Imparfaits Diamants
Por Just


Elas diziam-se belas.
Invejosas, interesseiras, sedentas de luxo e poder.
Maldosas, corrompidas, impensáveis criaturas sujas.
Eu não via a beleza delas.
Mas os outros concordavam com tais palavras, elogiando cada traço das suas ditas belezas, admirando a tela sem compreender a pintura.
Alguns, tolos e cegos, levados pelos olhos enganados, comparavam-nas a diamantes. Mas eu sabia, assim como elas, que de diamantes nada tinham.

Bella era negra, dada de corpo e alma às trevas. Ela era pecado maldito, insano espírito selvagem. Ela era um demónio e nunca seria um diamante.
Bella que nada de belo tinha; bela falsa, aparente, corrompida no interior, fingido brilho nunca existente.
Bella, a quem todos diziam perfeita, exemplar. Mentira ilusória, escondia na beleza do corpo.
Bella não era perfeita.
Bella não era exemplar.
Bella era preto. E os diamantes sempre foram brancos.
Brancos, símbolos de pureza, de brilho e de poder. Onde seria ela assim?

Cissy era cinza, louca contida, receosa das trevas profundas. Era aparente beleza inebriante, chocantemente divina, interiormente apodrecida com futilidades e ideais distorcidos.
Cissy cuja beleza era como um espelho quebrado, estilhaçada em milhões de pedaços, perdendo o seu brilho, a sua cor, a cada novo movimento dos ponteiros de relógio.
Cissy que todos veneravam, que todos julgavam ser leve e preciosa.
Cissy que decaía para as trevas.
Cissy que, timidamente, ficava mais negra a cada dia.
Cissy que nascera diamante branco. E que perdera toda a sua pureza.

E elas ainda se diziam belas.
Exteriormente perfeitas, almas deterioradas, sujas, feias!
Diziam ser diamantes, vestir o branco e fingir perfeição.
Diziam ter a pureza e a riqueza daquela jóia.
Diziam que ninguém, nunca, estaria acima delas.
E como se enganavam...

Eu via, claramente como através de água, e não era a única a ver.
Minhas irmãs não eram brancas, eram Black.
Sujas, corrompidas, egoistas, maliciosas e loucas.
Ambiciosas e cegas.
Elas nunca viram, sentiam-no, mas não viam.
Não, a falsa beleza, as cores deturpadas das suas almas, o fingimento constante não lhes permitia.
Elas não eram mais belas.

E não viam, também, onde estava a real beleza.
Não viam o branco escondido, a cor pura e intacta.
Não viam o interior limpo, alma completa em todo o seu alvo esplendor.
Não viam que, aos poucos, outros reparavam no brilho real.
Não viam que a luz irradiava.
Não viam que a verdadeira jóia estava mesmo ali.

Bella não era diamante.
Cissy não era diamante.
Pois o diamante era branco.
E o branco era eu.


N.A.: Aqui está o meu pequeno surto de vinte minutos ^^ Escrito para o III chall Relâmpago do 6V.
Um enorme obrigada à Giu que betou e que me ajudou com o título - valeu, dear!
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Just