Recado importante no final, everybody!

Enjoy it!

Capítulo 15: Exceção à regra

Sexta-feira, 19h15min.

Westminster, Inglaterra.

Prédio Residencial de Konan Aoki.

Posto de vigia da Scotland Yard.

Ryan Wolfe desfranziu o cenho quando viu o carteiro, que entrara instantes antes no prédio onde Konan Aoki morava, deixar o local. O homem parecia normal, fora de suspeitas, fora revistado pelos policiais que estavam dentro do edifício e não aparentava ser perigoso. Mas por que o detetive não se sentia tranquilo?

"Deve ser esse excesso de vigilância" – Wolfe pensou, passando a mão pelos cabelos – "Lembre-se Ryan: a máxima é suspeitar de tudo e de todos..."

- Wolfe – chamou um dos detetives que fazia a vigilância com Ryan – Uma moça acabou de descer de um Táxi e está entrando no prédio.

- Uma moça? – Wolfe sobressaltou-se, ajeitando firmemente os binóculos contra seus olhos. A ordem era ficar atento a todos que entrassem e saíssem do edifício de Konan, principalmente as mulheres, pois a assassina é do sexo feminino. Ryan relaxou, porém, quando reconheceu quem era a moça a qual o detetive se referira.

- Devemos nos preocupar? – o policial perguntou, analisando a expressão de Wolfe

- Por enquanto não. Apenas avise aos agentes que estão no prédio para revistarem a... Garota.

Não havia nada de errado com o fato de Tenten estar visitando sua chefe em casa. Provavelmente Konan esquecera algo na redação e a garota, como estagiária da colunista, estava fazendo o favor de levar à residência da ex-Akatsuki.

Ainda assim, Wolfe redobrou sua atenção. Se necessário, estaria pronto para agir.

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Para Tenten, era um passo muito importante fazer um grande favor para sua chefe logo na primeira semana de trabalho, principalmente se esse favor envolvia visitar a residência de uma das colunistas mais brilhantes de Londres. Quem sabe Konan não a convidava para entrar e lhe mostrava seus prêmios jornalísticos, ou até mesmo algum projeto que ela estava preparando para o The Guardian. Era certo que a jornalista deixara a redação mais cedo devido a uma terrível dor de cabeça que a impossibilitara de continuar trabalhando, mas não custava nada sonhar.

A Mitsashi sabia que os policiais que a revistaram e outros que ela pôde perceber espalhados pelo prédio eram ideia de seu tio. Talvez Wolfe estivesse ali, ou em algum prédio nos arredores, fazendo a vigilância. Tenten suspeitava que o detetive elevaria a proteção dos ex-Akatsuki o máximo que pudesse, portanto não se importou em ser revistada três vezes antes de chegar ao seu destino.

A jovem sorriu e ajeitou o casaco que vestia. Com o fim de Novembro o inverno estava mais próximo, e em Londres já começara a fazer frio. Antes de tocar a campainha, Tenten pensou que era estranho não haver guardas na porta do apartamento de Konan, mas conhecendo um pouco da personalidade da chefe, talvez a colunista considerasse essa proteção excessiva uma invasão de privacidade, mesmo que sua vida estivesse em jogo.

Suspirando, Tenten levou o dedo ao botão da campainha, mas algo a impediu de continuar. A garota olhara para baixo de relance, mas um movimento diferente no chão a fez se concentrar no espaço entre a porta e o piso. Uma aranha marrom, extremamente pequena, acabara de deixar o apartamento de Konan. Pequena, mas letal. E, o que era pior ainda, aquele lugar era o último no mundo em que o aracnídeo deveria estar, devido à entomofobia da colunista.

Um calafrio percorreu a espinha da Mitsashi.

Sem hesitar, Tenten esmagou a aranha enquanto ligava desesperadamente para Wolfe.

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Ryan se sobressaltou ao sentir o celular vibrando em seu bolso. Seu alerta foi a mil quando viu que era Tenten quem ligava. E ele sabia que isso poderia significar que Konan Aoki estava em perigo.

"Fodam-se as possibilidades." – Wolfe pensou – "Foi o maldito carteiro..." – Ignorou a chamada da sobrinha e falou para os agentes que o acompanhavam, surpreendendo-os:

- Avisem aos atiradores de elite para se posicionarem. Peçam para os policiais que estão hospedados no prédio revistarem o local e para os demais se colocarem na frente do apartamento de Konan, armas em punho. Liguem para a Polícia Londrina e digam para enviarem reforços para cercar a região. Digam para prenderem todos os carteiros que encontrarem! Eu quero todo mundo pronto pra agir!

Wolfe não aguardou reação dos companheiros. Apenas saiu correndo apressadamente pelo corredor. Ele não estava com paciência para elevadores, por isso foi descendo as escadas de três em três degraus, chegando ao térreo praticamente sem ar. Atravessou a rua sem olhar o trânsito enquanto ligava para Blaise e pedia com urgência que ela e sua equipe fossem até o prédio de Konan.

- E ligue para Kakashi para confirmar se os outros ex-membros estão a salvo! Blaise, eu não tenho tempo para explicações! Apenas venha para cá AGORA!

Ryan desligou e substituiu seu celular por uma arma, ao mesmo tempo em que passava correndo pela recepção do edifício residencial, fazendo sinal para os policiais que ali estavam o acompanharem.

A única coisa que o detetive queria era que Konan Aoki ainda estivesse viva. E, principalmente, Tenten também.

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Tenten entrou em pânico.

Dificilmente a Mitsashi se submetia a esse estado, mas algo ali estava muito errado. Ela sentia o perigo no ar, e para piorar, Wolfe não atendia suas ligações. Ele ignorara sua chamada no primeiro toque, e depois o sinal era apenas de "ocupado".

"O quê aquela aranha estava fazendo no apartamento de Konan?" – era o que Tenten não parava de pensar enquanto olhava o bicho esmagado no piso. O medo de que a chefe estivesse morta crescia dentro da garota. Haveria mais aranhas ou outros insetos ali? E se o assassino ainda estivesse dentro do apartamento?

Toda a tensão, todo o horror e medo que a Mitsashi sentira quando ela e Sakura encontraram Sasori e quando presenciaram a morte de Hidan Yamamoto voltaram de repente. E da mesma forma, Tenten sentiu-se incapaz de agir. Ela sempre pudera contar com Wolfe, mas o tio estava sabe-se lá aonde. Talvez em alguma reunião importante, e por isso não atendera a sobrinha. Ali, à porta de um possível assassinato, a garota não conseguia se mexer. Isso significava que se o assassino ainda estivesse dentro do apartamento...

"... Ele vai me ver e me matar também."

- Tenten! – subitamente a voz do tio encheu os ouvidos da Mitsashi, fazendo-a recuperar os movimentos – Afaste-se da porta!

Sem pestanejar, a jovem obedeceu à ordem de Wolfe, que começou a dar chutes e golpes com os ombros na porta, ajudado por uma quantidade impressionante de policiais.

Então seu tio não ignorara sua chamada porque não queria falar com ela! Como Tenten imaginara, ele devia estar fazendo a vigilância do prédio em algum lugar por perto, e certamente a vira entrando no edifício residencial. Sua ligação funcionara como um aviso de que algo estava errado, então Ryan agiu imediatamente e fora até ela.

Um tiro despertou Tenten de seus pensamentos. Wolfe acabara de explodir a maçaneta da porta, que despencou para o outro lado após um policial chutá-la.

- Vão!

A Mitsashi observou os policiais adentrarem o apartamento e começarem a checagem. Tudo estava acontecendo da mesma forma que Tenten se cansara de ver nos filmes. Ela sentiu outro arrepio ao concluir que na vida real essa visão é muito mais assustadora.

- Você está bem? – ela ouviu Wolfe perguntar. Tenten limitou-se em aquiescer – O que você viu? Por que me ligou?

- Por isso – a garota apontou a aranha esmagada no chão – Eu a vi passando debaixo da porta e achei estranho.

- Mas é claro – Ryan franziu o cenho e olhou ligeiramente desconfiado para a sobrinha – Você sabia que Konan tinha medo de insetos?

- Sim. Ela comentou comigo e com Hinata, logo no nosso primeiro dia de trabalho.

- Tenten... – Wolfe hesitou um pouco – Você deve estar se perguntando o porquê disso tudo... Como eu sabia que você estava aqui...

- Não se preocupe, tio Ryan. Eu não quero saber.

- Você...

- Minhas perguntas só lhe trariam mais problemas. No momento, eu só lhe peço que salve a senhorita Aoki.

- WOLFE! – um policial berrou de dentro do apartamento – Encontramos!

- Fique aqui – o detetive falou à sobrinha, firme. Ele entrou no lugar, e em um banheiro próximo à entrada, Wolfe viu dois policiais amarrados um de costas para o outro. Ele lançou um olhar interrogativo ao agente mais próximo, que balançou a cabeça com pesar.

- Estão mortos – disse ele – E o desgraçado não derramou uma gota de sangue.

- E Konan? – Ryan quis saber

- Lá dentro – disse o agente. Ryan correu na direção indicada e estacou diante da cena à sua frente.

Os agentes formavam uma meia lua ao redor da porta do banheiro da suíte da jornalista, mas ainda assim era possível ver o estado em que Konan se encontrava.

- Afastem-se! – Wolfe ordenou – Chamem o Centro de Controle de Zoonoses. Precisamos identificar essas coisas. Procurem por mais delas e não matem se encontrarem. Não toquem nelas, não as assustem, apenas fiquem de olho nelas. Sabemos que há aranhas peçonhentas aqui, então tomem cuidado.

Ouvindo os movimentos dos agentes atrás de si, o olhar de Ryan fixou-se por alguns instantes no canto do banheiro, onde estava uma tarântula de 15 centímetros, negra com partes laranja-avermelhadas nas patas e em parte do corpo. Wolfe sabia que aquilo tipo de aranha era relativamente dócil e não-peçonhenta, porém se era capaz de causar pânico nos mais sensíveis, certamente teria um efeito psicológico arrasador em alguém com medo de insetos. Perguntou-se quantas delas haveria pelo apartamento.

Ajoelhando-se, analisou brevemente o estado de Konan: seu rosto e seu corpo estavam pálidos como o azulejo do chão, contrastando violentamente com seus cabelos escuros. Ao encostar seus dedos no pulso de Konan, sentiu apenas seus próprios batimentos, violentos, urgentes. Não. Não era possível.

Wolfe respirou fundo e tentou novamente. Dessa vez, sentiu algo a mais. Algo lento, que não vinha de seu próprio corpo. Mais confiante, testou a veia do pescoço. Os intervalos eram longos, o pulsar era fraco, mas estava ali. Konan estava viva.

- Uma ambulância, AGORA! Ela está viva! – comandou Wolfe, pegando Konan nos braços para tirá-la dali

- Deixe-a aí, Wolfe – avisou um agente – Não sabemos onde mais pode haver aranhas, além disso, se ela foi picada por alguma, movê-la só vai espalhar o veneno. A ambulância está a caminho.

- Muito bem – suspirou Wolfe, depositando Konan novamente no chão.

"Se foi picada por alguma...", dissera o agente.

Wolfe avaliou os braços de Konan com atenção, até que encontrou um ponto em que uma pequena quantidade de sangue seco indicava uma perfuração. Não se assemelhava, porém, às presas de uma aranha. Parecia mais uma agulha. Mas é claro. Muito mais eficiente para se injetar algo como... Veneno.

Seus olhos verdes circundaram o local a procura de movimentos aracnídeos; a tarântula na parede (que agora estava na banheira) não o preocupava muito, mas se houvessem outras ali, menores e mais letais, aquilo sim seria um problema. Chamou-lhe a atenção, porém, um pedaço de papel no chão, aparentemente em branco, e ligeiramente amassado. Wolfe colocou uma das luvas que estavam em seu bolso, estendeu a mão e pegou o pedaço de papel no momento em que paramédicos adentravam apressadamente o local, pegando Konan e colocando-a numa maca.

Wolfe informou rapidamente sobre a suspeita de envenenamento e, ao seguir a maca, dentre uma confusão de agentes, policiais e paramédicos, avistou o rosto abalado e em choque de sua sobrinha, os olhos castanhos fixos em Konan. Esquecendo-se por alguns instantes da vítima e deixando que seus instintos o guiassem, ele agarrou Tenten pelos ombros e a levou rapidamente para fora dali. Tropegamente, ajudou-a a sair do apartamento, sentando-a no chão do corredor sem dizer uma única palavra.

O papel amassado ainda estava em sua mão, e ao ler a única linha que estava ali, confirmou a suspeita de que tinha sido o carteiro. E ele havia entregado uma carta especialmente para Konan. Wolfe sentiu ódio crescer dentro de si, ao mesmo tempo que Tenten irrompia em lágrimas silenciosas.

"Você vai morrer em 4 horas."

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Sábado, 00h27min.

Westminster, Inglaterra.

New Scotland Yard.

Sala de Reuniões.

Wolfe estava cansado.

A sala de reuniões da Scotland Yard nunca lhe parecera tão impessoal. Tudo o que ele queria naquele momento era estar em casa, abraçando sua sobrinha e conversando com ela e, embora ele soubesse que Sakura estava fazendo tudo isso naquele exato instante, ele ainda estava inquieto.

A noite em Westminster era fria, mas o sangue nas veias de Ryan ainda estava quente pela overdose de adrenalina nas horas anteriores. Afrouxou a gravata e arregaçou as mangas até os cotovelos, pousando a cabeça nas mãos. Jamais pegara um caso como aquele. Jamais temera tanto pela vida das vítimas.

Não levantou os olhos quando ouviu a porta abrindo, nem quando ouviu o barulho de cadeiras sendo arrastadas. Só olhou para cima quando a sala voltou ao silêncio que estava quando só havia uma pessoa ali.

Wolfe analisou o rosto dos presentes. Kakashi tinha a aparência sonolenta que lhe era um tanto característica trocada por uma expressão alerta que sempre assumia em situações como aquela; Blair trazia em seu rosto a expressão firme que assumia após as autópsias, porém estava sentada mais próxima de Kakashi do que de costume. Blaise estava distante, mil preocupações vagando em seus olhos; Helena e Suzumiya dividiam o mesmo semblante de quem havia trabalhado febrilmente sem parar. Adam também fora chamado para ajudar a analisar o apartamento, e parecia estranho naquelas roupas de professor e usando óculos que não eram seus. A cadeira de Obito estava vazia.

- O que temos? – a voz de Blaise quase ecoou na sala silenciosa.

- Vamos começar pelos únicos corpos que temos. – disse Kakashi, se referindo aos agentes

- Nicholas Parks aparentemente morreu primeiro, pelas posições onde foram encontrados. – explicou Blair, mostrando fotos - Ele tinha uma marca na região da base das costas; os rins foram atingidos e ficaram abalados pelo choque, o que causa uma dor intensa. Imagino que ele estivesse abaixado para que a assassina conseguisse atingi-lo dessa forma. Depois, sei que seu pescoço foi quebrado, e é preciso uma quantidade considerável de força para fazer isso, além de treinamento e conhecimento do corpo humano. Aaron Phillips teve o pescoço torcido para trás e tinha um hematoma na parte posterior da cabeça.

- Ela os assassinou apenas com as mãos, como suspeitávamos? – perguntou Kakashi

- Receio que sim.

- Sobre o método de assassinato, então - pediu Blaise – Foi envenenada, não foi?

- Sim. Konan Aoki tinha uma perfuração de agulha no braço. O veneno estava na corrente sanguínea há pouco tempo, mas era em uma grande quantidade. Era veneno de Aranha-armadeira. – Blair mostrou uma foto asquerosa – E apenas 0,006 mg podem matar um rato. O pior dentre as aranhas. A quantidade no sangue de Konan não era o suficiente para matá-la imediatamente, mas para fazê-la desmaiar e agonizar enquanto inconsciente. Especialmente alguma das aranhas a picasse. Havia uma aranha-armadeira no apartamento, por sorte longe de Konan, e graças a isso, o antídoto para o veneno foi obtido o mais rápido possível, porque quando essa aranha se sente em perigo, ela pode picar várias vezes, o que causa dor intensa, taquicardia, e em casos extremos, edema pulmonar... E é uma aranha brasileira.

- Falando em aranhas... Sobre a entomofobia da vítima e os animais no apartamento, o que temos? – lembrou Kakashi

- Na verdade, biologicamente falando, há um erro aqui. A fobia de aranhas é um tipo de medo um pouco mais específico que a entomofobia em si, que seria mais direcionada a formigas, baratas e insetos do gênero. Aranhas não são insetos "de verdade". – Blair levantou os olhos - Ainda assim, são todos artrópodes, são todos "parentes", e creio que inclusive graças à cultura popular, aranhas gerem mais medo que outros animais do mesmo filo, até mesmo em alguém cujo medo mais intenso não seja diretamente direcionado a elas.

- Tenho certeza de que o mandante deve ter adorado a ideia de uma tortura psicológica a mais – resmungou Blaise

- Devo dizer que, de certa forma, demos sorte. A assassina devia estar bem confiante de que esse plano daria certo, senão não teria deixado a aranha da qual retirou o veneno para tentar assassinar Konan ali, na cena do crime. – Blair pegou uma foto no relatório – O Centro de Controle de Zoonoses informou nos relatórios que havia no apartamento duas aranhas tarântulas de joelho-vermelho mexicanas, que não são letais e são até utilizadas como animais de estimação, e tem aproximadamente 15 centímetros. Uma estava na banheira, e uma outra na porta, atrás de Konan.

- Eu tive uma dessas. Só servem pra dar medo e coceira – Suzumiya observou, analisando uma foto da aranha

- Realmente, a única coisa realmente perigosa nessas aqui são os pelos urticantes. Nas outras, por outro lado... – Blair puxou uma terceira foto e pigarreou – Começando pela aranha-marrom. Elas podem ter só 3 centímetros e não serem agressivas, mas se em algum momento chegassem perto de Konan e ela se mexesse, já era. Lembrem que se Konan não tivesse pedido para sua estagiária ir a sua casa, teríamos demorado pelo menos 18 horas para encontrá-la, e isso teria sido tempo o suficiente para o veneno dessas pequeninas aqui agirem, e os efeitos são bem desagradáveis: inchaço, bolhas, necrose, falência renal... Ela já estaria morta, mas ainda sim... – ela fez uma pausa - São comuns em toda a América, especialmente no Sul.

- Quantas delas havia no apartamento? – perguntou Adam

- Duas. Uma estava atrás da porta do banheiro, a outra fugiu e foi morta pela sobrinha de Ryan. Agora, sinceramente, se tivéssemos chegado apenas alguns minutos depois, tenho certeza de que esta aqui – uma última foto foi mostrada, um close de uma aranha muito negra – teria picado a senhorita Aoki. Aranha-teia-de-funil, 3 centímetros. Estava na pia, e se resolvesse descer dali, cairia bem em cima de Konan. Havia outra, mas assim como a armadeira, estava longe da vítima. São aranhas muito agressivas, e podem matar em até uma hora, causar infarto em 15 minutos... Efeitos variad...

- Enfim, se cada uma dessas aranhas picasse Konan, ela teria ataque cardíaco, edema pulmonar, necrose e outros, com se matá-la já não fosse o suficiente – resmungou Ryan, interrompendo a legista, e um silêncio quase mortal voltou a reinar entre eles

- Suzumiya, e no apartamento? – perguntou Kakashi, que não se importava com desconfortos daquele tipo que se instalara ali

- O de sempre. As únicas digitais que encontramos foram as de Konan e de uma mulher de 45 anos, chamada Kate Hart, que limpa o apartamento de Konan uma vez por semana, já faz cinco anos.

- E na "carta"? Alguma coisa? – indagou Wolfe, embora já soubesse a resposta

- Nada – negou Helena – O texto foi digitado em fonte Arial, tamanho 20, relativamente pequeno para o tamanho da folha, mas grande o suficiente para ser visualizado por Konan.

- Impresso em papel A4 padrão, aparentemente por uma impressora HP doméstica. Não que isso seja muito útil. – comentou a analista, franzindo o cenho para a folha em cima da mesa, como se a culpa de não haver nenhuma prova ali fosse daquele objeto.

- Como Konan está, Ryan? – perguntou Blaise, e os olhares se concentraram em Wolfe

- Estável. Ela está no Chelsea and Westminster Hospital, se recuperando. Como Blair disse, o soro anti-aracnídeo foi aplicado bem a tempo, e estamos esperando o quadro dela melhorar um pouco para ver se haverá sequelas, mas aparentemente, ela está bem. Fisicamente falando, claro. Porque psicologicamente é outra história. Por isso mesmo quero falar com vocês a respeito da segurança de Konan.

- O que tem em mente? – perguntou Kakashi

- Já pensei em uma justificativa para afastar Konan do trabalho. Está tudo nessa pasta – Ryan indicou o arquivo preto à sua frente – Hoje mesmo comunicarei o redator-chefe do The Guardian. Ah, um fator importante: a mídia não pode nem sonhar com esse ataque à Konan. Então, se seu contato vier lhe pedir por novidades ou começar especulações, cale a boca dele, Kakashi.

- Não se preocupe. Gai é o menor dos nossos problemas.

- Certo. Bom, além do que foi dito, tomei a iniciativa de inscrever a senhorita Aoki no Programa de Proteção Especial às Testemunhas. Era o que teríamos que fazer cedo ou tarde. Entrei em contato com a família dela e encontrei parentes distantes, porém de confiança, que vivem na Suécia. É pra lá que ela vai assim que sair do hospital. Antes dela partir, porém, preciso apenas que confirme que foi o carteiro quem injetou o veneno nela. Tenho certeza de que era a assassina disfarçada, mas precisamos do depoimento de Konan para seguir o protocolo.

- Você investigou o suposto carteiro? – Blaise quis saber

- Pedi ao Adam que fizesse isso – Wolfe encarou o rapaz

- Eu procurei incansavelmente em todas as agências de correio de Westminster, da Cidade de Londres e até de alguns distritos mais próximos – informou Adam colocando sua pesquisa sobre a mesa – Mas nenhuma delas havia enviado algum funcionário, naquele horário, para o prédio da senhorita Aoki. E tem mais um detalhe: eu revistei o prédio com os outros policiais, e todas as correspondências que o "carteiro" deixou estavam em branco e eram direcionadas a ninguém.

- Então era mesmo aquela desgraçada... – Blaise praguejou – Como, como ela conseguiu nos contornar mais uma vez?

- A questão mais importante agora não é essa, Blaise – argumentou Kakashi, sério – Devemos pensar no seguinte: o mandante vai atrás de Konan de novo, que foi a única falha até agora no plano dele, ou ele vai seguir adiante?

- Ele vai seguir adiante – Wolfe respondeu antes mesmo que alguém pudesse se manifestar. Havia urgência em sua voz – Seu orgulho não permite a ele voltar atrás. De acordo com o perfil que traçamos, ele é perfeccionista, não admite falhas. Mas quem errou não foi ele. Foi a assassina. Ela pecou por excesso de confiança e desta vez a sorte estava do nosso lado para permitir que a própria Konan, mesmo sem saber, garantisse sua sobrevivência pedindo que minha sobrinha fosse até sua casa. Como já foi dito mais de uma vez, se Tenten não tivesse aparecido, a essa hora nós estaríamos nos lamentando por mais um fracasso e rediscutindo estratégias de proteção pela enésima vez. Todas as circunstâncias contribuíam para a morte da senhorita Aoki. O plano do mandante teria dado certo, talvez, se a assassina não estivesse tão confiante. Então a "culpa" é dela. Ele sabe que o cerco está se fechando e não pode se arriscar voltando atrás.

- Por isso ele vai continuar – Kakashi conclui e Ryan aquiesceu.

- A próxima vítima é Deidara Fujimoto, funcionário da LFE, que está sob sua proteção, Kakashi – lembrou Blaise.

- Tenho plena consciência disso – o Hatake retrucou.

- Quanto a você, Ryan – a promotora lançou um olhar severo a Wolfe – Você pode até ironizar dizendo que já discutimos táticas de proteção inúmeras vezes, mas a cada avanço do mandante e da assassina fica provado que nós estamos cometendo muitas falhas. Falhas estas que colocam em risco a vida de pessoas que confiaram em nós.

- Confiaram em nós tardiamente... – rebateu Wolfe

- Mas ainda assim confiaram em nós! – Blaise elevou sua voz. Blair, Suzumiya, Adam e Helena prenderam a respiração – Nosso dever é protegê-las, independentemente do momento em que procuraram ajuda, e você sabe disso. Olha Ryan, sei que você está nervoso, cansado e se sentindo impotente por não conseguir chegar ao final deste caso. Acredite: eu também estou. Todos estamos. É frustrante para todos nós. Sei também que sua sobrinha parece ter o dom de encontrar as vítimas desse caso e estar metida em confusão, e que isso preocupa você, mas...

Wolfe deu um soco na mesa, fazendo seu conteúdo tremer. Ele colocou-se de pé e encarou Blaise furiosamente. Seu olhar trazia, além de cansaço e preocupação, um ódio que Kakashi jamais vira no amigo. Além disso, pela primeira vez em anos de convivência, Blaise parecia assustada.

- Eu já suportei por anos e anos essa sua língua comprida interferindo nos meus casos, nos meus interrogatórios, na minha carreira – Ryan disse, sem modificar seu tom de voz, mas soava extremamente ameaçador – Mas agora basta. Você pode falar o que quiser de mim, Blaise. Pode questionar minha competência na porra desse caso ou em qualquer outro. Pode falar que a proteção que eu passei noites elaborando é uma merda e deu em porra nenhuma, porque realmente foi ISSO que aconteceu. Mas jamais, JAMAIS mexa com minha família. E sequer insinue de novo que minha sobrinha "tem o dom de encontrar as vítimas desse caso", como se ela gostasse disso. Você não viu a expressão de horror no rosto dela como eu vi. E você não está se sentindo responsável como eu estou por colocar Tenten em perigo ao envolvê-la nisso mais do eu gostaria.

Ryan inspirou profundamente e a vermelhidão em seu rosto diminuiu um pouco.

- Você não tem família, então não dê sua opinião quando não sabe como é.

Ele se dirigiu até a porta da sala se reuniões, os olhares dos presentes passando do detetive até a promotora. Adam, em particular, estava com medo, mas acima de tudo sentiu um profundo respeito por Wolfe. Era a primeira vez que via alguém enfrentar Blaise daquele jeito.

- Mais uma coisa – Wolfe disse, abrindo a porta – O problema não está na proteção que criamos. Não adianta rediscutir táticas. Fizemos o possível. Nós temos que caçar o filho da puta que está causando tudo isso. Ou esperar ele agir para pegá-lo. Mas se querem uma sugestão, aqui vai: atirem na primeira pessoa que parecer suspeita e se aproximar das próximas vítimas.

O detetive já ia fechando a porta quando Kakashi falou um pouco mais alto, perguntando calmamente:

- Aonde você vai?

- Vou cuidar da minha sobrinha. Tome as providências que achar necessárias, Kakashi.

E sem olhar mais uma vez para Blaise, Wolfe saiu da sala, deixando atrás de si perplexidade e surpresa nas mulheres e uma certa diversão no Hatake e em Adam.

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Sábado, 14h46min.

Westminster, Inglaterra.

Mansão dos Hyuuga.

Antes de revelar o último detalhe da cena terrível a qual Tenten presenciara no dia anterior, a garota encarou os dois pares de olhos perolados à sua frente. Geralmente, eles transmitiam coisas diferentes, compatíveis com a personalidade de seus donos. Mas no momento, ambos transpareciam sentimentos afins: espanto, preocupação, indignação. Mas havia algo além. Neji e Hinata Hyuuga - depois de ouvir o relato de Tenten sobre tudo o que se seguiu após a chegada dela ao prédio onde Konan Aoki vive – não podiam deixar de acrescentar ao olhar que direcionavam à Mitsashi a admiração que sentiam pela jovem no momento.

- Por fim – Tenten suspirou – Quando tio Ryan me colocou no chão do corredor, notei que ele segurava um papel. Estava amassado, mas tinha o tamanho de uma folha A4.

- Uma mensagem do assassino, talvez? – Neji sugeriu, estranhando seu tom de voz ao perceber que não falara absolutamente nada durante o relato de Tenten.

- Provavelmente. Mas não consegui ler. A letra era muito pequena e, francamente, meu raciocínio lógico estava suficientemente abalado para que minha curiosidade falasse mais alto.

- Não tem problema... Essa mensagem é só um detalhe – Hinata confortou a amiga, afagando seus ombros – Não há palavras para descrever sua coragem, Tenten.

- Foi horrível vê-la naquele estado... Com as aranhas e tal. A crueldade desses assassinatos está cada vez mais surpreendente. A crueldade E a ousadia. Nós estávamos certos. O assassino está querendo cada vez mais atenção.

- Konan está viva, e isso é o que importa – observou Neji, incisivo – Penso que agora a paciência do assassino vai se reduzir a quase nada. Essa é a primeira falha no plano dele.

- Será que ele vai... Vocês sabem... Tentar assassinar Konan de novo? – Hinata perguntou com polidez.

- Creio que não – falou Neji, e Tenten aquiesceu – Até porque, tenho certeza de que a Scotland deve colocar Konan em algum Programa de Proteção Especial às Testemunhas, ou algo do tipo. Eles devem remanejá-la para outro país, assim que ela sair do hospital.

- Ela vai ficar bem – a Mitsashi acabou falando – A Polícia deve se preocupar agora com os próximos. O assassino conseguiu burlar, mais uma vez e sabe-se lá COMO, a segurança ultra-sistemática que a Scotland Yard criou. E essa falha no plano vai deixá-lo apenas mais nervoso, mais sádico e mais ousado, para da próxima vez não produzir mais erros.

Os três permaneceram alguns instantes em silêncio, como sempre ficavam depois de debaterem os acontecimentos do caso Akatsuki. Uma batida na porta do quarto de Hinata sobressaltou-os. Eles trocaram olhares ligeiramente nervosos antes da Hyuuga mais velha murmurar um "entre".

- O chá está servido. E eu fiz os biscoitos. Sozinha. – Hanabi, a herdeira mais nova dos Hyuuga, falou com orgulho. Sua expressão ficou um pouco maliciosa ao olhar de seu primo para Tenten – Ora, ora... Que mania que você tem de ficar no meio das mulheres, não é Neji? E esse estranho costume começou logo depois de Tenten ter se tornado amiga da minha irmã, não é primo?

- Sem insinuações, Hanabi – Neji revirou os olhos, quase impaciente. Era óbvio que Hanabi nem sonhava com a gravidade do assunto que ele debatia com Tenten, Hinata e os outros sempre que se encontravam, mas a ironia da prima mais nova o incomodou mais do que o normal após ouvir a Mitsashi narrar a terrível experiência que vivera quase 24 horas antes.

- Estamos fazendo um trabalho escolar, Hanabi – Hinata disse com educação, mas a voz era firme ao se dirigir à irmã – Já vamos descer.

- Certo – a garota mudou a expressão orgulhosa para uma careta de desaprovação após sondar o quarto rapidamente com o olhar – Onde estão Sasuke e... Sakura?

- Em algum hospital da cidade – Tenten respondeu mecanicamente – Estão terminando a mesma pesquisa que nós, mas o assunto deles exigiu uma pesquisa de campo.

- Eles estão namorando? – Hanabi insistiu

- Não – os três responderam ao mesmo tempo, mas a impaciência de Neji sobressaiu-se na resposta. Hanabi fez língua para ele e pediu para que não demorassem, se não os biscoitos iriam esfriar.

A porta se fechou e os jovens aguardaram alguns instantes antes de voltarem a conversar. Mas de qualquer forma, era melhor encerrar o assunto Akatsuki. Não havia mais o que discutir, por enquanto. Tenten sabia que só conseguiria analisar a situação depois que as cenas no apartamento de Konan se tornassem um pouco mais distantes em sua mente, e a pressão a que estivera submetida novamente com interrogatórios passasse.

- Precisamos mesmo terminar esse trabalho... – a Mitsashi comentou, desanimada

- Não fique preocupada – Hinata sorriu para ela, amável – Eu já digitei a entrevista ontem mesmo, adiantei boa parte da pesquisa científica e comecei a fazer a redação. Além disso, o trabalho é só para sexta. Quando liguei para sua casa hoje de manhã e seu tio atendeu, eu não fazia ideia do que havia acontecido. Mas percebi que algo estava errado quando ele disse que você precisava de distração. E depois de ter ouvido tudo o que você nos contou, não creio que terminar esse trabalho agora seja a melhor opção.

- Obrigada, Hinata – Tenten sorriu de volta e abraçou a amiga

- Felizmente já terminei meu trabalho – comentou Neji, se esforçando para continuar fora do assunto Akatsuki.

- Como foi a parceria com Rock Lee? – a Mitsashi quis saber, agora sorrindo mais abertamente. A ideia da parceria dos dois parecia diverti-la.

- Não foi tão ruim quanto eu pensava – o Hyuuga deu de ombros e acabou abrindo um meio sorriso – Lee é organizado, conforme você me disse, Tenten. Ao longo da semana, nos reunimos da LFE. Na verdade, ele parecia tão empolgado com a pesquisa e com a ideia de ter dois pontos extra na disciplina de Itachi, que praticamente fez quase todo o trabalho sozinho.

- Típico do Lee... Tenta sempre se destacar no que faz.

O celular de Hinata começou a tocar. Pelo rubor formado instantaneamente em seu rosto, tanto Neji quanto Tenten souberam imediatamente de quem se tratava.

- V-Vou atender lá f-fora... – a Hyuuga mais velha disse, desconcertada – Espero vocês lá embaixo.

- Que fofo – a Mitsashi comentou assim que Hinata deixou o quarto. Neji bufou.

- Olha... Sei que Sasuke e Sakura não estão namorando... – ele fez uma pausa, provavelmente selecionando as melhores palavras para a pergunta constrangedora - Mas Hinata e o Uzumaki estão?

- Acho que sim – Tenten respondeu sem rodeios, acrescentando um sorriso sincero depois. Neji não contra-argumentou. Ficou apenas em silêncio, encarando a Mitsashi e sendo encarado de volta. "Namoro" era a última coisa em que a morena deveria pensar no momento, afinal ela própria ainda não sabia definir seus sentimentos por Neji. Mas uma ligeira curiosidade surgiu em relação ao status que o Hyuuga usaria para classificar a "relação" dos dois.

- Em quê está pensando? – ele perguntou, sentando-se ao lado dela na cama de Hinata. Seu tom de voz trazia expectativa, mas era cauteloso.

- Que estou com fome – Tenten respondeu com metade da verdade. Seu estômago acabara de reclamar, mas ela ainda estava curiosa quanto aos sentimentos do rapaz sentado ao seu lado.

- Você é mais corajosa do que imagina – disse ele, surpreendendo Tenten. Neji a abraçou com carinho e afagou seus cabelos, depositando um beijo em sua testa – Logo essa situação vai passar e nós vamos sair dessa inércia.

- Está tentando me consolar? – a garota perguntou, sorrindo levemente ainda sob o abraço do Hyuuga.

- Você sabe que isso não combina muito comigo – respondeu Neji, olhando-a nos olhos – Estou apenas sendo sincero.

- Sinceridade combina mais com você.

- Exatamente – ele sorriu brevemente, sua expressão voltando a ficar séria para preceder suas próximas palavras – É você quem nos estimula a pensar, a descobrir coisas novas em relação a esse mistério. Mas no momento, como Hinata disse, não é ideal forçar você a relembrar a situação pela qual passou apenas pela busca de novas informações. Por isso, repito: essa situação vai passar logo porque você é corajosa, e nós voltaremos a agir.

Tenten observou Neji com atenção.

- Obrigada – ela disse, por fim, sem sorrir. Mas estava sendo sincera.

O Hyuuga a beijou delicadamente nos lábios, deixando o carinho prevalecer sobre o desejo pela primeira vez. O beijo foi curto, mas foi o melhor que trocaram desde que se conheceram. Sorriram rapidamente um para o outro e deixaram o quarto de Hinata, ainda abraç enquanto, Tenten achou melhor deixar de lado suas dúvidas em relação a Neji. No momento, ela tinha certeza que aquele abraço e aquele beijo eram mais do que suficientes.

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Segunda-feira, 06h59min.

Grande Londres, Inglaterra.

Cidade de Londres, London Further Education.

Esfregando os olhos novamente, Adam bocejou antes de pegar um café na máquina. Estava com sono, com frio, de mau-humor, e ainda teria que dar aula. De fato, ser professor não era sua vocação. Ele mal tinha ânimo para ir ao trabalho que amava em dias frios como aquele, imagine então como ele estava alegre por estar ali.

Desde sábado, Adam refletira bastante sobre qual seria seu próximo passo. Se devia ou não continuar fornecendo informações para Itachi. A reunião que houvera após o que acontecera com Konan quase o fez desistir de seu plano, mas ao ver a forma com que Wolfe enfrentara Blaise ele se encheu de uma coragem que sabia não possuir.

Colocando os óculos com os quais se acostumara, mas pegava um ódio cada vez maior a cada dia, o analista ficou mais atento ao perceber que Itachi Uchiha se aproximava dali. Um tanto mais confiante desde sua última abordagem, Adam arriscou iniciar uma conversa.

- Está decidido quanto àquilo que conversamos? – perguntou ele, sem se dar ao trabalho de dizer cumprimentos que o Uchiha com certeza não responderia

- Achei que tinha deixado clara minha opinião – retrucou Itachi, pegando um copo de café

- Não... Não acho que tenha deixado – Adam tentou parecer firme, mas sua voz vacilou um pouco

- Prefiro trabalhar sozinho. Não confio na polícia, e não confio em funcionários da Blaise. Ponto. Fim da conversa. – Itachi sequer o olhou, e começou a se afastar dali. Adam irritou-se profundamente, coisa que estava acontecendo com uma frequência assustadora

- Mais um foi atacado. E tenho certeza de que sabe quem é – ele elevou o tom de voz, e Itachi parou de andar no mesmo instante.

- Está blefando – a voz de Itachi, baixa e controlada, pareceu alta no corredor vazio

- Não. – Adam caminhou até onde o Uchiha estava, resistindo à vontade de derramar café quente naquela cara cheia de olheiras – Eu posso ser atrapalhado, ou até imbecil, na sua concepção, mas cruel eu não sou, então não brincaria com um assunto sério desses só pra blefar. – os olhos negros de Itachi se estreitaram e ele cruzou os braços

- Se não está blefando, porque os jornais não divulgaram nada, como est...

- É porque ela não morreu. – Adam interrompeu, e pela primeira vez percebeu que conseguira surpreender aquele ser inabalável

- Então vocês conseguiram salvar Konan. – o outro murmurou pra si mesmo.

- Sim.

- E porque dessa vez foi diferente? – Itachi recomeçou a andar. Adam o seguiu

- Sua aluna, Tenten Mitsashi, encontrou a vítima a tempo, e então o detetive Wolfe conseguiu levá-la a tempo para um hospital.

- É a primeira vez que conseguem salvar um deles, e graças a uma jovem que não sei por que diabos parece estar em quase todas as cenas dos crimes. Estão fazendo realmente um belo trabalho, deixando que sejam capturados e mortos bem debaixo dos seus narizes – ironizou Itachi friamente

- Não é bem assim. – Adam perdeu um pouco da firmeza em sua voz; ele mesmo já pensara no absurdo que aquela situação soava... – A assassina usa disfarces diferentes todas as vezes, e como sabemos que se trata de uma mulher, disfarçou-se de carteiro. Ela foi revistada algumas vezes, mas parece que as aranhas deviam estar em algum lugar sob o disfarce. Era praticamente impossível suspeitar que não era apenas um cart...

- Assassina... – repetiu Itachi – O que quer dizer "assassina"?

- Ah... Achei que já tivesse lhe dito isso. – Adam sabia muito bem que não contara aquilo para Itachi, mas enquanto ele estivesse no comando da situação, seria mais fácil convencer o Uchiha de que era uma boa ideia trabalhar com ele - Quando traçamos o perfil, percebemos que duas pessoas estão por trás disso: um mandante, que permanece oculto, e um executor, e temos provas de que se trata de uma mulher. Até ag...

- Pare – interrompeu Itachi novamente. Adam começou a achar aquilo irritante. – Como já disse antes, não é bom conversar aqui.

- Então...

- Não significa que haverá outras conversas como essa. – Itachi fitou o fim do corredor, enquanto continuava com seu tom monótono – Vou organizar algumas ideias, depois verei se ainda preciso de suas informações. – Adam reparou que Itachi não fez uso da palavra "ajuda".

- Ok. – o que mais ele poderia fazer, além de concordar? A esperança é que Itachi desistisse dessa ideia de bancar o Batman, querendo agir sozinho. Se bem que o Batman não agia sozinho, ele...

- Uma última coisa – Itachi estava alguns passos à frente de Adam – onde Konan está?

- Chelsea and Westminster Hospital – respondeu Adam, automaticamente, vendo Itachi virar o corredor, novamente sem dizer mais nada.

O fato do Uchiha querer visitar Konan era um bom sinal. Significava que as informações de Adam seriam averiguadas e confirmadas, mostrando que ele não estava mentindo e que era seguro trocar ideias com ele.

Se Itachi fosse Batman, ele seria Alfred, então.

De qualquer forma, ele sempre gostara mais do mordomo que do cavaleiro das trevas.

Na verdade ele gostava ainda mais do Homem-Aranha, mas aí já seria...

Adam interrompeu seu pensamento sobre quadrinhos, reparando que Itachi se interessou quanto ao que foi dito sobre a assassina, mas não falou nada quando Adam citou as aranhas. Provavelmente ele as ligara imediatamente ao medo de Konan, já que ele soubera da reunião de Kent e então sabia da fobia da jornalista.

É, pelo visto Adam teria que se contentar com o papel de Alfred.

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Terça-feira, 18h03min.

Westminster, Inglaterra.

Sede do Jornal The Guardian.

- Tem certeza de que não precisam de ajuda para arrumar a sala, garotas?

- Sim, Chris. Obrigada mesmo – Tenten respondeu – Mas com certeza você tem mais trabalho que nós no momento.

- É... Isso é verdade – o jovem abriu um sorriso cansado. Olheiras debaixo de seus olhos azuis revelavam que vinha trabalhando até altas horas devido ao afastamento de Konan

– Bom, de qualquer forma, se precisarem de ajuda estou do outro lado do corredor. Até amanhã.

- Tchau, Chris – disse Hinata.

As garotas acompanharam com o olhar o colunista deixar a sala que pertencia à Konan Aoki. Após a porta ter se fechado, elas trocaram um olhar triste e suspiraram. Era estranho não ter Konan ali.

Tenten não entendia o que estava acontecendo com sua confiança. Ela ficara relativamente mais sensível após os acontecimentos da última sexta-feira, mas a essa altura já deveria ter voltado a ser destemida. Além disso, diferente das outras vezes, a vítima não morreu. Talvez fosse a impotência diante da situação, mas a Mitsashi avisara seu tio a tempo de evitar que Konan se fosse. De certa forma, ela conseguira salvar a vida da chefe. Então por que se sentir assim, tão triste? Era difícil explicar.

Apenas uma semana de convivência com Konan Aoki foi o suficiente para que Tenten e Hinata pudessem gostar dela. A redação também estava sentindo falta da colunista, mesmo que apenas dois dias de recesso tivessem se passado. Os funcionários do The Guardian estavam preocupados, porém nem desconfiavam do que realmente havia acontecido a sua colega. Mas a história criada pela Polícia e apresentada pelo redator-chefe do jornal fora de todo convincente: Konan teve uma enxaqueca muito forte na última sexta-feira, seguida de uma intoxicação alimentar. Ela teve que ser internada imediatamente, e seu médico recomendou férias com urgência, portanto a colunista passaria alguns dias na Alemanha visitando parentes assim que deixasse o hospital.

Tenten não sabia se as pessoas haviam acreditado nessa versão, mas ninguém questionou. A jovem também não tinha certeza se sua chefe iria mesmo para Alemanha. Fazendo das suspeitas de Neji as suas, a Mitsashi acreditava que Konan realmente estava no Programa de Proteção Especial às Testemunhas, e que iria ser enviada a outro país, mas não necessariamente aquele que a Polícia mencionou em sua história.

Enquanto isso, o trabalho que era de competência da colunista foi dividido. Na segunda-feira, no lugar de Konan assumiu um rapaz louro chamado Chris Taylor. Ele também revelou-se um ótimo jornalista, porém menos organizado que a Aoki. Chris é de outro setor da redação, no qual ficava pela manhã, e à tarde trabalhava no setor de Konan, junto com Tenten e Hinata. Consequentemente, as funções das garotas também aumentaram. Elas ficaram responsáveis em revisar e enviar os artigos que Konan já havia deixado prontos, além de também ajudar Chris com seus artigos. Ele agora havia voltado a sua sala para finalizar um trabalho que ficara pendente pela manhã, e mesmo que fizessem apenas dois dias que Konan estava fora da redação, Chris estava se esforçando muito para atender à demanda do jornal.

Tenten sentiu seu celular vibrar em seu bolso. Acabou sorrindo involuntariamente quando viu de quem era a ligação.

- Oi Neji.

Ela escutou com atenção as palavras do Hyuuga, seu sorriso se alargando um pouco. Hinata olhava curiosa para ela enquanto terminava de desligar o computador de Konan.

- O que ele queria? – a Hyuuga perguntou após Tenten ter desligado o celular

- Ele está lá embaixo, nos aguardando.

- Ele veio nos buscar?

- Aham. Está de limusine, com seus seguranças habituais – Tenten comentou e lançou um último olhar à sala – Sem mais trabalho por aqui?

- Sim.

- Ok. Então vamos.

Tenten trancou a sala e passou rapidamente até onde Chris estava para deixar a chave com ele e avisar que estavam saindo. Ela e Hinata tomaram um elevador até o térreo e encontraram Neji do lado de fora da redação, escorado na limusine e segurando um buquê com várias rosas coloridas.

A Mitsashi olhou curiosa para o rapaz enquanto uma ideia começava a lhe ocorrer. Será que as flores eram pra ela?

- Que flores lindas... Pra quem são? – Hinata perguntou casualmente, mas era provável que estivesse achando que o buquê era para Tenten.

- Ah... São para Konan – respondeu Neji de forma polida, mas diante do olhar confuso de sua prima e de Tenten teve que explicar – Pensei que vocês gostariam de visitá-la. Ou me equivoquei? Se estiverem muito cansadas podemos ir pra casa e ver Konan outro dia.

- Não, não... É uma excelente ideia, Neji – Hinata sorriu para o primo e em seguida olhou para a amiga – Certo, Tenten?

- É, é sim – a jovem respondeu mecanicamente, sem prestar atenção na conversa que Neji e Hinata haviam iniciado.

"Que merda que eu pensei!"– a Mitsashi lutava com seu subconsciente – "Até parece que essas flores seriam pra mim... Qual seria a ocasião? Aff, mas que diabos está acontecendo comigo?" – ela olhou para Neji – "Eu sempre mantive o controle da situação... Por que agora seria diferente?"

- Você está bem? – o Hyuuga ergueu uma sobrancelha pra ela. A porta da limusine estava aberta e Hinata já havia entrado, o buquê de flores repousando em seu colo.

"Buquê idiota..."

- Estou – disse Tenten, massageando as têmporas – A tarde foi trabalhosa, só isso.

Neji não se manifestou. Eles entraram no veículo, e ao olhar brevemente para trás, Tenten pôde perceber dois carros pretos seguindo-os. Eram os seguranças dos Hyuuga.

- Depois de visitarmos Konan, vamos à Timeout – falou Neji e a Mitsashi dirigiu sua atenção a ele – Naruto disse que tentou ligar para você, Hinata, mas...

- Meu celular está sem bateria – a garota completou, enrubescendo – Descuido meu.

- Certo. Bom, ele disse que gostaria que fôssemos até lá para conversarmos. Eu concordei, mas precisamos ser breves – Neji enfatizou a última palavra.

- Sem p-problemas – disse Hinata, ainda corada.

- E quanto a Sakura? – Tenten perguntou de repente e estreitou o olhar para o sorriso que se formara no rosto de Neji.

- Bem... – ele respondeu – Posso dizer que Sasuke já está cuidando dessa parte.

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Terça-feira, 18h41min.

Grande Londres, Inglaterra

Cidade de Londres, Casa de Ryan Wolfe.

Um vento frio invadiu a cozinha da casa de Ryan Wolfe. O Outono estava chegando ao fim e o Inverno já manifestava seus primeiros sinais. Sakura havia acabado de arrumar a louça do café da tarde e foi até a janela da cozinha fechá-la. Ela encarou o ambiente vazio por alguns instantes. Era estranho ficar em casa sozinha. Sentia falta de Tenten. Na América, ela sempre fora sua melhor amiga e companhia, da mesma forma que nestes dois anos que viviam em Londres.

A semana anterior – a primeira de trabalho para Tenten – passara relativamente rápido. Sakura aproveitara o silêncio para estudar mais. Porém, ainda assim, as longas conversas que as duas costumavam ter todas as tardes fizeram falta. Na sexta-feira, quando Tenten ligou para ela - muito tempo depois de ter saído do trabalho – e lhe contou que fora novamente interrogada pela Scotland Yard, a Haruno sentiu seu coração parar de bater, tamanho o medo que a invadira. Ela quis imediatamente ir até onde a amiga estava, mas a Mitsashi falou que os policiais já estavam levando-a para casa, e que dessa vez a história teve um desfecho diferente: Konan havia sobrevivido.

Consolar Tenten depois de ouvir a história completa foi complicado. Sakura mal conseguia imaginar como a amiga deveria ter se sentido enquanto vivia todo o horror da situação. Felizmente, Tenten não demorou para adormecer, e tanto ela quanto Sakura ficaram mais tranquilas quando no dia seguinte encontraram Wolfe em casa, fazendo o café da manhã de Sábado.

Ainda assim, a preocupação rondava os pensamentos da Haruno. Um calafrio percorreu seu corpo e ela olhou para a janela fechada. Essa sensação nada tinha a ver com o Inverno que chegava. Sakura subiu até seu quarto para pegar um agasalho quando ouviu a campainha tocar.

- Droga... – murmurou enquanto vestia apressadamente um moletom quente e confortável. Ela desceu rapidamente as escadas no mesmo instante em que a campainha soava de novo, duas vezes seguidas. Quem poderia ser o apressadinho? Ela olhou pelo olho mágico e viu que se tratava de um rapaz ruivo, com o rosto cheio de espinhas e um boné rosa-claro virado de lado em sua cabeça. Nos braços, o jovem trazia um buquê de flores. Curiosa, Sakura abriu a porta.

- Boa noite – disse ela

- Sakura Haruno? – o rapaz parecia com pressa

- Sim?

- Seu nome é Sakura?

- Sim.

- Rá... – o entregador riu e olhou para do buquê para a Haruno. Só então a jovem notou que era um buquê de sakuras – Seu namorado é muito original...

- Desculpe? – Sakura estreitou o olhar para o rapaz

- Pra você... – ele estendeu o buquê pra ela, revirando os olhos – Dá um rabisco aqui – pediu, indicando uma prancheta. A Haruno tentou se equilibrar com o buquê enquanto assinava.

- Valeu – o entregador guardou a prancheta, colocou seu capacete e deu partida na moto, avançando pela saída da casa de Wolfe em alta velocidade.

Sakura fechou a porta com o pé e fez esforço para trancá-la. Quem poderia ter lhe mandado flores? Não havia nenhuma ocasião especial para isso... Teria sido Logan Green? Mas ultimamente eles só vinham se falando por e-mail, e o rapaz havia entendido que a única coisa que Sakura pretendia com ele era ser sua amiga.

Então, a Haruno notou um pequeno envelope vermelho no meio das sakuras. Ela subiu até seu quarto, carregando cuidadosamente o buquê. As flores eram lindas, mas sua curiosidade falava mais alto no momento. Depositou o presente com cuidado em sua escrivaninha e pegou o envelope. Dentro dele, um papel branco preenchido com uma caligrafia fina e impecável trazia as seguintes palavras:

"Um pouco de clichê não faz mal a ninguém. Hoje não é Dia dos Namorados. E – tomei o cuidado de pesquisar – também não é seu aniversário."

O bilhete não tinha assinatura, mas definitivamente isso não era necessário. Sakura sabia perfeitamente quem havia lhe mandado flores. A conversa que tivera com Sasuke Uchiha na quinta-feira anterior - antes de se dedicarem ao trabalho passado por Itachi – ainda estava fresca em sua memória, afinal a Haruno ainda se condenava um pouco por ter falado demais na ocasião. Ela deduzira que suas concepções românticas haviam irritado o Uchiha mais novo, ou até mesmo o assustado. Porém, as flores indicavam exatamente o contrário.

Enquanto a jovem descia novamente até a cozinha para providenciar um jarro para suas sakuras, a Haruno considerou duas possibilidades: ou Sasuke havia levado a sério tudo o que ela disse, e por alguma razão estava disposto a agradá-la, ou ele estava brincando com ela.

Após acomodar as flores na água que colocara em um jarro, Sakura sentiu seu celular vibrando no bolso do jeans velho que vestia. Era uma mensagem. De Sasuke.

"Gostou das flores?"

- Muito sucinto... – a Haruno ergueu as sobrancelhas para o aparelho em suas mãos – Então vamos responder da mesma forma... "Sim, obrigada."

Sakura estava pensando onde iria colocar as flores quando outra mensagem chegou.

"Está muito ocupada agora?"

Novamente, a garota ficou curiosa. Respondeu: "Não, por quê?"

"Pode vir até a porta?"

O coração de Sakura acelerou e ela se sentiu estúpida por isso. Ficara surpresa com as flores e achara o gesto simpático, mas havia sempre a hipótese pessimista para justificar as intenções de Sasuke. Agora, porém, ela não conseguia pensar em algo plausível para explicar porque diabos ele estava em sua porta.

- Se isso for uma brincadeira de mau gosto... – resmungou para si mesma enquanto ia até a entrada. Verificou pelo olho mágico: realmente, no lugar onde instantes antes estivera o esquisito e apressado entregador de flores, agora estava o belo rapaz que as mandara.

Sakura colocou a mão no peito e procurou se controlar. Por que seu coração precisava bater tão rápido? Abriu a porta de uma vez para acabar logo com a curiosidade que perturbava sua mente.

- Boa noite – ela disse pela segunda vez em menos de meia hora. Sasuke apenas acenou – Entre, está frio aí fora.

- Não pretendo demorar muito – ele disse depois que Sakura fechou a porta.

- Ah... Ok. Bom, obrigada pelas flores. São... São muito bonitas. Eu... Eu gostei.

- Que bom. Por um momento pensei que elas não chegariam até aqui. Eles estavam fechando a loja e aquele cara era o único entregador disponível.

- Ele parecia com pressa.

- E estava. Tive que segui-lo para saber se faria o serviço direito – Sasuke deu de ombros

- Ah... Então foi por isso que você mandou a mensagem logo depois que as flores chegaram.

- Exatamente. Passei de moto pelo imbecil apressadinho perto da estrada que leva até aqui, mas ainda assim precisei verificar se as flores haviam chegado.

- Olha Sasuke... – Sakura achou melhor ser direta – Eu agradeço seu... Gesto. Mas acho que preciso perguntar o que você está fazendo aqui.

- Simples – o jovem olhou diretamente nos orbes verdes da Haruno – Quero fugir com você.

Sakura ficou sem ar por alguns instantes, analisando a expressão impassível do Uchiha e o olhar curioso dele. Mais uma vez ela levou a mão ao peito e começou a inspirar e expirar profundamente.

- Sakura... – Sasuke chamou, esboçando um meio sorriso – Estou brincando. Não precisa ficar desse jeito.

- QUÊ? – ela exclamou, exasperada – Seu... Seu filho da... Isso não teve graça, sabia?

- Sim, está escrito na sua cara que você não achou engraçado – ele respondeu, mas um sorriso sacana brincava em seus lábios.

- Eu não conhecia essa sua versão Imbecil-Retardado-De-Doze-Anos-De-Idade – ela resmungou, andando apressadamente até a cozinha. Sasuke foi atrás dela.

- Não sabia que você ia levar a sério – falou

- Você acha que eu levei a sério? – a Haruno perguntou, parecendo ameaçadora até enquanto pegava um copo d'água.

- Pela sua reação, é o que... – Sasuke foi interrompido por um jato d'água em seu rosto.

Ele e Sakura se encararam por alguns instantes, ambos fervendo de raiva por dentro, cada qual com suas razões.

- Eu NÃO levei você a sério – a garota sentenciou e o Uchiha achou mais saudável não questionar

- Por que jogou água em mim? – ele perguntou enquanto o líquido escorria de forma patética por seu cabelo e rosto.

- Teve sorte que não foi um soco que acertou a sua cara... Ou que não fiz você comer as flores que me mandou – Sakura indicou o jarro na bancada da cozinha. Ela sumiu por alguns instantes e voltou trazendo uma toalha branca, que jogou para Sasuke.

- Obrigado. Achei que ia me deixar pingando.

- Talvez eu tenha exagerado com a água... – a Haruno disse de repente, parecendo envergonhada – Você me manda flores e é assim que eu agradeço.

- Talvez eu também tenha exagerado na brincadeira...

- Não... A minha reação é que foi desnecessária. Nem em um milhão de anos você poderia estar falando sério – Sakura agora riu, sem graça.

Sasuke não encontrou palavras para responder, mas era evidente que ficar calado consistia em uma boa opção.

- Além disso, depois do que aconteceu com Tenten, fico assustada com quase qualquer coisa.

- Entendo.

- Mas falando sério agora... Por que veio até aqui?

- Neji me ligou falando que seu amigo Uzumaki nos chamou para ir até a Timeout hoje. Precisamos conversar sobre os últimos acontecimentos. Ele foi buscar Tenten e Hinata no trabalho. Antes, nós paramos na floricultura para comprar flores para a senhorita Aoki. Neji pensou que as garotas gostariam de vê-la no hospital. Foi aí que tive a ideia de mandar um buquê pra você também – Sasuke consultou a hora em seu celular – A essa altura eles já devem estar deixando o hospital.

- Então você veio me buscar?

- Se você não apresentar objeção quanto a isso...

- Pode esperar alguns minutos enquanto troco de roupa?

- Sem problemas – Sasuke deu de ombros – Enquanto isso eu termino de me secar.

Sakura lançou ao rapaz um olhar de desculpas e foi apressadamente para seu quarto.

Sasuke não pôde deixar de sorrir.

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Terça-feira, 19h17min.

Grande Londres, Inglaterra

Cidade de Londres, Centro – Boate Timeout.

A visita ao Chelsea and Westminster Hospital não demorou muito, afinal Konan Aoki estava dormindo. A mãe da jovem colunista e uma tia estavam ali no momento, além de uma quantidade nada discreta de agentes da Polícia Londrina. Eles estavam por todo o hospital, e aqueles que montavam guarda na porta do quarto de Konan revistaram Tenten e seus amigos antes de entrarem.

As garotas conversaram rapidamente com a mãe e a tia de Konan enquanto Neji aguardava do lado de fora do quarto. As duas senhoras agradeceram as flores e a atenção das meninas. Elas explicaram que trabalhavam para a jornalista no The Guardian, e a senhora Aoki perguntou se fora uma das duas quem encontrara sua filha. Pelo visto a Scotland Yard resolvera não omitir detalhes do acontecido, pelo menos para os familiares mais próximos.

- Fui eu – Tenten dissera, desconcertada. A mãe de Konan a analisou por alguns instantes antes de abraçá-la. Ela não precisou dizer nada. A gratidão fluía por aquele abraço.

Quando perguntaram sobre o estado de Konan, Tenten e Hinata obtiveram respostas curtas e padronizadas: a colunista fora envenenada, mas encontrava-se estável. Ela iria permanecer em repouso até ser liberada – o tempo necessário não foi especificado. Depois, partiria para Alemanha, onde ficaria em repouso.

"Novamente essa história de Alemanha..." – Tenten pensou – "É óbvio que ela não vai pra lá. Tio Ryan com certeza instruiu todo mundo para sustentar essa história."

Depois disso, as garotas desejaram melhoras à Konan e se despediram das duas senhoras. Antes de fechar a porta do quarto, a Mitsashi deu uma última olhada para sua chefe. Era estranho vê-la ali, mais pálida que o comum e inativa.

"O importante é que ela está viva. Lembre-se disso, Tenten." – ela pensou consigo.

Agora, a limusine dos Hyuuga parava em frente à Timeout. O trajeto até ali ocorrera todo em silêncio por parte dos ocupantes do veículo. Ao descer, Tenten olhou pra cima: o céu de Londres estava se tingindo de uma tonalidade mais escura e o vento soprava frio. Neji murmurou algumas palavras para o motorista enquanto alguns seguranças se aproximavam dos três jovens. O movimento do lado de fora da boate era intenso, tanto na calçada quanto no asfalto. As pessoas estavam voltando para suas casas depois de um longo dia de trabalho.

Os homens em terno preto escoltaram os dois Hyuuga e Tenten até a entrada da Timeout, que já estava aberta. A Mitsashi sentiu-se ligeiramente ridícula diante da situação, mas aquela era um medida de segurança necessária. Ela olhou para as pessoas que andavam pela calçada, mas aparentemente três jovens acompanhados de seguranças-armário não eram muito interessantes para os transeuntes. Às vezes o individualismo londrino ainda assustava Tenten.

Neji conversava agora com os seguranças, mas a Mitsashi não estava prestando atenção. Os homens esperaram os três entrarem na boate, que de segunda a quinta abria às 19 horas e funcionava como bar e casa de shows. Nas sextas e sábados, a Timeout recebia DJ's e atrações maiores.

- Os seguranças vão esperar lá fora – disse o Hyuuga, sério – Eles queriam entrar, mas consegui convencê-los do contrário.

- Assim teremos mais privacidade – Hinata observou, enquanto seu primo e Tenten apenas concordaram com a cabeça.

Eles caminharam até o bar, novamente em silêncio. A Mitsashi lembrou que aquela era a primeira vez que voltavam à Timeout desde a morte de Hidan Yamamoto. Na ocasião, o show do McFly lotara o local. Agora, porém, Tenten contou apenas cinco pessoas espalhadas pelas mesas do salão do bar.

Naruto os observava do balcão.

- Ah, até que enfim vieram me ver! – ele abriu um sorriso quando os três sentaram-se a sua frente. Olhava para Tenten e Hinata, especificamente – Tive quase que intimá-las a vir.

Ele pegou a mão de Hinata e a beijou delicadamente.

- Pelo telefone estava ficando chato – disse, fazendo a Hyuuga corar violentamente. Neji fechou-se em uma máscara de irritação e começou a olhar o cardápio.

- Como você está, Naruto? – a Mitsashi perguntou, rindo e abraçando o amigo por cima do balcão.

- Eu é quem deveria fazer essa pergunta – o loiro lançou um olhar carinhoso e preocupado a amiga – Sakura e Hinata me contaram por auto e pelo telefone o que aconteceu com você, Tenten.

- Eu estou... – como ela realmente estava? - ...Bem.

- Tenten ajudou a salvar a vida de Konan – Neji desviou sua atenção do cardápio e sussurrou para Naruto, na visível tentativa de fazer a Mitsashi se sentir melhor.

- Essa é a minha garota! – o Uzumaki piscou – Quer me contar o que aconteceu?

- É, não temos muito o que fazer antes de Sasuke e Sakura chegarem – Tenten respondeu

- Bem que eu estava sentindo o espaço menos preenchido sem aquele nariz empinado do Garoto Prodígio! Me digam... – Naruto se inclinou sobre o balcão com um ar divertido – Ele está saindo com a Sakura?

- Não exatamente – Neji resmungou, ligeiramente irritado com a proximidade física recém-formada entre o Uzumaki e sua prima – Podemos pedir algo para comer?

- Mas é claro – o loiro se afastou se Hinata, piscando para ela. Sacou do bolso do avental um bloquinho e uma caneta, pronto para anotar os pedidos.

Enquanto ele se dirigia para a cozinha para encomendar as porções e os sucos pedidos por seus amigos, Harriet Sheldrake apareceu no balcão.

- Olá garotos – ela cumprimentou com um sorriso cansado.

- Oi Harriet – disse Tenten. Hinata sorriu e Neji limitou-se a um aceno de cabeça.

- Vocês sumiram.

- Estávamos ocupados com as provas – a Mitsashi respondeu – E você parece estar trabalhando muito.

- Pois é... Os Uzumaki são boas pessoas. Estavam precisando de ajuda depois... Depois do que aconteceu. Vocês estavam aqui no dia, não é? – os três jovens aquiesceram – Então Naruto certamente lhes contou que o movimento caiu consideravelmente depois daquilo. Mas os ventos começaram a soprar diferente agora.

- As pessoas começaram a voltar – disse Naruto, voltando a se juntar a eles e depositando três sucos no balcão – É um aumento pequeno, mas considerável diante das últimas semanas. Nas sextas e sábados apenas DJ's têm tocado aqui. Nada de atrações especiais por enquanto... Mas meus pais continuam otimistas.

- Vo-Vocês vão sair de-dessa... – Hinata falou, sorrindo tímida para o Uzumaki.

- Obrigado – o loiro depositou um beijo rápido na bochecha da garota, sem se importar com a expressão carrancuda de Neji. Então Naruto olhou para a porta da Timeout, que se abria trazendo mais clientes.

- Pode deixar que eu atendo – Harriet disse para o loiro – Mas eu vou cobrar depois, Uzumaki.

- Valeu ruiva! – Naruto sorriu para a garçonete, que se dirigiu até a mesa em que os novos clientes se sentaram. Em seguida, ele olhou para Tenten – Agora você pode me explicar o que aconteceu.

A Mitsashi suspirou e narrou para Naruto aquilo que vinha rondando repetidamente sua mente desde a última sexta-feira, desde o momento em que viu a aranha passando por debaixo da porta até as orientações que recebera da Scotland Yard após ter sido interrogada pela terceira vez em menos de três meses. Logo depois, o pedido que eles fizeram foi trazido e os jovens se puseram a comer. Naruto se afastou para atender mais clientes enquanto seus amigos permaneciam em silêncio.

- Volto logo para comentarmos isso. Mas pode ter certeza de que se você tivesse um fã-clube, eu seria seu fã número 1, Tenten – disse o loiro, sumindo das vistas deles.

Mais alguns instantes se passaram até que Sasuke e Sakura adentraram a Timeout.

- Ai que bom! – Sakura exclamou ao se juntar aos outros – Comida! Estou morrendo de fome... – ela se sentou no balcão – Ah, oi gente. E aí minha amiga, como você está?

- Com menos fome que você, com certeza! – Tenten riu e empurrou uma porção de batatas fritas quase na metade para Sakura – Sirva-se, sua esfomeada.

- Obrigada – a Haruno sorriu de volta e em seguida olhou para Sasuke, sentado a seu lado e com a mesma expressão impassível de sempre – Quer dividir?

Ela apontava para a porção. O Uchiha apenas aquiesceu enquanto começava a comer junto com Sakura. Sentiu o olhar ligeiramente malicioso de Neji sobre eles, e sabia que o Hyuuga logo iria perguntar algo impertinente.

- Por que demoraram tanto? – ele quis saber

- Trânsito – Sasuke respondeu rapidamente, irredutível.

- Onde está Naruto? – Sakura olhou em volta – Estou com saudades daquele imbecil...

- E você, como sempre, uma flor, não é Sakura? – o loiro surgiu da cozinha, sorridente. Abraçou a amiga e lançou um olhar de cômica desconfiança para Sasuke.

- Traga uma Coca-Cola, por favor – o Uchiha pediu, ignorando solenemente o olhar de Naruto – E dois copos.

- Não vai querer suco, Sakura? – o Uzumaki perguntou com violência, sem tirar os olhos de Sasuke.

- Acho que hoje uma Coca-Cola cairia melhor, Naruto. Obrigada – a Haruno tentou amenizar a situação. Ela acompanhou com o olhar o loiro ir até o freezer pegar a bebida – Ele já está ciente do que aconteceu?

- Já contei a ele – respondeu Tenten, pensativa.

- Temos que tomar cuidado com o que falamos aqui – a Haruno continuou – Lembrem-se de que da última vez um crime foi cometido neste local. Mesmo consumado, isso não descarta a possibilidade do assassino frequentar a Timeout.

- Bem observado – concordou Neji – Vamos falar baixo e mudar de assunto sempre que alguém se aproximar.

- Aqui está – Naruto depositou a Coca-Cola na frente de Sasuke e Sakura e serviu a bebida nos dois copos. Depois olhou novamente para Tenten – Cara... Você é muito corajosa. Sei que todo mundo deve estar te falando isso. Só faltava eu, então já disse.

- Você é um amor – a Mitsashi apertou uma das bochechas do amigo, que fez uma careta risonha de desaprovação – Mas confesso que, pela primeira vez desde não sei quando, eu senti medo. Medo de não conseguir ajudar Konan, medo de morrer... Medo de verdade. Acho que da mesma forma que a senhorita Aoki estava lá dentro, agonizando com as aranhas, eu estava aterrorizada lá fora, rezando desesperadamente para que tio Ryan atendesse ao celular e visse me resgatar do meu medo de não ser útil...

- Realmente muito tenso cara... – Naruto coçou a nuca – Mas o que importa é que...

E o loiro iniciou uma série de palavras de apoio às quais Tenten não estava mais prestando atenção. Enquanto ele falava, Neji procurara sua mão debaixo da bancada e segurara os dedos dela com firmeza entre os dele. A Mitsashi olhou as mãos dos dois entrelaçadas e sentiu o calor aconchegante que vinha do Hyuuga. Ele olhava para Naruto enquanto o loiro continuava falando, mas o sorriso discreto em seus lábios era claramente direcionado a ela. Tenten sorriu de volta com gratidão. Pelo menos naquele momento, ela não precisava sentir mais medo.

"Espere aí... Sentir medo..."

- Ah, cara! – a Mitsashi exclamou, soltando sua mão da de Neji para bater em sua própria testa – Quanta ingenuidade!

- Fale baixo, sua maluca – Sakura sussurrou com urgência

- Descobriu alguma coisa? – Naruto perguntou com empolgação, e os olhares se concentraram em Tenten.

- Sim – ela disse, sussurrando para deixar Sakura tranquila – Eu acho que descobri um padrão nos assassinatos.

- Mais um? – questionou Neji, franzindo o cenho.

- Sim, mas esse é como se fosse uma assinatura nas mortes – a Mitsashi explicou

- Típica de um serial-killer – Sasuke acrescentou

- Exato. Essa coisa toda de sentir medo me fez refletir... É só uma hipótese, mas prestem atenção – as cabeças dos seis jovens se juntaram mais – Konan sofria de uma intensa entomofobia. E o quê havia dentro do apartamento dela? Aranhas. De alguma forma o assassino sabia que a senhorita Aoki sofria dessa doença, e que não era um medo comum de insetos, como a maioria das pessoas tem. Era um medo crônico, e qual morte seria pior para uma pessoa se não aquela diante de seu pior pesadelo?

Eles precisaram de alguns instantes para processar as palavras de Tenten. De forma inédita, Sasuke foi o primeiro a se manifestar.

- Para mim, faz total sentido.

- Pra mim também – disse Neji – Essa "tortura" com aranhas é muito específica, e é coincidência demais o assassino tê-la usado justamente com Konan, que é entomofóbica.

- É por isso que essa coincidência não existe – Tenten continuou – Porque o assassino conhecia Konan o suficiente para saber de sua doença.

- Então ele é uma pessoa do convívio de Konan – Sakura raciocinou – Alguém próximo, a quem ela revelou sua fobia. Usar o medo da senhorita Aoki contra ela própria para se vingar torna essa vingança de cunho muito mais pessoal do que eu havia calculado. E essa pessoa pode ser próxima o suficiente de todos os ex-membros também.

- Entendi... – disse Hinata – Então é possível que as mortes passadas, e as próximas, também sejam baseadas nos piores medos das vítimas.

- Esse é o padrão – Tenten concluiu, sentindo-se completamente confiante de novo – Essa história com a senhorita Aoki revelava esse padrão o tempo todo. Era tão óbvio... Mas nós estávamos assustados demais para perceber.

- Agora precisamos repassar as outras mortes para testar esse padrão – Naruto sugeriu e os demais concordaram com ele.

- Madara Uchiha – Sasuke começou – Ele era um cretino... Não consigo pensar em algum medo que ele pudesse sentir. Além disso, apenas meu pai tinha mais contato com ele. Itachi, minha mãe e eu o víamos pouco.

- Certo. Vamos pular esse – Sakura comentou com displicência – Próximo.

- Meu pai – Neji disse – Ele tinha... – seus olhos perolados ficaram levemente arregalados – Ele era um homem extremamente destemido, mas detestava veementemente realizar longas viagens em meios de transporte aéreos. Bom, sabemos o que aconteceu a ele. Aqui, o padrão se encaixa.

- Sinto muito fazê-lo ter que relembrar isso... – Tenten olhou com pesar para o Hyuuga

- É por uma boa causa.

- Próximo: Sasori Akasuna – falou Sasuke, trocando olhares com a Mitsashi e Sakura – Nós o encontramos na sauna da escola.

- Espere um instante – pediu Neji, seu cérebro trabalhando freneticamente – Tenho certeza que li algo que envolvia "saunas"... Elas são salas completamente fechadas, e isso representa um grande perigo para quem sofre de... Claustrofobia.

- Diante das circunstâncias em que o encontramos, a claustrofobia é uma opção. Mas esse não era seu assunto no trabalho passado por Itachi? – Sasuke estreitou seu olhar para o Hyuuga. Neji trazia surpresa no rosto. Para os dois, agora ficava evidente o que o Uchiha mais velho queria que eles descobrissem. Os demais, porém, pareceram ignorar o último comentário de Sasuke.

- Vejamos... Para Nagato Pain, Kakuzu Takahashi e Hidan Yamamoto eu não consigo pensar em algo... – Hinata refletiu – Mas para Kisame Hoshigaki, devido à peculiaridade do assassino ao escolher a Tower 42 para jogar sua vítima, eu sugiro medo de altura.

- Faz sentido – Naruto comentou – E também se encaixa no padrão que Tenten descobriu.

- Então nós temos a senhorita Aoki e a entomofobia – continuou Sakura

- De acordo com os dados que temos, depois de Konan faltam três pessoas – Tenten contou – E a próxima vítima é o professor Deidara. Mesmo convivendo regularmente com ele, não faço ideia de qual pode ser seu maior medo.

Sasuke e Sakura também menearam a cabeça em sinal negativo.

- Então, chega a vez do meu pai – o Uchiha mais novo refletiu por alguns instantes – Pode soar patético. Mas não sei qual é a coisa que ele mais teme.

Ninguém discutiu esse fato. Todos ali sabiam que as relações familiares entre os Uchiha não eram exatamente o que se podia classificar como calorosas. Sem querer, Sakura lembrou-se daquela noite do baile em Konoha, quando Fugaku Uchiha perguntara a ela como Sasuke era na escola. Por isso, a Haruno achou quase normal o rapaz não saber qual o maior medo do pai.

- E seu pai, Hinata? – Naruto perguntou gentilmente, quebrando o silêncio – Qual o maior medo dele?

- Não poder proteger a mim e a Hanabi – a garota respondeu com uma leve tristeza na voz, encarando o balcão. O Uzumaki levantou delicadamente o rosto dela e sorriu, tranquilizador.

- Agora ele tem mais um ajudante para garantir que coisas ruins jamais aconteçam a você e a sua irmã – disse, conseguindo um tímido sorriso da Hyuuga.

- Certo – Tenten voltou a falar, raciocinando rápido – Com a senhorita Aoki fora do país, perdemos o único contato próximo que poderia nos ajudar a descobrir mais sobre os ex-membros. Mas essa história toda teve sua utilidade. Descobrimos mais um padrão. Penso que por enquanto podemos nos limitar a tentar descobrir o medo do professor Deidara, sem parecermos idiotas. Vamos descobrir e procurar afastá-lo disso. Assim, de certa forma, estaremos contribuindo com a Polícia.

- Então não vamos mais xeretar? – Sakura perguntou à amiga

- Por enquanto, não – observou Tenten – Eu prometi a tio Ryan que não iria fazer perguntas sobre o caso ou sobre o motivo que levou alguém a tentar assassinar a senhorita Aoki. Ele está de olho em mim. Ficou muito preocupado comigo. Então, se eu apenas cogitar investigar um pouco por conta própria, tio Ryan vai saber. Ele sempre sabe.

- Então vamos ser displicentes e deixar a Polícia cuidando disso – a Haruno concluiu

- Eu me rendo – Tenten brincou

- E nós vamos pagar a conta – Neji olhou para Sasuke e em seguida para seu relógio – Prometi aos seguranças que não iríamos demorar, e tio Hiashi deve estar preocupado. Vocês podem ir para o carro, garotas. Deixaremos você e Sakura em casa, Tenten.

- Obrigada – a Mitsashi disse e virou-se para o Uzumaki. Deu um abraço nele e um beijo em sua bochecha. Sakura fez o mesmo e elas prometeram que não iriam abandoná-lo por tanto tempo de novo.

Ao se despedir de Hinata, Naruto cobriu brevemente os lábios da garota com os seus e a abraçou carinhosamente. Depois olhou para Neji com um sorriso brincalhão nos lábios e falou:

- Já volto com a conta.

- Sacana – Neji resmungou enquanto pegava sua carteira

- Não temos tempo pra isso agora – Sasuke murmurou com certa urgência – Antes que o loiro retardado volte, me diga: entendeu por que Itachi passou a pesquisa sobre fobias?

- Lógico, depois desse raciocínio todo que construímos aqui, não tinha como não entender.

- Agora está definitivamente confirmado o que meu irmão queria. E eu estava certo. De alguma forma, Itachi também está investigando o caso Akatsuki, mas não pode se apresentar à Polícia.

- E por isso ele quer que nós o procuremos.

- É.

- Ok, e agora você vai procurá-lo?

- Não. Vou esperar Itachi dar mais pistas. Talvez ele nem queira realmente que a gente vá até ele. Penso que ele espera que sejamos capazes de entender que ele está fazendo sua própria investigação, mas precisa da nossa ajuda para levá-la até a Scotland Yard.

- É uma possibilidade. E quanto às garotas?

- Melhor não falarmos nada ainda – Sasuke respondeu após pensar um pouco – Isso não interfere na investigação que nós estamos fazendo. Nós não temos nada a acrescentar à Polícia, então é melhor esperar o próximo passo de Itachi. Mas cedo ou tarde, acredito que a Mitsashi vai acabar descobrindo, da mesma forma que entendeu esse padrão dos medos.

- Provavelmente – Neji sorriu

- Que cara de babaca essa na sua cara – o Uchiha comentou, irônico, mas antes que Neji pudesse retrucar, Sasuke acrescentou – Naruto está voltando com a conta. Mude de assunto.

- Certo. A propósito, Sasuke – o Hyuuga aumentou o tom de voz assim que o Uzumaki se aproximou deles – Sakura gostou das flores?

Alguns instantes de silêncio transcorreram até alguém falar algo. Obviamente foi Naruto quem falou primeiro, pois se Sasuke abrisse a boca, palavras nada agradáveis seriam direcionadas a Neji.

- Que merda é essa? – o loiro perguntou, franzindo o cenho ao encarar o Uchiha – Você mandou flores para Sakura?

- Pois é, Sasuke tem coração – o Hyuuga disse, sorrindo maldosamente

- Cacete Neji... Você não tem amor aos seus dentes? – Sasuke resmungou, o punho cerrado em cima do balcão.

- Por que mandou flores pra ela? – Naruto insistiu

- Me deu vontade.

- Certo – o jovem garçom suspirou, impaciente – Não vou tentar entender essa sua cabeça demente e bipolar. Honestamente, tenho mais o que fazer. Mas saiba que se eu sonhar que você está magoando Sakura, terei prazer em arrebentar seu nariz de novo. Ainda posso ver a marca do meu punho na sua cara, e será uma honra reforçá-la.

- Pode acreditar que será uma honra pra mim impedi-lo – retrucou Sasuke, indiferente

- Tá, já chega. Vamos pagar a conta – Neji olhou o valor e tirou uma nota de sua carteira, sendo imitado pelo Uchiha. Naruto bufou, sorrindo com ironia.

- Vocês, caras ricos, são um problema – disse – Nunca têm dinheiro trocado. Já volto com o troco.

- Você é um imbecil – Sasuke resmungou depois que Naruto se afastou – Tinha que perguntar na frente dele se Sakura gostou das flores?

- Ela gostou, enfim? – Neji riu

- Gostou. Ficou surpresa...

- Obviamente.

- Vai me deixar terminar?

- Vá em frente.

- Só achei que ela fosse gostar mais. Sei lá... Eu fiquei horas pensando no bilhete que escrevi e ela nem sequer comentou sobre ele.

- Você queria que ela fizesse o quê? Se pendurasse no seu pescoço e declarasse amor eterno a você? Oh, espere! Ela já fez isso POR DOIS ANOS e você ignorou.

- Cala essa boca, Neji. Está falando merda demais hoje.

- Pense como quiser. Mas agora que você está se acertando com a Sakura, acho que essa sua rixa com o Uzumaki deveria cessar. Ele é uma boa pessoa.

- Ah, claro. Quando ele está ameaçando arrebentar minha cara ele é legal, mas quando está com a língua na boca da sua prima você também quer matá-lo.

Naruto voltou no momento em que Neji acertava o ombro de Sasuke com um soco certeiro. Confuso, o loiro depositou o troco no balcão e já estava se preparando para separar os dois amigos quando o Uchiha resmungou mais palavrões para o Hyuuga e saiu da Timeout.

- Cara! O que aconteceu aqui? – o Uzumaki perguntou, assustado.

- Sasuke está falando merda demais hoje – Neji respondeu, sério. Sem mais delongas, pegou o troco e se despediu de Naruto – Nos vemos em breve, Uzumaki.

E também deixou o bar.

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Quarta-feira, 06h03min.

Westminster, Inglaterra.

Chelsea and Westminster Hospital.

Itachi bufou mais uma vez. Preferia ter passado despercebido até chegar ao quarto de Konan, mas devia saber que aquilo seria impossível, levando em conta os seguranças que cercavam casualmente o quarto mais afastado no fim do corredor, revistando qualquer um que sequer se aproximasse dali. Depois de ser revistado uma terceira vez, eles permitiram (de má vontade) que Itachi entrasse no quarto de Konan, desde que fosse breve. O Uchiha lançou um olhar mal-humorado para o que estava mais próximo a porta e entrou.

Konan estava deitada na cama, lendo um livro que estava apoiado em sua barriga. Estava muito parecida com a última vez que Itachi a vira, exceto pelo tom mais pálido de sua pele e olheiras que começavam a ficar mais salientes. Ela desviou o olhar da leitura quando ouviu a porta se abrindo.

- Mas que surpresa! – ela comentou, fechando o livro – Você era realmente uma das últimas pessoas que eu esperava me visitar, sabia? – Itachi limitou-se a sentar-se ao lado dela

- Como está se sentindo? – ele perguntou, cauteloso. Konan, porém, era esperta, então logo franziu o cenho pra ele.

- Você nunca faz esse tipo de pergunta. Independente da situação. Você não é do tipo sentimental, então... Me diga, Itachi: qual é seu verdadeiro motivo para estar aqui?

- Você pode até não acreditar, mas esse era um dos motivos da visita – ele esboçou um sorriso – Mas tem razão, existem outras coisas que quero lhe perguntar – sob o olhar atento dela, Itachi prosseguiu – O que se lembra da noite em que foi atacada?

- Isso soa bem mais como você – destacou Konan – Mas você sabe que a polícia não permite que eu fale nada. Como pôde ver, minhas visitas são vigiadas.

- Eu sei.

- Então porque perguntou ainda assim?

- Tinha esperanças de que concordasse em me dizer alguma coisa – Konan respirou fundo e observou Itachi por alguns segundos. Seus olhos desviaram para o teto, desfocados.

- A campainha tocou. Olhei pelo olho mágico e fiquei um pouco apreensiva, mas que diabos, era só um carteiro! Não tinha como eu saber que... – ela engoliu em seco; parecia estar falando mais para si mesma do que pra Itachi – Enfim, eu abri a porta, e ele me atacou. Senti algo perfurando meu braço. Uma agulha. Dissera-me que estava cheia de veneno. Então tudo ficou meio confuso, lembro de ter sido arrastada até o banheiro, não consegui me mexer direito, estava chocada demais... E aquelas coisas.

- Coisas? – ele indagou. O lábio inferior de Konan tremia, as mãos agarradas fortemente ao lençol da cama. Konan não o ouviu.

- Havia daquelas coisas por toda a parte. Umas eram pequenas, mas ainda assim, eram tão horríveis... Aquela na parede, era dela que eu tinha mais medo, era enorme e parecia ficar cada vez maior... Cada lugar que eu olhasse havia uma, não tinha como escapar, não conseguia me mexer.

- Que coisas, Konan?

- Aranhas – ela respondeu, por fim – Várias delas. Não me lembro de mais nada. Aquela sensação de pânico ainda está muito vívida na minha cabeça. A cada segundo que passava e que eu estava consciente, elas pareciam se multiplicar, sabia que aquilo não era possível, mas ainda assim... – ela suspirou, acalmando-se – Foi realmente uma grande sorte que a polícia tenha chegado a tempo.

- Na verdade, sua estagiária é a responsável por você estar viva agora. Tenten Mitsashi. – O Uchiha disse, e ela arregalou os olhos

- Tenten? Mas... – Konan parou de falar de repente – É claro. Eu havia pedido que ela me trouxesse alguns arquivos, por isso... – a jornalista calou-se – Porque não me disseram isso antes?

- Ela é sobrinha de um dos detetives, Wolfe. Possivelmente ele não quer que ela se envolva ainda mais nisso. Não é a primeira que isso acontece. Ela, uma aluna chamada Sakura Haruno e meu irmão encontraram Sasori na sauna da escola. Os três também estavam presentes no local onde Hidan morreu... Sua outra estagiária, Hinata, também estava lá.

A jornalista encarou Itachi por alguns instantes, processando as palavras dele. Seus olhos moveram-se de um lado para o outro lentamente, o rosto mostrando uma expressão

- Você pensa em tudo, não é? – Konan sorriu fracamente. Itachi permaneceu em silêncio – Foi por isso que a indicou para trabalhar comigo. Ela e a amiga Hyuuga. Se te conheço bem, Itachi, sou capaz de apostar que está investigando esse caso por conta própria. E você não contar para a polícia, por algum motivo.

- Tinha certeza de que deduziria isso – Itachi comentou, antes de continuar – A Scotland Yard suspeita de mim. – Konan fez uma expressão levemente chocada.

- E conseguiu alguma coisa até agora?

- Estou de mãos atadas quanto aos suspeitos. Fora isso, fui mais longe do que pensava.

- Me diga uma coisa, Itachi... – ela pareceu "ativar" seu lado jornalista, endireitando-se na cama – Você diz que não pode contar para a polícia, mas quer que um grupo de jovens leve a investigação a eles... Acha que daria certo? Mesmo Tenten sendo sobrinha do detetive Wolfe? Não seria mais seguro pedir a um adulto em que você confia?

- Você sabe que o número de pessoas em quem eu confio não é muito grande. Além disso, ou elas já... Se foram... Ou são as próximas vítimas do assassino, e estão sob vigilância constante da Scotland Yard.

- Mas...

- Konan, não se preocupe – a jornalista se deitou novamente – Agradeço sua ajuda.

- Espero ter sido útil. – respondeu Konan

Itachi levantou-se da cadeira ao lado da cama da jornalista e se aproximou da porta, refletindo sobre tudo o que havia acabado de ouvir.

- Mais uma coisa... – ele disse, com a mão na maçaneta – Não abra mais a porta para estranhos.

Olhando de relance para trás, o Uchiha pode ver um sorriso no rosto de Konan. Satisfeito com as informações obtidas, ele saiu do quarto sob o olhar atento dos seguranças. Olhou brevemente para cada um deles, como se quisesse dizer que não tinha medo. Apenas depois de sair do hospital e entrar em seu, considerou a sugestão de Konan em confiar suas informações a um adulto, uma lembrança do dia anterior vindo em sua mente.

Embora "adulto" não fosse a melhor palavra para definir Adam, Itachi decidiu que era hora de ver até onde ele lhe seria útil.

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Sexta-feira, 06h31min.

Westminster, Inglaterra.

New Scotland Yard.

A promotora Blaise O'Connell andava apressadamente pelos corredores da Scotland Yard. Trabalhara durante toda a madrugada, mas diante das descobertas fruto desse trabalho, seria relativamente fácil ignorar o cansaço que sentia. Blaise tentou afastar a imagem dela própria relaxando em uma banheira cheia de água quente. Pensamentos assim não poderiam distraí-la agora.

Ela procurava por Ryan Wolfe, o detetive que a enfrentara alguns dias atrás. Nunca, ninguém havia se dirigido a ela daquela maneira. Como bem escreveu Nicolau Maquiavel em sua obra "O Príncipe": "é melhor ser temido do que amado". Essa era a máxima de Blaise, afinal, a temeridade leva ao respeito. Porém, na madrugada do último sábado, Wolfe a desrespeitara. A promotora tentou fazer a mea-culpa: talvez ela tivesse exagerado ao insinuar coisas impróprias sobre a sobrinha de Ryan. Mas o detetive também extrapolara.

"Ele não sabe NADA sobre minha família" – ela pensou, enquanto apertava o passo.

Quando chegou à porta da sala de Wolfe, Blaise voltou a se concentrar em seu objetivo. Entrou sem bater, e sua expressão séria se desfez por alguns instantes ao se deparar com Obito Uchiha sentado atrás da escrivaninha de Ryan. Ele parecia procurar por algo.

- O que está fazendo aqui? – a promotora perguntou com frieza

- Oh, olá Blaise – o detetive respondeu, sorrindo ironicamente – Estou bem, já que perguntou. Meu ombro está bem melhor. Os médicos fizeram um excelente trabalho.

- Você está afastado somente há duas semanas. O que está fazendo aqui? – Blaise insistiu

- Está certo que eu deveria ficar de repouso por mais uma semana. Foi o que o médico recomendou – Obito fez uma pausa e soltou um longo suspiro – Mas ficar parado não combina comigo. Não aguento mais ficar sem trabalhar. Liguei para o Ryan ontem e comuniquei que viria para cá hoje, independentemente das objeções que vocês apresentassem.

- Que seja. Onde está Wolfe? Preciso falar com ele com urgência.

- Já está chegando.

- O que você estava procurando antes da minha chegada? – Blaise olhou desconfiada para o Uchiha. Obito sorriu novamente com cinismo.

- Queria dar uma olhada nas últimas novidades do caso Akatsuki – disse ele – Mas Ryan sempre deixa as gavetas trancadas. De qualquer modo, as coisas ficaram bem movimentadas depois que eu saí, hã? Tivemos uma exceção à regra. Konan Aoki foi a primeira vítima a sobreviver...

- Wolfe tem que tomar cuidado com o que fala por telefone...

- Não foi ele quem me disse isso. Foi Kakashi. E não foi por telefone. Foi pessoalmente. Ele me deu uma carona até aqui, afinal, ainda não posso dirigir.

- E onde está Kakashi?

- Foi buscar café.

- Que amistoso... – a promotora revirou os olhos e Obito olhou para ela, divertido.

- Falando em coisas amistosas... Soube que você e Ryan trocaram algumas amabilidades, certo? Que coisa feia, Blaise. Depois de crescida, ainda tem que levar bronca. E quando digo crescida, me refiro ao quesito intelectual, porque fisicamente falando...

- Se você não calar essa boca imediatamente, Obito, juro que arranco seu outro ombro fora – Blaise sentenciou ameaçadoramente.

- Eu adoraria ver você tentar – o Uchiha retrucou no momento em que Wolfe e Kakashi adentravam a sala trazendo café.

- Bom dia, Blaise – o Hatake cumprimentou educadamente, mas a promotora tinha o olhar fixo em Obito Uchiha.

- Você veio mesmo – Wolfe falou para o colega detetive.

- Eu disse que ninguém poderia me impedir – Obito apertou a mão de Ryan e em seguida apontou para Blaise – Nossa colega promotora disse possuir algo urgente para nos contar.

- Hum – só então Wolfe parecia ter notado Blaise – Vá em frente.

- Sem rodeios, Zabuza Momochi resolveu falar – os detetives se empertigaram e passaram a prestar mais atenção – Ontem à noite ele pediu para os policiais chamarem alguém da Scotland Yard, e ligaram para mim. Eu o interroguei, e ele revelou que no porão da casa onde o jovem Haku mora, na Irlanda, estão uma série de documentos e notas fiscais falsas referentes à época em que Madara Uchiha fez comércio com o Mercado Negro. Imediatamente eu liguei para Iruka Umino e pedi que ele e os demais agentes procurassem por esses documentos. E adivinhem? Eles encontraram tudo escondido sob um piso falso no chão, que não havia sido notado antes. Os agentes, mediante meu comando, se puseram a analisar nota por nota, e vocês não fazem ideia do nome de quem estava lá.

- Por favor, Blaise, rompa o suspense – Obito ironizou. Mas o sorriso que se abriu nos lábios da promotora deixou os três detetives preocupados.

- Fugaku Uchiha – ela respondeu, e diante da mudez dos homens a sua frente, ela prosseguiu – A assinatura e o nome dele constavam nas notas mais antigas, e eu já pedi para minhas funcionárias verificarem a autenticidade das assinaturas encontradas. São completamente verdadeiras, o que comprova que, mesmo em um passado distante, Fugaku Uchiha negociou com o Mercado Negro, junto com Madara.

Ryan, Kakashi e Obito trocaram olhares, mas ainda continuaram em silêncio. Blaise estava adorando aquele nervosismo recém-instalado.

- Zabuza Momochi disse ter se lembrado de que mais um Uchiha havia feito comércio com ele e Orochimaru por um tempo, mas que depois havia parado – ela continuou – Por curiosidade, tentei encaixar a personalidade de Fugaku Uchiha no perfil que traçamos. E o que obtive? Ele se encaixa. Principalmente devido à inteligência, frieza, ao orgulho e ao fato de que não pode cometer os assassinatos pessoalmente por ser uma figura pública. O motivo de vingança também faz sentido: ele fez comércio com o Mercado Negro, mas se arrependeu, pois estava traindo a Akatsuki. Madara Uchiha, por outro lado, continuou com as negociações ilícitas e cedo ou tarde acabaria afundando o nome da empresa. Então Fugaku se juntou aos irmãos Hyuuga para denunciar Madara. Este último surtou e cometeu o atentado contra a mansão Uchiha. Fugaku viu sua vida começar a desmoronar com a perda da esposa, e decidiu se vingar daqueles que fizeram parte da organização que tornou sua vida um inferno. É perfeito. Quem mais poderia saber sobre a reunião em Kent se não algum dos próprios ex-membros da Akatsuki? Quem mais poderia saber sobre a ordem de saída, sobre os medos ou sobre o paradeiro de cada ex-associado?

Mais silêncio. Blaise suspirou.

- Além disso, Fugaku Uchiha pode estar usando Itachi para cometer os assassinatos.

- Chega de besteira, Blaise! – exclamou Obito, nervoso – Quanta merda você acabou de falar! Não é Itachi quem está cometendo os assassinatos. Já comprovamos que quem executa os planos do mandante é uma mulher. Nós deduzimos isso no perfil que traçamos e ficou evidente depois da morte de Kisame Hoshigaki. EU VI. EU estava lá. Ela atirou em mim, lembra? – o detetive apontou para o próprio ombro – O que você quer a todo custo é que algum Uchiha seja culpado nessa história.

- Essa questão é indiscutível, Blaise. O assassino é uma mulher – Kakashi falou, sério

- Quanto às suas deduções a respeito de Fugaku Uchiha – Wolfe olhou friamente para a promotora – posso dizer tranquilamente que você se empolgou.

- Não acredito que vocês vão deixá-lo escapar ileso depois de ter mentido para nós! – disse Blaise, a irritação que sentia fluindo por sua voz.

- Tecnicamente, Fugaku não mentiu – Ryan explicou – Em momento algum foi perguntado a ele sobre um envolvimento com o Mercado Negro.

- Exatamente – Obito olhou vitorioso para a promotora

- Entretanto – Wolfe olhou para baixo e em seguida para os presentes – Nós precisamos interrogá-lo novamente. Como eu disse, ele não mentiu, mas omitiu. Não sei com qual intenção. Proteger sua honra? Vergonha do passado? Talvez. É melhor que o próprio senhor Uchiha nos diga.

- Pelo menos ainda lhe resta alguma sensatez, Wolfe – disse Blaise

- Por outro lado, a sua está decaindo cada vez mais – o detetive estreitou o olhar para a promotora – Você, como funcionária do Judiciário, não deve partir da premissa de que Fugaku Uchiha é o mandante só porque aparentemente ele se encaixa no perfil. Vamos ouvi-lo e aí sim fazer nossas deduções. Isso é ser sensato.

- Suas palavras não me afetam, Ryan – Blaise deu de ombros depois de alguns instantes em silêncio – Devo acrescentar, então, que eu mesma interrogarei Fugaku Uchiha.

- Como quiser – Wolfe levantou os braços em sinal de rendição – Kakashi, peça a Shizune que encontre Fugaku Uchiha, seja em sua casa, na empresa, ou onde ele estiver. Marque um interrogatório para depois do almoço e não revele o assunto. Apenas diga que novas descobertas sobre a Akatsuki foram feitas e precisamos que o senhor Uchiha esclareça alguns pontos.

- Certo – o Hatake respondeu enquanto pegava o telefone e discava o número de sua secretária.

- Mais uma coisa – falou Ryan – Nenhuma palavra sobre isso com Hiashi Hyuuga. Tudo o que menos precisamos no momento é que uma briga entre duas famílias poderosas se inicie.

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Sexta-feira, 13h00min.

Grande Londres, Inglaterra.

Cidade de Londres, London Further Education.

O sinal indicando o término das aulas soou por toda a London Further Education.

- Não ajam como animais – Itachi Uchiha elevou sua voz sobre o burburinho que se iniciara com o fim da aula – Calmamente venham até minha mesa e depositem seus trabalhos nela. Depois, estão dispensados.

Sasuke Uchiha olhava fixamente a expressão indiferente de seu irmão. O barulho de cadeiras arrastando e vozes empolgadas comemorando o término da semana cansativa de aulas incomodava o Uchiha mais novo, mas no momento, Sasuke estava intrigado.

A sala de aula encontrava-se praticamente vazia quando Neji fez sinal para que fossem entregar suas pesquisas.

- A minha está com a Sakura – Sasuke indicou a garota colocando o trabalho na mesa de Itachi. Tenten e Hinata fizeram o mesmo.

- Lee deixou as honras de entregar a pesquisa comigo – Neji deu de ombros e foi até o professor. Sasuke o seguiu.

- Fazer o trabalho foi proveitoso para você, irmãozinho? – Itachi sondou o Uchiha mais novo

- Muito. Vou te agradecer até a eternidade – Sasuke ironizou. O celular de Itachi vibrou sobre a mesa, e o Uchiha mais novo aproveitou a deixa para seguir seus amigos até a saída da sala.

Eles haviam alcançado o corredor quando ouviram a voz de Itachi chamando por seu irmão. Neji e Sasuke trocaram olhares enquanto as garotas olhavam curiosas para a expressão ligeiramente preocupada no rosto do Uchiha mais velho.

- O que foi? – Sasuke perguntou ao se aproximar de Itachi – Quem era no telefone?

- O advogado da família – seu irmão respondeu, muito sério.

- O que está acontecendo, Itachi?

- A Scotland Yard está interrogando nosso pai neste momento – os olhos de Sasuke se encheram de surpresa com a revelação – Ele está com problemas.

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Surprise, surprise!

Konan foi a exceção à regra, everybody! Finalmente a Scotland conseguiu impedir um ex-Akatsuki de morrer, certo? Ainda bem que a Tenten chegou a tempo...

Mas vocês podem ter certeza de que o mandante não vai ficar NADA satisfeito com essa falha da assassina... Aguardem pelo próximo cap e vocês perceberão a fúria dele.

Esse cap foi bem maior em relação ao anterior e teve de tudo:

Investigação: As informações sobre as aranhas são todas verdadeiras. Vocês podem conferir as imagens, se quiserem, mas garantimos que não são muito agradáveis, hehehe; Obito voltou à ativa; Parece que agora o Itachi vai aceitar a parceria com o Adam... No que será que isso vai dar? Por outro lado, a Tenten e os outros descobriram sobre os medos. E outra: será que o Sasuke vai demorar a procurar o Itachi? O que acharam dessa inesperada suspeita sobre o Fugaku? No próximo cap teremos o interrogatório dele!

Um pouco de drama: a fragilidade da Tenten com o que aconteceu com a Konan; Ah! Nos digam: o que acharam da explosão do Wolfe com a Blaise? A promotora mereceu, não é?

Romance: tentamos equilibrar, sem deixar meloso. O Neji foi super cavalheiro com a Tenten, mas parece que ela está se apaixonando por ele... O Sasuke, por outro lado, está fazendo de tudo pra agradar a Sakura. Naruto e Hinata foi mais imperceptível nesse cap, mas deu pra achar fofo.

Comédia: Os comentários do Naruto e os pensamentos do Adam rendem algumas risadas...

Enfim! Procuramos presentear vocês, leitoras (es) com esse cap relativamente grande! Esperamos que tenham apreciado cada detalhe e estejam animadas (os) para o próximo!

Obrigada pelas reviews do cap anterior, que são sempre muito importantes para nós. E para o próximo cap, continua o esquema que estamos adotando: as CINCO PRIMEIRAS REVIEWS ganham um TRAILER do PRÓXIMO CAP. Portanto, sejam rápidas no GO!

NOVIDADE! Agora também estamos no Facebook! Basta procurar por"Irmãs Uchiha". E o nosso MSN continua o mesmo: (arroba) (hotmail) (ponto) (com). Fiquem à vontade para nos adicionar nas duas redes. Além disso, verificamos periodicamente nossas PM's aqui do FF. Nos mandem sugestões, elogios, críticas, dúvidas... Queremos nos aproximar mais de vocês e deixá-las cientes das atualizações. Vamos combinar que pelo Face fica bem mais fácil né...

Não temos previsão de quando postaremos o Cap 16, mas nós já temos tudo estruturado até o final. O problema é o TEMPO para colocar nossas ideias em prática. Por isso, MAIS UMA VEZ, contamos com a paciência de vocês. Avisaremos por e-mail, pelo Facebook e por PM quando o novo cap estiver postado. Quem não favoritou a história ainda pode fazer isso pra receber notícias de atualizações da Fic.

Esperamos que tenham tido um ótimo retorno às aulas! Sucesso neste ano escolar pra todas nós!

Um grande abraço das Irmãs Uchiha e até o próximo cap!