N.A.: Capítulo final. É você leu certo, final. Gente, agradecendo quem ficou até aqui, quem deu ajuda, quem comentou e quem gostou. Pode ser que o final acabe deixando algumas pessoas insatisfeitas, como eu sempre digo nas minhas NAs, é a fic que eu quero que seja. O final foi um parto, sem brincadeira, quem acompanhou no twitter viu que foi realmente complicado decidir por um fim. Mas cá está, o fim que achei que ficou melhor, e olha que foi necessário escrever os três fins que eu tinha em mente.

Trice, obrigada por vir até aqui comigo, eu te amo.

Boa Leitura!

N/B: OMG :O Só querendo dizer desculpa pelos atrasos nas betagens e que me sinto super feliz por ter participado dessa insanidade (love) que é Die. o~~ Flafy, você é love!

I just know there's no escape now

Once it sets it's eyes on you.

But I won't run, have to stare it in the eye.

Stand My Ground by Within Temptation


Capítulo 22

Sentou-se à frente dela, esperando-a acordar. Em algum ponto até ali, Hermione tinha desmaiado, e Sirius estava apenas esperando, sua dona conversando com ele.

Sabe bem que ela está com medo.

-Mas ela vai aceitar. Ela me beijou.

Eu senti. Mas e se ela não aceitar?

-Não existe essa possibilidade.

Tem certeza?

Sirius não respondeu, apenas continuou sentado no chão, a calça tingindo-se de vermelho pelo chão que ainda tinha sangue. Parecia que algum cano estourado deixava a água misturar-se com o líquido vermelho, e isso o fazia espalhar-se para todos os lados, apesar de estar coagulando nas paredes. Abaixou a cabeça, apoiando-a nas mãos. Doía pensar que Hermione talvez não aceitasse ser sua, que talvez ela o amasse mas não permitisse aquilo. E Sirius não poderia deixar de servir sua dona. Ela lhe dera a vida, assim como Hermione. As duas eram sua vida, e enquanto uma apenas pedia sangue, a outra pedia sua alma. E Sirius entregava, sem pensar. Elas haviam lhe salvado, elas eram seu tudo.

Levantou a cabeça, as mãos repousando no chão ensanguentado, manchando-o. Sua dona apenas queria sangue, e isso ele poderia entregar o de Mione, ela daria de bom grado como fizera da última vez estiveram juntos. Respirou fundo, observando-a. Hermione era uma garota, tornava-se mulher agora, ainda crescendo. E por mais que fosse madura, ainda tinha aquele jeito inocente. E fora isso, esse jeito inocente, de acreditar no bem que existe dentro das pessoas, que ele conseguira infiltrar-se no coração e na mente dela. Porque sabia, a garota não se deixaria enganar se não estivesse tão cega, apaixonada.

Passou a mão pelos cabelos, sangue escorrendo pelos fios agora, caindo em sua pele, escorrendo por seus ombros e costas. Sentia os dedos de seu dona escorrendo por sua pele, querendo aquele sangue, mesmo que não fosse novo. Ela era movida disso, e Sirius era movido por ela. Sorriu brevemente, vendo que os braços de Hermione erguidos acima da cabeça, nas tiras de couro, estavam começando a ficar marcados, logo a morena reclamaria. Mas não poderia soltá-la, ainda não. Esperaria que ela acordasse, explicaria, mostraria o que fazia, contaria tudo, a deixaria ciente de sua dona, e então, tinha certeza de que ela mudaria. Não pediria para ele se entregar, não pediria para ele deixá-la ir. Ela pediria por ele, e somente isso.

Os pés dela estavam raspando o chão, o corpo suspenso logo pediria por apoio, e ela acordaria. Havia a deixado presa em uma altura que ela pudesse ficar de pé, mesmo que o movimento para os lados fosse limitado pelos braços presos acima da cabeça. Não era o melhor modo de se conversar com ela, mas até que ela entendesse, seria assim. Após isso se desculparia, a teria e então seguiriam dali. Sabia que ela poderia querer voltar para os amigos, porém, explicaria, mostraria que eles o prenderiam, o machucariam. E se ela o amasse, como sabia que ela o amava, ela não deixaria que isso acontecesse. Não permitiria que ninguém, nem mesmo Harry o levasse dela. Isso era amor.

Respirou fundo, balançando a cabeça devagar. Tudo doía. Parecia que tinha apanhado, e seu corpo estivesse desistindo. Abriu os olhos, primeiro não conseguindo divisar o que via, porém, algo movendo-se a sua frente chamou sua atenção. Subiu os olhos para ver o que poderia estar à sua frente, e viu Sirius. Tentou mover-se na direção dele, mas algo segurou seus braços. Olhou pra cima, sua visão já melhor, e observando que seus braços estavam presos pelo pulso em tiras de couro. Desceu os olhos novamente para Sirius, observando.

E então realmente o viu. Ele ainda estava sem camisa, pequenas gotas de sangue desciam por seus cabelos, a calça estava ainda mais manchada e ensopada de sangue. E quando olhou o chão, desejou não ter feito. Um grito escapou por sua boca e ecoou pelas paredes. Por Deus, era ali. O sangue das vítimas estavam no chão, todo lugar que olhasse tinha sangue. Tentou levantar os pés, segurar-se nas correntes e nas tiras, mas os braços já estava doendo, não conseguia erguer-se. Não queria tocar com os pés no sangue daquelas mulheres, mas não pôde fazer nada. Seus pés apoiaram no chão, dando sustentação ao corpo, livrando os braços doloridos do peso. Olhou para Sirius novamente vendo que ele a olhava, um pequeno sorriso no canto dos lábios, como se estivesse escondendo um segredo dela.

-Sirius, o que está acontecendo?

-Tive que prendê-la, Hermione. Você não estava cooperando. - explicou, dessa vez aproximando-se, segurando-a pelo rosto. - Quando acalmar-se, a solto.

-Solte-me, Sirius. - pediu puxando as mãos das tiras, sem conseguir soltar-se. - Isso não é certo. Esse não é você.

-Não sou eu? - perguntou acariciando o rosto dela, vendo-a balançar a cabeça, assentindo. - Como assim?

-Essa Sombra, esse monstro dentro de você. Eu sei que você não quis...

-Ela me pediu, e eu fiz. - cortou-a, observando como os olhos dela arregalavam-se assustados.

-O quê?

-Vamos Hermione, entenda, eu não poderia recusar o pedido de alguém que me deu a vida.

-É assassinato, Sirius. - gritou, o fundo da garganta ardendo.

-É apenas sangue. - explicou afastando-se, as mãos correndo por seus cabelos, empurrando-os para trás, impedindo-os de cair nos olhos. - Por tudo que ela me fez, é realmente pouco. Ela me deu a vida, permitiu que você me trouxesse de volta.

-Sirius não justifica matar Ginny, Luna, as outras mulheres. - gritou novamente, lágrimas escorrendo por seu rosto, o coração partindo-se.

-Eram apenas algumas mulheres. - explicou-se, começando a ficar irritado. - Ela poderia ter me pedido por você, e eu não poderia ter negado.

-Você me mataria? - a pergunta saiu como um sussurro, o medo fechando sua garganta. - Teria coragem de me retalhar como fez com as outras?

O gritou ecoou toda a sala, Sirius apenas mirava o rosto de Hermione, as mãos geladas de sua dona não estavam presentes, talvez ela estivesse apenas assistindo o que estava acontecendo. Sabia que um hora sua dona começaria a falar, e ele teria que mostrar para Hermione porque sua dona era como era, e apenas pedia isso, apenas sangue. Ela lhe dava vida, como Hermione poderia não ver isso?

-Ela não pediria por você.

-Como sabe? - outro grito.

-Ela teve seu sangue e não pediu por mais.

Hermione estremeceu. As duas vezes que sangrou, Sirius lambera seus ferimentos, Sirius tomara seu sangue. E o sangue satisfazia a Sombra. E se a Sombra estava feliz, Sirius estava no controle, e era isso. Hermione não podia negar, seu coração partia-se, era quase audível, sentia a dor rasgando seu peito. Porém, ela o amava mesmo assim. Sirius fora um homem que sofrera a vida toda, e se houvesse algo que pudesse ser feito para isso, Hermione havia jurado ajudar. E agora aquilo. Aquela situação, as mortes, o sangue, o segredo dele. Respirou fundo, a mente trabalhando rápida, seu coração batendo rápido enquanto quebrava-se. Queria gritar, queria chorar, bater em Sirius, matar a Sombra. Entretanto, a Sombra não morria, a Sombra já era Sirius, estava dentro dele, era metade do que ele era. Não havia como matá-la sem matar Sirius.

-E se ela pedir minha morte? - era apenas um sussurro e Sirius voltou para perto dela, segurando seu rosto novamente, olhando-a nos olhos.

-Ela não vai.

-Como tem certeza? - perguntou, o rosto inclinando-se contra a mão dele. - Solte-me.

Sirius afastou-se, olhando-a puxando as mãos presas. Talvez se a soltasse, eles pudessem conversar. Hermione não parecia correr risco de fugir, ou tentar algo. E sua dona não parecia que iria contra isso. Mirou o corpo de Mione, observando como os olhos dela corriam o chão, os dedos cobertos por sangue diluído em água, e como a pele clara estava manchada. Sorriu fracamente, talvez fosse o caso de que o amor dela por si estivesse vencendo a razão, o medo. Talvez ela fosse sua realmente, independente do que ele pudesse fazer. Subiu seus olhos, observando como o rosto dela estava manchado de lágrimas, como seu rosto virava-se para todos os lados, como que procurando por algo. Os punhos estavam machucados, a pele já começava a abrir-se.

Não solte-a.

Parou no passo, o hálito gelado de sua dona em sua orelha, as mãos segurando as suas. Ela o estava segurando, impedindo que chegasse perto de Hermione. E viu. Seus olhos cinza viram quando os olhos castanhos dela lhe mirando com receio. O medo estava escrito nas íris castanhas. Por um momento apenas ficou ali, porque não poderia a soltar? Ela seria um perigo? Desarmada, machucada e apaixonada, Hermione ofereceria perigo?

Ela pode lhe matar.

-Não!

Hermione observou Sirius. Algo parecia segurar suas mãos para trás, a postura tensa, os olhos lhe analisando, mas parecia que ele estava escutando algo que ela não estava. Realização passou por seu rosto no momento em que observou que ele realmente escutava algo, era a Sombra. A Sombra dizia algo, segurava Sirius, e se fosse possível vê-la, veria que as mãos dela seguravam as dele. Parou de tentar soltar-se, fitando o moreno. Quis saber o que ela dizia, quis saber o porque Sirius estava lhe fitando daquele modo. E então ele disse: 'Não!'. A forma dita lhe assustou, parecia que estava brigando com a Sombra. O que ela poderia ter pedido? Será que finalmente teria pedido sua morte?

Se soltá-la, ela vai matá-lo.

-Ela não o teria como.

Não a subestime.

Não respondeu, apenas tentou puxar o braço do aperto dela, apenas para saber. Saber se conseguiria enfrentá-la, mesmo sem saber se o queria realmente.

Não ME subestime.

Sirius moveu a mão, mas a frase dela lhe deixou preocupado. O que sua dona poderia fazer? Matá-lo? Retirar metade da vida que havia lhe devolvido? Sentiu o hálito dela novamente em seu ouvido, sentindo as mãos dela soltarem seus braços, o corpo parecendo encaixar-se ao seu por trás, moldando-se ao seu.

Ela é sua. Mas se ela estiver solta, vai matá-lo.

-Ela não me mataria.

Mataria. E se soltá-la, ela vai matá-lo.

-Ela me ama.

-Eu o amo, Sirius.

Hermione sabia que ele estava conversando com a Sombra, sabia que ela deveria estar dizendo que Hermione não o amava, que ele teria que matá-la, e tinha que fazer Sirius ver que o amava, mesmo com tudo que ele tinha feito. Era a Sombra, entendia agora. Nunca o desculparia, nunca poderia perdoá-lo pelas coisas que fez, mas estaria a seu lado, faria com que ele lutasse contra a Sombra, mesmo que ela fosse parte dele. O viu lhe fitando sério, falou novamente.

-Eu te amo, Sirius. Solte-me.

Ela vai matá-lo.

-Não, não vai.

Ela vai matar você. Eliminar a mim.

-Deixe-me soltá-la?

Certifique-se que ela morra antes, se nos atacar.

Sirius não respondeu, apenas aproximou-se de Mione, as mãos encontrando as tiras de couro, soltando os punhos da morena. Hermione ficou todo o tempo observando o rosto de Sirius, o modo como ele se portava, soltando-a. Sabia que ele deveria ter lutado contra a Sombra para fazer isso, e sabia que ele estava realmente querendo negar aos pedidos dela. Só não tinha certeza se Sirius seria forte o suficiente, porém, até ali estava tudo bem. Ele lhe soltando poderia fugir, poderia chamar ajuda e ajudar Sirius a enfrentar esse seu lado dominado pela Sombra.

Assim que baixou seus braços, Mione os enlaçou na cintura de Sirius, sentindo a pele quente do peito dele em seu rosto. Tentou não pensar nas mortes, tentou não pensar no que ele havia feito. E tentou evitar tais pensamentos porque no fundo, tudo era sua culpa. Essas mulheres, suas amigas, estavam mortas por sua culpa. Ela o trouxe, ela o protegeu, ela lhe deu abrigo, abriu os braços e cuidou dele, enquanto ele saia a matava. Abusava, matava, cortava e desfigurava aquelas mulheres.

-Você é minha? - perguntou segurando o rosto dela com força, olhando-a bem fundo nos olhos.

-Sim. - não havia outra resposta.

Beijou-a. Deu-lhe um beijo nos lábios, sem força, sem pressa, apenas para sentir a boca dela contra a sua. E Sirius não sentiu sua dona enquanto estava perto de Hermione. Na verdade, sua dona parecia estar distante outra vez, como se estivesse novamente analisando o que tinha acontecido. Separou seus lábios dos dela, olhando-a e sorrindo fracamente, sabendo que por hora, a morena estava assustada, tudo era novidade e ainda precisaria de tempo para fazê-la ver o que tudo aquilo era.

Hermione deixou suas mãos caírem para os lados, e então a ponta de seus dedos esquerdos roçaram em algo duro dentro do bolso da calça de Sirius. Rapidamente apoiou sua testa ao peito dele, evitando que ele visse seu rosto, tinha certeza de que ficara surpresa e seu rosto demonstrava isso. Sua mente trabalhou rápido, precisava fazer o que sempre fizera, colocar a razão por cima das emoções. Lembrou-se das garotas cortadas, todas foram cortadas por uma navalha. A mesma navalha. Navalha. Metal. Pequena. Era isso. Era isso que a ponta de seus dedos tinham roçado. A navalha que Sirius usara para matar as outras garotas estava com ele, ali, no bolso direito da calça.

Começou a pensar na possibilidade de que talvez, se Sirius se destraisse por alguns segundos poderia pegar a navalha, poderia sumir com ela, fazer Sirius ver que o amor dela apenas lhe daria forças para superar tudo isso. Talvez se o fizesse lutar contra a Sombra, e ela o ajudaria, ficaria a seu lado para o que precisasse. Faria de tudo para provar que Sirius poderia lutar contra esse lado horrível dele. Afastou-se dele, olhando-o nos olhos conforme via que novamente ele estava sério, como se escutasse algo. Sabia que a Sombra estava lhe dizendo algo. Queria que ele respondesse, assim poderia ter ao menos noção do que poderia estar sendo pedido. Porém, Sirius apenas fico em silêncio, apenas escutando, pensando. Quis aproximar-se, mas apenas afastou-se, dando passos para trás, ouvindo o som que seus pés faziam na água e sangue misturados no chão.

Ela está planejando.

Sirius viu como Hermione o mirava séria, como se estivesse pensando em algo importante demais.

Mate-a.

Não moveu-se, ainda observando-a, vendo-a se afastar, dando passos vacilantes para trás, saindo de seu alcance.

Machuque-a.

Sentiu que sua mão movia-se, sozinha. Sentiu o metal frio da navalha nos dedos, mas não o tirou do bolso, vira que Hermione olhava para lá, como se esperasse para ver o que ele faria.

Faça.

-Sirius? - chamou de longe, vendo-o ainda parado com a mão no bolso. Sabia que ele estava escutando a Sombra, que agora ele segurava o canivete. Tinha que impedi-lo de lhe ferir, aquilo não era o que ele queria realmente. -Sirius?

-Venha até aqui. - pediu soltando a navalha no bolso.

-O que a Sombra te pediu? - afastou-se mais alguns passos, contornando algo que parecia ser uma mesa. -Sirius? - chamou quando não obteve resposta dele, apesar de que via seus olhos cinza colados em si. -Ela pediu que me matasse?

Vê? Ela quer feri-lo, ou então não estaria afastando-se.

-Sirius?

Machuque-a.

Hermione sentiu as mãos tocando em algo, mas teve medo de olhar e perder os movimentos de Sirius. Porém, abaixou os olhos mesmo assim, vendo que no canto do que parecia ser uma mesa, estava a camisa de Sirius, e a varinha de Malfoy. Sua mão direita segurou a varinha, enquanto a esquerda levantava-se, inconscientemente, apenas para talvez defendê-la de algum ataque.

Mate-a ou vamos morrer.

Passou-se bem devagar tudo o que se seguiu. Sirius viu conforme Hermione segurava a varinha de Malfoy, e antes mesmo que ela fechasse os dedo sobre a madeira, já havia fechado os seus sobre o metal da navalha. Enquanto dava dois passos para a frente, abriu a navalha, e viu o braço dela, o com a varinha, levantar-se em sua direção. A luz azul que deixou a ponta da varinha, passou por seu ombro, mas não lhe atingiu, e sua mão desferiu um pequeno arco no ar, acertando o braço esquerdo dela que estava levantado em defesa. E o sangue vermelho escorreu pela pele clara, e ela gritou.

A varinha apontou para ele outra vez, mas não houve tempo. Nenhuma palavra deixou sua boca, nenhum outro movimento foi feito, Hermione sentiu as mãos de Sirius segurando seus braços, prendendo-os ao lado do corpo. O braço ferido ardendo, a varinha caiu no chão, mas a navalha estava na mão dele. Sirius empurrou Hermione para trás, olhando-a nos olhos.

-Não vai tirá-la de mim. - disse, a boca seca de desespero pelo que teria que fazer.

Mate-a.

A navalha escorreu da mão de Sirius e perdeu-se, mas o moreno soltou momentaneamente Hermione, apenas para segurar as correntes atrás dela. E quando a morena ouviu o barulho das correntes tentou fugir, mas algo a prendeu. Sirius puxou a corrente, fazendo-a correr no elo preso ao teto, e a tira de couro fixou-se no pescoço de Hermione. Deu um primeiro puxão, apenas para fazê-la voltar ao lugar, e prendeu fortemente a tira dessa vez. A morena começou a gritar e Sirius aproximou-se.

-Eu te amo. Morra.

Hermione não conseguiu gritar em resposta, os lábios dele bateram de encontro ao seu e a corrente foi puxada. Sirius puxou com mais força a corrente, suspendendo o corpo dela no ar, prendendo a corrente ao gancho no chão. Viu o desespero dela começar ao perceber o que estava acontecendo. Não tinha idéia de que isso terminaria daquele modo. Mas não podia deixá-la lhe afastar de sua dona, matar a ambos. E era isso que ela tentara ao pegar a varinha. Ela tentara lhe matar, mesmo o amando. Ela queria vê-lo livre da Sombra, mas ele nunca poderia ficar sem sua dona. Nunca.

E mesmo dependurada, mesmo com a tira forçando cada vez mais seu pescoço, mexia os braços para os lados, debatendo-se. Sirius fitou-a sério, aproximando-se, querendo conter o corpo dela para que parasse de se mover tanto. Não queria vê-la, justamente ela, sofrer daquele modo. Segurou a cintura dela, parando-a, mas então, sentiu. E fora seu erro ter afastado-se, ela conseguira terminar de passar a lâmina. Se Sirius soubesse que afastando-se do aperto que estava no corpo dela, teria um corte extenso na garganta, teria continuado abraçado a ela. Mas afastou-se, e ela conseguira lhe cortar. Quando a navalha caíra da mão de Sirius, pousara na mão de Hermione, que fora aberta no segundo certo.

Hermione viu o vermelho jorrar do pescoço de Sirius, mas sua respiração falhou várias vezes, manchas negras estavam formando-se em sua visão, e soltou a navalha. Lágrimas caíam de seus olhos e sua boca secou. Sabia que era o fim, o maldito fim que não queria, mas tivera. Amava Sirius, assim mesmo como ele a amava, tinha certeza. E o amor deles era aquele, o de saber que o outro tinha que morrer, tinha que deixar de existir. Ele por nunca poder separar-se da Sombra, ela por nunca poder separar-se dele. Puxou o ar que nunca veio, e então negro. E então nada.

Sirius estava de joelhos, as mãos não conseguiam segurar o sangue dentro do corpo, era isso. Era o fim. Hermione o matara, exatamente como sua dona dissera que ela faria. Seu corpo foi ao chão, a visão borrando-se, a boca secando, a mente apagando-se. Sabia que iria morrer, e sentiu ódio. Ferveu ódio pelas veias que estavam secando, e Sirius Black, finalmente estava morto.


-Godric's Hollow. - Draco disse em voz baixa olhando dentro dos olhos de Harry.

Draco ficara vigiando sua varinha, no caso de Black ser descuidado e acabar por usá-la, e agora agradecia por isso. Ela fora usada, minutos atrás, e isso fora em Godric's Hollow. A notícia parecia que acertara Potter de tal maneira que ele poderia morrer ali, e nem ao menos saberiam o porquê. Mas então, lembrou-se, aquele era o lugar onde ele morara, onde seus pais foram assassinados. Não era o melhor lugar do mundo, mas Sirius Black poderia muito bem estar ali.

-Vamos.

Draco ouviu o que parecia ser a voz de Harry lhe chamando, porém, não disse nada. Eles teriam que se apressarem, Granger poderia ter usado a varinha para alertar onde estavam, porque estava em perigo de verdade, morrendo. Se ficassem a deliberar, encontrariam apenas seu cadáver.

Poucos minutos depois, Aurores reunidos, partiram para Godric's Hollow. E Harry não pensou duas vezes, seguiu na direção da casa destruída de sua família. Não pensou duas vezes ao entrar, e menos ainda ao ver que era lá. Lá existia água corrente escapando pela fresta debaixo da porta, lá existia sangue misturado a água. Lá estava o corpo de Sirius no chão, morto, ainda deixando sangue escorrer pela garganta. E lá estava Hermione, dependurada, morta, com sangue em uma das mãos. Lá era o local perfeito, era o local de mortes, de tristeza, de agonia, de dor. E tudo que aquele lugar representava, era sua ruína. Harry não tivera idéia de como soubera que era lá, apenas parecia ouvir que o chamavam para ali.

Draco entrou logo após, vendo a cena. Seus olhos fecharam-se, balançou a cabeça. As mortes que aquele lugar já havia presenciado, agora testemunhavam mais duas. Granger estava enforcada, Sirius praticamente degolado. Era o fim. O fim dos assassinatos, o fim de talvez uma excelente Auror ou Professora, o fim de várias outras mulheres. Olhou para o lado, Potter estava apenas mirando a cena a frente. Aquele também era fim de Harry Potter.

Fim


Tradução:

Eu só sei que não há escapatória agora

uma vez que se coloca os olhos em você.

Mas eu não fugirei, tenho que encarar isso de frente.