossem dar uma volta antes de retornar para sua casa, sozinha. Não gostava de andar sozinha, mas também odiava ser tratada como uma dama indefesa, nunca fora isso, nem nunca seria. Porém, nesse momento estava indefesa, estava sozinha e não tinha como resolver tal situação. Não tinha como escapar, e os passos se aproximavam, a escuridão do beco crescendo cada vez mais, parecia que acompanhava os passos. A escuridão parecia se arrastar pelas paredes, tentando alcançar Hermione, cobri-la, ajudar a esconder a pessoa que se aproximava dela devagar, como um caçador se aproxima da presa.

Correu até a porta, seus saltos fazendo barulhos altos ao baterem no chão. A morena segurou a maçaneta da porta, ouvindo uma risada zombeteria bem baixa alcançar seus ouvidos atentos. Girou a maçaneta e a porta se abriu com facilidade, Hermione impulsionou seu corpo para dentro e fechou a porta logo em seguida, girou a chave no trinco, ouvindo a porta ser trancada, o perigo ficando do lado de fora. Sua respiração era rápida, sentia o coração batendo contra o peito, o corpo todo tremia, sentia que nunca passara por perigo maior na vida, do que acabara de passar.

Encostou a cabeça na porta, fechou os olhos e tentou se acalmar, quem quer que fosse, tinha ficado do lado de fora, não iria entrar para lhe fazer mal. Já estava fora de seu alcance, mas escutou passos do lado de fora. Pessoas paradas na frente da porta, e conversavam baixo, bem baixo, pois Hermione não conseguia escutar. Seu coração pulou uma batida quando um deles riu novamente e ela percebeu que conhecia aquela risada. Não tina plena certeza de onde a conhecia, mas conhecia aquela risada, e essa risada lhe fazia um frio conhecido subir pela espinha, alcançando todo o corpo, inundando a mente.

-Senhorita Hermione? – a morena deu um pulo, colocando as mãos na boca, impedindo um grito de sair. Virou-se para encarar a empregada que a olhava com curiosidade e certa vergonha por tê-la assustado.

-Mary, a próxima vez que fizer isso, vai acabar me matando. – disse Hermione, encostando o ouvido na porta e tentando ouvir mais alguma coisa, porém as vozes haviam parado. Parecia que não havia mais ninguém do outro lado, mas não arriscaria abrir a porta e encontrar com aqueles dois homens. Não, deixaria a porta fechada e não deixaria Mary sair por ali, nem abrir aquela porta até o sol ter saído.

-Desculpe, Senhorita Hermione, não queria lhe assustar. Apenas queria perguntar se quer que já esquente seu banho para o jantar de hoje? – a moça ainda olhava a patroa com o rosto colado na porta, parecendo querer escutar um segredo que diziam do outro lado.

-Sim, pode sim. Eu... realmente preciso de um banho quente. – respondeu, afastando-se devagar da porta e prestando atenção a cada mínimo barulho que vinha do outro lado. Mas só havia o silêncio, eles não estavam mais parados do outro lado, esperando para atacá-la. Ao menos era o que Hermione pensava.


Nunca sentira o coração bater tão forte quanto batia naquela noite, mas era quase impossível não se sentir assim. O corpo parecia se mexer no compasso de seu coração e escutava claramente que o som batia contra as paredes da sala de jantar e voltava lhe acertando com violência. Precisava se acalmar ou ele a acharia uma criança. Uma criança que estava tão insana por vê-lo outra vez, por ouvir sua voz arrastada, sua pele clara, seus olhos cinza, o sorriso no canto da boca.

Tudo em Draco Malfoy parecia ser perfeito, de um jeito que Hermione tinha plena certeza que era errado. Era errado e ela não poderia demonstrar interesse demais ou ele se aproveitaria disso e a faria de boba, tinha que ser firme. Tinha que fazê-lo ficar mais interessado nela, querer estar mais com ela, talvez assim na próxima reunião pudessem ficar juntos.

Levantou-se da cadeira e andou pela sala de jantar, sua roupa não era a mais apropriada para a ocasião, mas gostava de usar aquele vestido. Era um vestido preto, com pequenas rendas na região do busto, sem alças, deixando suas costas e ombros expostos. Não sabia qual seria a resposta dele em relação à sua roupa, mas esperava que fosse positiva. Adorava ver os olhos dos homens escurecerem devido a sua pele a vista, como eles desejavam tocá-la, e não tinham permissão.

Balançou a saia do vestido com as mãos, fazendo com que a barra negra arrastasse pelo chão, seus sapatos com pequenos saltos aparecerem debaixo do tecido e Hermione sorriu. Sua mãe lhe dera aquele sapato, dias antes de morrer, e adorava usá-lo, pois se lembrava de cada elogio que recebera dos pais ao colocá-lo. De ver a mãe feliz por ela estar usando algo que ela dera, e ver que a filha realmente tinha gostado do presente.

Olhou para os lados, podia sorrir sem ter motivo aparente, estava lembrando de seus pais. E sem dúvidas, todos naquela casa gostavam de seus pais. Os empregados os adoravam, seus amigos também, ela os amava mais que tudo. Mas a vida é cruel, e eles se foram. Foram tirados da vida dela, com um puxão sem aviso prévio, sem qualquer notícia. Somente a notícia da morte, e mais nada. E ainda doía hoje em dia pensar neles, pensar que eles poderiam estar aqui, cuidando dela, ensinando-a coisas que ela só conseguia aprender agora sozinha e com muito esforço.

Decidiu não pensar em tais coisas, era somente mais um motivo para chorar. E tudo que menos queria naquela noite era chorar. Queria sorrir, conversar, deixar Draco Malfoy o mais a vontade que pudesse, para que ele sentisse vontade de voltar. Cada vez mais, e sempre ficar cada vez mais. Ouviu o estridente sino avisando que alguém estava na porta, e tratou de se sentar. Ficou completamente parada, esperando que ele entrasse pela porta e fosse apresentado por sua ama.

-Srta. Granger. O Sr. Malfoy. – disse a ama, entrando na frente e virando-se para estender a mão na direção de Draco.

Malfoy entrou no recinto, olhando cada mínimo detalhe daquela sala de jantar. Mesa de madeira escura com seis cadeiras, cada um bem colocada no grande tapete marrom. Paredes em um tom escuro, papel de parede envelhecido, mas com um toque vintage. Alguns quadros de pinturas, com comidas, frutas ou campos abertos com flores. Nada muito luxuoso, apenas o necessário.

-Draco. – disse Hermione, levantando-se e curvando brevemente o tronco. Ele sorriu pelo canto da boca, fazendo-a arfar. Inclinou-se brevemente também, entregando seus pertences à ama.

-Hermione. Está muito bela. – comentou, sentando-se e observando a morena do outro lado da mesa. Não que a distância fosse grande, porém, assim conversariam pouco. E seu intuito nesse jantar, era conhecer melhor a morena. Saber sobre a vida dela, para só então tomar uma decisão.

-Obrigada. – disse, sentindo-se bem. Era bom ser reconhecida bela pelos homens à sua volta. Principalmente se quem a elogia é a beleza em pessoa. Não conseguia desviar os olhos dele, parecia que estava hipnotizada. Hipnotizada por sua beleza, por seu jeito de se mexer, por seu jeito de falar. O que aquele homem tinha que a deixava daquele jeito?

-Sente-se mais perto. – não era um pedido, era quase uma ordem. E Hermione levantou-se, andando calmamente até a cadeira que ficava ao lado dele, sentando-se. Vendo que por nenhum momento Draco tirava os olhos de si, atento a cada movimento, cada mudança de comportamento. – Está quieta.

-Me assustei hoje, achei que alguém tentaria algo contra mim.

-Alguém tentou lhe atacar? – Draco quase não conseguia se conter. Vira o medo nos olhos dela, e isso só o instigara. Agora ela estava tão serena que não parecia a mesma garota assustada do beco.

-Sim, mas não conseguiu. – disse confiante, como se tivesse enfrentado algum demônio, e tivesse ganhado.

-Você foi mais rápida. – não era pergunta novamente. Hermione o olhou e depois para a ama parada na porta. Sabia que ela vinha avisar que o jantar estava pronto. Assentiu e a viu voltar à cozinha, avisar os outros empregados que poderiam servir.

Draco nada mais disse, apenas viu a comida ser colocada em seu prato e no prato de Hermione. Vendo que a morena estava evitando olhá-lo, como se soubesse que seria melhor olhar em outra direção. Fixou ainda mais seus olhos cinza nos castanhos dela, vendo que ela olhava com mais força para baixo. Lutando contra seu poder. Ela era uma mulher forte, de mente decidida. Estava lutando contra a mente de um vampiro antigo.

Começou a comer, sentindo que ele lhe olhava. E lutava contra si mesma para não olhá-lo. Seria deixá-lo saber o poder que exercia sobre ela, e isso não poderia acontecer. Não poderia deixá-lo saber daquilo. Não o viu levantar o garfo durante a refeição, mas a comida sumiu do prato. Como se tivesse sido dragada para algum lugar desconhecido. Terminou de comer, olhando rapidamente para os olhos dele, e antes não o tivesse feito. Aquilo abalou suas estruturas, os olhos estavam ainda mais intensos. Exerciam uma força contra ela, que Hermione teve plena certeza que nunca sentira nada tão forte.

-Vou mandar os empregados embora. – a voz de Draco era forte, porém baixa. Quase não a escutou. E não o impediu de fazer tal coisa, aquela era sua casa e não gostava de ninguém mandado nela. Mas por uma estranha razão, deixou. Deixou que ele fosse até a cozinha e mandasse todos os empregados para suas casas. Não perguntou nem o motivo de tal atitude. Mas teve uma breve idéia do porquê.

Olhos cinza.

Ele tinha olhos brilhantes como os dos homens que estavam no beco. Entretanto, não poderia ser a mesma pessoa. Ele nunca lhe faria mal, nunca a mataria ou atacaria. Tinha essa certeza, não sabia bem por que, mas tinha essa certeza. O viu parado na porta e o fitou, vendo que ele estava sem o paletó, apenas com a camisa, o primeiro botão aberto. Seus olhos se prenderam na pele quase translúcida que ali aparecia. Baixou os olhos, era tão errado ficar a apreciá-lo daquele modo que se sentia uma garotinha a olhar um sorvete.

-Por que abaixa os olhos? – a voz dele estava perto, e ela o olhou. Ele estava a seu lado, parado perto de si. Como se movera tão rápido?

-Por nenhum motivo. – respondeu, levantando-se e segurando a mão que ele oferecia. Ele a puxou de modo brusco, juntando seus corpos. Hermione não era inocente e gostava do modo como ele a tratava, mas algo a dizia que tinha que ficar longe dele. O mais longe que conseguisse.

-Então, me deixe te guiar.

-Para onde?

Draco sorriu pelo canto da boca, a voz dela era uma melodia a muito escutada. Gostava de ver a confusão nos rostos das vítimas. Gostava de ver algo estranho passado por suas mentes. Medo. Medo ainda não concretizado. Somente concretizado no momento em que suas presas se cravavam nas peles, dilacerando a carne, sugando sangue. E Draco estava pronto para fazer isso. Pronto para se alimentar, tirar todo e qualquer proveito do corpo de Hermione.

Inclinou-se, beijando os lábios dela, ela aceitando-o. Como todas faziam. Beijou, um beijo calmo, lento, de reconhecimento. As mãos dela estavam segurando seus braços, as suas prendendo-a pela cintura. Seria fácil tirar o vestido dela, um puxão preciso no lugar certo e o tecido iria ao chão. Mas ainda era cedo, e não a queria ali. Subiriam até o quarto, daria a garota o que ela ansiava. Para só depois pegar o que queria.

O corpo dela por inteiro estremeceu. Ele tinha a pele fria demais, mas esquentava a sua por inteira. O beijo era calmo, como o de dois amantes, não a violência gratuita que era quando estava com Sirius. Malfoy beijava com certa paixão, como se ansiasse mais do que ela o que estava por vir. E Hermione estremeceu novamente ao pensar no que estaria por vir. Ele não se movia na direção das escadas, mas também não sabia se era essa a intenção dele. Sentiu uma das mãos dele descer por suas cintura e parar na lateral de sua coxa, levantando a saia do vestido aos poucos. Revelando sua perna, a cinta liga preta presa em sua coxa, brincando com ela um momento. Puxando-a e a fazendo deslizar minimamente para baixo.

Hermione sorriu durante o beijo. Não conseguia entender qual era a fixação dos homens para com aquela peça, mas todos eles tinham. Todos eles adoravam vê-la, mexer, puxar e tirá-la. Era parte de um processo de antecipação. Um ato que garantia o que estava por vir. Ele subiu o outro lado da saia, os dedos frios tocando sua pele, uma boca nunca deixando a outra. Draco sentia as mãos dela em seu cabelo, segurando-o para que não quebrasse o beijo, mas por uma estranha razão, não era bem aquilo que o estava incomodando. Na verdade, o fato daquela garota estar apreciando tanto é que estava lhe deixando incomodado.

Queria ter o corpo da garota antes de mordê-la, mas ela estava começando a pensar que seria carinhoso, calmo. E isso, definitivamente, Draco Malfoy nunca fora. Nem vivo, nem morto. Subiu por completo a saia do vestido dela, espalmando suas mãos na parte de trás das coxas dela, levantando-a e colocando-a sentada na mesa. A castanha suspirou em surpresa e separou suas bocas, olhando-o nos olhos. Draco pouco se importou com a surpresa dela, desceu os lábios pelo pescoço dela, beijando, sugando, fazendo uma mínima pressão na jugular. Sentindo o sangue correr pela veia, implorando para ser seu. Implorando para escorrer para dentro de sua boca.

Mas ainda não, ainda era cedo demais. Suas mãos estavam espalmadas nas coxas dela, subindo rapidamente, chegando à renda dela. Hermione arqueou ao senti-lo puxar sua roupa de baixo, tirando-a do corpo, jogando-a em algum lugar da sala de jantar. Não conseguia entender a mudança repentina de Malfoy, mas não conseguia evitá-lo. Cravou as unhas nas costas dele, puxando-o para si, deixando-o entender que o queria. Encaixou-o ainda mais entre suas pernas, e sentiu as mãos dele abrindo os laços de seu vestido nas costas, soltando a peça em seu corpo. Hermione não perdeu tempo, desabotoou a camisa branca dele, revelando a pele pálida esticada sobre músculos. Deslizou sua mão sobre a pele gelada, sentindo as mãos dele deslizando por suas costas.

Buscou os lábios dele, beijando-o, enquanto fazia o tecido da camisa cair no chão, e descia suas mãos na direção da calça. Draco puxou o tecido da pele dela, fazendo com que ele se soltasse em sua cintura, mostrando seios fartos. Hermione arqueou ao senti-lo lhe tocar, beijando e sugando. Suas mãos tremiam e ela já não conseguia mais abrir a calça dele. Ele tinha lábios finos e habilidosos. A língua dele era lenta, causando uma mudança de temperatura no corpo dela como nunca acontecera antes. Conseguiu se concentrar o suficiente para começar a abrir a calça. Mas Draco a impediu e passou a abri-la ele mesmo, enquanto ainda beijava e mordiscava cada pedaço de pele que Hermione deixara a mostra.

-Você não existe. – comentou a castanha, rindo e puxando-o para mais um beijo.

Malfoy riu durante o beijo. Ela estava certa, ele não existia, para a mente humana, ele era apenas um mito, uma história para assustar crianças. Mas ali estava, vivo e morto. Possível e impossível. Sedento por sangue e por vida eterna. Segurou o corpo da garota contra o seu, fazendo com que ela sentisse seu frio eterno. Postou-se dentro dela, vendo o corpo dela arquear com força, ouvindo o coração dela bater cada segundo mais rápido, parecendo que explodiria. Um tambor tocado na sala de jantar, qual Draco ansiava ouvir bater cada vez mais devagar, bombeando vida para dentro de seu corpo imortal.

Hermione gemeu alto, ele estava por completo em si, beijando seus ombros, pescoço, maxilar. Uma das mãos dela estava presa às costas dele, arranhando-o, enquanto a outra estava em seu braço, segurando e apertando. Temia cair da mesa, estava muito na ponta, mas ele a segurava, uma mão no quadril, a outra no pescoço. Um aperto e ele a enforcaria, mas essa não era a intenção. Era apenas para mantê-la no lugar. E era o que Hermione pensava, até sentir o aperto ficar mais forte.

O olhou nos olhos, e viu que aqueles olhos cinza, estavam negros. Negros como carvão, insanos e famintos. Por um momento temeu, mas o corpo dele batendo contra o seu, levando-a a loucura, parecia fazer com que tudo desaparecesse. Draco apertou um pouco mais a mão no pescoço dela, ainda sem fazer pressão o suficiente para machucá-la. Sentia aquela sensação que sentia quando era humano, do corpo começar a estremecer e perder o controle de suas investidas, o ápice. E teve o seu, sentindo o corpo dela estremecer junto, seu nome deslizando pelos lábios inchados dela. Ouvindo-a gemer e o coração bater mais devagar, mas a respiração dela continuava rápida. O corpo dela ainda o segurava, preso contra ela, impedindo de sair ou se mover. E Malfoy riu disso, ela não teria essa mesma reação ao vê-lo transformado.

Seu corpo formigava por inteiro, ele ainda se mexia para dentro dela, mesmo sabendo que ambos já tinham chegado ao máximo do prazer. Mesmo sabendo que ela estava a lhe segurar dentro dela, estremecendo. Afastou seu corpo do dele, buscando os lábios dele, beijando-o com vontade. E então algo cortou seu lábio inferior, e ela se afastou assustada. Passou a ponta dos dedos no lábio e o olhou, vendo sangue.

Draco sorriu ao vê-la assustada e retirou-se de dentro dela. Começaria a caça. Tinha plena certeza que ela se assustaria, desceria da mesa e tentaria fugir. Ficou fitando-a, mas ela apenas o olhava, como se estivesse paralisada. O medo às vezes fazia isso com as pessoas.

-Eu tinha uma breve idéia. – a voz dela era baixa, mas forte. Draco não estava entendendo o que estava acontecendo. – Eu sentia que algo em você estava errado. Algo em você era desumano. E agora entendo.

O loiro pouco entendeu, não era possível que ela soubesse o que ele era, que estivesse vendo o que ele era e não estivesse com medo. Era algo que ele não esperava. Pessoas normais fogem de vampiros, se escondem, gritam por socorro. Ela apenas arrumou o vestido, cobrindo-se outra vez, ainda sentada na mesa. Olhando-o com os olhos curiosos, analisando sua anatomia. Fechou a calça sentindo os olhos dela em si, sua mente trabalhando rápido, ela sabia seu segredo e não podia ficar viva.

-Eu passei muito tempo querendo estar morta, querendo ser como você. Mas achava que vampiro era mito. Você pode me libertar, me tirar desse sofrimento de ser mortal. Me fazer eterna. E bela. – declarou, descendo da mesa e aproximando-se dele. – Me liberta dessa vida, Draco. Me liberta.

Espalmou as mãos no peito dele, sentindo a pele fria, o corpo morto contra o seu, com vida, quente. Queria ser igual a ele, eternidade e beleza. Libertar-se dessa vida, dessa dor de saber que um dia tudo teria um fim. Se fosse como ele, ela nunca teria fim. Nunca deixaria de ser bela, seria capaz de ser livre.

Ela a olhou, vendo que ela falava sério sobre isso. Mas não o faria, não transformava, apenas matava. Apenas se alimentava, e era exatamente isso que faria. Deixou seus dentes à mostra, segurando-a no lugar, vendo-a tombar a cabeça para o lado, mostrando o pescoço, desejando dar a ele o que ele tanto queria. Pedindo a ele algo que ele não daria; porém, ela não sabia disso.

Caninos pontiagudos encontraram pele alva e clara, dilacerando carne, trazendo sangue para dentro da boca dele. Draco sugava, fazendo o sangue dela escorrer para sua boca, bebendo em grandes goles, apertando o corpo dela contra o seu, vendo-a estremecer. Ouvindo os gemidos de prazer misturados com dor, as mãos dela seguravam com força em sua barriga, cravando as unhas em sua pele.

Sentia a vida indo embora. Sentia dor e prazer. Algo tão único que poderia durar para sempre. Os dentes dele batiam contra sua carne, provocando dor, uma dor insana. E ele sugava seu sangue, bebendo em grandes goles, pressionando o corpo excitado novamente contra o seu. E Hermione sentia-se cada vez mais fraca, não conseguindo suportar o peso do próprio corpo. Não conseguindo entender o porquê de estar tão fraca, de sentir que seus olhos se fechavam devagar, sem realmente estarem se fechando. E então tudo se tornou negro. Tudo estava escuro e parecia que as luzes deixaram de existir. E houve silêncio. E morte.


Ele a olhou, ela estava ainda de vestido. Deitada na cama, uma das mãos perto do rosto, a outra na barriga. Ela dormia calmamente, nem parecia respirar. E Sirius gostava de olhá-la enquanto ela dormia. Hermione parecia uma garota delicada quando dormia. O quarto era somente iluminado pela luz da lua, que entrava pela janela. Encostou-se na porta da casa de banho, olhando para dentro do quarto dela. A castanha dormia calmamente, a pele clara iluminada pela luz da lua, parecia ainda mais clara. O rosto dela estava sereno, os cílios se fechavam com perfeição, cerrando os olhos dela, escondendo o castanho brilhante que ela tinha.

Via o corpo com curvas dela ainda no vestido negro com rendas. Os seios fartos pressionados contra o tecido, a cintura fina escondida, as pernas escondidas. Adorava vê-la dormir, sabendo bem como o corpo dela era, mesmo com roupas o escondendo. Os pés estavam descalços e via que eles eram pequenos. Pés delicados, unhas cortadas bem curtas. Subiu seus olhos cinza para olhá-la no rosto novamente. Ela estava serena, provavelmente estava a sonhar com algum amor, alguém que a queria fazer feliz e permiti-la lhe fazer feliz.

Alguém que definitivamente não era ele. Ela poderia estar a sonhar com casa no campo, filhos e um marido gentil. E mesmo que não conseguisse colocá-la naquele quadro, sentia que era com isso que ela sonhava. A serenidade em seu rosto passava uma grande calma, um desejo de amar tão intenso que Sirius sentiu-se estranho. Mas algo destoava ali. Os lábios dela estavam vermelhos, inchados como se ela tivesse passado horas a beijar alguém, ou os tivesse machucado.

Viu a mão que estava perto do rosto, duas unhas quebradas, e sabia bem que Hermione odiava quando suas unhas quebravam. Cortando todas as outras logo após. Aproximou-se alguns passos, o cabelos com cachos dela estava espalhado pelo travesseiro branco, alguns fios brilhavam diferentes. Brilhavam com intensidade estranha.

Andou até a cama, olhando fixamente para os cabelos dela, procurando a razão daquele brilho incomum. E ao estar ao lado da cama, foi que viu. Sirius deixou seu rosto ficar em choque alguns minutos, olhando a poça de sangue que estava ao lado do corpo dela. Vermelho que contrastava com o branco do lençol, que estava nos cabelos dela, a luz da lua transformava em brilho. Via um extenso ferimento no pescoço dela, e entendia agora o porquê do rosto estar tão sereno, de ela parecer não respirar. Ela estava morta. Aproximou-se ainda mais do corpo, olhando para o machucado, vendo os olhos dela fechados, a pele quase translúcida. Não havia mais nada a ser feito, apenas lamentar.

Fixou os olhos nos fios castanhos que brilhavam por causa do sangue, uma visão bizarra. Hermione estava morta, e Sirius Black não conseguia entender como. Ainda em choque se afastou da cama, olhando a poça de sangue. Não sabia como reagir, mas sabia que se o encontrassem ali, ele seria culpado. Andou até a porta que dava para os fundos, mas antes de sair, a olhou por cima de seu ombro. O corpo iluminado pela lua, ela parecia uma princesa dormindo, sonhando com o príncipe encantando. E era essa imagem que lembraria. Ela dormia, sonhando com a vida que desejava, sonhando com a felicidade. Liberdade.

FIM.


N.A.: O resultado do chall ainda não saiu. Mas assim que sair, eu posto no Prólogo...

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Kiss