N/A: Hello babies!!!!

E ai? Prontos para o último capítulo? Segurem seus chapéus porque esse capítulo vai ser intenso e emocional. Espero que vocês gostem ^^

Geeh: É, a Lily pisou feio na bola, mas ta na hora de ela ver que ela também paga se faz o James sofrer... Ah e se você achar uma festa dessa me chama pra ir junto! XD

Lady Allana: Bom, nisso você tem razão, mas como você mesma disse somos seres do mal, então temos o direito de fazermos o que quisermos ;)

XxX

Capítulo 11: Deixa O Tempo Curar

Lily estava sentada na janela do próprio dormitório, olhando para o nada. As palavras que dissera a James volta e meia vinham a sua mente. Até agora, duas horas depois de ter dito aquilo ela ainda não acreditava que realmente tivesse feito isso.

Só agora ela via o medo que ela sempre tivera de confiar seu coração a alguém. A desculpa que ela sempre usara era a famosa "não quero me amarrar agora", mas mesmo ela sabia que isso não era verdade. Ela nunca se deu a chance de se "amarrar" em alguém. Sempre pulava fora quando as coisas começavam a ficar sérias demais. Não queria, não sabia por que. Mas no fundo sempre soube. Era medo mesmo. Medo de ter um compromisso mais sério.

Bom, mas convenhamos... O que ela recebera por tentar? Seu namorado brasileiro a traíra e até hoje ela não sabia o porque. Quer dizer, seria ela uma namorada tão ruim a ponto de ele precisar procurar consolo em outra? Aliás... Outras.

Ou seja a lição estava ali e muito bem dada. Por isso mesmo ela não ia se comprometer. E ponto! As pessoas não tinham o direito de censurá-la por isso! Os meninos não tinham o direito de torná-la um troféu a ser conquistado por isso. E... E ela não tinha o direito de desprezar James por isso.

Por que raios ele tinha que gostar dela como gostava? A vida dela seria tão mais fácil se o que ela sentia por ele fosse unilateral. Ela não teria que se preocupar, não teria que ser cruel com ele. Ela tinha medo de arriscar, que inferno! Ela não queria apostar tão alto, nem com ela, nem com ele.

Talvez fosse melhor assim no fim das contas. Ela sabia muito bem que agora a escola inteira devia estar contra ela, mas paciência. Não havia mais nada a ser feito. Agora devia ser mesmo o fim.

A porta do quarto foi aberta e depois fechada com agressividade.

-Levanta daí agora! –a voz furiosa exigiu.

Lily levantou os olhos para encarar uma furiosa Kira. Gabrielle e Katherine estavam logo atrás, ambas parecendo muito decepcionadas, mas não irritadas como Kira.

-Dessa vez você não vai se fazer de vitima e a gente não vai passar a mão na sua cabeça! –Kira falou irritada –Quem você pensa que é Lily, pra falar aquelas coisas para o James? Ele não merecia!

Lily não respondeu nada, tamanho seu choque. Nunca suas amigas haviam ficado daquele jeito com ela.

-Você nem deu a ele o direito de se defender! Os meninos estão furiosos, e o James, por mais que ele negue, está arrasado. –a loira continuou –E, cara, EU to furiosa! Por que você tinha que estragar tudo? Agora que estava tudo indo tão bem! Nós e os meninos estávamos começando a nos entender.

-Kira, eu sei que vocês podem...

-Nós não podemos! Será que você não vê? O Sirius está irritadíssimo! Falando que sempre soube que você ia acabar fazendo uma coisa dessas!

-Ele não pode brigar com você por minha causa!

-Ele não brigou comigo, Lily! –Kira falou exasperada –Eu briguei com ele, pra te defender!

-Eu não quero que vocês façam isso! –Lily afirmou –Não quero que vocês briguem com seus namorados por minha causa.

-Eu não estava pretendendo brigar com o Remus. –Katherine falou como se fosse óbvio.

-Escutem, eu não quero que vocês se envolvam, ok? No preciso momento a escola inteira deve estar comentando e...

-Xingando você de vagabunda sem coração. –Gabrielle informou.

-Eu imaginava. –Lily soltou um suspiro –Acho melhor eu me desligar das festas. –ela falou de repente –Elas não podem ser prejudicadas por uma ação minha. A partir de hoje é por conta de vocês.

-Sem problema. –Katherine falou tranqüila.

-Por mim... –Gabrielle deu de ombros.

-Faça o que quiser, Lily. –Kira falou ainda irritada –Não é como se você não fizesse isso sempre.

Sem dizer mais nada, Kira saiu do quarto, sendo seguida por Katherine e Gabrielle. Lily finalmente fora deixada na solidão que tanto almejava.

XxX

Dois dias depois a noticia da nova festa já havia saído e Lily não estava comparecendo as reuniões, nem participado da organização até ali. A maioria dos alunos a olhava com hostilidade, alguns com pena e poucos não ligavam para o assunto. Ela também sabia que muitas das menininhas apaixonadas por James estavam mais do que satisfeitas pelo que tinha acontecido. Não que ela ligasse. Ela tinha que se convencer disso.

Mas havia uma coisa que a estava incomodando de verdade. Muito mais do que a dor de já não ter mais James de forma alguma. Era o fato de que ela havia, mesmo que indiretamente, atrapalhado o romance de Kira e Sirius. Eles tinham começado há tão pouco tempo e estavam indo tão bem. Mas mesmo que Kira ainda estivesse um pouco magoada com a atitude da amiga para com James ela brigava com Sirius se ele falasse mal da ruiva. E isso Lily não podia aceitar.

Ela sabia que eles estavam tendo um treino agora. O que significava que Sirius estaria no campo de quadribol, bem como James e Kira. Bom, ela tinha que dar um jeito de falar com o moreno cachorro e só com ele.

Lily encostou-se numa das arquibancadas, num ponto onde ela podia ver quem saía do vestiário, mas quem estava la não podia vê-la.

Logo ela viu os jogadores começando a sair. Kira foi uma das primeiras a sair e parecia exausta. Logo os outros jogadores a seguiram. Um tempo depois James passou pela porta.

-Almofadinhas! –ele gritou para dentro do vestiário –Vai demorar muito?

-Eu já vou, Pontas! –Sirius gritou de dentro do lugar.

James soltou um suspiro e sem falar mais nada saiu dali. Ele também parecia muito desanimado. Na verdade ele parecia destruído. Ok, ela teria tempo de pensar nisso, nos próximos cinqüenta ou sessenta anos que ficaria sozinha numa casa cheia de gatos. No momento ela tinha que falar com Sirius.

Ela caminhou a passo rápido para o vestiário e quando entrou la fechou rapidamente a porta.

-James, já disse que já vou. –Sirius que estava de costas amarrando os sapatos falou.

-Não é o James. –Lily falou com cuidado.

Sirius virou-se para ela na hora.

-Evans. –ele falou por entre os dentes –O que você...

-Ah cala a boca, Black. –Lily falou cansada –Eu não vim aqui brigar com você. Bom, não pelo motivo que você esta pensando de qualquer jeito.

-Você brigar comigo? –Sirius falou sarcástico, se levantando e indo na direção de Lily. Seu olhar era ameaçador –Me da um motivo pra não acabar com você agora mesmo.

Lily revirou os olhos.

-Tirando o fato de que você não tem capacidade pra tanto? –ela perguntou irônica –A Kira.

Sirius travou a mandíbula.

-Isso não é da sua conta. –ele rosnou.

-É da minha conta se deixa minha amiga triste. –Lily retrucou –Black, por Merlin. –ela implorou –Não deixe o que eu fiz estragar o que vocês dois começaram. Vocês estavam tão bem, Black, a Kira estava tão feliz. Por favor! Eu sei que é difícil. –ela cortou quando viu que ele se preparava para retrucar –Eu sei que você esta do lado do seu amigo e que apesar dos pesares a Kira esta do meu. Mas não deixe isso se por entre vocês. Dê todo o seu apoio pro Potter, me xingue dos nomes mais absurdos que quiser. Eu não ligo! Eu não poderia me lixar menos pro que você fala ou pensa de mim. Mas não é justo com a Kira! Depois de tudo o que vocês dois idiotas passaram antes de ficarem juntos, não é justo perder isso agora por uma besteira. Por minha causa.

Sirius olhava para a ruiva com clara desconfiança.

-E por que eu deveria te ouvir? –ele desafiou.

-Black, eu e você não temos praticamente nada em comum. Isso é fato. –ela falou tranqüila –Eu não te suporto e eu acho que nós podemos falar que o sentimento é bem recíproco, mas eu sei de uma coisa que nós dois temos em comum. Quer dizer, outra coisa fora desejar o bem da Kira. Eu e você não somos pessoas que "amam". Provavelmente não pelos mesmos motivos, mas quem liga pros meios? –ela deu de ombros –A questão, Black, é que eu sei que nenhum de nós consegue falar "Eu te amo". Eu sei que você gosta da Kira, sei que você gosta dela absurdamente. Então, por Merlin, faça alguma coisa! Não deixe ela sair da sua vida, não brigue com ela pelo que não vale a pena! São só três palavras, Black. Eu sei que até sua capacidade mental limitada pode dar conta disso! Se você não conseguir fazer isso dessa única vez você vai acabar como eu: um vagabundo sem coração.

Sirius arqueou a sobrancelha.

-Você já ouviu isso? –ele perguntou.

-Já. –ela respondeu com desgosto -Mas esse não é o ponto.

-Qual é o ponto, então Evans?

-Ah que inferno, Black! Se você pretende continuar com essa idiotice vai ser bem feito que você perca a Kira! –Lily explodiu impaciente –Permita mesmo que uma coisa tão simples atrapalhe vocês dois. Só vai mostrar que você é igualzinho a mim. Muito mais do que eu gostaria.

Sem esperar mais resposta nenhuma Lily deu as costas a ele e saiu dali. Ela quisera ajudar, Sirius Black que agora se explodisse.

XxX

Kira caminhou pelos corredores em direção a biblioteca. Ela tinha um trabalho de Herbologia para terminar, mas ela estava sem saco nenhum para fazê-lo. Ela estava sem saco nenhum para nada. Para festa, para escola, para o cretino do namorado que ela só tinha oficialmente há alguns dias...

Tudo bem que ela estava brava com Lily pelo o que a ruiva fizera, mas daí a deixar Sirius ficar falando mal de sua amiga já era outra coisa completamente diferente. Mesmo assim ela odiava brigar com ele.

Ela caminhava pelos corredores quando uma figura chamou a atenção dela. Primeiro ela não conseguiu identificá-lo, mas bastou ele se aproximar mais e ela não teve mais dúvidas de quem era. Regulus Black não era uma pessoa fácil de ser esquecida. Ele parecia mais pálido desde a ultima vez que ela o havia visto.

-Ola Barton. –ele falou de repente.

Kira quase pulou. Ela não esperara que ele falasse com ela.

-Oi Black. –ela respondeu hesitante.

-Se eu fosse você eu não iria nessa direção. –ele aconselhou –Eu vi meu irmão passando por mim e procurando por você. A cara dele não era das melhores...

Kira engoliu em seco. O que tinha acontecido agora?

-Você sabe o que houve? –ela perguntou insegura, embora duvidasse que Regulus soubesse de alguma coisa. Não era como se os dois irmãos fossem parar para conversar e trocar confidências.

Regulus pareceu pensativo por um minuto.

-Eu não tenho muita certeza, mas ele estava murmurando algo como "Aquela desgraçada da Evans..."

-Ah não. –Kira choramingou –Eu não acredito. O que houve dessa vez?

-Nem imagino, mas se fosse você eu ia ver o que ele queria. Talvez não seja tão mal quanto parece. –ele tentou soar convincente.

Kira não entendia como um menino tão doce e gentil podia estar se metendo onde ele estava. Mas, mais uma vez, isso não era problema dela.

-Obrigada, Black.

-Regulus. –ele falou.

-O que? –ela perguntou confusa.

-Você ja é praticamente da família. –ele deu um leve sorriso –Pode me chamar de Regulus.

Kira sorriu.

-Obrigada, Regulus.

Regulus curvou levemente a cabeça e então seguiu seu caminho. Quanto a Kira... Ela respirou fundo se preparando para encontrar o leão que ela ia ter que domar logo logo...

XxX

Sirius andava de um lado para o outro no corredor, se sentindo furioso. Por que raios toda vez que ele queria falar com Kira ela conseguia sumir e o Mapa do Maroto estava indisponível? A paciência dele já estava na limite.

-Se você continuar andando desse jeito você vai abrir um buraco no chão, Sirius.

Sirius virou-se imediatamente ao som da voz conhecida. Kira estava ali parada olhando para ele de forma curiosa. Ele suspirou aliviado.

-Ah que bom que eu te encontrei. Achei que você estava se escondendo de mim. –ele tentou brincar.

-Ainda não... –Kira respondeu desanimada.

Sirius não gostou nada desse comentário.

-O que você queria comigo? –Kira perguntou de repente.

-Eu preciso de motivo pra querer ver minha namorada? –ele desviou do assunto.

-Agora você lembra que eu sou sua namorada? –ela perguntou irônica.

Sirius passou as mãos pelo cabelo de forma nervosa. Aquilo não tinha como dar certo.

-Eu acabei de conversar com a sua amiga Evans. –ele falou cuidadoso.

Kira ficou preocupada na hora.

-Como assim? –ela exigiu.

-Ei não me olhe assim! –Sirius se defendeu.

-Assim como?

-Como se eu tivesse acabado de falar que eu cacei a Evans pela escola e a matei!

A idéia não parecia tão absurda na cabeça de Kira. Não vindo de Sirius.

-Então o que? –Kira quis saber.

-Ela veio falar comigo.

Kira ficou claramente confusa.

-Como assim?

Sirius rolou os olhos.

-Ah vamos la loira. Você não quer que eu desenhe pra você né? –ele perguntou com um sorriso maroto.

-Sirius Black, não é hora pra piadas! –Kira falou séria –Pode começar a se explicar melhor.

-Ok, ok... Que mulher brava. –Sirius falou revirando os olhos –Sua amiguinha foguenta veio falar comigo no vestiário depois do treino.

-O que ela queria?

-Ser gentil comigo como sempre. –Sirius falou irônico –Eu tinha jurado que da próxima vez que eu a visse eu ia falar algumas verdades pra ela, mas ela simplesmente não deixou. Você acredita? Que audácia a dela... De qualquer jeito, ela falou dúzias de coisas, sobre nós e sobre o fato de nós estarmos brigando por causa do que houve entre ela e o Potter e quer saber? Numa coisa ela tinha razão.

-No que? –Kira perguntou insegura.

-Eu não quero ficar como ela. Dizer coisas das quais posso me arrepender ou não dizer as coisas que deviam ser ditas. E não quero brigar com você por coisas que não são da nossa conta. Cara, eu demorei muito pra chegar até você loira, você nem sonhe que você vai se livrar de mim assim tão fácil.

Kira olhava em choque para Sirius.

-Sirius, o que você andou fumando? –Kira exigiu –Quando na vida que a Lily ia falar uma coisa dessas pra você?

-Nem me pergunte, mas ela falou sim! –Sirius protestou –E o que importa é que eu não quero mais brigar com você.

-Ah e você acha que é fácil assim? –ela falou irônica –Depois de todas aquelas discussões...

-Kira. –Sirius chamou se aproximando.

-... e de todas aquelas idiotices que você disse...

-Kira. –ele chamou novamente já mais próximo.

-... e todo aquele papo sobre...

-KIRA! –ele praticamente gritou –Cala a boca. –foi tudo o que ele disse, antes de puxá-la para um beijo apaixonado.

Ah Merlin, não era justo o poder do beijo daquele homem. Ela queria esquecer o mundo inteiro, mas ainda tinha um ponto muito sério a ser discutido nessa história. Ela se separou de Sirius.

-Sem mais brigas? –ela pediu.

-Te prometo, loira. –Sirius falou colando a testa a dela.

Kira olhou para Sirius como se quisesse falar mais alguma coisa, mas então mordiscou o canto do lábio e não falou mais nada.

-O que foi? –ele perguntou desconfiado.

-Nada. –ela respondeu não muito convincente.

-Kira, pode falar. –Sirius falou olhando nos olhos dela –Eu não quero que você tenha medo de me falar nada.

Ela pareceu pensar mais uma vez. Então respirou fundo e olhou para ele decidida.

-Merlin, sabe que eu acho que isso vai te fazer entrar em pânico, mas eu vou falar assim mesmo.

-Você não ta grávida, né linda? –Sirius tentou brincar.

-Eu te amo, Sirius.

Ok, la estavam as famosas três palavrinhas das quais ele tinha tanto medo. E infelizmente nessa parte aquela coisa ruiva da Evans tinha razão. Ele não era um homem de amar. Ele nem fazia idéia do que amar uma pessoa podia trazer para ele. Ele nunca tinha amado ninguém. Bom, pelo menos não que ele lembrasse.

Mas uma vez a mãe de James lhe dissera que amor se tem por tudo, por amigos, por familiares e por pessoas. Amor não é de um tipo exclusivamente, existem vários tipos de amores. Ele amava os pais de James, como se fossem seus. Ele amava os amigos como se fossem seus irmãos. Mas esse tipo de amor era mais fácil de sentir e de longe bem mais fácil de lidar. E o que ele sentia por Kira? Isso era longe de se definir. Não era, obviamente um amor familiar. E ele também duvidava muito que fosse um amor de amigos. Então seria mesmo amor? Porque gostar, bem querer, parecia tudo fraco demais. Mas amor parecia intenso demais...

Ele se preocupava porque sinceramente não queria machucar Kira. Ela não merecia.

-Sirius, não precisa entrar em choque... –Kira falou hesitante.

-Não é isso. –ele garantiu –É só que... –ele respirou fundo –Eu sinceramente não sei como responder a isso. –ele admitiu.

Kira sorriu docemente para ele.

-Eu sei, Sirius. Eu não estou pedindo para você me responder nada. –ela falou sincera –Eu só queria que você soubesse como eu me sinto, e também ter a certeza de que o jeito que eu me sinto não assusta você.

Cara, aquela mulher era perfeita demais.

-Eu só preciso de um tempo pra entender, Kira. –Sirius falou sorrindo –Tudo com você é bizarramente novo pra mim. O que não quer dizer que não seja bom. –ele adicionou rapidamente –Mas eu só preciso de um tempo pra sacar tudo.

-Bom, como você mesmo disse antes... Nós demoramos muito pra chegar um no outro e você não vai se livrar de mim tão fácil. –ela sorriu marota.

-Já que é assim... –Sirius sorriu malicioso –Onde nós estávamos mesmo?

-Eu estava a ponto de te dar uma lição por ter me mandado calar a boca. –ela falou retribuindo o sorriso malicioso.

-Ah então não se incomode em continuar...

*

*

*

Dois meses depois...

As coisas iam como podiam. Agora já era começo de junho. Graças a Merlin o último mês finalmente chegara.

As duas festas, a de Abril e a de Maio, foram um verdadeiro sucesso, como ninguém duvidava que seria. Lily não ajudou a organizar nenhuma e compareceu as duas, mas permaneceu nelas apenas por pouco tempo.

A parte boa é que depois da conversa que ela teve com Sirius, Kira fez as pazes com a ruiva e logo Katherine também. Gabrielle ainda estava um pouco mais hesitante, mas logo as duas voltaram com força total a antiga amizade.

As meninas voltaram a andar juntas e aparentemente tudo estava ótimo com elas. Kira e Sirius estavam em lua de mel. Katherine e Remus continuavam no eterno amor e roubos de beijos. Peter, para a preocupação dos amigos e a total decepção de Gabrielle estava namorando Mily Niger. Gabrielle tinha se tornado uma menina mais séria. Ela se dedicava inteiramente a música agora e aos estudos. Lily também tinha baixado bastante a bola. Não havia saído com mais ninguém em meses, não arrumara confusão e até mesmo estava usando algumas roupas mais discretas, ela dava a impressão de querer ficar invisível. James aparentemente já estava totalmente recuperado. Mas não saía mais com garota nenhuma. A absurda quantia de tempo livre que isso dava pra ele foi transferido para estudos, o que tornou-o de longe o melhor aluno da escola. Devia ser bom para ele nesses tempos de NIEM's... Mas agora que tudo estava prestes a terminar, será que tudo ficaria como estava? Afinal alguma coisas ainda não tinham se acertado...

XxX

-Lily, a gente pode conversar? -Gabrielle pediu insegura.

Lily levantou os olhos do pergaminho onde escrevia. Ela começara um segundo livro e como há dois meses ela não fazia muito mais do que estudar e conversar com as amigas o projeto já estava bem adiantado.

-Claro, Gabrielle. Aconteceu alguma coisa? –a ruiva perguntou preocupada percebendo que Alice misteriosamente desaparecera do dormitório e Kira e Katherine observavam as duas a uma certa distância.

-Na verdade... –a morena hesitou –Aconteceu sim. Mas não foi comigo! –ela se apressou em dizer ao ver a expressão alarmada da ruiva –É sobre você, Lily.

A ruiva arqueou a sobrancelha.

-Como assim?

Gabrielle jogou as amigas um olhar que implorava socorro. Katherine se aproximou hesitante e sentou-se na cama da ruiva ao lado dela.

-Lily, você esta feliz?

Lily arregalou os olhos surpresa.

-Claro que sim, Kitty. –ela respondeu segura.

-Tem certeza? –a morena pressionou.

-Do que vocês estão falando? –Lily exigiu.

-Lily a gente cansou de ver você assim. –Kira explicou se aproximando também –Você não esta mais se martirizando, mas agora esta se culpando. Você parou de viver.

-Kira, isso não tem nada a ver. –Lily assegurou.

-Tem sim! –Gabrielle insistiu –A gente sabe que essa que ta aqui no nosso dormitório agora não é a Lily Evans que a gente conheceu. Você já havia deixado de ser aquela ruiva tímida que chegou em Hogwarts, mas agora você também já é alguém que a gente não conhece mais. Você perdeu o brilho de vez, Lily.

-Não precisa se preocupar comigo, Gabrielle. –Lily afirmou com um sorriso distante –Eu estou bem, de verdade. E se eu não estiver... Bom, eu vou ficar eventualmente.

-Conta pra gente o que aconteceu, Lily. –Katherine pediu –Nós sabemos muito bem que você não esta assim pelo o que as pessoas tem falado de você. Você não liga pra isso.

Lily olhou para as amigas em silêncio por um minuto. Ela não queria falar sobre isso. Ela não agüentava mais nem pensar nisso. Mas a verdade se tornara tão esmagadora e tão impossivel de ser negada que ela se sentia sem escolha. No fim a escolha nunca havia sido dela mesmo...

Os olhos verdes de Lily começaram a marejar.

-Lily? –Kira chamou alarmada –O que aconteceu?

-Eu amo aquele idiota! –a ruiva gritou, furiosa, as lágrimas começando a vencê-la –Eu não acredito que isso seja verdade, mas eu o amo mesmo assim!

As três garotas se olharam alarmadas.

-Lily... De quem você esta falando? –Katherine perguntou insegura. Na verdade ela já imaginava a resposta, ela só queria confirmar...

-Do Potter, suas malucas! De quem mais eu poderia estar falando? Quem é o único idiota que me tira do sério? Quem é o único cafajeste que faz meu mundo parar quando me beija? Quem é o único desgraçado, filho de uma mãe que me faz sofrer que nem uma garotinha apaixonada? –ela explodiu, antes de começar a chorar com mais força e esconder o rosto no travesseiro.

-Ah Merlin... –Kira suspirou –Tudo o que a gente precisava agora.

-E isso já não era de se esperar? –Gabrielle comentou –Que ela ia se dar conta quando finalmente perdesse ele?

Katherine olhou para a ruiva deitada na cama, que chorava, com o rosto afundando no travesseiro. Ela suspirou e levantou-se.

-Onde você vai? –Gabrielle perguntou alarmada.

-Falar com o Remus. Tentem controlar a ruiva histérica até eu voltar. –ela declarou antes de sair do dormitório.

Gabrielle e Kira trocaram um olhar desesperado antes de virarem-se novamente para Lily.

-Ok, pare de chorar, Lily. –Kira ordenou o mais firme que pôde –Isso não vai resolver nada.

-Como se alguma coisa fosse resolver depois da besteira que ela fez... –Gabrielle completou.

Kira deu uma cotovelada em Gabrielle.

-Ei, nem vem com essa. –Gabrielle protestou –É verdade e todas nós sabemos muito bem disso. Ela fez uma besteira sem tamanho, agora ela que arque com as conseqüências.

-Eu sei ta! –Lily gritou, o rosto ainda escondido no travesseiro –Não precisa ficar me lembrando que fui eu quem destruiu tudo.

-Bom saber que você sabe. –Gabrielle comentou.

-Gabrielle! –Kira chamou a atenção da amiga.

-O que? Eu to mentindo? Lily, por Merlin! Você fez exatamente a mesma besteira que eu fiz! Você perdeu a única pessoa que realmente se importava com você apesar de todas as besteiras que você já tinha feito! Pra mim pode ser tarde, mas pra você não é! Para de chorar e mostra essa força ruiva que a gente sabe que esta ai em algum lugar.

A ruiva parou de chorar e levantou a cabeça pra encarar a amiga.

-Você não sabe se é tarde demais pra você. –a ruiva argumentou.

Gabrielle deu um sorriso triste para a amiga.

-Ontem nós no esbarramos em um corredor. –Gabrielle contou coma voz fraca –Ele nem olhou na minha direção e ainda me chamou de Connery. Ele nunca me chamou pelo sobrenome, Lily, nunca. Eu ja sou carta fora do baralho, mas você ainda tem uma chance.

-Eu não saberia o que falar. –Lily insistiu.

-Então não fala. –Kira sugeriu –Faz o que você faz de melhor. –a amiga completou empurrando o caderno de Lily na direção dela.

-Uma carta? –Lily perguntou confusa.

-Não. –Gabrielle respondeu –Ele tem que ouvir sua voz falando essas palavras. Escreve o que você quer falar. O resto você deixa com a gente. –ela sorriu.

-Obrigada. –Lily sorriu, os olhos ainda molhados pelas lágrimas –Vocês são as melhores.

XxX

-Cadê o Rabicho? –Remus perguntou distraidamente.

-Esta com aquela insuportável da Niger de novo. –Sirius comentou suspirando irritado.

-Vocês não acham que a gente devia falar algo a respeito disso? –Remus perguntou.

-Eu não acho nada. –Sirius falou mau-humorado –Da última vez que eu e o Pontas tentamos falar alguma coisa sobre a "princesinha" dele ele ficou furioso com a gente.

-Então vamos deixar do jeito que esta. –Remus falou conciliador –É bom que ele tenha finalmente parado de sofrer pela Gabrielle.

-Mas se era pra ele largar da Connery e ficar com aquela nojenta eu preferia que ele continuasse como cachorrinho da outra morena. Ela pelo menos era humana. –Sirius falou irônico.

Remus lançou um olhar severo para o amigo.

-Que foi? –Sirius retrucou cínico –To mentindo? É ou não é, Pontas?

Os dois marotos viraram o olhar para James, mas esse estava sentado em sua cama, o olhar perdido na janela aberta do quarto.

Remus suspirou.

-James. –ele chamou suavemente.

O moreno pareceu despertar de um sonho e olhou para o amigo.

-Falou comigo, Remus?

Remus e Sirius se olharam desanimados.

-Ah droga, Pontas. –Sirius suspirou –Você ainda não superou aquela coisa né?

-Eu não sei do que você esta falando. –James murmurou virando o rosto e voltando a encarar a janela.

Remus se preparava para falar quando alguém bateu a porta.

-Entra. –ele chamou.

A porta se abriu silenciosamente e Katherine entrou no quarto.

-Ola meninos. –ela cumprimentou educadamente –Eu posso falar com você um pouquinho, Remus? –ela pediu.

-Claro, meu amor. Aconteceu alguma coisa? –ele perguntou desconfiado.

-Ah só o de sempre... A Kira nas nuvens, a Gabrielle na música, a Lily a caminho do México...

Isso pareceu capturar a atenção de James.

-Como assim? –Remus perguntou antes que o amigo o fizesse.

-Ela não te contou? –Katherine perguntou surpresa –Ela entrou em contato com o diretor da escola que ela estudou la no México. Ele ofereceu pra ela ajuda, caso ela quisesse um cargo ou um estágio... Aparentemente ele conseguiu colocá-la no esquadrão de Aurores mexicano.

-Não, ela não tinha me contado. –Remus falou surpreso –Mas é certeza?

-Aparentemente... –ela deu de ombros –Mas a gente pode falar la fora? –ela pediu com um olhar firme.

-Claro. –Remus concordou rapidamente –Até mais, meninos. –ele falou para os amigos antes de sair dali com a namorada.

Sirius esperou ouvir o clique da porta se fechando e então virou-se para James. O moreno agora estava se concentrando em fitar o chão, o olhar com clara incredulidade.

-James... –Sirius chamou com cuidado.

-Ela esta indo embora Sirius... –James falou baixinho –Ela vai...

-Pra longe de você? –o moreno sugeriu.

James finalmente voltou seu olhar para o amigo.

-Não. –ele falou sem firmeza –Não é...

-Ah é isso sim, Pontas! –Sirius falou sem paciência –Que inferno! Eu não vou negar que fiquei feliz quando você resolveu desistir daquela ruiva nojenta e seguir em frente. E não vou negar que foi ótimo ver a escola chamando ela de vagabunda sem coração! Mas você não seguiu em frente! Não de verdade! Você não deixa dela, você não esquece daquela menina nem por um minuto. Nem quando ela fala o que ela falou na frente da escola inteira, te trata como se você não fosse digno da presença dela. Ela ta tão fundo em você, James, que eu não sei mais se você é capaz de ficar sem ela.

James abaixou a cabeça, resignado. Não havia nada mais que ele pudesse falar. Cada palavra do que Sirius dissera era verdade, ele não podia negar. Por mais que ele tivesse desejado, tentado, implorado, o que quer que estivesse dentro dele e o fizesse apaixonado por Lily Evans não queria sair dali. A mágoa pelo o que ela havia falado era sim forte, insuportável, mas não fazia com que ele a amasse menos. Na verdade só o tornava mais consciente do quanto ele amava a ruiva.

-O que você quer que eu faça, Sirius? –James exigiu, de repente exausto –Você acha que eu gosto de me sentir assim? Você acha que eu pedi pra me sentir assim? Quantas vezes você acha que eu fiquei acordado pedindo pra esquecer a Lily? E olha o resultado! NÃO ADIANTA! Não tem jeito. Eu só amo ela demais, sem explicação, nem motivo.

Sirius jogou-se em sua cama, derrotado.

-Como vocês todos conseguem falar essa maldita palavra como se fosse a coisa mais natural do mundo? –ele resmungou alto.

James riu baixinho.

-Problemas com a Kira? –ele adivinhou.

-Não de verdade. –Sirius admitiu –Nós estamos... Indo com calma. –ele completou irônico.

James arqueou a sobrancelha.

-Deixa eu ver se eu entendi... –o maroto começou –Esse mau humor é porque ela não quer dormir com você e você acha que é porque você não fala que ama ela?

-Tem outro motivo? –Sirius quis saber.

-Sirius, você é tão idiota as vezes. –James falou rindo –Vocês estão namorando, seu idiota. Você era um galinha antes dela, ela teve problemas com outro cara antes de você. É meio óbvio que ela queira um pouco de tempo antes de sair caindo em uma cama com você.

-Desde quando você entende tanto de garotas? –Sirius perguntou irônico.

-Desde que eu tive mais namoradas que você e desde que eu tenho sete primas mais velhas que quando passam férias de Natal na minha casa dormem no quarto ao lado do meu. –James falou como se fosse óbvio.

-Ah tanto faz. –Sirius bufou –O assunto não sou eu. –ele lembrou.

-Não tem assunto, Sirius. –James cortou, o seu sorriso morrendo –Eu vou superar a Lily eventualmente. Eu tenho que aceitar que eu não sou o homem da vida dela. E quanto mais cedo eu fizer isso, melhor vai ser pra mim. Eu não sei se meu amor pode ir com ela até o México. –ele completou dando as costas para Sirius e deitando em sua cama.

Sirius soltou um suspiro baixo.

-Sabe que agora uma coisa que seu pai me falou me vem a mente? –como não houve resposta ele decidiu prosseguir –Ele me disse que alguns homens podem amar várias vezes ao longo de suas vidas, mas que homens como ele e como você, também, iam amar uma única mulher pro resto da vida, sem nunca esquecê-la. E eu odeio dizer isso, James, odeio mesmo, mas eu acho que essa mulher pra você é a Evans.

James mais uma vez não respondeu nada, porque mais uma vez não havia o que dizer. Por mais que doesse admitir, Sirius estava coberto de razão.

XxX

Remus seguiu Katherine em silêncio até a sala comunal. Havia uns poucos alunos ali naquele momento. Alguns quintanistas desesperados, estudando de última hora para os N.O.M.'s que começavam na semana seguinte e um ou outro primeiranista perdido por ali. Ela jogou-se pesadamente num dos sofás mais afastados da sala.

-E ai? –Remus perguntou sem rodeios –Você só tava jogando verde?

Katherine levantou os olhos e encarou Remus confusa.

-Jogando verde?

-Sobre a Lily estar se mudando. –Remus esclareceu.

-Ah não. –ela falou tranqüila –É verdade. Aliás eu realmente achei estranho ela não ter te contado.

Remus fitou-a em silêncio por um minuto.

-Quando foi que ela tomou essa decisão? –ele perguntou por fim.

-Duas semanas atrás. –Katherine esclareceu –Ela conversou com a gente e perguntou nossa opinião. Depois de pensar bastante ela decidiu ir.

-Fácil assim? –Remus perguntou incrédulo.

-Fugir é mais fácil, você não acha? –Katherine comentou dando de ombros.

-E vocês vão deixar ela fazer isso? –ele perguntou incrédulo.

-Eu acho que a Lily já é grandinha o bastante para tomar as próprias decisões. –ela falou como se fosse óbvio.

Remus suspirou derrotado.

-Você provavelmente tem razão. –ele cedeu –Mas do que ela esta fugindo?

-Do Potter, isso não é óbvio? Ela acabou de admitir pra gente que ama o idiota. Agora esta chorando no quarto como uma mártir.

Remus arqueou a sobrancelha.

-Você é sempre sensível assim em relação aos sentimentos das suas amigas? –ele perguntou irônico.

-Só quando elas merecem. –Katherine esclareceu.

-E vocês pensam em fazer alguma coisa?

-Eu não sei. Kira e Gabrielle ficaram la falando com ela enquanto eu vinha falar com você. Elas provavelmente estão tentando animar a Lily, mas não vejo como.

-Nós podíamos colocá-los juntos de novo... –Remus sugeriu.

-Ah me inclua fora dessa. –Katherine cortou –Esses dois já deram trabalho demais e a gente já ajudou demais. Ta na hora de eles andarem pelas próprias pernas. Quem sabe assim finalmente vai.

Remus riu.

-Até que você não deixa de ter razão. Deixa eles que se entendam.

-O Potter ainda gosta da Lily? –Katherine perguntou de repente.

-Não. –Remus respondeu dando de ombros –Ele ama a Lily.

Katherine abriu um sorriso.

-Esses dois... Eles realmente se merecem...

Remus sorriu e sentou-se próximo a namorada abraçando-a.

-Bom, já que você me tirou do quarto onde eu estava com os meu caros amigos, me trouxe até aqui em baixo... Que tal eu ganhar um beijo como recompensa por bom comportamento? –ele perguntou maroto.

-Ainda tentando me extorquir beijos? –Katherine falou surpresa –Você não tem vergonha não, Lupin?

-Nem um pouco. –ele falou tranqüilo.

Katherine sorriu. Então inclinou-se levemente na direção de Remus e deu-lhe um rápido beijo nos lábios.

-Assim esta bom? –ela perguntou, fingindo seriedade.

-De jeito nenhum. –Remus falou, antes de praticamente puxá-la para seu colo e beijá-la de verdade.

Os lábios de Remus eram conforto, eram uma caricia mais do que bem vinda quando ela tinha tantas preocupações na cabeça. O ano que terminava, o medo de ter que voltar para a casa e encarar o pai...

-Senhorita Rider!

A voz alarmada da professora McGonagall acabou fazendo o casal se separar.

-Professora, sinto muito. –Katherine falou corada.

Ela encarou a professora e um alarme soou dentro dela. A professora não tinha uma expressão brava por ter sido obrigada a elevar a voz para separar o casal. Na verdade a expressão dela era algo mais como... Piedade?

-Senhorita Rider, eu preciso falar com a senhorita. –a professora falou –Em particular. –ela acrescentou com um olhar firme.

Remus estava a ponto de se levantar e partir quando sentiu Katherine apertar sua mão firmemente. Ela não conseguia pedir em palavras para ele ficar, mas seus gestos mostravam todo o medo que ela tinha de ficar ali sozinha e ouvir o que quer que fosse.

-Se não houver problemas professora, eu gostaria de ficar. –Remus se ofereceu –A Katherine talvez precise de companhia.

Katherine lhe lançou um olhar carregado de agradecimento.

-Você tem razão, senhor Lupin... –a professora suspirou –Senhorita Rider, não há maneira fácil de lhe dizer isso... Seu pai foi preso.

Katherine sentiu o coração falhar uma batida e no mesmo instante sentiu os braços de Remus a envolverem.

-Como assim? –ela exigiu.

A professora parecia claramente desconfortável em ter que dar tais notícias.

-Bom, eu não creio que a senhorita soubesse, mas... –a professora suspirou –Seu pai tinha um grupo dedicado a caça de... –ela lançou um olhar a Remus como se pedisse desculpas –Lobisomens. O Ministério andava investigando-o há algum tempo e ontem eles... Bem, eles o prenderam.

Katherine escondeu o rosto nas mãos e tentou respirar fundo. Aquilo parecia ilógico e impossivel. Seu pai? Preso? Como? E a mãe dela? Devia estar arrasada.

-Senhorita Rider. –a voz da professora McGonagall era confortadora e seu olhar havia suavizado –A senhorita esta autorizada a tirar dois dias de licença da escola se a senhorita desejar ir para casa.

-Sozinha? –Katherine perguntou levantando a cabeça, alarmada.

Ela tinha medo do que ia encontrar ao chegar em casa. Como estaria sua mãe? A mulher idolatrava o chão que o marido pisava. Ela já havia ficado arrasada de ver Bem morrer e agora o marido preso? Ela devia estar muito mal.

-Eu posso ir com ela, professora? –Remus pediu.

O olhar surpreso das duas mulheres foi parar em Remus.

-Remus... Você não precisa. –Katherine protestou fracamente.

-Senhor Lupin... –a professora parecia sem palavras –O senhor tem certeza que...

-Minha namorada precisa de mim, professora McGonagall. –ele falou tranqüilo –Eu não preciso de nada mais para ir com ela.

A professora pareceu pesar por um instante a idéia.

-Bom, eu terei que conversar com o professor Dumbledore, mas eu não acho que haverá algum problema com você ir...

-Então eu irei. –Remus informou sem hesitar.

-Eu irei imediatamente falar com o professor Dumbledore. –sem mais nenhuma palavra a professora deixou os dois ali e saiu da sala.

-Katherine olhe pra mim. –Remus pediu, segurando delicadamente o queixo da namorada e virando o rosto dela em sua direção.

Os olhos azuis de Katherine estavam totalmente marejados por lágrimas que ela provavelmente pretendia derramar em silêncio.

-Ele foi preso, Remus... –ela repetiu incrédula.

Remus abraçou fortemente a morena.

-Calma, Katherine. Eu estou aqui.

-Isso não é possível, Remus. –ela falou com a voz vacilante –Ele era importante no Ministério, ele tinha poder ele...

-Estava jogando com a vida de pessoas. –Remus lembrou suavemente.

-Eu sei. –Katherine afirmou –Eu sei! Mas ele... Ele é meu pai, Remus! Por mais errado que ele estivesse, ele é meu pai!

-Calma. –Remus pediu abraçando-a mais fortemente –Eu não vou falar mais nada. Apenas me deixe ficar aqui e te abraçar.

-Fique, por favor. –ela pediu retribuindo o abraço –Eu acho que minhas pernas não vão conseguir sustentar meu corpo.

-Se for preciso eu te carrego daqui até a sua casa. –Remus afirmou beijando o topo da cabeça dela.

-Obrigada por estar aqui, Remus. –ela falou entre lágrimas –Você não sabe o quanto isso significa pra mim.

Remus abraçou a namorada mais forte ainda. Ela não sabia o quanto significava para ele ouvir ela dizer isso.

XxX

-Quando a Kitty e o Remus voltam? –Gabrielle perguntou distraidamente.

-Amanhã. –Lily respondeu sem tirar os olhos do caderno onde escrevia –Ela tem sorte de ter o Remus num momento como esse. Eu acho que ela não ia conseguir sem ele.

-Acho que não mesmo. –Kira concordou –Ela é sempre mais fechada com a gente do que ela é com ele.

-Pra alguma coisa namorado tem que servir, né? –Gabrielle falou com um sorriso divertido.

As amigas acabaram rindo.

-E ai, Lily? Como anda sua declaração? –Gabrielle perguntou tentando ver o que Lily escrevia.

-Bom, vai indo. –a ruiva respondeu, tirando o papel do alcance da vista da amiga –Eu não chamaria de declaração, mas sim de confissão. Eu acho que pra mim ainda falta a coragem de dizer o principal. –ela admitiu, com vergonha.

-Você e o cretino do meu namorado são iguaizinhos nessa parte. –Kira falou com um suspiro –Ele também não consegue dizer a infame frase de três palavras.

-O amor perdeu o sentido nos dias de hoje. –Lily falou dando de ombros –Todo mundo ama e desama muito facilmente hoje em dia. É difícil achar o real sentido da palavra. Eu não quero dizer a famosa frase se não for pra valer.

-Nisso eu acho que você tem razão. –Gabrielle cedeu –Dizer por dizer não tem sentido.

A ruiva fez um aceno afirmativo com a cabeça, mas continuou escrevendo.

-Ah que saco, Lily! –Kira falou de repente –Eu to curiosa! Deixa a gente ver.

-De jeito nenhum. –a ruiva falou puxando o caderno antes que Kira o pegasse –Quando estiver terminado eu deixo vocês verem, mas não agora! Eu odeio mostrar minhas coisas antes de elas estarem terminadas.

-Bom, eu vou deixar o gênio ai trabalhando e encontrar o cafajeste que eu chamo de namorado. –Kira decidiu se levantando.

-Quanto amor. –Gabrielle falou irônica –É assim que você chama o Sirius quando vocês estão juntos?

-Ele sabe que é um cafajeste. –Kira explicou dando de ombros –Ele não liga.

-É, me engana que eu gosto. –Gabrielle falou revirando os olhos –Eu vou pegar meu violão também.

As duas se levantaram e deixaram a ruiva sozinha na sala comunal praticamente deserta.

Lily vinha se dedicando inteiramente a escrever a tal carta que não seria uma carta para James. No começo nada parecia bom e ela rasgara diversos rascunhos. Mas agora ela aparentemente encontrara o caminho e estava seguindo-o com mais segurança. Ela conseguira colocar em ordem o que ela gostaria de dizer a James. Ela não ia pedir desculpas. Ela não havia sido a única a errar esse tempo todo, mas ela também não iria acusá-lo, porque ela sabia que a culpa de muitas coisas também eram dela. Não era mais uma questão de quem estava errado. Era uma questão de quanto amor realmente existia entre eles.

Distraída ela não viu a porta da sala comunal se abrir e por ela entrar a pessoa que atualmente possuía totalmente seus pensamentos.

James parou de andar assim que viu Lily parada numa das mesas da sala. Havia muito tempo que ele não ficava só com ela no mesmo lugar. A última vez parecia ter sido há séculos atrás. Agora ela só andava cercada pelas amigas e ele tratara de fazer o mesmo, para não pensar nela. E quando ele menos queria pensar nela la estava a ruiva que fazia seu sangue correr e sua cabeça girar sem controle.

Ela estava sentada, a cabeça baixa, escrevendo num daqueles cadernos trouxas. Ela parecia concentrada. O que ela estaria fazendo? Uma carta para entregar a algum homem do alto escalão do Ministério Mexicano? Seria mais algum livro que ela pretendia lançar?

James se censurou por ainda pensar tanto nela. Ele não tinha porquê. Quantas vezes ela teria que gritar que o odiava para que ele aceitasse que ela o odiava? Por que era tão difícil entender que não havia como, nem agora nem nunca? Por que de todas as meninas daquela escola ele decidira se apaixonar pela única que sempre o detestara?

A resposta era fácil. Ele não escolhera. Fora algo que simplesmente acontecera. E que um dia ele se recuperasse disso, se é que isso existia...

Ele deu as costas e saiu da sala ficar ali perto dela não lhe faria bem. Ele tinha que aceitar que logo ela estaria indo para longe dele, e não havia nada que ele pudesse fazer para impedir.

Lily ouviu a porta da sala comunal se abrir e se fechar, mas não deu atenção ao cabeça dela só as palavras que ela tentava expressar era o que importavam agora.

-Volta pra mim... –ela murmurou, quase em uma prece.

XxX

-Adivinha quem é? –a voz quente murmurou em seu ouvido.

Kira sentiu um arrepio percorrer seu corpo. Ela saíra para procurar por Sirius, mas aparentemente ele a encontrara antes. Ela estava parada no corredor, olhando para o lado oposto, quando um par de braços fortes a abraçou por trás. Ela não precisava nem ver quem era. Aquele perfume, aquele calor, só Sirius tinha. E ainda para torturá-la mais ele vinha sussurrando em seu ouvido...

Mas ela tinha que admitir que também andara torturando Sirius um pouco. Não era de propósito, e nem um castigo por ele não falar que a amava, por mais que ele acreditasse nisso. Ela realmente queria fazer as coisas do jeito certo dessa vez, sem pressa. A pressa não a levara muito longe da última vez e ela não iria repetir um erro tão primário quanto esse. Ela sabia que isso deixava Sirius louco. Ele era o tipo de cara que levava para a cama garotas com quem ele estava apenas ficando por um dia. Talvez fosse só a idéia dele de como as coisas eram e ele não fizesse por mal, mas ela tinha certeza que com todo esse tempo, sendo comportado do jeito que ela sabia que ele estava sendo os hormônios deviam estar a ponto de matá-lo.

-Oi bebê. –Kira falou virando-se para beijar o namorado.

-Ah e vem você me chamando assim. –Sirius falou revirando os olhos.

-Ficar chamando de Sirius não tem graça. –Kira explicou dando de ombros –E se eu te chamo de meu amor você quase tem uma síncope.

-Não é assim... –Sirius se defendeu.

-É sim, seu bobo. –ela falou rindo e dando um selinho nele –Mas vamos esquecer isso. Que tal a gente dar uma volta?

-Que tal a gente achar um canto escuro? –ele propôs com um sorriso maroto.

Kira revirou os olhos.

-Sirius, você não presta.

-Eu sei, loira, você gosta de me lembrar isso. –ele falou com um sorriso maroto –E você me ama mesmo assim. –ele falou quase sem perceber. Mas então ele percebeu o que acabara de dizer e pareceu repentinamente desconfortável.

Ele soltou-se de Kira e se afastou um pequeno passo. Kira deu um suspiro cansado. Ela já imaginava que isso fosse acontecer.

-Sim, e você sabe disso. –ela falou tranqüila –O que não muda o fato de que você quer achar um canto escuro e eu quero dar uma volta. –ela sorriu –Então o que a gente vai fazer?

-Kira, pára, por favor! –Sirius pediu de repente –Pára de mudar de assunto. Não precisa ficar preocupada com o que eu vou pensar cada vez que você fala essa bendita palavra.

-Você quer que eu não me preocupe? -Kira perguntou irônica –Você nem tem coragem de falar a palavra amor Sirius! –ela lembrou –Você consegue falar o nome daquele idiota daquele Lord das Trevas que faz todos tremerem, mas você não consegue falar uma palavra que é a salvação do mundo!

-Salvação? Kira, você tem idéia de quantas barbaridades as pessoas fazem usando o amor como desculpa?

-Isso não é amor, Sirius! Amor é o que faz de nós pessoas melhores! O que os outros fazem é usarem justificativas para... Ah eu não acredito que nós estamos tendo uma discussão dessa! –ela disse frustrada –Eu já não aceitei essa sua incapacidade pra amar? Por que a gente tem que discutir isso?

-Porque sim! –Sirius falou irritado –Porque parece que você esta sempre pisando em ovos quando esta perto de mim, Kira. É como se você ficasse se policiando sobre o que falar, ou o que fazer, como se qualquer palavra ou gesto errado da sua parte fossem me colocar para correr.

-É porque é essa impressão que você me dá, Sirius! –ela falou exasperada –Eu não tenho nada que me garanta que você vai ficar ao meu lado! E eu não estou te pressionando, eu não estou te pedindo nada! Eu não quero que você se sinta forçado. Mas eu não sei o que fazer e eu quero te manter comigo o quanto eu puder. Porque EU TE AMO sim! Quantas vezes eu vou ter que falar? Eu achei que uma só era o bastante, mas aparentemente você ainda não entendeu isso!

Kira parou, sem fôlego. Quando seu olhar cruzou com o de Sirius ela estava sinceramente assustada. Ela tinha medo de ter passado alguma linha não definida e que agora Sirius fosse desaparecer de seu alcance.

Sirius, por outro lado parecia tranqüilo e confiante. O que quer que ele tivesse em mente naquele momento era uma certeza irrefutável. E isso assustou ainda mais Kira. Quando ele deu um passo para frente, na direção dela, ela automaticamente recuou um. Isso não pareceu incomodar Sirius. Ele esticou a mão e tocou o rosto dela, com cuidado.

-O que você tem que entender, loira –ele falou com um sorriso –é que as vezes os sentimentos de uma pessoa não estão nas palavras. As vezes estão num olhar e num gesto. E mesmo que minha natureza não me deixe confortável para te falar em palavras o que eu sinto por você, como você pode não perceber o quanto você é importante para mim? –ele passou o dedo indicador delicadamente pelos lábios dela –Eu não passo um dia sem você. Eu adoro o som da sua voz, o seu perfume.

Ele se aproximou mais um passo e Kira sentiu seus ossos ficarem líquidos, esse era o efeito que ele sempre tinha nela.

-Eu posso não ter dito as palavras Kira, mas eu realmente... –ele parou e respirou fundo –Eu amo você. –ele falou –De verdade.

Kira não sabia o que dizer. Ela estava apenas ali parada diante de Sirius, com uma expressão de puro choque.

-Ah... –Sirius se mexeu desconfortável –Kira?

Kira sacudiu a cabeça parecendo acordar de um transe.

-Você sabe que não precisa falar isso pra me levar pra cama né? –ela informou.

-É isso que eu ganho por ter finalmente falado? –ele perguntou irônico.

-Não, calma! –Kira pediu –Isso só parece surreal demais e eu não sei o...

-Kira. –Sirius chamou entediado.

-O que? –ela perguntou preocupada.

-Cala a boca. –ele pediu, antes de puxá-la para um caloroso beijo.

XxX

O tempo passa mais rápido quando as pessoas imploram que demore mais para chegar os dias que eles mais temem.

Os dias passaram como raios. Remus e Katherine voltaram da casa dela, mais unidos do que nunca. A sombra do que acontecera apenas servira como um fortificante para os sentimentos deles. Kira e Sirius estavam também mais juntos, mesmo que Sirius não tivesse mais repetido a frase de três palavras. Kira havia ouvido uma vez, era mais do que o suficiente para ela. Por hora. Lily terminou a carta para James e ela e Gabrielle combinaram um jeito para que ele soubesse os sentimentos dela por ela mesma.

Os N.I.E.M.'s vieram e se foram. Logo a última semana de aula chegou e com ela a noticia de que no sábado, o dia que seria oficialmente o último deles em Hogwarts, haveria um baile de formatura. Então sexta-feira os setimanistas teriam licença para irem até Hogsmeade para relaxarem.

-Cara, Aluado, você ta mais amarrado do que eu achava humanamente possível. –Sirius falou debochado, enquanto via o amigo devolver a aliança de ouro branco ao dedo anelar direito.

-O que eu posso dizer? –Remus falou tranqüilo –Aquela menina me pegou de jeito.

-Bom saber que você esta feliz com a Katherine, Remus. –James falou sorrindo –Você merece e ela também.

-Obrigado, Pontas. Mas você também merece ser feliz, você não acha? –Remus falou com calma.

-De novo essa conversa, não, Remus. –James falou revirando os olhos –Não há nada que vocês possam fazer quanto a minha situação. –ele falou sorrindo de leve –Então se preocupem com as suas respectivas donas e deixem minha vida pra la.

-Ei! Quem aqui tem dona? –Sirius falou inconformado.

-Ninguém... Bebê. –James provocou, com um sorriso maroto.

-Calem a boca. –Sirius falou de mau-humor, jogando um travesseiro nos amigos que riam muito.

-Onde esta o Rabicho? –Remus perguntou.

-Você está mesmo fazendo essa pergunta cretina? –Sirius falou irônico –Ele está com a nojenta da namorada dela e os amiguinhos ainda mais nojentos dela.

-Deixa o Rabicho em paz, Sirius. Se ele esta bem o que a gente pode fazer? –James falou dando de ombros.

-Azarar ele até que ele largue aquela cobra nojenta. –Sirius respondeu como se fosse óbvio.

Os amigos desceram até a sala comunal rindo.

-As meninas estão indo com vocês? –James perguntou levemente preocupado.

-Não. –Remus assegurou –Elas iam mais cedo, parece que elas tinham coisas da festa para organizar la em Hogsmeade.

-E a... A Evans? –James perguntou desconfortável –Ela está mesmo indo para o México?

-Está. –Remus falou, quase como se pedisse desculpas –Em duas semanas.

James não falou mais nada. Já era hora de aceitar o que era fato.

O caminho para Hogsmeade eles fizeram quase que em total silêncio, quebrado apenas por ocasionais piadas.

Eles mal haviam chego a vila quando avistaram Katherine vindo na direção deles.

-Meninos! –ela chamou acenando.

Assim que ela se aproximou Remus a envolveu pela cintura e lhe deu um beijo.

-Remus, por favor. –Sirius falou revirando os olhos –Tem crianças aqui que podem ficar traumatizadas.

Remus riu antes de se afastar da namorada.

-Eu queria saber se vocês estão pensando em ir no Três Vassouras mais tarde. –a morena perguntou com um sorriso animado.

-Por que? Vai ter alguma coisa especial la? –Sirius quis saber.

-Sim. A Gabi vai estar la com a banda que ela faz parte e nós queríamos a companhia de vocês.

-Eu não sei se... –James começou a dizer.

-Potter nem começa. –Katherine cortou –Acho bom você estar la. Já esta na hora de você e a Lily agirem como pessoas maduras. Até mais. –ela deu um beijo no namorado e se afastou deles, tão rapidamente quanto se aproximara.

-E meu direito de escolha? –James perguntou vendo a morena se afastar.

-Acaba de ser negado, Pontas meu caro. –Sirius falou, dando um tapinha no ombro do amigo.

XxX

Quando os Marotos chegaram no Três Vassouras o pub já estava lotado como sempre. Parecia que todos que estavam na vila tiveram a mesma idéia de ir exatamente naquela hora para o lugar.

Eles avistaram Katherine e Kira numa mesa bem perto de onde havia sido improvisado um lugar para a banda. Elas faziam gestos para que eles fossem para perto delas. Os Marotos se aproximaram e a cada segundo James parecia mais desconfortável.

-Ola, meninas. –Remus falou com um sorriso.

-Onde estão a Evans e Connery? –Sirius perguntou olhando em volta.

-Elas estão se preparando. –Kira respondeu simplesmente.

-Se preparando para que? –James perguntou sem conter a curiosidade.

Kira e Katherine fizeram um gesto para que eles se calassem, bem na hora em que a banda entrava no lugar. Os Duendes Irlandeses se posicionaram e pegaram seus instrumentos e logo atrás deles veio Gabrielle. Ela pegou seu violão e parou diante do microfone.

-Boa tarde a todos. –ela falou com um sorriso animado –Antes de mais nada, obrigada por estarem aqui. Hoje nós teremos uma apresentação especial. Uma amiga pediu um minuto para abrir o coração aqui e, bom... Eu devo confessar que é uma confissão tão bonita que vai valer a pena ceder mais que um minuto para ela. –ela sorriu ainda mais –Lily, vem cá. –ela chamou.

Lily entrou no campo de vista de todos, a cabeça erguida de quem não tem medo de se mostrar. Os olhos verdes eram a única coisa que a traíam. Mostravam todo o nervosismo que ela realmente sentia.

Ela parou diante do microfone e respirou fundo. Todo o lugar parecia ter caído num silêncio sepulcral, aguardando o que quer que ela estivesse a ponto de dizer.

-Obrigada todos. –ela falou, sua voz a mesma firmeza de sempre –Como a Gabi já disse eu estou aqui porque há algo que eu preciso dizer e não há maneira melhor de fazer isso do que através da música. Eu só... –ela hesitou brevemente –Eu só espero que essa pessoa, para quem eu escrevi isso, entenda que essa é a primeira coisa que eu realmente faço de coração para ela.

O ar parecia tão carregado que uma faca cortaria a tensão. James estava com um nó enorme entalado na garganta. O que era que estava acontecendo ali? Pela cara de Remus ele também havia sido pego de surpresa, o que mostrava que o que quer que fosse seu amigo não fazia parte daquilo.

A banda começou a tocar a melodia suave da música. (N/A: Estranho Jeito de Amar, Sandy e Junior)

-Quanta bobagem

Tudo o que se falou

Me olho no espelho

E já nem sei mais quem sou –Lily fechou os olhos suavemente. Era mais fácil se expressar se ela pensasse que não havia mais ninguém ali.

-Quanto talento

Pra discutir em vão

Será tão frágil

Nossa ligação

Os olhos queimavam com a vontade de se acabar em lágrimas. Mas ela não ia fazer isso, não ali, não agora. Não antes de falar tudo o que tinha que ser falado.

-Não tem que ser assim

Tanto desencontro, mágoa e dor

Pra quê que a gente tem que

Se arriscar

Então volta pra mim

Deixa o tempo curar

Esse estranho jeito de amar

A cabeça de James rodava numa velocidade impressionante. O coração dele batia de uma forma tão descontrolada que ele temia que estivesse a ponto de explodir. Aquilo tudo era mesmo o que ele estava pensando? Mesmo que o coração dele dissesse que sim, que não havia ninguém na vida de Lily, além dele, que pudesse ter uma ligação tão complexa com ela, a cabeça dele se negava a se enganar mais uma vez e pensar que ele era de algum jeito especial para ela.

-Falsas promessas

Erros tão banais

Mas ninguém cede

Nem pensa em voltar atrás

Mas quanto mais a música ia mais certeza ele tinha de que a letra falava deles. Os erros estúpidos, os mal-entendidos ainda mais estúpidos... O fato de que eles dois eram teimosos e cabeças-duras demais. Só eles tinham esse estranho... Esse insano jeito de se amarem.

-Não tem que ser assim

Tanto desencontro, mágoa e dor

Pra quê que a gente tem que

Se arriscar

Então volta pra mim

Deixa o tempo curar

Esse estranho jeito de amar

Lily abriu os olhos verdes, agora já irremediavelmente marejados pela emoção e seu olhar perfurante se fixou em James.

-Esquece esse jogo

Não há vencedor

Mesmo roteiro

De sempre cansou

Vou te amando

E me frustrando

E sobrevivendo

Por um fio

Mas tô aqui

Sem desistir

Volta pra mim

O coração de James falhou uma batida ao mesmo tempo que o de Lily. Essa era a verdade. Todas as palavras estavam ali.

Ela sabia? Sabia que tinha acabado de dizer que o amava? Ou fora um detalhe que ela colocara sem perceber? Não, isso era impossivel. Como ela poderia não saber o que estava na própria música?

-Não tem que ser assim

Tanto desencontro, mágoa e dor

Pra quê que a gente tem que

Se arriscar

Então volta pra mim

Deixa o tempo curar

Esse estranho jeito de amar

Uma única lágrima. Solitária, sem preço. Foi o que ela derramou ali naquele momento. Só porque a tristeza dos olhos dele era demais para ela suportar. Só porque descobrir que o amava doía demais naquele momento.

-Não tem que ser assim

Tanto desencontro, mágoa e dor

Se é bem melhor

A gente se entregar

Então volta pra mim

Deixa o tempo curar

Esse estranho jeito de amar

Assim que a música terminou o pub ainda ficou no mais chocado por silêncio. Por um segundo. Antes de todos explodirem em aplausos e palavras de aprovação.

Lily e James não ouviram nada disso. Seus olhares estavam travados um no do outro. De repente a ruiva quebrou o contato e se levantou, deixando rapidamente o pub.

-Ah... James? –Sirius chamou hesitante.

James ignorou totalmente o amigo e se levantou deixando o lugar atrás da ruiva.

-Agora a casa cai... –Sirius falou num suspiro.

-Ou talvez agora a coisa ande finalmente... –Remus falou preocupado.

XxX

Lily saiu do pub e encostou na primeira parede que encontrou. Ela precisava respirar. Sua cabeça estava latejando e seu coração estava batendo sem compasso. Ah Merlin, ai estava. O que ela ia fazer agora?

-Lily!

O coração de Lily deu um salto tão forte que ela achou que ele iria deixar seu peito. Então la iam eles. A derradeira conversa entre os dois. Se depois de tudo as cosias não se ajeitassem entre eles, se não fosse hoje, não seria nunca.

Lily virou a cabeça com cuidado, como se temesse antecipar demais esse momento. Quando ela saíra do Três Vassouras ela correra para uma rua lateral e menor que ficava ali perto. Convenientemente a rua estava praticamente deserta agora, mas ela não tinha tanta certeza se isso era bom ou não agora.

James estava distante dela uns três metros no mínimo. O rosto dele tinha uma expressão que Lily não sabia definir. Ele parecia perdido entre o confuso e o irritado, ela só não sabia porque a segunda, e isso a preocupava.

James avançou na direção dela a passos confiantes, os olhos dele nunca abandonaram a figura dela. Ele só parou quando menos de meio metro separava os dois.

-O que foi aquilo? –ele exigiu.

Lily ficou chocada.

-Como assim "aquilo"? –ela perguntou, incomodada.

-Toda aquela cena la dentro! –ele falou, exasperado –Aquelas palavras, aquelas lágrimas...

-Eu não estava chorando! –Lily protestou.

James lançou um olhar descrente para a ruiva.

-Ah por favor! Você estava praticamente se desfazendo em lágrimas. –ele falou irônico.

-Eu o que? –ela exigiu furiosa –Agora você esta sendo um... –ela respirou fundo –Da pra parar? –ela pediu –Nós estamos fazendo de novo!

-Fazendo o que? –James perguntou confuso.

-Sendo idiotas, discutindo em vão! –ela falou.

-Não! Você é que... –ele parou ao ver o olhar que Lily estava lançando –Você esta certa... –ele suspirou, cansado –Então eu não estava sendo presunçoso dessa vez? A música é nossa mesmo.

Não era uma pergunta e Lily sabia disso.

-É, ela é nossa.

Um silêncio pesado caiu entre eles. Nenhum dos dois ousava falar nada, porque ambos sabiam que quando começassem a falar não seria fácil parar. Eles nunca ficariam juntos se eles não resolvessem todos os mal-entendidos entre eles. E esses eram muitos.

-Então você acha que é isso? –James falou primeiro, um tanto irônico –Você faz uma música e a vida fica linda e maravilhosa?

Lily olhou para James com clara irritação.

-Você acha que é fácil assim, James? –ela falou irritada –Você ao menos prestou atenção no que eu falei naquela música? Quanta besteira esta entre a gente? Você acha que é fácil assim fazer alguma coisa funcionar entre a gente? –ela praticamente gritou.

-Então tudo o que você escreveu naquela música é verdade? –James perguntou, estranhamente calmo.

-Claro que é! –Lily falou impaciente –Por que outro motivo eu teria colocado tudo la?

-Então você me ama? –ele desafiou.

Lily engoliu em seco. Um nó se formara na garganta dela. Por que eles tinham que ter chegado tão rápido nessa parte da conversa?

-Eu fiquei sabendo uma coisa interessante. –James falou tranqüilo –Você e o Sirius tem uma coisa em comum. Vocês dois não conseguem admitir que amam uma pessoa. Bom, sinto muito dizer que eu não sou assim. E eu, por mais ridículo e masoquista que isso seja, amo você, Lily. E eu não tenho medo de falar isso, de admitir isso, por mais vezes que você tenha me dito que me odiava e que eu nunca conseguiria ter nada com você. É pedir demais que você tenha a mesma consideração comigo? Se você me ama, como você admitiu de forma tão bonitinha naquela música, me fala agora!

Lily travou totalmente diante das palavras dele. Ela abriu a boca, mas som nenhum era capaz de sair de la.

-Por Merlin! –James falou exasperado –Qual o problema? Você falou la dentro, por que você não pode falar aqui, me olhando nos olhos? Só me diz de uma vez, Lily, você me ama ou não? Eu sou assim idiota demais e entendi tudo errado ou realmente há uma parte em você, mesmo pequena e insignificante que me ama?

Ao ouvir essas palavras Lily olhou para ele em choque.

-Pequena e insignificante? –ela repetiu em choque –Você acha que se parte em mim que sente alguma coisa por você fosse pequena e insignificante eu teria tido a coragem de subir naquele palco e falar tudo aquilo? Você acha que se não fosse pra valer, eu teria arriscado tudo, meu orgulho, daquele jeito? Você acha?

-Eu ainda não ouvi a resposta da minha pergunta, Lily. –James lembrou –Você ai falou de sentimentos, mas eu estou falando de amor aqui.

Lily bufou irritada e bateu o pé no chão.

-Por que nós temos que falar disso? –ela perguntou incomodada –Por que você tem que me pedir justamente essa palavra? Por que você não pode aceitar o que foi dito antes?

-Porque não! –James falou irritado –Porque eu não quero saber de antes! Eu quero saber agora. Se nos últimos dois minutos você não mudou de opinião, como você sempre faz. Eu não vou te dar algo que você não vai me devolver, Lily! Se você não me amar eu não vou te amar! Eu não vou ficar numa relação unilateral!

-Amor prende, James! –Lily falou exasperada –Eu não quero estar presa!

-E você quer o que? Então para que tudo isso? Não era para eu vir aqui me jogar aos seus pés e implorar para você ficar comigo? Para eu vir implorar para você não ir para o México?

-Não, James! –Lily falou como se tudo fosse óbvio demais e James estivesse sendo o cego por não ver –É exatamente isso que eu não quero! Eu não quero que você me peça nada, assim como eu não quero que você me prometa nada! Independente do que ficar decidido entre a gente eu vou sim para o México.

-Como assim? –James perguntou confuso.

-Eu não estava indo para o México para fugir de você e do que sinto por você, James. –Lily falou, já mais tranqüila –Eu realmente quero ir para la. O treinamento dos aurores mexicanos é reconhecido como um dos melhores no mundo. Eu realmente quero treinar la.

-Mas... –James murmurou meio em choque –O treinamento para aurores dura dois anos.

-Dois anos e meio no México. –Lily informou.

-Então o que você quer? –James perguntou, já começando a sentir-se frustrado.

-Eu quero que você diga que me espera, se for necessário! Você não precisa dizer que vai comigo, você sequer precisa me prometer um felizes para sempre depois que eu voltar de la! Promete que me espera e eu estarei mais do que feliz.

James encarou Lily em silêncio.

-Então isso é tudo? –James perguntou, um tanto em choque ainda –Você quer que eu diga que o meu amor é o suficiente para esperar você ir e voltar?

-É, James. –Lily falou devagar –Eu só quero isso...

James ficou em silêncio por um minuto contemplando seus sapatos, mas quando ele levantou sua cabeça, seu olhar estava tão decidido que assustou Lily.

-Diz que me ama, Lily. –ele pediu –Só me diz isso, para eu poder me decidir.

-Você precisa disso para se decidir? –ela perguntou em choque.

-Eu já disse que não vou te prometer nada se eu não souber que nossos sentimentos são iguais. –ele explicou –Me diz, só isso Lily. São três palavras, Lily. Você pode falar isso, uma única vez.

-Eu não acredito! Por que você tem que insistir nisso? –ela perguntou frustrada –Por que você tem que me fazer dizer? Ações não mostram mais que palavras?

-Você não me mostrou de forma nenhuma Lily! –James falou exasperado –Nem por palavras, nem por gestos! Eu preciso que você me mostre!

Lily respirou fundo.

-Não desse jeito. Não aos gritos, não no meio de uma discussão. –ela falou por fim.

-Lily não faz isso! –James quase implorou –Por favor...

-Amanhã, eu juro. –foi tudo o que ela falou, antes de dar as costas para ele e sair dali.

James ficou pregado ao chão. Não a seguiu e só saiu dali quando seus amigos vieram buscá-lo, quinze minutos depois.

XxX

-Lily mulher! Eu acho que você vai ter que desenhar pra mim, porque eu não entendi! –Kira falou frustrada –O James vai atrás de você, diz que te ama e você vira as costas e vai embora? Como você tem coragem?

-Não foi só isso! –Lily se defendeu –A gente discutiu e ele me pressionou.

-Ah é a gente esqueceu dessa parte. –Gabrielle falou irônica.

-Não me encham, tá? Agora já ta feito!

-Ah Lily ninguém te merece viu! –Kira reclamou –Agora eu dou um prêmio de Maior Santo do Mundo pro James se ele ainda te quiser.

-Seremos duas então... –Lily falou cabisbaixa.

-Por que é tão difícil dizer "te amo", Lily? –Katherine perguntou com calma.

-Eu não sei. –a ruiva admitiu –Dá medo. Medo de que se eu falar que o amo, que se tudo ficar certo, e ele me pedir pra ficar ao invés de ir pro México eu fique. Eu tenho medo de ser uma daquelas garotas que vai desistir de tudo por ele e daqui uns anos vai ficar arrependida e amarga...

-Ai Lily... Você é dramática demais... –Katherine falou revirando os olhos –Você não é esse tipo de garota, isso já esta mais do que claro pra gente. Você não vai desistir de nada pelo James e eu não acho que ele te pediria pra fazer esse tipo de coisa.

-Você acha que ele me esperaria? –Lily perguntou insegura.

-O James te espera a vida inteira se for necessário, Lily. Você sabe disso.

XxX

Gabrielle desceu as escadas, distraída. Na cabeça dela passavam idéias e mais idéias de como fazer Lily arranjar juízo de uma vez por todas. Mas como a maioria das idéias girava em torno de bater na cabeça da amiga ela ainda tinha que aprimorar os planos...

-Gabrielle.

Gabrielle pulou ao ouvir seu nome ser chamado e deu de cara com James.

-Oi James. –ela cumprimentou –O que houve?

-Eu preciso da sua ajuda. –ele falou. Ele parecia um tanto nervoso.

-Pra que?

-Pra fazer aquele ser ruivo que você chama de amiga entender que eu não estou disposto a deixar ela escapar fácil assim.

-Ah! –Gabrielle deu um gritinho animado –Pode deixar comigo, James. Você já tem alguma coisa em mente?

-Na verdade... Eu tenho sim. –ele falou com um sorriso maroto.

XxX

Finalmente aquele dia chegara. O dia que finalmente fecharia uma fase da vida deles. Após sete anos não haveria mais volta para Hogwarts, sem mais banquetes de inicio de ano, sem provas, sem lições. Agora só o mundo real. Agora nenhum deles seria criança mais, agora era sair e enfrentar o que tivesse que ser enfrentado. Finalmente era hora do Baile de Formatura deles...

-Lily nós temos que ir indo já, tudo bem? –Gabrielle falou já dirigindo-se para porta, quase como se estivesse fugindo.

O vestido dela era de um tecido leve, lilás, preso embaixo do seio e soltinho até os pés. O cabelo dela estava preso em um rabo de cavalo firme no topo da cabeça, com alguns cachos.

-Por que? –Lily perguntou, saindo do banheiro. Ela acabara de terminar seu banho.

-Nós temos que fazer uma coisa. –Kira falou, também já indo para a porta –Então vamos ter que ir mais cedo.

O vestido de Kira era amarelo ouro. O vestido de seda caía como uma luva nela, suavemente. Ele tinha um decote discreto na frente, mas suas costas eram totalmente expostas. O cabelo dela estava preso numa trança e enfeitado com pequenas pedras amarelas.

-Mas por que vocês não me avisaram? Eu teria me arrumado antes! –Lily reclamou.

-Não se preocupe quanto a isso queridinha. –Katherine falou tranqüila –Estaremos esperando você la. Ah e use o que esta em cima da sua cama, ao lado do vestido. –ela completou antes de deixar o quarto também.

O vestido dela era azul céu, de alças finas e esvoaçante. O cabelo dela estava solto e cacheado nas pontas.

Lily queria matar as amigas. Por que raios elas estavam fazendo aquilo? Ia ser um saco ter que ir sozinha para a festa. Então ela decidiu não demorar muito para se arrumar.

Lily se aproximou da cama, onde seu vestido estava estendido. Ao lado do vestido de seda negra estava o colar que James lhe dera no Natal. Lily suspirou.

-Muito engraçado, Katherine...

Ela se vestiu com cuidado, totalmente esquecida da pressa. Ela pensara a noite toda. Ela tinha que dizer. Eram três palavras. James valia bem mais do que isso, já era hora de admitir isso.

O vestido dela era uma visão. Abraçava cada curva generosa que ela tinha. Um decote profundo valorizava o colo dela e um corpete braço abraçava a cintura dela, dando um toque a mais. Ela deixou os cabelos solto, caindo em cachos graciosos.

Ela já ia deixar o quarto quando voltou. Ela parou e encarou o colar. Estava na hora de ser um pouquinho mais corajosa. Ela pegou a jóia e colocou em volta do pescoço antes de deixar o quarto.

Ela tinha medo de cair enquanto descia as escadas. Seus joelhos tremiam. Ela estava ansiosa e ela mal sabia o porque. Não tinha motivo. Essa era só a noite... Ah inferno a noite mais decisiva da vida dela.

Quando Lily chegou ao salão todos os setimanistas já estavam la e uma música suave tocava, mas ninguém dançava na pista de dança que havia sido montado no centro do Salão Principal.

A decoração estava muito bonita. Quatro bandeiras imensas, uma de cada casa, estavam penduradas nas paredes. As mesas estavam decoradas com as cores de cada e todos os alunos estavam vestidos com esmero.

Mas quando Lily entrou no salão algo estranho aconteceu. Todos os alunos pararam o que faziam para olhar para ela. Lily achou a situação extremamente desconfortável e estava a um passo de perguntar o que tinha acontecido quando suas três amigas apareceram no palco.

-Boa noite a todos! –Gabrielle falou ao microfone –Bem vindos a nossa fabulosa festa. Bom, mas antes de começarmos, nós temos um aluno que pediu a atenção de todos, porque ele tem umas palavrinhas para uma certa ruiva teimosa. –risos foram ouvidos no salão –Com vocês, senhoras e senhores, James Potter.

Lily sentiu o ar travar em sua garganta quando ela viu James entrar no palco. Inconscientemente ela avançou alguns passos, parando bem no meio da pista de dança, bem na frente do palco. Ele estava vestido em trajes de gala bruxos completamente negros. Estava lindo. Ele parou diante do microfone, parecendo muito sério.

-Bom, como a Gabi já disse, tem uma ruiva muito teimosa na minha vida e eu cheguei a conclusão de que o único jeito de fazer ela entender alguma coisa é falar a língua dela. –ele falou, tranqüilo.

A banda começou a tocar uma amiga, estranhamente animada. (n/a: Exagerado, minha versão preferida é do Frejat cantando com a Zélia Duncan)

-Amor da minha vida

Daqui até a eternidade

Nossos destinos foram traçados

Na maternidade

Quando o olhar de James caiu em Lily ela sentiu seus joelhos fraquejarem de uma vez. Ela chegou a pensar que cairia.

-Paixão cruel, desenfreada

Te trago mil rosas roubadas

Pra desculpar minhas mentiras

Minhas mancadas

James tinha presença de palco, isso Lily tinha que admitir. E ele não parava de sorrir para ela. Por Merlin. Ela amava muito aquele menino.

-Exagerado

Jogado aos teus pés

Eu sou mesmo exagerado

Adoro um amor inventado

Se era fácil admitir em pensamento não seria fácil dizer em voz alta, não podia ser. Já que ela realmente o amava. Era isso. Ela iria dizer. James merecia isso dela.

Eu nunca mais vou respirar

Se você não me notar

Eu posso até morrer de fome

Se você não me amar

E mesmo que todos ainda estivessem ali naquele salão isso não importava. Porque aquele momento era dela e de James e ninguém poderia roubar isso deles.

-Por você eu largo tudo

Vou mendigar, roubar, matar

Até nas coisas mais banais

Pra mim é tudo ou nunca mais

Exagerado

Jogado aos teus pés

Eu sou mesmo exagerado

Adoro um amor inventado

James via o brilho nos olhos de Lily. Ele sabia que ela o amava. Mesmo que ela nunca dissesse nada ele sempre saberia. Havia coisas que simplesmente não podiam ser negadas.

-Exagerado

Jogado aos teus pés

Eu sou mesmo exagerado

Adoro um amor inventado

Que por você eu largo tudo

Carreira, dinheiro, canudo

Até nas coisas mais banais

Pra mim é tudo ou nunca mais

Foi só então que ele reparou no colar em volta do pescoço dela. Ela estava usando o colar que ele lhe dera de Natal. Ali estava a prova mais concreta de que ela estava ligada a ele.

-Exagerado

Jogado aos teus pés

Eu sou mesmo exagerado

Adoro um amor inventado

Ele desceu do palco e foi na direção de Lily caindo de joelho diante da ruiva. Lily ouviu vagamente os aplausos e gritos de aprovação que vieram da platéia. Ela só via os olhos de James agora.

-Jogado aos seus pés com mil rosas roubadas

Exagerado

Eu adoro um amor inventado

A música terminou e o salão irrompeu em palmas, mas os dois sequer ouviram. James se levantou e encarou Lily de maneira firme.

-Eu não vou deixar de ir para o México. –ela avisou.

-Eu não estou pedindo pra você fazer isso. –ele assegurou.

Lily deu um sorriso de canto de lábio.

-Onde estão minhas mil rosas roubadas? –ela desafiou.

-Sempre uma detalhista ruivinha... –James falou com um sorriso maroto.

Ele estalou o dedo e nesse momento rosas vermelhas começaram a cair do teto por todo o salão.

-Eu te amo, ruiva.

-Eu também, moreno. –ela falou sorrindo – Cada dia mais e mais...

O sorriso de James aumentou absurdamente, antes de ele puxar sua ruiva para beijá-la. Agora sem medo, sem negações e ainda rodeado das palmas de aprovação de todos os presentes no salão.

FIM

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

N/A: Ai esta meus amores!! Mais uma fic concluída especialmente para vocês!!!

Espero que vocês tenham gostado e se divertido tanto quanto eu!

Reviews? *-*

B-jão