– Nii-chan! Vai comer no quarto de novo?
Ichigo parou no primeiro degrau da escada e olhou para trás. Seu prato intocado dizia que ela não comeria com a família naquela noite.
– É, Yuzu... Eu - – ele parou por uns instantes enquanto pensava na desculpa da vez – vou estudar enquanto janto.
Yuzu abriu a boca para protestar o quanto isso poderia fazer mal à saúde dele, mas o mais velho já havia entrado no quarto.
– Nii-chan está diferente. Ele deve estar deprimido – a caçula cogitou, cutucando o arroz do seu prato com seu hashi.
– Yuzu, ele só quer estudar! Isso é normal para alunos do ensino médio, sabe? – falou Karin, limpando o canto da boca com um lenço.
– São os hormônios da idade! Deve ter uma namorada no meio – falou Isshin, fingindo saber tanto quanto as filhas. Ele se fingia de um velho idiota e tarado, mas na verdade seus anos como taichou da Soul Society lhe deram conhecimento suficiente para saber que havia uma intrusa no quarto de Ichigo. Mais precisamente, uma baixinha do 13º esquadrão.
– Yo, Rukia... Aqui o seu jantar.
A shinigami se levantou do chão, onde desenhava mais uma obra-prima protagonizada por coelhos cor-de-rosa e azul bebê. Ela olhou para o garoto e se levantou, pegando o prato de suas mãos e agradecendo com a cabeça.
– Arigatou, Ichigo! – e sorriu. O Kurosaki observou aquele lindo sorriso meigo e sincero. Lembrou-se da noite em que ela lhe entregara seus poderes. E do sorriso da garota ao dizerem seus nomes.
Ele se sentou na cama e observou Rukia comer lendo um mangá.
Ichigo pegou um caderno em sua mochila e começou a escrever.
Uma hora depois, Rukia já voltara à sua obra de arte com fofos mamíferos orelhudos e assustadoramente mal desenhados. Com um pouco de sono, ela se espreguiçou e bocejou. Decidiu que já era hora de dormir e se levantou para entrar no armário.
– Boa noite, Ichigo – falou, com metade do corpo dentro do closet. Mas logo ressurgiu, gritando:
– Eu disse "boa noite", seu - –e tampou sua boca com as mãos.
Ichigo estava dormindo, com a boca ligeiramente aberta e um caderno meio caído em seu colo.
"Kami-sama, quase o acordei" ela pensou, se arrependendo imediatamente de ter levantado a voz. "Ser um shinigami substituto está exigindo muito dele" pensou, aproximando-se dele para deitá-lo na cama.
Foi quando olhou para o caderno sobre as pernas cruzadas do garoto. A organização das frases no papel fazia parecer se tratar de um poema.
Inclinou a cabeça para ler:
"Se não fosse pela sua maturidade
Nada disso teria acontecido"
Uma música?
"Se você não fosse tão sábio para a idade
Eu teria sido capaz de me controlar"
Ela retirou o caderno delicadamente do colo dele. Com cuidado, foi se afastando. Mas a Lei de Murphy se pronunciou nesse exato momento, e uma maldita mola se encarregou de ranger e acordar o shinigami.
Ele abriu os olhos sonolentos e Rukia observou com medo enquanto suas íris topázio se revelavam.
– Rukia? Mas que diabos você está - – e seus olhos se arregalaram até ficarem quase tão grandes quanto os de Rukia.
– ME DEVOLVE! – Ele gritou, avançando para cima dela, que se afastou com um salto.
– Devolve o meu - – e ele parou frente à mão de Rukia em sinal de "pare".
– Você tem duas escolhas – disse, em um tom de voz sério e baixo –. Me deixar ler isso aqui sem acordar o quarteirão inteiro ou arrancar isso de mim com sua delicadeza e silêncio costumeiros e deixar sua família inteira saber que eu durmo aqui – uma de suas sobrancelhas se ergueu –, e a última opção é potencialmente perigosa para todos, inclusive e principalmente você.
Ichigo se retraiu, fuzilando a garota com seus olhos. Essa continuou, ignorando o ódio que ele emanava:
– "Se não fosse pela minha atenção,
você nunca seria bem-sucedida
E, se não fosse por mim,
você não teria chegado tão longe".
Seus olhos azuis escuro estavam gigantes, encarando o caderno traidor. Ichigo parecia o Bart Simpson voltando da praia: não se sabia onde terminava sua testa e começava seus cabelos, tamanha a vermelhidão que adquirira.
Ela engoliu em seco. E Ichigo continuou:
– "Isso poderia acabar mal
Mas você não parece se importar.
Não vá contando para todo mundo
E finja não ver esse suposto crime".
Rukia olhou para o poema e leu, em voz baixa e quase inaudível, que Ichigo acompanhou:
– "Vamos adiantar para alguns anos no futuro
e ninguém sabe além de nós dois"...
– "Eu honrei seu pedido de silêncio
E você lavou suas mãos a respeito disso".
As mãos de Rukia tremiam ligeiramente enquanto segurava o caderno. Ichigo continuava a falar o que estava escrito:
– "Você é essencialmente uma inquilina
e eu gosto que você tenha que depender de mim
Você é uma espécie de protegida minha
e, um dia, dirá que aprendeu tudo que sabe comigo".
Os olhos de ambos brilhavam. Mas eles não se encaravam; Ichigo olhava para a parede, evitando encarar a garota, que mantinha seus olhos presos ao papel, como que colados.
– "Só se certifique de não contar a ninguém
Especialmente os membros da sua família
Vamos manter isso em segredo
e não contar a ninguém do nosso círculo de amizade".
Ouviu-se um grilo intrometido do lado de fora do quarto.
– Satisfeita? – perguntou – Posso ter meu caderno de volta agora?
Ela lhe estendeu a mão e ele pegou o caderno, fechando-o e jogando no fundo da mochila.
Ainda com a cara fechada, puxou o cobertor e se deitou na cama. E, após alguns segundos, ouviu atrás de si:
– "Eu queria contar para o mundo inteiro,
porque você fica lindo quando se arruma direito
Eu devo me casar com você um dia
Se manter esse peso e mantiver o corpo firme".
Ele se virou e deu de cara com a shinigami sorrindo.
Mas não um sorriso comum.
Esse tinha mais significado que o que ela lhe dera na noite em que lhe passara seus poderes se shinigami. Na noite em que ela mudara sua vida para sempre.
– A –
– ... Você está passando bem, Rukia?
– Ai -...
– Você...
– Aishiteru – cuspiu, com a cabeça baixa.
Ichigo levantou-se e se aproximou dela. Ele segurou seu queixo com a mão e levantou seu rosto, fazendo-a encará-lo.
– Aishiterumo... Baka – e a abraçou – porque você fez a chuva parar.
Konichiwa, Minna-chan!
Vi a música na comu IchiRuki do Orkut e arrepiei com o quanto ela parece com eles. Na verdade, parece mais que a Rukia está falando para o Ichigo, mas ficava melhor ele escrever *.* Eu sinceramente não consigo imaginar essa fic de outro jeito, com a Rukia escrevendo e talz...
Se você gostou, REVIEWS! Acho que não custa apertar nesse botão aí em baixo e escrever nem que seja um "gostei, bjs". Eu quero saber a opinião de vocês, caramba!!
kisu
Iza-chan =D
P.S.: Essa é a música Hands Clean, da Alanis Morisette. Ela é a música mais IchiRuki que conheço. E eu tenho que dar os créditos à Jeni.G, que postou a música na comu IchiRuki do Orkut. Arigatou!