Titulo original: Sacrifices Betrayals Love and Foolishness

Autor(a): TheSiner

Tradutora: Srta. Kinomoto

Disclaimer: Nada aqui me pertence, nem os personagens, nem a história, os quais pertencem a seus criadores, produtores e a autora.

Localizado: Depois da Ordem da Fênix e do Departamento de Mistérios. Harry acabou de fazer dezesseis.

Sumário: TRADUÇÃO. Harry e Snape são forçados a se casar e não funciona muito bem. Harry esta deprimido, Snape é teimoso, e todos mais são egoístas. HP/SS, slash, mpreg.


Sacrifícios…

1.

Harry foi ligado a Severus Snape em um dia morno e ensolarado de agosto.

Agosto era um mês muito suave e calmo. O calor alegre do verão começava a levar embora o frio melancólico do outono.

Albus Dumbledore disse que era sua própria culpa, claro que não tão rispidamente, mas isso era o que ele queria dizer. Sim, meio que era. Harry tinha dezesseis agora e a Lei Bruxa considerava que feiticeiros de dezesseis anos de idade eram capaz de decidir por si mesmos, mesmo se ainda não fossem maiores.

Infelizmente, um par de dias antes de fazer dezesseis, Harry acabou dizendo algo que implicava que não estava se sentindo em casa com os Dusleys e que Privet Drive, número quatro nunca tinha sido sua casa e nunca seria.

Mais tarde Harry não pode recordar exatamente tudo que tinha dito, porque sua cabeça ficava sempre um pouco confusa depois que seu tio a batia.

Entretanto, ele tinha acabado desativando as proteções que tinham sido criadas pelo sangue da sua mãe e que iriam protegê-lo desde que ele chamasse Privet Drive de casa.

Harry se perguntava se o diretor sabia. Sobre as batidas, isto é. Se ele sequer se importava.

Provavelmente não importava para o quadro todo. Não era tão ruim de qualquer modo, um tapa aqui um soco ali. Nada mais do que Harry pudesse agüentar.

É claro que ficar longe do seu tio não era valor o problema que a 'desonra' de Harry tinha causado. A Ordem procurou freneticamente por uma solução. Eles não disseram nada, suspeitavam sobre como a vida de Harry em casa era. Entretanto, seu desapontamento escoava quando eles evitavam seus olhos, apertando seus lábios, gestos que você não podia nomear, não podia apontar, mas de algum modo eram registrados na parte subconsciente de sua mente.

Albus Dumbledore pensou que essa proteção poderia ser transferida ao esposo de Harry, se ele tivesse um. Harry precisava de uma família nova.

Consequentemente, tinha que se casar ou se ligar. E quem era mais apropriado do que o mestre de poções de Hogwarts e anterior (recentemente descoberto) espião Severus Snape? O bruxo por si mesmo precisava de uma proteção extra, desde que agora ele estava na lista de futuras vitimas de Voldemort, abaixo do Menino-Que-Sobreviveu e de Albus Dumbledore. Além disso, desde que o lugar que tinha chamado de casa por quase tantos anos quanto ele estava vivo, era Hogwarts...todos pareciam convencidos. A escola também aproveitaria alguma proteção extra.

Alguma da 'Velha Guarda' tinham batido suas cabeças na mesa e se perguntado porque não tinham pensado nisso antes. Arthur Weasley, que era um deles, não estava realmente feliz com o arranjo, foi forçado a lembrá-los que não é exatamente legal casar alguém menor de dezesseis, considerando o que o matrimônio envolve.

As cabeças pararam de ser batidas e alguém mudou o assunto. Eles não queriam pensar no que um casamento entre Severus Snape e Harry Potter, não, melhor, com o Menino-Que-Sobreviveu envolvia. E Harry não era mais uma criança. Ele era um homem. O Menino-Que Sobreviveu somente parecia jovem, porque ele era um pouco pequeno.

Molly Weasley fungou um pouco alto demais. Ela se importava com Harry e achava que não era justo com o menino. Mas ela também o queria o ver com saúde e vivo, então ela sabia que era necessário...e em algum lugar no canto da sua mente, uma pequena voz lembrou que ela ainda tinha mais duas crianças em Hogwarts e ela as queria segura por atrás das proteções reforçadas.

Harry não protestou. Como ele pode levantar alguma objeção, se todo mundo, exceto Ron, talvez, dizia que era para o melhor?

Fazia somente dois meses desde que Sirius tinha morrido. Eles estavam ficando em Grimmauld Place e Harry ainda esperava que ao virar em um corredor, abrir uma porta...ele estaria lá. De pé na cozinha com uma caneca na mão, sorrindo. Cada vez que a Sra. Black começava a gritar sobre sangue ruins e traidores, Harry esperava que a voz poderosa de Sirius gritasse de volta.

E não importava o que todos mais diziam; Harry sabia que era sua culpa. Como ele podia objetar a algo que manteria a todos a salvo? Mesmo Hermione e Ron. Remus parecia bem inconfortável, mas ele disse que acreditava que Severus era um homem bom e honrado e que não faria nada para ferir deliberadamente Harry e que Severus cuidaria dele e o manteria a salvo. A primeira parte não tinha parecido muito convincente, mas a segunda sim. Obviamente, Remus também não queria perder mais ninguém.

Ainda sim Harry não estava certo. Ele nem sequer tinha tentado entender o lobisomem. Com ele, era sempre como se ele estivesse e não estivesse lá ao mesmo tempo. Como se ele se importasse, mas não fizesse. Entretanto, Harry estava tentando não ficar chateado sobre isso. Afinal de contas, Remus Lupin tinha tido uma vida muito difícil e cheia de problemas. Harry provavelmente nem sequer podia imaginar quão dura tinha sido.

Que direito Harry tinha de querer algo mais do homem? Depois de tudo que tinha acontecido no Departamento de Mistérios, ele deveria estar feliz que Remus ainda queria falar com ele, certo?

No dia que ele se casou, Harry se sentia um pouco insensibilizado. Esse é seu estado usual desde que Sirius se foi. No inicio, havia descrença, a seguir houve o sofrimento, depois do sofrimento veio a raiva e então outra vez o sofrimento. Tanto sofrimento que simplesmente tinha se tornado demais e então...então um dia Harry percebeu que seu sofrimento tinha se transformado em entorpecimento.

Talvez fosse para o melhor; se não, Harry poderia não ter concordado com a ligação.

Ele notou que Snape não tinha dito nenhuma palavra para ele e se recusava a olhar para o seu futuro marido. Não que Harry pudesse culpá-lo. Snape provavelmente queria casar com ele menos do que Harry queria casar com Snape. Talvez o homem já tivesse um amante em algum lugar...não, risque isso. Harry era o filho de James Potter e isso provavelmente era o bastante para irritar Snape completamente.

O menino fica surpreso ao notar que o entorpecimento retrocede por um momento e ele sente uma pontada de algo, como chumbo derramando em seu estômago no pensamento que provavelmente agora Snape o odeia ainda mais. E ele decide que isso é uma boa coisa, apesar de tudo, que Snape não esta olhando para ele, porque Harry não tem certeza que poderia agüentar a repugnância e aversão em seus olhos.

Harry realmente não queria isso, não estava tentando contrariar o homem de propósito, ele realmente não queria que qualquer um não gostasse dele. Harry teme que uma parte dele sempre será aquele pequeno menino não desejado, que esta implorando desesperadamente por aceitação.

A cerimônia acontece na 'Toca', no jardim. Depois que os feitiços são feitos, eles comem a comida que Molly tinha cozinhado e tem até mesmo um bolo que ela mesma corta.

Ninguém esta particularmente com fome. Alguns 'convidados' (os mais confiáveis membros da Ordem) aproveita do whisk de fogo e empurram a comida de um lado para o outro no prato. Molly parece frustrada.

Mesmo Ron que normalmente come por três, mal toca em sua comida e mal abre a boca. Ele é o único que realmente se opõe ao casamento de Harry. Se as coisas fossem diferentes, Harry estaria grato pelo fato de que alguém estava ligando para ele. Ele sabe que Ron também se ofereceu para casar com Harry. Molly se recusou a ouvir. Ron tem somente dezesseis, não era poderoso o bastante e o Menino-Que-Sobreviveu precisava de proteção. Em outras palavras, ele não estava condenado como Harry e ninguém queria arruinar sua vida, seu futuro, mas ninguém tem nada contra arruinar a vida de Snape.

Harry concorda. Melhor Snape do que Ron. O menino sabiamente mantém sua boca fechada quando seu melhor amigo pergunta: "E você, Harry? E sobre a sua vida?" Ele não vai admitir que não se importa muito sobre sua vida. Ele estaria contente em usá-la para fazer algo bom para as pessoas que ele se importava.

Harry encara a mesa e quase consegue se desligar de todos ao redor dele. Ele ainda esta pensando em Sirius.

Mais tarde eles voltam a Hogwarts pelo floo. Harry como usual tropeça e quase bate a cabeça na pedra do chão do escritório do Diretor. Entretanto, não tem muito tempo para se recompor, desde que Snape já esta na porta e obviamente não vai esperar até que o menino se levante. Harry assume que alguém como ele não encontra desculpas para falta de graça e isso é mais uma coisa que o homem despreza nele.

Harry quase tem que correr para acompanhar Snape cujas pernas longas o levam pelas escadas e corredores. Ele não quer se perder do homem, porque ninguém disse a ele onde ele vai ficar. De fato, não disseram muito a ele, exceto que ele tinha que se casar para a proteção dele e de todos mais. Para o bem maior.

Harry pensa que os quartos de Snape não são tão ruins. Bem, muito provável que qualquer coisa metade aceitável era bom o suficiente para alguém cujo primeiro quarto foi um armário...mas o quarto é agradável o bastante. Há uma sala com uma chaminé, que o Mestre de Poções acende as luzes assim que eles entram, duas poltronas com uma pequena mesa entre elas e um sofá e uma estante enorme ao longo de uma das paredes.

"Essa porta," Snape aponta. "É o meu escritório. Você não esta permitido ali. Ali," ele aponta novamente, "é o quarto e o banheiro adjacente."

Então, ainda não olhando para o menino, Severus Snape lista mais coisas que Harry Potter não esta permitido fazer ou tocar. Infelizmente, os livros são um dos intocáveis. Mas Harry entende; esses são os livros de Snape afinal de contas. Tudo ali embaixo pertence a Snape.

Então Snape desaparece no quarto sem uma palavra. Harry se senta timidamente na borda do sofá marrom escuro. Snape não o proibiu de usar a mobília, mas o menino simplesmente não se sente confortável.

Uns quinze minutos depois, ele aparece novamente. Esta usando um robe verde escuro sobre um jogo de pijamas pretos. Eles parecem muito agradáveis. Seda ou cetin, Harry não sabe realmente, porque tudo que ele já tinha tido era de algodão. Ele de repente se lembra de seus próprios pijamas gastos, que na verdade são os velhos de Dudley e pelo menos quatro polegadas maiores que ele. Ele esta embaraçado e não quer que Snape os veja.

Então Snape manda que ele vá ao banheiro e se limpe. Completamente. Isso pica um pouco. Há muitas coisas que estão erradas com Harry, mas ele realmente gosta de estar limpo e aprecia seu tempo no banheiro. Vernon costumava o trancar ou negar ao menino uma possibilidade de usar propriamente o banheiro e então chamar ele de anormal sujo... Harry gosta de estar limpo, se ele pode. Além do mais, ele acha banhos longos muito relaxantes, uma chance de escapar um pouco de tudo. Normalmente pessoas fazem isso quando dormem, mas por razões óbvias isso não funciona para Harry.

Pesadelos.

O menino não se atreve a demorar muito e em mais ou menos dez minutos, ele esta de pé no quarto com uma grande, mas somente uma cama no meio. O coração de Harry começa a bater mais rápido e parece que vai sair pela sua garganta. Ele olha ao redor para ver se tem um armário em algum lugar, porque não pode acreditar que Snape permitiria que dormisse com ele.

"Vá para cama," Snape manda de perto da porta, braços cruzados na frente do peito. Ele parece que esta tentando fazer um buraco em Harry com seus olhos.

Harry puxa o cobertor, mas antes dele tirar os pés do chão, ouve mais uma ordem: "Tire as calças e deite de costas."

Harry não entende. Seu peito queima, mas ele realmente não entende. Por que Snape ia querer que ele fizesse algo assim, algo tão embaraçoso? Ele esta tentando humilhá-lo?

"Não seja difícil sobre isso, Potter," o Mestre de Poções cospe. Ele soa quase ofendido. "Isso tem que ser feito e eu quero terminar isso logo."

E então Harry entende e quase se bate por ser tão inocente. Eles são casados. Casados. Sim, até esse momento ele tinha pensado que seria um casamento somente no papel e...ninguém tinha mencionado que ele e Snape teriam que, teriam que...mas obviamente, eles teriam. Obviamente, o casamento precisava ser consumado, ou algo assim, para se tornar real, ele pensa que leu ou ouviu algo sobre isso em algum lugar,

De uma coisa Harry tem certeza. Snape não estaria fazendo isso, se não fosse necessário.

Harry assente sem emoção e pensa que seria melhor que alguém o tivesse advertido enquanto puxa o elástico de suas calças de pijama e as deixa cair no chão. O menino não tem nem sequer certeza de como funciona entre homens, mas ele não tem duvidas que Snape faz.

Harry faz como foi dito. Ele se deita, sua cabeça no travesseiro, olhando para a porta do closet do outro lado da cama. Tem botões de bronze. Ele nota que a cama é confortável e os lençóis cheiram como se tivessem sido recentemente lavados. Mas não importa em quantas coisas insignificantes ele tente ocupar sua mente, Harry sente o ar frio e úmido das Masmorras em sua carne exposta.

Ele esta tentando ficar calmo, fingir que isso é apenas uma tarefa ou algo como a visita a medico, qualquer coisa, exceto sua primeira vez, mas a protuberância em sua garganta parece a ponto de sufocá-lo. Então Harry sente a cama abaixar e o peso de Snape nele, enquanto o homem afasta suas pernas.

Muito logo Harry descobre, como funciona com dois homens.

Ele se encontra no seu lado da cama, encarando o armário e não o vendo, com lagrimas silenciosas caindo por suas bochechas. Harry não poderia dizer, se alguém perguntasse, o que tinha sido pior, a dor física ou psicológica. E ninguém esta perguntando de qualquer modo. Snape deixa o quarto assim que termina, provavelmente para se limpar de qualquer evidência de que alguma vez tinha tocado em Harry Potter.

Harry não ousa se mover. O menino não quer sentir a dor em sua espinha subindo de sua abertura abusada. Snape mandou que ele relaxasse, mas Harry não conseguiu e tinha doido. Pelo menos o homem não o tinha chamado de nomes, isso teria feito as coisas muito piores. Embora, Harry não possa pensar em muito que poderia ter sido pior.

Mas ele sabe que vai curar.

Harry deseja que Sirius estivesse ali para o abraçar mais do que nunca. Ele se sente tão triste, tão sozinho. Humilhado e Violado. Como se ele tivesse sido rasgado e nunca pudesse fechar novamente aquelas feridas. Como se algo tivesse sido sugado dele, tão vazio.

2.

Quando Harry acorda na manha seguinte, esta sozinho. Os lençóis da cama não cheiram mais tão bem. Ele rola para o outro lado e cheira o outro travesseiro. Almiscado. Ele tinha cheirado isso antes, mas não tinha lembrado o nome do perfume. Então, Snape tinha dormido ali. Provavelmente tinha voltado após Harry adormecer.

Mas o que isso importa? Harry não tem certeza.

Ele se pergunta porque eles tem que compartilhar a cama e se eles teriam que repetir a noite passada. Harry também sabe que não se atreveria a perguntar.

Se arrasta ao banheiro, esperando que um banho vá fazê-lo se sentir melhor. Não faz. Nada faz.

É suposto melhorar; pelo menos é aquilo que eles dizem, não é? Mas não esta ficando melhor.

Pelas ultimas duas semanas de Agosto, Harry tenta se habituar. Viver com Snape. Seu marido. Harry tenta não irritá-lo, mas isso é obviamente impossível, porque não é nada que ele faz, é sua mera existência que o homem não pode agüentar. Uma vez o menino tentou fazer um chá, como um oferecimento de paz, um gesto gentil ou talvez simplesmente tentando provar que ele não é completamente inútil...

Não termina bem. Acaba que o Mestre de Poções mantém ingredientes de poções na cozinha, que parece com chá, cheira como chá, mas não é chá. Harry pensa que nunca viu Snape tão irritado; ele não estava tentando envenenar o homem. Suas mãos estão tremendo enquanto ele despeja o 'chá' na pia e lava xícaras. Então ele se tranca no banheiro para chorar. Ele nunca mais tenta fazer algo como isso. Harry mal toca em qualquer coisa.

Não melhora quando a escola começa. Todo mundo sabe que ele está casado com Snape; Rita Skeeter tinha sido terrivelmente útil em deixar o publico saber. Isso por si só não seria grande coisa, porque todos os casamentos eram anunciados publicamente. A coisa é que Skeeter não parou em simplesmente anunciar o fato, é claro que não. Ela também fez todo tido de especulações sórdidas sobre seu relacionamento com Snape.

Parece que todos estão sussurrando por suas costas e mesmo apontando abertamente. Draco Malfoy esta se divertindo como nunca, com o casamento de Harry. A única proteção de encontro a ele é o seu entorpecimento, é como se nada pudesse ferir Harry mais do que ele já tinha sido ferido.

Algumas vezes tudo parece só um sonho.

Ron e Hermione ainda estão lá, eles ainda são amigos, mas eles estão muito ocupados, Hermione tem tantas classes e ela se tornou Monitora Chefe. Era incomum, porque ela só estava no sexto ano, mas Harry esta feliz por ela. Ron é o novo capitão do Time de Quadribol da Grifinória; mas Harry não é nem mesmo permitido jogar. Todos dizem que é triste, mas provavelmente mais seguro para ele desse modo.

Além do mais, seus dois melhores amigos estão juntos como um casal agora e isso quer dizer que querem passar algum tempo sozinhos. Eles ainda não disseram a Harry, mas mesmo ele não é tão cego e eles são muito obvies

Mas tudo aquilo deixa Harry mais solitário. Ele não se sente tão confortável com os outros grifinórios, nem eles se sentem confortáveis com ele. O menino não pode realmente culpá-los. Todo mundo tem um motivo para estar desconfortável com seu casamento. O fato de que ele esta casado com um homem, o Chefe da Casa Sonserina, um antigo Comensal da Morte, professor deles - qualquer que seja, Harry não consegue impedir de se sentir indesejado em sua própria casa.

Consequentemente, ele esta se escondendo muito ultimamente. Quando esta morno lá fora, ele se senta perto do lago. Quando começa a ficar frio, ele se esconde num canto da biblioteca ou mesmo na Sala de Requerimentos. Ele nunca volta aos quartos de Snape até o toque de recolher. Ele também não é bem vindo lá afinal de contas.

Snape é...difícil. O Mestre de Poções o trata pior do que sempre em aula. Não importa o quanto ele tenta picar, cortar ou agitar, ele ainda não acerta. Snape continua dizendo o quão inútil, preguiçoso e desajeitado ele é. Ele mantém a emparelhar o menino com Malfoy que provoca implacavelmente até que Harry não pode mais agüentar e soca ele no rosto.

Isso dá a Harry somente um semana de detenção e mais abuso verbal de Snape. Harry esfrega caldeirões até que a ponta de seus dedos sangrem. Mas vale a pena - para ver a cada do Malfoy.

Mas ele ainda não tem certeza do que é pior, quando seu marido grita com ele ou quando ele é completamente ignorado, como acontece quando Harry esta nos quartos de Snape. Era como se ele fosse invisível. Harry é realmente tão repugnante, tão horrível de simplesmente se olhar?

Ele realmente não é bom o bastante para nada?

Cada vez mais freqüente ele pensa que o mundo estaria bem melhor sem ele. Dursleys não sofreriam com bruxos invadindo a sua casa se não tivessem sido forçados a ficar com ele. Sirius ainda estaria vivo. Mesmo seus pais provavelmente ainda estariam vivos. Hermione e Ron poderiam aproveitar seu tempo juntos, sem serem forçados a incluir seu pobre amigo deprimido. Eles não estariam em perigo por serem seus amigos. E Snape estaria livre, não amarrado ao filho feio e magrelo de seu inimigo.

Mas Harry está tentando muito duro.

Quando tudo está gritando nele para desistir, para deixar ir, ele sabe que não pode ainda.

Ainda.

3.

Quando o tempo vem, Harry Potter esta pronto para morrer.

Albus Dumbledore diz a verdade a ele um dia antes que aconteça. Acontece que Tom Marvolo Ridle tinha separado a sua alma em sete pedaços e feito algo chamado horcruxes. A Ordem tinha procurado e destruído a maioria deles. Só restavam dois. Um deles era Nagini, o outro - Harry. Ele estava carregando um pedaço da alma do monstro dentro dele e para destruí-la Harry tinha que morrer pelas mãos de Voldemort.

No final a única que o herói e Salvador do Mundo Mágico tem que fazer é nada. Harry tem que deixar que Voldemort o mate.

Mas está tudo bem.

Harry esta pronto.

Alguns dias ele deseja que nunca tenha nascido. Outros dias ele deseja...mas isso não importa. Ele já não tem o bastante para se segurar a vida. Hermione e Molly Weasley estão chorando e quase o sufocando em seus braços. Não que elas saibam o que realmente vai acontecer. Elas achavam que ele só iria enfrentar Voldemort, para cumprir seu destino. Harry esta grato que eles não sabem a verdade.

A batalha esta acontecendo ao redor deles. Snape está ao lado de Harry, lançando feitiços para todo lado, arrastando o menino com ele. O Menino-Que-Sobreviveu se sente inútil, ele não pode fazer muito. Ninguém ensinou a ele como lutar propriamente e essa não é sua missão de qualquer modo.

Harry tenta se concentrar no que tem que fazer e ignorar o caos, a loucura ao redor dele. Morte. Hoje a morte esta governando em todo lugar.

Harry sente que eles estão se aproximando de Voldemort. A cicatriz esta doendo como nunca, sua cabeça parece que esta a ponto de abrir diante da dor.

Um momento Snape olha para o menino, ele é uma cabeça mais alto do Harry e há algo incompreensível em seu olhar e Harry sente como se devesse dizer algo a Snape. Mas o momento terminou rápido demais quando o feiticeiro escuro empurrou Harry do caminho de outra maldição e continuou a arrastá-lo para o Lorde das Trevas.

Harry não sabe o que quer dizer de qualquer modo e não pensa em nada que seria bem recebido.

Acontece muito rápido. Ele faz Voldemort rir jogando meia dúzia de feitiços infantis no Lorde das Trevas. Ele começa 'o discurso'. Cujo único ponto é que o onipotente Lorde Voldemort é muito melhor do que ele e do que todos mais.

Harry não deixa as palavras chegarem até ele. Esses são seus últimos momentos; o menino esta em paz com isso. Ele esta resignado com seu destino. Não vai deixar a trivialidade, crueldade e feiúra de Voldemort o atingir antes de sua ultima grande jornada.

Obviamente, Voldemort tem mais bruxos para matar essa noite, então ele decide que é o momento para que Harry morra.

"AVADA KEDAVRA!"

As ultimas palavras que é suposto que Harry ouça.

Então há escuro.

Quando ele se torna consciente de si mesmo, Harry olha ao redor e vê que ele esta ao lado de um lago, em algum lugar em uma clareira. Não é Hogwarts, não é em nenhum lugar do mundo Bruxo da Grã Bretanha. De algum modo, o menino sabe disso. É tão pacifico ali. Seguro. É um santuário.

Então Harry sorri pela primeira vez em...bem, muito tempo. Sua mãe, pai e Sirius estão saindo da floresta.

Lily abre os braços e Harry corre para ela e permite que ela o puxe em seu primeiro abraço com sua mãe que o menino lembra. Os dedos de James estão correndo por seu cabelo.

Deve ser o céu!

"Tão bonita, minha criança," Lily sussurrou, "Eles não o merecem."

Harry olhou pra cima para ver lágrimas em seus olhos. Lily é a mulher mais bonita que ele já viu. Ela parece feliz e triste ao mesmo tempo.

Ela solta relutantemente o menino que é mais baixo do que ela e deixa James o abraçar também.

"Eu amo você, Harry, eu sempre vou amar," James diz. "Nada pode ser comparado com a alegria de segurar o seu primeiro filho em seus braços."

"Está na hora," Sirius disse e Harry não entendeu do que. "Esta na hora de você voltar, Harry," o homem explicou puxando Harry para seus braços. "Eu estou orgulhoso de você. Seja forte."

Harry sacudiu a cabeça. Voltar? Voltar!

Não.

Ele queria ficar.

"Eu sinto muito, não é tempo ainda..."Lily sorri tristemente. "Ainda há coisas pra você fazer..." seu sorriso se alarga e a tristeza se vai. "Algo muito importante, Harry."

"Não tem NADA! NADA pra mim!" Harry grita enquanto a floresta clareia e seus pais desaparecem, e novamente, ele está sozinho na escuridão.

4.

Harry não tem certeza de quanto tempo passa até que ele acorde. Surpreendentemente a primeira pessoa que ele vê é Snape aparecendo sobre a cama.

"Então você esta acordado," o homem diz com a mesma expressão ilegível que passou a desgastar recentemente. Harry está feliz que não pode ler seu assim chamado marido, porque ele não quer ver o desapontamento do homem porque Harry ainda esta vivo. Mais uma vez, de encontro a todas as possibilidades. Simplesmente não acontece!

Harry acabou de perceber que Snape estaria livre, se ele tivesse morrido.

Uma onda de tristeza lava o menino. Ele que voltar para aquele lugar pacifico, para Sirius e seus pais. Talvez ele pudesse...

"Veneno..." Harry sussurra, sua voz rouca da falta de uso por algumas horas e sua garganta dolorosamente seca. Harry está tão cansado de sentir dor.

"O que?" Isso definitivamente chama atenção de Snape.

"Você pode," o menino se esforça, "fazer venenos."

Snape congela, olhos negros perfurando os olhos verdes que lenta, mas firmemente se enchem de lagrimas.

Ele tem que entender. Seria o melhor para ambos. Snape estaria livre e Harry teria sua família.

Ninguém podia dizer que Snape era lento para pegar as coisas. Os olhos do Mestre de Poções chamejam de raiva e ele agarra Harry pelo colarinho do pijama e o sacode: "Como você se atreve seu...seu...pequeno e lamentável covarde!" O homem grita e as minúsculas gotas de cuspe batem no rosto de Harry.

Harry de repente se sente tão irritado. O menino junta todas as suas forças, afasta as mãos de Snape e as lágrimas.

"Como você se atreve? Você não sabe de nada! NADA! Desde quando você se importa?"

O menino se vira e enterra o rosto no travesseiro enquanto soluços o dominam. Ele não sabe se Snape permanece no quarto. Ele não se importa em quem o ouve. Harry tem direito a pelo menos isso, suas lagrimas amargas. Seu momento de auto piedade.

Quando ele acorda mais tarde, Harry concluiu que deve ter chorado até dormir. Dessa vez não é novamente deixado em paz. Madame Pomfrey corre para o seu lado e começar a lançar feitiços diagnósticos e forçar poções em sua garganta. Quando ela finalmente esta satisfeita, os visitantes começam a entrar.

O Diretor esta ali e a maioria dos Weasleys e seus colegas de casa e mesmo Rufus Scrimgeour, o novo Ministro da Magia. Deus, mas Harry nem tinha idéia de que eles tinham um novo Ministro.

Todos estão tão feliz que ele está bem. Todos querem cumprimentá-lo. Todos estão tão gratos e aliviados. Estranhamente, isso afeta Harry da maneira errada. Não são os sentimentos que ele quer explorar, mas o alivio deles machuca.

Os únicos que são realmente bem vindos a sua cama de hospital são Ron, Hermione e Hagrid. E Madame Pomfrey esta sendo bem aceitável sobre tudo.

Ron se tornou um herói também. Foi ele quem acertou Voldemort com a espada de Gryffindor quando o mostro ainda estava festejando a emoção de finalmente se livrar do Menino-Que-Sobreviveu.

Harry esta feliz por seu amigo, porque isso não é algo que Ron sempre desejou? Ser algo, alguém? Não é que Harry pense que Ron não é nada mais do que o menino mais novo do Weasleys. De modo algum. Harry acha que Ron é uma pessoa generosa, boa, confiável, e um gênio do xadrez e muitas outras coisas. Entretanto, ele suspeita que Ron não vê todas as coisas que o tornam tão especial.

Bem, mas por outro lado, não há nada errado em querer ser conhecido no Mundo Bruxo, só porque Harry não quer isso. Ele não inveja a fama de Ron.

Harry não vê Snape até que Madame Pomfrey o liberte da enfermaria três dias depois e ele é forçado a voltar para as câmaras onde fica com seu marido. As aulas foram canceladas por uma semana e Harry não quer estar em lugar nenhum onde seus colegas de classe podem vir e felicitá-lo ou lhe chamar de 'seu herói'. Pela primeira vez desde que ele se mudou para as Masmorras, Harry encontra os quartos de Snape mais confortável que os outros lugares.

Fica aliviado quando o homem não o manda sair, Harry quase espera que ele o faça. Toda vez que Snape passa quando Harry esta lendo um livro, enrolado no sofá, o menino espera que ele exploda. Não acontece.

Em todo caso, parece que algo mudou entre eles.É muito inábil. Harry pega o homem olhando para ele às vezes e às vezes parece que Snape quer dizer alguma coisa, mas ele se impede.

O Mestre de Poções não gritou com o menino desde que Harry voltou da Ala Hospitalar. Talvez seja porque não há aulas. Normalmente é quando ele ferra tudo e dá a Snape uma oportunidade de gritar nele. Snape também consegue que os elfos entreguem a comida em seus quartos. E menciona que se Harry quiser, seus amigos podem visitá-lo em seus quartos.

"...Nosso quartos." ele diz, e Harry sente algo vibrar em seu estômago.

Para alguém como Snape é uma coisa terrivelmente agradável de se ouvir e faz a vida de Harry bem mais fácil.

O único problema é que faz o menino ainda mais confuso, adicionando a confusão de estar vivo. Afinal de contas ele não tinha esperado sobreviver. Harry de repente percebe que ele já tinha desistido da sua vida muito antes do diretor dizer que ele tinha que morrer.

Um baile acontece para celebrar a vitória. Sra. Weasley compra vestes novas para Harry, a despeito de seus protestos que ele ainda cabe no que usou no seu baile do quarto ano. Mas ela insiste.

"Você parece legal, eu acho," Ron admite e então cora como as raízes de seu cabelo, que é bem vermelha, então é uma vista e tanto.

Harry não tem nem idéia de como parece. Ele não gosta de se olhar no espelho, porque sua mãe, seu pai e Voldemort é tudo que ele pode ver encarando de volta. Olhos, cabelo, a cicatriz.

Harry não quer deixar o quarto na noite do baile. Pelo menos ele não tem que encontrar um par, desde que ele é casado e, não importa quão estranho seja, Severus Snape vai acompanhá-lo.

Se surpreende muito quando Snape oferece o braço para ele. Harry olha nos olhos do homem e não vê nenhuma zombaria ou desdém lá, assim aceita e mais uma vez sente a vibração em sua barriga.

Pensa que tinha aceitado que Severus Snape iria odiá-lo para sempre, que tudo que podia fazer para tornar suas vidas suportáveis era tentar ficar fora do caminho de seu marido e o irritar o mínimo possível.

Snape esta sendo quase legal (para Snape) e mesmo toca nele voluntariamente...é simplesmente...é incrível!

Termina sendo uma vantagem, ter um intimidante ex-Comsensal da Morte que não se importa em brincar de marido legal. O homem tem intimidado feiticeiros e feiticeiras por aproximadamente quinze anos e isso é perceptível.

Snape não deixa o lado de Harry. Eles se sentam na mesa e aceitam mais ou menos graciosamente as felicitações (depende de quem as está fazendo) e elogios, mas se alguém tenta chegar perto demais ou tocar em Harry, são olhados de uma maneira que fazem o transgressor tiritar e sair de perto.

Muito cedo, todos percebem que chamar o Menino-Que-Sobreviveu-Novamente para dançar é a coisa errada a se fazer. Albus Dumbledore dá a 'seus meninos' um olhar reprovador, afinal de contas eles deveriam estar dando o exemplo, mas pela primeira vez ele é completamente ignorado. Para o alivio de Harry, que não é muito um dançarino e não pode se imaginar dançando com o Mestre de Poções de qualquer modo e muito menos com qualquer outro.

Ultimamente, o Diretor tem atuado estranho. Tem dado a ele e Snape olhares significativos, falando em charadas, algo sobre a unidade da Grifinória e Harry sentir falta de seus amigos. O que quer que Dumbledore esteja sugerindo, Harry não esta entendendo. E, honestamente, ele não consegue se importar.

Se escondendo atrás da mesa e de seu solene marido é onde Harry se sente mais confortável, se, como 'O Herói' ele foi forçado a estar presente. De verdade, Harry acha que é bem agradável. O menino se sente seguro e cuidado. Ele gosta do novo, protetor e cuidadoso (em seu próprio modo) Severus Snape. Gosta muito dele. Tanto que o menino sente suas bochechas esquentarem quando o Mestre de Poções derrama água em seu copo.

Essa noite quando eles vão para cama Snape é o primeiro a adormecer.

Harry se vira para o homem, longe do closet que ele geralmente encara, e olha para o homem que foi ligado a quase sete meses. Severus Snape parece muito pacifico agora. Talvez ele finalmente tenha alguma paz, com o fim de Voldemort. Isso faz os lábios de Harry se contraírem um pouco; faz ele se sentir bem, que ele tenha algo a ver com fazer as coisas melhores para o homem.

As sobrancelhas de Severus são escuras, finas e arqueadas; ele tem as bochechas elevadas, rosto longo, queixo forte e tez pálida. E o nariz do homem é apenas...muito grande. Não obstante, estranhamente cabe a ele. Há algo aristocrático sobre o Mestre de Poções; Harry decide que o homem parece impressionante, quase régio. Snape não é lindo, não bonito, mas é definitivamente agradável e tem uma presença forte. E cheira bem. Muitas manhãs depois de acordar Harry tinha se movido para mais perto do lado de Snape e cheirado o travesseiro...

Harry aperta os olhos com força. Corando furiosamente. O que ele esta pensando? Se Snape simplesmente soubesse!

5.

A escola começa outra vez. Não preocupa Harry. Suas notas tinham sido muito boas esse ano, desde que o menino descobriu que se enterrar nos estudos é uma maneira muito boa de tirar a mente de outras coisas.

Harry prende sua respiração na primeira aula de Poções desde a Grande Batalha. Ele acha que eles estão se dando quase bem esses dias. Snape não parece tão irritado com ele e mesmo faz algumas pequenas coisas que o jovem bruxo não pode chamar de mais nada que gentil. Ele não se tornou de repente todo doce como Molly Weasley ou pegajoso, mas Harry não esta mais com medo do homem e não tenta mais evitar seu marido a todo custo. Começa a se sentir confortável ao redor do bruxo mais velho que o menino continua a pegar olhando para ele de forma muito estranha (Harry não se atreve a dizer 'encarar' mesmo em pensamentos, desde que o Professor parece alguém que não iria apreciar se alguém dissesse que ele esta encarando).

Mas Harry não se importa. É estranho, porque ultimamente ele odeia as pessoas olhando para ele. Snape, entretanto...bem, é como se a temperatura aumentasse quando o menino sente os olhos escuros de Snape nele, mas de algum modo, ele está bem com isso.

Todavia, esta preocupado porque a aula de poções é onde usualmente Snape grita mais com ele. Ron olha preocupado para o seu melhor amigo. Harry tenta sorrir para acalmar o ruivo, mas não consegue completamente. Ron aperta sua mão por sobre a mesa e Harry consegue sorrir de verdade. Ron se tornou muito atento a Harry desde a grande batalha, com se ele estivesse tentando compensar por algo. Harry não vai reclamar.

Professor Snape entra na sala, a capa preta esvoaçando. A classe imediatamente fica quieta. Ele os treinou bem. Harry aperta suas mãos entre os joelhos sob a mesa para as impedir de tremer. Ele não quer estar tão nervoso, mas não pode evitar. A antecipação esta deixando ele louco.

Harry mal pode respirar quando o Mestre de Poções escreve as instruções no quadro negro e a seguir os manda pegar os ingredientes e começar. Nada até agora. Harry tenta desesperadamente moer as sementes de girassol e não as pulverizar completamente. Segura o pilão com mais força, com medo de deixá-lo cair quando sente a sombra negra familiar sobre ele. Deus, é como se ele tivesse desenvolvido algum tido de sexto sentido para Snape, ele esta sempre ciente do homem.

"Aceitável,"

Harry quase desmaia quando ouve. 'Aceitável'! É como o prêmio mais elevado do severo professor. Mais do que Harry jamais esperou. O menino abaixa a cabeça e deixa que suas mechas escuras caiam sobre seu rosto para esconder que esta sorrindo como um idiota.

Quando olha para cima, Harry vê Ron olhando para ele com uma sobrancelha levantada. Ele encolhe os ombros.

6.

Duas noites mais tarde, outra vez é Snape que adormece primeiro. Harry tinha notado que o outro homem tinha parado de vir para cama somente após ele adormecer e se levantar antes dele. Ele não tinha certeza do que pensar sobre isso. Harry é um pouco cuidadoso, ele não se atreve a pensar muito nisso, mas não pode parar de querer saber se é uma oferta de trégua ou algo mais...

Os olhos do menino param no cabelo de Snape. Negros como um corvo, ao lado de Snape seria fácil dizer que o cabelo de Harry era somente castanho escuro. Ultrapassa somente um pouco os ombros do homem e é muito brilhante. Quando ele está tão perto, é obvio que o cabelo de Snape não é gorduroso de modo nenhum, apenas liso como água. Esse papo todo sobre gordura, bem, Harry acha que é porque quando você não gosta de alguém você encontra muitas coisas ruins para dizer sobre ela. E mais, as mesmas coisas que outros pensam que são legais sobre outra pessoa, você pode achar desagradável. Como os cabelos vermelhos dos Weasleys e as sardas.

Harry acha que o cabelo de Snape seria muito agradável de se tocar...

Em um surto Gryffinório de imprudência, cujo menino não tinha experimentado por muito tempo, ele cuidadosamente fica em seus joelhos e se aproxima de Snape na cama e estica uma mão para as mechas escuras, lenta e cuidadosamente...

"Eep!"

O Herói do Mundo Bruxo faz um som indigno quando os dedos longos se fecham em seu pulso... Harry nunca tinha notado que seu pulso era tão fino...

Ele foi pego! O que poderia ser mais embaraçoso? O menino não acredita que pensou que sairia em pune disso! Bem, ele não estava pensando, não claramente, ou ele teria lembrado que o homem que estava dormindo na cama ao lado dele era um anterior espião.

Sua cora deixaria um tomate envergonhado. Harry tem certeza disso. Ainda, ele não pode desviar seus olhos em vergonha; os olhos negros de Snape estão perfurando os seus, sugando o olhar de Harry nos dele como um pântano faz com viajantes descuidados. Ele tinha sido pego e agora esta sendo mantido cativo. Snape continua encarando e Harry se pergunta o que ele vê, o que ele esta procurando. Harry mal pode respirar e o coração traidor do menino mais uma vez dispara em seu peito e esta tentando freneticamente sair por sua garganta. E suas bochechas...ele teme que a cora se torne permanente.

Harry morde o lábio...a tensão está ficando insuportável. 'Vamos lá, grite em mim,' ele quer dizer. 'Só termine com isso!'

Nem mesmo em seus sonhos mais selvagens...Harry não espera que Severus Snape vai usar seu pulso capturado para puxar o menino para ele. Harry ofega; olhando para baixo nos olhos hipnóticos e somente consegue se firmar segurando os ombros do homem com suas pequenas mãos, quando seus lábios são capturados em um beijo.

Um beijo que faz o cabelo da nuca de Harry se arrepiar. Um beijo que Severus dá um jeito de controlar mesmo em sua posição sob o menino. Um beijo que faz a cabeça de Harry beijo que faz ele derreter no corpo do homem como se ele quisesse fundir com ele...

Um beijo que deixa Harry quente e carente quando acaba rápido demais e ele é empurrado de Snape, para o seu lado da cama grande demais e o Mestre de Poções sai rapidamente do quarto.

Um beijo que acorda tal desejo nele...

Quando Harry pode pensar coerentemente novamente, se pergunta se fez algo errado. Se seu hálito não estava bom o bastante ou...ele esta realmente confusa, porque ele realmente não tem muita experiência em beijar. O desastre molhado com Cho não conta.

Seus pensamentos estão frenéticos. Sua cabeça esta correndo em círculos, repassando tudo que aconteceu, as palavras que tinham sido ditas.

Entretanto, depois de algum tempo a exaustão o domina e ele adormece.

Quando Harry quase não vê seu marido pelos próximos ter dias, ele realmente se preocupa. O homem nem sequer tinha dormido em sua própria cama. Harry sabe, porque ele esta tão preocupado que ele mesmo também não dormiu. Ele pensa que talvez deva sair, porque não é justo que ele ocupe a cama do Mestre de Poções. Afinal de contas, ele não precisa mais de proteção. Voldemort esta morto.

Adicionalmente, ele concluiu que é isso que Dumbledore tem sugerido todo o tempo. Que Harry deveria voltar para sua Torre. O menino tinha estado fingindo não entender.

Harry pensa que Snape deve estar se escondendo em seu escritório que pode ser um laboratório de poções, ou ambos. Ele não sabe, desde que foi proibido de ir lá.

Na noite do quarto dia, Harry não pode mais agüentar. Ele tem que saber. Se Snape tiver tido o bastante dele e ele quiser que o menino saia, então ele sairá. Não pode viver com isso, não pode agüentar ser beijado desse modo, tão passionalmente e então ignorado. Não merece pelo menos algum esclarecimento?

Tentativamente o menino bate na porta e espera. Nada acontece. Solta a respiração, respira novamente (profundamente) e bate novamente.

Quando a porta abre, Snape esta de pé do outro lado, olhando para baixo em Harry, os braços cruzados sobre o peito. Harry de repente percebe que desde que foi ele quem bateu, também deve ser ele a dizer alguma coisa, o que é difícil, especialmente quando o maldito Mestre de Oclumência é tão ilegível quanto nunca. Esta bem ciente que Snape pode esconder cada emoção se quiser.

Então Harry chama sua coragem.

"Se...se você quiser, eu...eu saio," ele engole e esta com medo de encontrar os olhos do homem e ver alivio. "Eu quero dizer, ele está morto, certo? Senhor. Eu não preciso mais que ninguém me proteja e você...bem, você não precisa mais de mim aqui também. Eu quero dizer, se você não me quiser a-aqui..." A respiração de Harry engata, tropeçando no nó em sua garganta e não há nada que ele pode fazer, para parar a única e solitária lagrima que escorre por sua bochecha.

O menino respira fundo novamente: "Eu vou, se você não me quiser."

Quando tudo que ele quer dizer esta dito, Harry levanta seu queixo e encontra os olhos do seu assim chamado marido, tentando parecer bravo, apensar de seu lábio inferior trêmulo.

Os braços de Snape estão ao seu lado, os punhos apertados, ele olha perigoso, e mais uma vez, Harry esta com medo do bruxo. Somente agora Harry percebe que Snape nunca levantou a mão para ele.

Entretanto, Snape não o bate. Em vez disso, ele aperta Harry em seu peito.

"Seu imbecil...seu pequeno Grifinório idiota," sua respiração esta quente de encontro a orelha de Harry e os braços o apertam com força. "Você não pode imaginar no quanto eu quero você...estúpido, estúpido..."

Lábios suaves acariciam a orelha de Harry e o menino esfrega sua bochecha de encontro ao lado do rosto de Snape que esta um pouco áspero.

"Como eu poderia não querer você...?" Snape murmura, embrenhando o corpo pequeno de seu jovem marido. "Eu quero você, eu quero tanto você...você não pode imaginar," o homem dá uma respiração instável.

Braços gentis estão correndo pelo corpo de Harry e ele se sente como...como voar pela primeira vez, seu estômago esta dando cambalhotas, ele está todo arrepiado.

"Severus..." o menino sussurra. "Severus..."

É levantado pelos braços fortes e levado em estilo nupcial até a cama. São mais ou menos quinze passos, para cruzar a sala, para Harry. Muito menos para Snape. Muito rápido, Harry é depositado no meio da cama enorme e as mãos capazes de seu marido desabotoam sua camisa enquanto a boca do homem se deleita nos lábios de Harry.

As mãos de Harry encontram o caminho até o cabelo de Severus e ele não pode parar de tocar nas mechas de seda que são tão macias como ele imaginou. As mãos de Severus ainda estão no botão do jeans de Harry. Ele olha para o menino e pergunta se Harry tem certeza de que quer isso.

Harry não tem, ele ainda se lembra da 'noite do casamento'. Mas ele sabe que isso é diferente e sabe que não pode mostrar seu medo a Snape. Oh, o homem parece que quer comê-lo vivo e não pudesse parar mesmo que quisesse , o olhar vitrificado é engraçado, e Harry mesmo sente lá em baixo...mas o jovem bruxo tem a suspeita de que o autocontrole do seu marido é mesmo mais forte que seus outros...sentimentos. Não, Harry não vai mostrar sua incerteza.

Ele pode não estar realmente pronto ainda, mas Harry sabe que se dizer 'não', eles poderiam nunca chegar a isso novamente. Consequentemente, Harry diz a essa parte dele, que esta em duvida, para calar a boca e deixa a outra, essa que quer Severus Snape tanto que dói, para falar.

"Por favor...sim..."

7.

Harry esta morno e satisfeito quando acorda na manha seguinte. Envolvido nos braços fortes de Severus, não quer se levantar. O menino tem certeza que seu marido não mudou sua mente sobre eles. Porque ele iria? Como ele poderia? Ainda. Mais ele pensa, mais Harry se preocupa. Snape é imprevisível assim. Na verdade, para Harry, Snape é completamente imprevisível.

O menino se pergunta, se é possível se apaixonar por alguém que ele não conhece realmente. Talvez agora, eles conversariam mais e ele conheceria seu marido? Ou estava fantasiando? Ele só queria desesperadamente fazer as coisas entre eles funcionarem. Antes da cerimônia, Dumbledore tinha dito a ele que embora poderiam ter outros amantes e viver uma vida separada, um divorcio não era uma opção disponível, se o par fosse ligado da maneira que eles seriam- magicamente.

Parece a coisa certa a fazer. Fazer seu casamento funcionar, não puxar outras pessoas em um relacionamento que nunca poderia ser formalizado. Depois dessa noite, Harry esta esperançoso.

E, de fato, não foi dispensado. Quando Snape acorda, ele corre seus dedos longos sobre a confusão do cabelo do menino e gentilmente beija a testa do jovem. O sorriso surge no canto dos lábios de Harry. Contudo Severus Snape não sorri. Harry pensa por um momento que vê a culpa nos olhos escuros do homem.

Harry não quer que Snape se sinta culpado sobre nada, mas não tem certeza que deveria dizer alguma coisa. Acaricia a bochecha áspera de Snape com a ponta de seus dedos. Eles olham um para o outro por um momento, então Severus suspira e toca de leve na ponta do nariz de Harry.

"Vá usar o banheiro, Harry," o feiticeiro mais velho manda e Harry obedece, pensando que é ainda melhor do que era antes.

E os dias passam, o menino não mudou sua mente sobre isso. Mesmo que Severus o evite durante o dia e se recuse a olhar para ele nas aulas. Harry entende; deve ser desconfortável, ensinar seu próprio marido, ou estar casado com seu estudante ou dividir a cama com alguém que você viu crescer.

Não que alguém pudesse acusar o Mestre de Poções de favoritismo. Improvável. Depois da noticia sobre seu casamento, O Profeta tinha conseguido acusar Snape de tudo. Harry tem completa certeza de que ninguém se atreve a dizer que o professor o favoreceu na aula.

Não, o homem não tem favoritos. Pelo menos não em Harry. Pinica um pouco, que Severus mime os Sonserino e especialmente Malfoy e seja tão indelicado com Harry. Mas o menino tenta entender.

E, sim, mesmo que Snape seja de certo modo durante o dia, toda noite o homem se junta a ele em suas câmaras, na cama deles, e faz amor com seu jovem marido. 'Fazer amor'...Harry nunca se atreveria a falar isso alto, mas chama assim em sua mente. Todos os outros termos parecem agressivos e ele meio que ama Severus de qualquer modo.

Harry esta mais feliz do que nunca.

Todos notaram isso. Harry sorri mais frequentemente, come mais e mesmo parece positivamente radiante. Ele encontra fácil interagir com outras pessoas e não esta mais tão cuidadoso com elas. Neville se torna uma de suas pessoas favoritas, porque ele é simplesmente tão complacente e realmente relaxante de ter por perto. O menino até fala sobre Harry ajudá-lo na estufa. Neville esta muito sério sobre Herbologia e está planejando faze algo com plantas depois de Hogwarts. Harry acha que ele vai ser bom nisso, com certeza e escavar na sujeira é muito terapêutico.

Ron esta muito feliz por ele também e passa mais tempo com Harry, porque (inacreditavelmente) ele terminou com Hermione. Ron é muito relutante em falar sobre isso. Eles nunca realmente conversaram sobre essas coisas, porque eles são ambos garotos...ou, talvez, simplesmente porque Ron não é de falar sobre sentimentos, porque o faz desconfortável, e Harry não vai falar sobre seus sentimentos, porque as coisas que ele diria seriam muito...muito. E ele duvida que o ruivo queira ouvir sobre Snape de qualquer modo.

Mas no final, Ron supera sua hesitação e admite que era a pessoa que não quis ficar mais com Hermione, porque eles brigavam o tempo todo e porque ela é muito mais esperta que ele, talvez. Não que ele se importe, que sua namorada tenha mais cérebro do que ele. Ron simplesmente odeia ser constantemente lembrado disso.

"Toda a irritação..." o menino mais alto resmunga. Deus, ele cresceu tanto, Harry se sente como uma criança na presença de seu melhor amigo.

"Esta tudo, tipo, bem, agora, se ela é uma amiga, sabe? Mas para uma namorado ou algo mais...De verdade, companheiro, eu duvido que poderia tolerar para o resto da minha vida. Ela lembra demais a mãe." Ron estremece. E Harry entende. Enquanto a Sra. Weasley pode ser muito agradável com suas maneiras maternais, mas somente em dosagens pequenas. Dominadora ela é, com certeza.

Eles estão sentados no tapete ao lado da chaminé com um tabuleiro de xadrez entre eles. Então de repente Ron pega a mão de Harry que estava prestes a pegar uma peça, para fazer um movimento.

"Harry..." ele diz olhando nos olhos de seu melhor amigo. "Eu estou feliz que você esta bem. Muito feliz. Eu pensei...bem, eu acho, todo mundo pensou, mas eu estou tão feliz que nós estávamos errados. Tão aliviado. É estúpido, mas eu percebi, quando você significa para mim, quando eu achei que você tinha...ido. Putz! Precisa de algo como isso para perceber o quanto você significa para nós...para mim."

Harry sorri. É doce.

Então o ruivo faz algo estranho. Ele puxa Harry para mais perto e beija-o nos lábios. É um beijo doce, somente lábios. É intimo, mas não há nada sexual nisso. E quando Ron abraça Harry e diz que o ama, Harry entende perfeitamente e responde do mesmo modo.

Ambos estão vivos e jovens e cheios de amor. E vão ser melhores amigos para sempre.

E há Severus. Ele finalmente tem alguém. Severus Snape é dele!

Sim, Harry esta realmente mais feliz do que tem sido por um bom tempo. Talvez sempre.

8.

Algo não esta certo. Harry tenta afastar o sentimento, mas não consegue.

Severus esta frio.

Quando ele olha para Harry o menino sente seus osso congelarem. Ele quer perguntar, o que esta errado, se algo aconteceu. Mas não se atreve. Ele nunca se atreve, porque eles não falam muito. Snape não é muito de falar. Ele manda Harry fazer coisas. Grita nele (bem, não mais, mas costumava fazer). E algumas vezes, ele sussurra na orelha de Harry, como ele é bonito, quando fazem amor.

E é isso. Harry acha que há umas mil coisas que eles deveriam discutir, mas o que eles tem...bem, é tão frágil, a ligação entre eles. Tem medo de fazer qualquer coisa que coloque isso em perigo. Somente, as vezes ele sente como se estivesse com medo de respirar, como se qualquer coisa pudesse perturbar a paz.

E aparentemente, algo fez.

Severus não toca nele a três noites.

Faz Harry se sentir quase doente. Como se sua pele estivesse coberta com suor frio e pegajoso, mas por baixo.

Pressentimento.

Ele tenta ignorar. Tenta muito duro, mas há algo grande entre eles e não vai embora.

Finalmente, Harry decide procurar seu marido. Tinha aprendido que o Mestre de Poções tinha o habito de permanecer na sala de aula para corrigir os ensaios e os testes. Especialmente quando ele está tentando evitar Harry.

O menino acha que a sala de Poções deve ser um território neutro. Eles realmente, realmente precisam conversar.

Anda pelo corredor e para na porta da sala de aula. Não pensa em bater, é uma sala de aula afinal de contas, espaço publico, e gentilmente empurra a porta. Abre suavemente, sem fazer barulho. Não há nenhum rangido que ecoa nas masmorras.

Harry sufoca o riso no pensamento.

O menino se aproxima do vão da porta e...

De repente sente como se nunca, nunca iria querer rir novamente.

Oh, Deus! Harry pisca, e pisca novamente. Não! Não! Não! Sua mente grita. Harry não acredita em seus olhos. Quase cai atrás da porta com suas costas do outro lado do corredor. Não. Por favor, não...

Mas Harry sabe que seus olhos não podem estar mentindo, não acontece assim.

Harry impede as lágrimas e corre de volta para seus...os quartos de Snape. Faz o caminho para o banheiro e cai de joelhos e vomita no vaso. Harry sacode a cabeça piscando furiosamente. Quer apagar a imagem de seus olhos. A imagem de seu marido, Severus Snape fudendo Draco Malfoy sobre uma mesa.

Por que...Como? Como Severus pode fazer isso com ele? Harry sempre tinha pensado que o homem era desagradável, anti-social, complicado...Bem, ele tinha obviamente tido uma vida difícil e se tornado desse modo...Mas Harry sempre tinha pensado que Severus era honrado. Onde contava.

Harry não pode aceitar isso, que Severus iria...não...

Mas então...Draco Malfoy é seu completo oposto. Ele é loiro, com características aristocráticas, cabelo perfeito e pele sem falhas. As pessoas o chamam de príncipe da Sonserina e de nomes até mais interessantes. Ele é confiável e sabe seu valor. Malfoy sabe que é lindo e mesmo Harry tem que admitir, que ele quase irradia sexualidade. E ele é um Sonserino e bom em poções.

E quem é Harry? O que é tão especial sobre ele afinal de contas? Exceto que, consegue permanecer vivo e mesmo isso não é algo que ele pode receber todo o credito.

O que ele tem comparado a Malfoy? É baixo, magro e quase cego. Seu cabelo é uma bagunça, um desastre. É todo ferrado e um Grifinório. Além disso, ele é filho de James Potter. Não devia estar surpreso que Snape tenha escolhido Malfoy a ele.

Mais ainda sim, machuca. Machuca tanto! E eles estão casados e Harry não merece ser traído desse modo! E ele está triste, irritado, miserável...

Por que? Por que coisas boas não duram para ele? Sirius...ele tinha perdido Sirius...e agora Snape...não, mas ele nunca tinha tido Snape, então ele não podia perde-lo. Harry estava se enganando.

Mas não importava, não tinha feito nada para merecer tal tratamento. Para ser traído assim. E com Malfoy de todas as pessoas...ele podia imaginar o bastardo loiro rindo as suas custas.

Harry de repente se sente tão cansado, de tudo e de todos. Esta cansado de sua bajulação e calúnia. Ele teve o bastante de ser o Herói e o menino chicoteado, dependendo do humor do publico. O que há lá para ele? O que ele tem que é seu? O que há lá para ele se segurar?

Os Weasleys são da verdade de Ron, não dele. Remus ainda pertence a Sirius e a sua dor e sua maldição. Ron...logo Ron vai encontrar uma bruxa que goste e terá herdeiros. E mágica, bem, na verdade a mágica não lhe significa muito, não o bastante para fazê-lo feliz. E sua fama não vale nem a pena mencionar. Harry odeia sua fama, mesmo Snape, que apreciou provocar o menino sobre isso, iria de má vontade admitir isso. Era óbvio.

Snape. Snape. Snape. Severus Snape.

Em pensar que Harry foi com tudo que Dumbledore disse a ele. Que tinha perdoado o homem por suas provocações e tirania. Provavelmente, porque em seu coração ele sentia que merecia isso. Como punição. Por Sirius. Mas quem era Snape para o julgar, para o punir? Ele fez pior, ele...Harry tosse em seco. Seu estômago está vazio, não há nada mais para sair, mas pensar sobre Snape com Malfoy, sob a mesa, gemendo, grunhindo, com seu pênis enterrado...da enjôo a Harry, o faz doente.

Tentou tanto. Harry tentou estar lá para seu marido, fazer isso funcionar. Desejou tanto isso. Mas Snape, Snape jogou tudo de volta em seu rosto. Desprezou os esforços de Harry, seus sacrifícios. Deus, mas Harry odeia o homem. Realmente o odeia agora.

A raiva e a dor torcem seu estômago.

Ele odeia a todos. Dumbledore por o usar pelo 'Bem Maior'. Harry não é estúpido; sabe o que foi para o diretor. Ultimamente tem podido pensar mais claramente sobre as coisas e seus olhos se abriram. Sabe que foi usado. Talvez Dumbledore não tivesse muita escolha; talvez tivesse que ser feito.

Harry pode perdoar o velho feiticeiro por isso. Não obstante, não pode perdoar ser mantido no escuro; não pode perdoar não ser dado uma escolha. Não pode perdoar a morte de Sirius. Não pode perdoar os Dusleys. Agora, ele não pode perdoar o homem por casá-lo com Snape. É só um pouco demais. Muitos 'erros' feitos a suas custas. Harry não acredita mais que eles foram acidentais.

E quem disse que ele tem que perdoar? Porque não poderia manter um rancor, simplesmente porque queria?

Não pode ficar ali. Tem que sair. Hogwarts poderia cair ao redor dele, é assim que ele se sente agora.

Harry não precisa de muito tempo para se preparar, porque ele não precisa de muito, não para onde esta indo. Pega sua velha mochila da escola, sua capa de invisibilidade, seu álbum de fotos, algumas roupas e outras necessidades dele, e as esconde debaixo da cama. Então ele se apronta para cama como usual.

O menino vai para cama um pouco mais cedo do que geralmente; se enganando, esperando adormecer antes de Snape voltar. Sem tal sorte. Está nervoso quando sente o outro lado da cama afundar. O menino finge estar dormindo, mastigando as mangas de seu pijama de algodão para se impedir de começar a gritar.

Harry não tem certeza, se funciona.

Quase não se pode parar de mostrar alguma reação quando sente algo suave tocar seu cabelo. Esta lá e então foi embora. Harry quer saltar e gritar no homem. Como se atreve a tocar nele com as mesmas mãos que estavam acariciando Malfoy a horas atrás! Luta contra as lagrimas irritadas; os olhos de Harry já estão vermelho de tanto chorar.

9.

É fácil.

Harry tem a sensação de que a qualquer momento alguém vai pará-lo enquanto ele anda para as portas de Hogwarts, escondido debaixo de sua capa de invisibilidade. Mas isso não acontece. Não são muitos que estão acordados tão cedo em uma manha de Sábado e aqueles que estão, ele pode evitar facilmente.

Harry olha para trás, para o lugar que chamou de 'casa'. Então gira as costas para o velho castelo e faz o caminho para Hogsmeade. Ele anda pela cidade ainda completamente fascinado pelo que vê. Cada lugar o faz lembrar de algo ou de alguém.

Ele está meio que dizendo adeus.

Entretanto, quando o menino alcança os subúrbios da vila, ele percebe que não tem nenhuma idéia de onde ir dali. Ele não tem lugar nenhum pra ir. Além do mais não é fácil chegar em qualquer lugar dali se você não é um feiticeiro. O lago e a floresta proibida de um lado e as montanhas do outro cercam a escola e a vila. A cidade é sem saída tanto quanto Harry sabe.

Não dá pra ir longe o bastante a pé, sem algum meio de transporte mágico. Harry de repente percebe que ele não pensou em tudo. Ele devia ter pelo menos pego sua vassoura, mas não pensou que podia levar algo tão grande...ele não podia pegar o Noitebus, alguém o reconheceria e saberiam onde ele tinha ido. Ele devia voltar para vila e ir pela lareira?

Ele não sabia, não tinha a menor idéia, depois de tudo não havia nenhum lugar que o menino queria realmente ir, ele só precisava ir para longe, seguro e quieto, onde ele podia fazer o que tinha decidido...por algum motivo Harry não podia fazer isso em Hogwarts...não, não, não! Ele não podia voltar, não podia voltar para o lugar onde ninguém realmente o queria, onde ele está sob seus pés, onde as pessoas que ele confia, que ele ama, continuam a machucá-lo. Harry não podia simplesmente ficar lá e esperar pelo próximo tapa.

O menino fecha os olhos. Ele não quer chorar. Tem que pensar. Mas não controla completamente; Harry esta chateado demais.

E então de repente isso quase o golpeia. Ele vê em seus olhos fechados. A floresta, a clareira, o pequeno lago, onde ele encontrou seus pais e Sirius...esse é o único lugar, onde ele quer estar mais do que qualquer um. Ele precisava ir para lá. O menino quase se dobra sobre o peso em seu corpo pequeno.

Ele cai de joelhos. Respira profundamente. Limpa a umidade de seu rosto e abre os olhos...Ele esta ajoelhado em grama macia, o ar ao redor dele cheia a folhas de pinheiro...ou algo assim. Harry cresceu nos subúrbios de Londres afinal de contas e cada vez que tinha se arriscado na Floresta Proibida o menino tinha muitas outras coisas me mente e não tinha tempo para parar e cheirar flores, ou a grama.

Quando levanta os olhos, Harry vê a sua frente o mesmo lago que ele estava imaginando a um momento atrás. Mas ele não está morto ainda, então...então, o lugar deve existir no mundo real e de algum modo ele tinha chegado até ali. Harry não tinha usado sua varinha, ele não sabia realmente como aparatar, então...Não que ele se importasse com o que tinha feito, desde que o algum feiticeiro do Ministério não aparecesse para o prender por usar mágica sendo menor. Tem um sentimento de que não acontecerá; que o que ele fez não seria rastreável a eles.

Ele se acomoda na grama ao redor do lago.

Harry se senta ali por horas, olhando a água, apreciando a caricia do sol em seu rosto e deixando seus pensamentos derivarem.

Mas o sol se põe, começa a ficar frio e ele levanta e olha ao redor. Há algo além das arvores, algo que Harry não tinha notado quando tinha estado lá pela primeira vez. Quando ele estava meio morto. É uma cabana que lembrou a Harry imediatamente sobre Hagrid, ele tem que respirar profundamente para suprimir o pensamento.

A porta range quanto Harry a abre. É obvio que ninguém vive ali por um bom tempo. A poeira incomoda o nariz do menino e ele espirra.

Olha ao redor. Só há um quarto. A casa é meio gasta, mas seria agradável se alguém limpasse e ascendesse a chaminé. Mas Harry não está planejando ficar ali por muito tempo. Ele tem outro lugar para ir.

O menino pega a mochila e a esvazia na mesa. Não tem certeza do porque trouxe todas essas roupas com ele. Não vai precisar delas para onde está indo. O que ele esta procurando faz barulho quando cai na superfície de madeira.

Harry pensa que é uma peça bonita, antiquada. Pegou do armário do banheiro após Snape ter feito sua rotina da manhã, caso o homem a usasse. Ele pessoalmente pensava que nada seria mais conveniente de usar a lâmina antiquada, mas ninguém podia acusar seu marido de ir pelo caminho fácil ou conveniente...

Harry bate seu punho na mesa. Ele não tem marido! Não tem marido!

E isso dói tanto...

Provavelmente é por isso que usar a lâmina para o que tem em mente, não inquieta muito o menino. Nada podia o ferir mais agora do que a traição de Severus Snape.

"Adeus," ele diz a ninguém.