Quando Hinata e Sasuke retornaram à mansão Uchiha, Kurenai se aproximou.
- Graças a Deus encontrou-a, senhor! - Exclamou. Depois se virou para Hinata aflita, notando a palidez da morena. - Por onde estava, senhora? Perdeu-se? O capataz veio correndo e disse que tinha perdido a senhora de vista lá no campo! Apareceu desesperado!
- Hoje mesmo colocarei na rua esse estúpido. - Sasuke disse com indiferença. Hinata se sentiu culpada, e virou-se para o marido.
- Não faça isso. A culpa foi minha. Estava frustrada por estar sendo vigiada, e esporeei o cavalo para longe dos olhos dele. Ele me perdeu de vista quando eu entrei no atalho, e foi então que eu me perdi. - Sasuke a olhou de forma superior.
- Então a culpada foi você. Eu a avisei das regras, Hinata. Sempre que sair, para andar a cavalo ou não, terá que sair acompanhada por alguém da mansão. E você, com estes seus ataques de rebeldia, desrespeitou a regra e deu no que deu. Poderia ter acabado pior.
- Eu sei disso, mas como eu poderia adivinhar?
- Basta pensar nos seus atos! Tentando fugir e escapar assim só faz com que se meta em problemas, não entende? - Ele perguntou gélido.
- A culpa é sua por tentar me manter como uma prisioneira, vigiada em todos os momentos! Você mal me deixa respirar! - Pronto, estava feito. A trégua que havia se estabelecido entre eles horas antes, inclusive enquanto voltavam para casa, estava desfeita. Kurenai, assustada com a súbita discussão acalorada dos patrões, murmurou uma licença e se retirou.
- Vá tomar um banho se quiser e trocar esta roupa. - Ele mandou, e Hinata soube que ele estava se controlando. - A não ser que queira preservar as lembranças de hoje com você. - Ele acrescentou de forma meio zombadora. A morena recuou ofendida e surpresa como se tivesse levado um tapa. - Me restou pouca paciência... Vou pra biblioteca. - Ele saiu dali, de forma fria. Hinata cruzou os braços delicados, abraçando-se, e deu um tapa forte no corrimão da escada. Furiosa, subiu os degraus e se trancou no quarto.
- Nikko, volte aqui! - Hinata gritou, correndo atrás do gatinho branco que corria pelo jardim. Já não era mais aquele filhote frágil que a morena acolhera. Nikko agora estava crescido, mais forte e mais esperto. Hinata parou, rindo, enquanto observava o gato correr mais e escalar uma árvore. - Espertinho... Tudo isso para fugir do banho? - Ela murmurou com diversão.
Balançou a cabeça e resolveu andar de forma vaga, apreciando a grande mudança do lado de fora da mansão desde que começara a trabalhar com o jardineiro para trazer vida novamente ao jardim. Quem olhasse nunca iria acreditar na mudança. O lugar seco, árido, e sem vida alguma de antes, agora estava verde, com árvores e flores por todos os cantos.
Sorrindo, Hinata suspirou e caminhou mais um pouco. Quando deu por si, estava na frente do Borboletário. Nunca mais tinha entrado ali desde o último incidente, mas viu que a porta estava aberta... Havia alguém ali! Do contrário estaria trancado. Seria Sasuke? Mas Hinata o vira na biblioteca antes de sair para os jardins...
- Bem, se está aberto e tem alguém aí dentro não há problema em entrar. - Hinata murmurou um pouco temerosa, soltando o ar e entrando no Borboletário. Imediatamente viu flashes coloridos por todos os cantos. As borboletas voavam alegremente ao redor. Hinata adentrou mais. De repente ouviu um barulho ao fundo. Curiosa, caminhou de forma lenta até o final do recinto.
Quem estaria ali? Com a respiração rasa e os passos suaves, para que não notassem sua presença, Hinata se aproximou do barulho que ouvia. E então viu... Kurenai, segurando o quadro. A mesma pintura do rapaz bonito que Hinata vira da última vez, e que deixara o marido tão furioso. Kurenai parecia despreocupada, passava um pano seco por todo o quadro, retirando a poeira. Logo ela sorriu para a pintura, arrumando a moldura.
Hinata estava confusa, não entendia... Então Kurenai sabia daquele quadro! Parecia tão familiarizada com o retrato, que a morena teve a certeza de que a mulher sabia do mistério que a pintura representava. Mas porque nunca lhe contara nada? Movida por uma decisão impressionante, sem se preocupar com mais nada, Hinata deu um passo para frente. Iria resolver aquele mistério agora mesmo.
- Kurenai. - A mulher empalideceu e olhou para trás no mesmo instante, quase deixando a pintura cair no chão.
- Senhora! Por Deus... Não devia estar aqui!
- Por quê? - Hinata a olhou impetuosa. - Estou cansada de viver no escuro, Kurenai. Cercada de tantas mentiras. Quem é o moço desta pintura? E não adianta fugir, ou negar nada. Eu sei que você sabe. Só acabe logo com isto e me responda de uma vez o que este quadro representa. - Kurenai estava com a boca seca, pálida feito papel.
- S-Senhora...
- Fale Kurenai. - Hinata mandou. - Não deixarei que saia daqui antes de esclarecer de uma vez por todas tudo isto. Quem é o moço do quadro? - Após quase um minuto de silêncio, em que Kurenai parecia não fazer idéia do que fazer, a mulher recostou o quadro no chão e deu um profundo suspiro. Hinata a encarava, imperturbável.
- Muito bem. - Kurenai ergueu os olhos. Sabia que não havia mais como fugir daquela situação, tampouco mentir iria ajudar. - Vou lhe contar a verdade, senhora Hinata. O rapaz do quadro é... irmão do senhor Uchiha.
- Quê? - Hinata franziu o cenho. - Irmão? Mas você mesma me disse que ele não tem família, irmãos, nada!
- Realmente agora não tem mais. O senhor agora é sozinho.
- Então... Este rapaz... Irmão dele... Está morto? - Hinata sussurrou.
- Sim. - Kurenai soltou o ar. - Já que não tenho saída, vou contar a história completa. Hinata assentiu temerosa. - Sasuke perdeu os pais muito novo. - Kurenai disse. - Não devia ter sequer cinco anos. Por isso nunca pôde conhecer o amor fraterno. Porém, ele não estava totalmente sozinho. Tinha um irmãozinho de dez anos de idade. Chamava-se Itachi. Uchiha Itachi foi um dos homens mais bondosas e alegres que já conheci. - Kurenai assumiu ar nostálgico e triste. - Eu presenciei o crescimento de Itachi e Sasuke. Já trabalhava para a família Uchiha há muito tempo, por isso quando faleceram eu não pude ir embora. Sasuke com apenas quatro anos, e Itachi tão pequeno. Assim os dois cresceram cercados de luxo, dinheiro devido à herança deixada para eles, e empregados. Mas isto não representava nada, no fundo os dois irmãos só tinham um ao outro. Itachi se sentia obrigado a proteger o irmão em todas as situações, pois era o mais velho e a única coisa que o pequeno Sasuke tinha. Assim os dois cresceram, Sasuke dependia inteiramente de Itachi, e ele se sentia no dever de cuidar dele.E posso lhe dizer senhora, nunca em minha vida eu vi irmãos mais unidos. Era uma coisa bonita, Sasuke era a alegria de Itachi. Faziam tudo juntos, ele se preocupava muito com o menor. Um completava o outro. O senhor Sasuke era um garoto relaxado, alegre e risonho, graças à proximidade com o irmão. - Hinata engoliu em seco. Nem que se esforçasse conseguia imaginar o marido alegre e risonho. - Mas um dia houve um acidente. - Kurenai olhou para baixo, a voz baixa. - Sasuke e Itachi haviam saído juntos para cavalgar. Era um dia de sol, ninguém poderia imaginar... Bem, foi uma tragédia. O cavalo de Sasuke perdeu o controle, correu para fora do alcance de todos. O senhor Itachi fez de tudo para impedir, foi atrás e conseguiu nivelar seu cavalo ao de Sasuke. Viu que o animal desembestado estava correndo em direção às baias e que não pararia. Provavelmente arremessaria Sasuke porteira afora se colidisse com a mesma, já que estava fechada. Tudo aconteceu muito rápido, já estavam no fim do caminho. Itachi, desesperado com o pensamento do irmão se machucar, ou algo pior, jogou seu cavalo contra o de Sasuke. Sem equilíbrio, o irmão tombou com o grande animal em cima, fraturando uma de suas pernas. Sem poder desviar devido à velocidade do garanhão, o cavalo de Itachi tentou freiar, mas já era tarde. O bicho bateu com força na porteira e seu corpo fora jogado a metros de distancia. Quando o pegaram, já estava morto. - Hinata tapou a boca com as mãos. Oh, não. Então era por isso que Sasuke odiava cavalgar, e não permitia que Hinata andasse a cavalo! - Sim. - Kurenai conteve as lágrimas, abalada. - E era tão jovem... Tão bonito, com o coração enorme. Na época a família Uchiha não morava aqui, morava em outra cidade. Na cidade todos conheciam a vida de todos, e foi um abalo para as pessoas. Itachi era muito cativante, todos lá gostavam dele.
- E como Sasuke reagiu a tudo isso? - Hinata murmurou, com os olhos ardendo. Kurenai balançou a cabeça.
- Senhora, o irmão era tudo na vida do patrão! Era seu mundo! Quando ele morreu, deixou todos desnorteados. Sasuke ficou sem chão, tudo desmoronou. E como se não fosse suficiente, a cidade inteira o apontou como culpado.
- Não. - Hinata balançou a cabeça. - Mas ele não teve culpa!
- Não. - Kurenai concordou. - Mas por Itachi ter morrido quando estava cavalgando com Sasuke, e ninguém mais, colocaram a culpa nele. Todos se puseram contra o rapaz, acusando-o de forma infame e sem piedade. - Hinata estava incrédula.
- Mas... E depois?
- Bem. O senhor Sasuke saiu da cidade e abandonou tudo. Dos criados, somente eu o acompanhei. Depois de toda a tragédia, o patrão perdeu o sentido para viver. Perdeu a alegria, perdeu tudo. Construiu esta mansão e se isolou aqui, sozinho. Nunca mais foi o mesmo. O rapaz alegre, cheio de vida, morreu com o irmão. Só restou amargura, tristeza e solidão. Sasuke se culpa até hoje pela morte de Itachi.
- Mas... Kurenai, ele não a matou! Foi um acidente! - Hinata disse alto.
- É claro, senhora! Nunca o culpei! Mas Sasuke se sentiu tão mal por não ter conseguido controlar o próprio animal e talvez evitar a morte do irmão, que se alto denominou o assassino! Afinal, ele era o único que poderia ter feito algo, mas não conseguiu... A tragédia foi mais rápida.
- Então... - Hinata engoliu em seco, a garganta ardia. - É essa a razão... É por isso que Sasuke se tornou tão frio e maldoso?
- Sinceramente, não posso julgá-lo. - Kurenai admitiu. - Lhe tiraram tudo, senhora. Não teve pais, e a única coisa que lhe dava sentido à vida lhe foi tirada de maneira cruel. E ainda foi acusado e julgado por isso. Depois de tudo, só o que restou para que o patrão continuasse vivendo foi a arrogância e a solidão. Foi a maneira que o senhor achou para se defender, para esconder o passado e não sofrer por mais nada. No fundo só o que lhe restou para oferecer à vida, foi crueldade e decepção. - Kurenai deu um suspiro de lamento. - O coração se transformou em gelo, e não há como culpá-lo por isso.
- Não, não há como culpá-lo. - Hinata sussurrou, por fim entendendo e ligando tudo em sua mente. Afinal, viu que Sasuke não era o monstro cruel e frio que ela sempre vira. Era apenas um ser humano ferido e sem esperanças... Hinata não voltou a ver Sasuke naquele dia, pois ele saíra e ela estava tão cansada que tinha ido dormir bem cedo sem ao menos jantar.
Na manhã seguinte, a morena acordou um pouco pálida. Ao terminar de se aprontar, desceu para o café da manhã. Estava nervosa... Seria melhor dizer ao marido que já sabia toda a verdade sobre seu passado? Ou o melhor seria não falar nada? Indecisa, Hinata entrou na sala de refeições. Sasuke já comia, sem esperá-la como sempre, com os olhos arrogantes fixos na torrada. Sequer levantou o olhar quando a morena sentou-se no outro extremo da mesa.
- Bom dia. - Ela murmurou incerta, observando-o. Ele apenas acenou com a cabeça, indiferente. Agora que sabia de toda a verdade, via Sasuke de uma maneira totalmente diferente. O via mais humano. Até os seus sentimentos por ele haviam mudado... - O que vai fazer hoje? - Hinata perguntou, tentando iniciar uma conversa. Mas Sasuke naquele dia parecia especialmente taciturno, como se não tivesse disponibilidade para conversas.
- Terei que ir até o interior mais tarde para resolver alguns assuntos. Dará uma hora e meia de viagem até lá, por isso eu só regresso à noite. - Ele disse de forma gelada.
- Ah. - A morena olhou para o próprio prato, desapontada. - Mas... Pensei que hoje você ficaria na mansão, pois ontem você passou o dia inteiro fora e...
- E o que tem isso? - Ele a interrompeu friamente. - Afinal você deve comemorar quando eu estou ausente. - Hinata balançou a cabeça firmemente.
- Claro que não. - Sasuke riu ironicamente.
- Finjo que te acredito. - Ele disse, largando o guardanapo na mesa e se levantando.
- Aonde vai? - Ela perguntou rapidamente. Sasuke ergueu uma sobrancelha.
- Vou me aprontar para sair.
Ele saiu da sala, deixando Hinata sentada na cadeira sem saber o que fazer. Nikko apareceu de repente, saltitante, e foi pedir colo para a dona. Hinata acariciou o pêlo macio do gato, distraída. Decidiu ir atrás do marido.
Levantou-se de um pulo e saiu correndo pela mansão. Subiu as escadas e entrou no quarto sem ao menos bater. Sasuke estava sem camisa, e se virou na hora que ouviu a porta se abrir abruptamente. Hinata quase ofegou ao ver o dorso nu, malhado e pálido do marido. Os músculos da barriga e do braço tonificados, como se ele se exercitasse todos os dias, porém Hinata nunca o vira fazer nenhum exercício. Era tão bonito, o retrato da beleza máscula e sensual. A morena fechou a porta atrás de si de forma apressada. Sasuke pegou uma camisa nas mãos, observando-a com a expressão irônica.
- Sasuke. - Ela começou. - Posso ir com você resolver estes assuntos na outra cidade? - Ele ergueu as sobrancelhas, terminando de se vestir.
- Para quê?
- É que eu não quero ficar sozinha aqui. Não gosto, é muito solitário. Por favor, deixe que eu o acompanhe hoje? - Ele a observou, arrogante, e logo deu de ombros.
- Se quiser. - Hinata sorriu meigamente.
- Obrigada. Vou me aprontar bem rápido e já desço, está bem? - Ela andou apressadamente pelo quarto, indo até a penteadeira. Sasuke a observou por um momento, de olhos apertados, e logo saiu do quarto, dizendo:
- Te esperarei lá embaixo.
Hinata não levou mais do que cinco minutos, e logo desceu. O marido a esperava do lado de fora da mansão, em frente à carruagem que os levaria até a outra cidade. A primeira meia hora de viagem foi silenciosa. Sasuke não parecia inclinado a dizer nada, e Hinata não sabia ao certo o que dizer.
- Porque estamos indo tão devagar? - Sasuke perguntou friamente ao cocheiro, ao notar a carruagem indo bem mais devagar.
- Desculpe senhor. Creio que os cavalos precisam descansar um pouco, pois estavam correndo até agora. - O cocheiro se desculpou, sem graça. Sasuke bufou.
- Ótimo, faça-os descansar apenas por alguns minutos então. Não posso me atrasar.
- Sim, senhor.
A carruagem parou. Sasuke parecia impaciente; se se encostou ao banco, mas logo saiu da carruagem. Hinata suspirou, ouvindo de longe o canto dos pássaros. Decidiu sair da carruagem também, segurou a barra de seu vestido e pulou para fora. Sasuke estava encostado no tronco de uma árvore, frio e distante, observando a estrada. Hinata o olhou, com os olhos brilhantes e meigos, e se aproximou lentamente. Ele ergueu os olhos ao vê-la, mas não mudou a expressão. Continuou implacável.
- Posso lhe fazer companhia? - Ela perguntou com um leve sorriso, encostando-se na árvore ao lado e o olhando.
- Tanto faz. - Ele respondeu. Hinata suspirou. Aquilo não ia ser nada fácil.
- Veja, os cavalos estavam com fome. - Ela comentou, apontando para os dois cavalos que comiam alegremente o pasto ao lado da estrada. - Por isso estavam cansados de correr. - Sasuke olhou rapidamente para os animais, com indiferença.
- É o que parece. - Hinata olhou para as mãos, hesitante.
- Sasuke, eu estou tentando ser mais gentil com você. Por que age assim com tanta frieza? - A morena não o culpava, depois de ter descoberto toda a verdade, apenas tentava fazer com que o marido se abrisse mais. Ele se virou para ela, com os braços fortes cruzados.
- E por que exatamente está forçando tanta gentileza? Quer alguma coisa? - Hinata se desencostou da árvore, indignada.
- Claro que não, eu não sou assim. - Sasuke riu sarcasticamente.
- Claro. - Ele ironizou. - Pois então guarde sua gentileza para si, não preciso dela. - Disse em tom rude. Hinata piscou.
- Deus, Sasuke, para quê tudo isso? Você não pode viver nesse mundo solitário e obscuro que construiu ao redor de si para sempre. - Ela disse firmemente.
- Você não sabe nada sobre meu mundo, Hinata. - Ele respondeu gélido. - Tampouco lhe importa meu modo de viver a vida. - Ele deu as costas para se afastar.
- Me importa por eu ser sua esposa. - Ela disse parada no mesmo lugar. – E você está muito enganado, eu sei perfeitamente sobre seu mundo. - Ela soltou o ar. - Eu sei sobre seu passado, Sasuke. - Ele parou de andar. Pareceu uma estátua, sem ao menos respirar, e Hinata o observou com firmeza. De repente ele se virou para ela, os olhos cerrados.
- Perdão? Não entendi o que disse. - Hinata suspirou.
- Entendeu perfeitamente. Eu... Sei sobre seu passado. Descobri todo o mistério que envolve sua vida, que eu jamais poderia imaginar. Sei tudo sobre Itachi, e todo o resto, Sasuke. - Ele de repente ficou pálido, com uma expressão que Hinata jamais vira em seu rosto. Sasuke pareceu absorver a notícia por alguns momentos, e logo se aproximou com passos largos e fortes, agarrando Hinata pelo pescoço com uma só mão. O pescoço fino e pequeno da morena foi totalmente coberto pela grande mão do marido, mas ela não gritou nem fez nada. Manteve-se decidida, olhando-o nos olhos.
- Como sabe disso? - Ele trincou os dentes. Hinata deveria estar com medo, a julgar pela expressão do marido, mas pela primeira vez se sentia decidida a enfrentá-lo, nem que tivesse que apanhar para isso. Iria resolver aquilo, e seria agora. Não lhe importava nada mais.
- Isso não importa. - Ela respondeu com certo esforço, devido à mão dele estar sufocando-a. - O que importa é que eu descobri tudo.
- COMO? - De repente algo se fez nos olhos de Sasuke, deixando-o em cólera. - Kurenai! Foi ela, não foi? Era a única que sabia de tudo! - Hinata tentou respirar.
- Não foi ela...
- Não MINTA! Será pior! - Hinata engoliu seco, mas não respondeu nada. Sasuke riu de uma forma diabólica, que a fez arrepiar-se, e apertou-a ainda mais no pescoço. - Não precisa sequer responder. Já sei a resposta. - Ele a olhou. - Mas isto não lhe importa minha vida não importa nem a você nem a ninguém! - Ele disse alto. - Sua vontade de querer descobrir tudo. Isto foi seu erro, Hinata. - Ele murmurou com desprezo, forçando a mão no pescoço dela.
- Não creio. - Ela rebateu, esforçando-se para respirar. - Pode falar o que quiser não me importo.
- Parece-me que palavras não bastam com você. - Ele disse, apertando-a cada vez mais...
- Vai me matar? - Ela perguntou, olhando-o bem nos olhos. - É isso que quer? Não acho que isto vai apagar seu passado, Sasuke. Me matar não vai mudar as coisas. Ela fechou os olhos por um breve momento, engolindo em seco.
- Se eu quisesse a mataria agora mesmo. - Ele respondeu com frieza. - Mas eu não estragaria minha vida fazendo tamanha tolice. - Dizendo isso, ele desapertou o pescoço da morena e a largou. Hinata cambaleou, segurando o próprio pescoço e puxando o ar com força. - Até porque, como você disse isto não iria alterar as coisas. - Ele falou, parecia uma estátua fria e sem sentimentos.
Após recuperar o fôlego, Hinata ergueu os olhos. Era incrível, mas não tinha mais medo de Sasuke. Nenhum medo. Talvez porque antes não o conhecia e o achava sem escrúpulos, capaz de tudo. Mas agora tudo estava diferente: agora ela sabia que havia um Sasuke oculto por trás de toda aquela máscara de escuridão e crueldade. Um Sasuke que ele escondia para se defender, mas que no fundo estava ali. Por isso ela sabia que ele se defendia da forma que podia: no caso era daquela forma fria e explosiva.
Hinata só precisava trazer o verdadeiro Sasuke à tona novamente. A morena tirou uma mexa incomoda da face, erguendo os olhos para observá-lo. Naquele momento Sasuke parecia tão... Desnorteado, tão solitário. Era uma sombra do homem maldoso e gélido que se mostrava a todos. Hinata teve uma vontade desconhecida e impulsiva de ir até ele e rodeá-lo com os braços.
- Sasuke... Eu não pretendo atormentá-lo com nada disso. - Ela murmurou, com bondade. - Apenas quero dizer que estou aqui se precisar. - Sasuke a olhou ofegante. Pareceu sem saber o que dizer por um momento, como se estivesse desarmado. - E... Preste atenção. - Hinata se aproximou lentamente. - A culpa do que aconteceu não foi sua! Não pode se culpar.
- Cale-se. - Ele mandou.
- Sasuke, eu apenas quero te ajudar... - Ela murmurou com desespero, erguendo a mão delicada para tocá-lo.
- Não PRECISO da sua ajuda! - Ele gritou, empurrando a mão dela com violência. - Não quero nada de você, fique LONGE de mim! - Ele urrou, saindo como se fosse um leão enjaulado que ganhava a liberdade. Ele saiu de forma tão abrupta, que logo Hinata o perdeu de vista. A morena passou a mão pelos braços, os olhos marejados. Sentia o corpo tremendo.
- Senhora, com licença. O senhor desistiu da viagem? - O cocheiro se aproximou de repente, sem jeito. Pelo visto estivera tão ocupado com os cavalos que não havia notado a briga, já que Hinata e Sasuke tinham estado afastados. Hinata ergueu os olhos.
- Me parece que sim... Pode me levar de volta? - O cocheiro assentiu, parecendo confuso. Hinata o seguiu e entrou na carruagem. Sasuke agora precisava de um momento sozinho.
Hinata revirou as pequenas mãos no colo, nervosamente. Havia voltado para a mansão há quase duas horas, e nenhum sinal do marido. Nikko miou, enroscando-se em suas pernas, mas a morena estava tão distraída que nem percebeu. De repente ouviu os portões da mansão se abrindo, e um minuto depois alguém entrou. Hinata se ergueu ansiosamente. Sasuke parou bem na porta da sala de estar, observando a morena de forma sombria. Ele estava oculto pela sombra, Hinata mal pôde enxergar sua expressão. Ia dizer algo, mas ele se afastou abruptamente, antes que ela abrisse a boca. Resolveu deixá-lo ir, o seguiria depois. Mas alguns momentos depois, Hinata ouviu gritos sufocados e choros. Se assustou e foi ver o que era. Quando chegou à cozinha, viu Sasuke de pé, com a expressão dura e arrogante, e Kurenai, logo adiante, sentada, em meio a um choro ansioso.
- O que está acontecendo? - Hinata perguntou.
- Kurenai não é mais bem vinda nesta casa. - Sasuke murmurou algum tempo depois, impassível. - Eu convidei-a para se retirar. - Hinata arregalou os olhos, olhando da chorosa senhora para o marido.
- O quê?
- Pode deixar senhora. - Kurenai murmurou humildemente.
- Mas é claro que não permitirei uma coisa dessas! - Hinata se indignou, virando-se para Sasuke. - Está maluco?
- Não se meta nisso, Hinata. - Ele retrucou friamente.
- Me meto! - Ela respondeu. - Não vou deixar você fazer isto!
- Você não tem poder de deixar ou não alguma coisa. Eu mando aqui.
- Que eu saiba a casa também é minha! Ou não foi isso que me disse no primeiro dia em que entrei aqui? - Sasuke soltou o ar, impaciente.
- Não é hora de joguinhos, Hinata. Minha decisão está tomada.
- Só está mandando-a embora porque ela me contou sobre seu passado, não é? - Hinata acusou. - Quanta criancice, Sasuke! Achei que você fosse um homem maduro.
- Cale-se, não entende nada.
- Entendo muito bem! - Ela gritou. Depois soltou o ar, acalmando-se. - Kurenai não teve culpa, por Deus, Sasuke... - A morena pensou rápido. - Eu a obriguei a me contar!
- Ah, sim? - A expressão dele foi de pura ironia.
- Sim! Fiz chantagem com Kurenai para que ela me contasse tudo! Ela ficou com medo e não teve saída, mas agora eu vejo que agi mal, devia presumir que você descontaria suas frustrações nela também. - Sasuke bufou. -Pode descontar tudo em mim, se quiser. - Hinata sugeriu. - Mas deixe-a. Kurenai não tem aonde ir se sair daqui.
- Isto não é meu problema. - Sasuke gritou, sem olhar para Kurenai nenhuma vez. - Ela se meteu com algo que não lhe dizia respeito, não tem mais minha confiança e por isso não a quero mais aqui.
- Pois se Kurenai sair, eu saio também. - Hinata disse, abraçando a mulher pelos ombros. Kurenai soluçava, balançando a cabeça para Hinata de forma negativa.
- O quê?
- Isso que ouviu. - Hinata cerrou os olhos. - Se ela sair, eu vou junto. Afinal, nós duas estamos nesta história juntas.
- Você é minha esposa, não vai a lugar algum. - Ele disse com ferocidade.
- Pois se você insistir em mandar Kurenai embora, você não poderá me impedir! - Os olhos de Sasuke escaldaram de fúria por um momento.
- Isto não acaba aqui! - Disse ferozmente, se afastando em seguida e batendo a porta. Hinata soltou o ar, aliviada. Kurenai ergueu o rosto, lavado de lágrimas.
- S-Senhora... Muito obrigada. Nem sei como agradecer.
- Kurenai, imagine! Eu não poderia deixar ele te mandar embora. Ainda mais porque a culpa disso tudo no fundo é minha. - Hinata suspirou. - Mas não me arrependo. - Kurenai acenou com a cabeça.
- Mas... Não fique com mágoa do Sasuke. - Hinata murmurou de forma hesitante. - Ele está nervoso com isso tudo. Você conhece o temperamento dele mais do que eu, tente entendê-lo. - Kurenai deu de ombros com um sorriso.
- Claro senhora. Eu o conheço bem, sei o quanto impulsivo é. Só que desta vez ele parecia tão decidido a me mandar embora que fiquei assustada, não tenho para onde ir. Mas de qualquer forma eu não o culpo, sei que já sofreu muito. O conheço desde pequeno, por isso o compreendo. - Hinata sorriu, pegando a mão da mulher.
- Obrigada por ser tão compreensiva, Kurenai. - A mulher enxugou o rosto, e logo deu um sorriso.
- Não quero parecer alcoviteira... Mas a senhora não odeia mais o patrão como no início, verdade? - Hinata pigarreou, sem graça.
- Bem...
- Não precisa responder. - Kurenai murmurou. - Nota-se que seu sentimento pelo senhor está mudando... E eu fico muito feliz por ele ter ao lado uma mulher tão compreensiva e bondosa. É disso que ele precisa para se transformar, afinal de contas. Acho que a senhora é a esperança que falta na vida do senhor Sasuke. - Hinata não soube o que responder, por isso apenas deu um leve sorriso.
No dia seguinte, Hinata resolveu fazer uma visita aos pais. Logo cedo, se vestiu, tomou um café rápido, e aproveitando que o marido não estava em casa pediu a um dos criados que a levasse numa carruagem.
- Minha querida! - Haruki exclamou, ao receber a filha. - Hiashi, venha cá! - Chamou, enquanto abraçava Hinata. O pai da morena apareceu momentos depois, fumando um charuto, a expressão séria.
- Olá papai. - Hinata foi abraçá-lo.
- O que faz aqui? E seu marido? - A morena recuou, um pouco sem jeito.
- Sasuke está resolvendo alguns assuntos e não pôde vir comigo, papai, mas não está feliz em me ver? - Ela o olhou. Hiashi fez um gesto impaciente com a mão, dando uma tragada no charuto.
- Sim.
- Claro que ele está, meu amor. - Haruki sorriu para Hinata. - Mas venha tomar um chá conosco. Como vai a vida de casada? - Hinata acompanhou a mãe, contente. Hiashi seguiu-as logo atrás. Durante o chá, mãe e filha ficaram conversando alegremente. Hiashi só comentava alguma coisa ou outra, e somente quando Haruki lhe dirigia a palavra, ou quando ele tinha uma oportunidade de criticar Hinata.
- Com licença, vou para o meu escritório. - Ele disse em certo momento, se levantando, colocando o copo de whisky na mesinha e saindo.
- Acho que ele não está muito feliz com a minha visita. - Hinata murmurou para Haruki.
- Não diga bobeiras, Hinata. Ele é seu pai.
- Isso não quer dizer nada. - A morena franziu a testa.
Haruki balançou a cabeça e deu um jeito de puxar outro assunto banal com a filha. Decorrida meia hora, a mulher disse que precisava providenciar o almoço com os criados, e pediu que Hinata a esperasse e ficasse à vontade. Quando a mãe saiu, Hinata encarou as chamas da lareira acesa da sala de estar. Logo se levantou, e decidiu ir até o escritório da casa. Deu duas leves batidas e entrou. Hiashi estava sentado numa poltrona, de frente para a janela e observando o lado de fora. Ele olhou para trás e quando viu Hinata não falou nada.
- Posso entrar? - Ela perguntou hesitante, já fechando a porta atrás de si.
- Já entrou. - Ele respondeu com frieza, voltando a encarar a janela. Hinata engoliu em seco e se aproximou. Já estava na hora de ignorar seus medos em relação ao pai e enfrentá-lo. E aquilo seria agora.
- Não parece muito contente com minha visita hoje. - Murmurou de forma banal. Hiashi deu de ombros.
- Estou normal, Hinata.
- Sim, normal. - Ela soltou o ar. - Normal porque você sempre me tratou assim, desde pequena. Mas somente é normal para você, papai. Não para outros pais.
- Do que está falando, menina?
- Eu quero dizer que o normal é um pai amar seus filhos. - Ela respondeu distante. - Dar carinho, atenção, e querê-los bem.
- Agora vai querer dizer que eu não a trato bem, é isso? - Hinata soltou um suspiro.
- Só quero dizer que você não age como os pais normais. Você me faz sentir uma completa estranha aqui. Me faz sentir indesejada, como algo que incomoda. E me sinto assim desde pequena, papai. - Ele não respondeu, e a morena se aproximou, tocando o braço de Hiashi.
- Por quê?Por que me trata assim? Eu sou sua filha! - Hinata estava com vontade de chorar, mas estava prendendo todas as suas emoções. Hiashi voltou-se para trás, encarando a morena. Pareceu avaliar o que diria por um segundo, e logo voltou a virar para frente, ficando de costas para ela.
- Você foi um acidente. - Ele disse de repente. - Eu e Haruki não havíamos planejado você. Na época éramos muito jovens e não estávamos preparados. Eu não queria filhos tão cedo. - Ele disse em tom distante. Hinata ficou estática. - Mal havíamos casado, um filho iria atrapalhar tudo. Eu... Pedi para Haruki tirar, quando ela engravidou, mas ela não quis. - Ele confessou. Falava tudo sem olhar para Hinata, como se falasse sozinho. A morena começou a sentir os olhos arderem. - As pessoas começaram a tentar mudar meus pensamentos. Começaram a dizer que se Haruki tivesse um menino, ele seria o herdeiro e que eu poderia ensiná-lo muitas coisas. E era verdade. Aos poucos eu me animei a ter um filho. Hinata sentou-se numa cadeira, calada. - E foi aí que você nasceu. - Hiashi pela primeira vez olhou para trás e olhou no fundo dos olhos perolados de Hinata. - Tem noção da decepção que foi para mim? - A morena engoliu em seco, a garganta ardendo pelo nó que havia se formado. - Uma menina... - Ele continuou, amargurado. - Destruiu todas as minhas esperanças de poder ao menos ter um herdeiro. Você é minha maior decepção, Hinata. - Ele murmurou, sem pena. A morena ofegou, os olhos rasos pelas lágrimas, mas não ia chorar na frente do pai.
- Agora eu entendo. - Ela sussurrou. - É uma pena que eu tenha te decepcionado tanto, mesmo que sem querer, papai. - Dizendo isso, Hinata se levantou da cadeira e saiu do escritório sem olhar para trás. Passou pela sala de estar, e saiu da casa sem se despedir de ninguém. Somente entrou na carruagem que a esperava do lado de fora, querendo sair dali o mais rápido possível.
"Você é minha maior decepção, Hinata."
Aquilo martelava violentamente a cabeça da morena. Quando chegou à mansão, Hinata desceu da carruagem sem ao menos prestar atenção onde estava. Os olhos estavam marejados e sua expressão estava pálida, quase mórbida. Precisava de um lugar tranqüilo, somente isso... Entrou na mansão Uchiha, de cabeça baixa e rosto triste. Foi andando pelo jardim. Ia entrar na casa, mas mudou de idéia e foi atrás de algum lugar escondido e solitário no jardim. Logo achou um lugar escondido perto da fonte da mansão. Sentou-se no chão, pouco se importando se ia sujar o vestido, e momentos depois não segurou mais o pranto que lhe assolava por dentro. Todas as tristezas que lhe remoíam por dentro saíam através de lágrimas e soluços.
Estava com as pequenas pernas dobradas, e a cabeça enterrada entre os braços, toda encolhida, quando uma mão quente lhe tocou o ombro. Hinata estava tão mal que sequer se deu ao trabalho de levantar o rosto para ver quem era. Kurenai, talvez...
- O que foi? - Ela ouviu uma voz grossa e hesitante perguntar. Hinata se assustou e ergueu os olhos molhados para cima. Sasuke a observava, ainda com a mão em seu ombro. A morena soluçou, e percebendo que sua voz não saía, voltou a deitar o rosto nos braços. Sasuke sentou ao lado dela. Ele parecia meio incerto, Hinata nunca o vira daquele jeito.
- Que aconteceu, Hinata? - Ele pressionou. Ela escondeu o rosto nas pequenas mãos.
- N-Nada...
- Então pare com esse choro. - Ela não parou. Dava para notar que ela não conseguiria parar. De repente, antes que Sasuke pudesse reagir, Hinata se virou para ele e engatinhou até seu colo, sentando-se nas pernas dele e o abraçando como se pedisse consolo. Ela soluçou, escondendo o rosto no pescoço de Sasuke. Ele piscou incrédulo pela atitude da morena e sem saber como agir. Estava desnorteado. Ela estava procurando consolo e proteção... Com ele? Logo com quem ela odiava?
- Quero ir e-embora, Sasuke... - Ela soluçou, agarrando-se a ele como se fosse um salva-vidas. - M-Me leve d-daqui. - Ele apertou-a com força de repente, como que movido por um novo instinto.
- Deus, se acalme.
- N-Não...
- Vamos aonde quiser, até outro país se for de seu desejo, mas pare de chorar. Não suporto isso, meu anjo. - Hinata estava num pranto tão profundo, que nem se deu conta do que o marido havia chamado-a.
- Me conte o que você tem. Por que está assim? - Sasuke murmurou nervosamente, afastando-se um pouco para que pudesse pegar gentilmente no rosto de Hinata e fazê-la olhar para ele. A morena soluçou, sem conseguir falar, as lágrimas escorrendo pelo rosto pequeno e delicado.
- É que... Ahn...
- Shhh... - Ele lhe beijou os cabelos, ajeitando-a em seu colo. - Calma, estou aqui. Só me diga o que têm, pelo amor de Deus... Está assim por mim?- Ele perguntou temeroso. Hinata tentou se acalmar, balançando a cabeça. - Então por quê? - Ele insistiu, apertando-a levemente e passando o dedo pelos cabelos macios.
- Meu pai... - Com muito esforço, ela contou o que tinha acontecido entre ela e o pai. No momento o único consolo que havia em sua frente era Sasuke, e ela necessitava desabafar, pois a mágoa e a tristeza estavam corroendo-a por dentro. Quando a morena terminou de falar, Sasuke se levantou com uma expressão extremamente dura. Ela o olhou com dúvida.
- Porque está assim? Ficou bravo comigo? - Ela limpou o rosto com a mão. A expressão dele suavizou momentaneamente.
- Claro que não, porque eu ficaria? - Ele puxou-a pela mão. - Venha, vou te levar para dentro. - Hinata já tinha parado de chorar, mas ainda soluçava. Sasuke rodeou-a com os braços e levou-a para dentro da casa como se ela fosse uma porcelana. - Kurenai! - Ele gritou. A mulher apareceu alguns segundos depois, apressada.
- Senhor Sasuke? - Quando ela olhou para Hinata, emudeceu. - O que aconteceu?
- Leve Hinata para dentro, lhe dê um chá calmante, e depois volte aqui. - Ele ordenou. A morena agarrou-se ao braço de Sasuke quando ele fez menção de passá-la para frente.
- Já volto para ficar com você. - Ele a tranqüilizou. - Mas agora precisa ir com Kurenai, Hina. - Era a primeira vez que ele a chamava daquela maneira. Talvez por ele estar usando seu nome daquela forma terna, a morena relaxou. Algo no marido estava lhe passando calma e proteção, por isso, dando um último olhar para Sasuke, Hinata se deixou levar por Kurenai. Três minutos depois, a mulher regressou, encontrando um Sasuke totalmente agitado andando de um lado para outro. Os olhos estavam gelados, porém com um brilho levemente animal.
- Senhor, o que fez a ela? - Kurenai perguntou nervosamente.
- Eu não fiz nada desta vez. - Ele respondeu rudemente.
- E então...?
- O bastardo do pai dela é que fez. - Ele se virou para a criada ferozmente. Esta se assustou e andou para trás. - Teve a coragem de dizer à Hinata que ela é sua maior decepção, por ter nascido em uma hora inapropriada há anos atrás, e ainda por cima ter nascido mulher. - Kurenai tapou a boca com as mãos, indignada.
- De verdade ele fez algo assim? - Sasuke assentiu friamente. - Mas que crueldade! - A mulher balançou a cabeça. - Pois então a pobrezinha tem razão para ficar assim! Isso não se faz! Especialmente com esta moça! Senhora Hinata é a criatura mais meiga e frágil que já conheci. - Ela elevou os olhos para o patrão. - É de toda doçura e delicadeza, feri-la é a coisa mais fácil de se fazer. - Sasuke ficou quieto ouvindo. Logo, ergueu os olhos.
- Pois quem mexe com Hinata, é como se mexesse comigo. Cuide dela por mim, Kurenai. - Dizendo isso, Sasuke se virou abruptamente e saiu apressado. Sua presença poderosa abandonou a casa, antes que Kurenai pudesse impedir.
- Deus meu! - A mulher murmurou.
Sasuke esperou o criado abrir o portão da mansão dos pais de Hinata, e entrou sem pedir licença, quase atropelando o mordomo. Caminhou firmemente, e logo que entrou na casa Haruki veio ao seu encontro.
- Sasuke? - Ela sorriu. - O que o traz aqui? Se veio encontrar-se com Hinata, ela já foi.
- Não, não vim para isso. Seu marido está? - Ele perguntou brevemente.
- Sim. - A mulher franziu o cenho. - No escritório.
- Com licença. - Ele passou por ela sem mais explicações. Sasuke nem bateu na porta, simplesmente entrou de forma brusca no escritório. Hiashi estava sentado, com os braços cruzados sobre a mesa e a cabeça baixa.
- Hiashi. - Sasuke chamou de forma dura e fria. O homem ergueu a cabeça.
- Sasuke! - Levantou-se e acenou cansadamente, indo até ele para cumprimentá-lo. - Como vai? A que devemos à honra de sua presença inesperada? - Ele sorriu e estendeu a mão. Sasuke olhou para a mão do homem mais velho por um segundo, e depois avançou contra ele, agarrando-o pelo colarinho. Hiashi levou um susto pelo ato brusco e arregalou os olhos, tentando se soltar.
- Por Deus, o que te passa?
- Não, a questão aqui não sou eu. A questão é o que te passa? - Sasuke devolveu, sacudindo o homem.
- Não estou entendendo!
- Pois eu vou explicar. Olhe bem para mim e me responda seriamente, sim? - Hiashi assentiu. - Que tipo de pai tem a coragem de falar para a própria filha que ela é sua maior decepção, somente pelo fato dela não ter nascido numa hora mais apropriada, ou por ter nascido mulher? Diga com sinceridade, acha que um homem que faz isto com a única filha que tem merece respeito? - Sasuke cerrou os olhos a apertou ainda mais a gola de Hiashi. O homem engoliu em seco.
- Então aquela menina saiu correndo para lhe contar o que aconteceu?
- Ela não saiu correndo para contar a ninguém. - Sasuke o observava com frieza e desprezo. - Mas sou seu marido e tenho que protegê-la. A vi chorando com desespero e exigi saber o que havia acontecido. E o que ela me contou foi quase um choque. Eu não acreditava que pudesse haver um pai desse tipo.
- Você não sabe do que está falando! - Hiashi tentou se soltar.
- Sei perfeitamente! Porém não me interessa ouvir sua versão da história. Só vim lhe dar um aviso, Hiashi. - Sasuke subiu a gola do homem, quase o enforcando. - Hinata é minha esposa, por isso quem se atrever a fazê-la chorar vai ter que se acertar comigo. Entendo que você e ela podem ter problemas familiares, mas a partir do momento em que ela se tornou minha esposa tudo o que lhe passa é da minha conta. Por isso não me faça perder o pouco de respeito que me sobrou por você, somente por ser pai da minha mulher. - Ele o olhou com nojo. - Mude de atitude. Hinata não merece ter um pai como você. - Sasuke o soltou, e Hiashi quase caiu. - E me permita dizer: hoje ficou claro que não é Hinata a sua decepção. - Ele completou. - Você é a maior decepção para ela. - Sasuke virou as costas e saiu. Hiashi tentou se acalmar, sentando-se na cadeira mais próxima, com as palavras de Sasuke agora fixas em sua mente.
Sasuke bateu na porta e entrou. Encontrou Hinata na cama, sentada com as pernas dobradas na frente do peito e o olhar fixo na parede. Parecia desanimada, pequena e frágil. Ele se aproximou da cama e sentou-se ao lado dela. Observou-a, e logo ergueu o queixo pequeno de Hinata, para que ela o encarasse.
- Está melhor? - Perguntou suavemente. A morena assentiu.
- Tem certeza?
- Sim. - Ela sorriu brevemente. - Aonde foi? - Sasuke tirou a mão do rosto da moça e soltou um longo suspiro.
- Apenas resolver algo que estava incomodando a nós todos. Agora acho que pela primeira vez tudo vai ficar melhor. - Hinata não entendeu do que ele falava, mas aquilo lhe passou certa confiança. Por isso sorriu docemente para o marido. Ele devolveu o sorriso. Um sorriso muito leve e momentâneo, mas verdadeiro. O primeiro sorriso verdadeiro que Hinata o via dar. - Vamos descer? - Ele se ergueu da cama e estendeu-lhe a mão. Hinata olhou para a mão dele. Então assentiu e se levantou também, colocando a mão pequenina sobre a dele. Sasuke a conduziu para fora do quarto, ambos de mãos dadas.
- Hina, me desculpe, mas eu não te entendo. - Ino disse. - Há algumas semanas atrás você abominava seu marido. O odiava. Até tentou fugir dele! E agora você me diz que tudo mudou?
- Ino... - A morena sorriu. - Sasuke está diferente. Antes eu só o conhecia como todos o conhecem, de forma superficial e enganosa. Eu sempre o tomei por um homem que na verdade ele não é. Eu nunca busquei saber o porquê dele ser do jeito que é... Só quando descobri a verdade é que o compreendi. E te digo que por baixo de toda a frieza, ferocidade e crueldade, há um bom homem, mas com a alma machucada. - Ino soltou o ar, erguendo as sobrancelhas.
- Bom, se você diz... É por que deve ser. Afinal você desvendou o passado dele, e ninguém melhor para conhecê-lo do que a esposa, mas eu ainda acho quase impossível de acreditar que Uchiha Sasuke, o homem mais temido e maldoso da cidade, é na verdade um homem generoso. - Hinata sorriu e tomou seu último gole de chá.
- Eu sei que parece difícil acreditar. Eu no seu lugar tampouco acreditaria, mas agora que conheço o verdadeiro Sasuke, posso lhe dizer que é exatamente assim. Bem, mas está na minha hora, Ino. Preciso ir, pois hoje o jantar será mais cedo.
- Está bem. - A morena sorriu.
- Não precisa me acompanhar até a porta. - Hinata murmurou gentilmente. As duas se despediram, e Ino pediu que um criado acompanhasse Hinata.
A morena estava quase na porta, quando Kiba apareceu, inclinado na parede e com um sorriso malicioso. - Ora ora... Não sabia que estava nos fazendo uma visita.
- Vim visitar Ino, não você. - Hinata respondeu. Ele riu e se aproximou dela.
- Pode ir. - Ele fez um abano para o criado. Hinata assentiu e o criado saiu. Depois a morena virou-se para Kiba de queixo empinado. - Por que tanta grosseria, docinho? - Ele perguntou com um olhar irônico.
- Sem sarcasmo, por favor. Agora se me permite... - Hinata se adiantou para a porta, mas Kiba a deteve.
- Por que a pressa? Como anda o casamento com Uchiha? - Hinata apertou os olhos e se afastou dele.
- Cada dia melhor, obrigada.
- Ora... - Ele sorriu. - Não me diga que a princesa por fim se rendeu ao monstro?
- Não vou permitir que fale assim do meu marido. Sasuke não é um monstro. E é muito melhor do que você foi por todos estes anos, tenho certeza. - Hinata replicou, indignada. Kiba gargalhou com surpresa.
- Veja como o defende! Pelo que vejo se apaixonou por ele...
- Não apenas me apaixonei. Eu o amo. - Hinata respondeu.
- Mas... - Ele pareceu confuso. - Como uma moça tão jovem e bonita pode amar uma criatura tão frívola e isolada?
- Não acho que o senhor entenderia. - Hinata sorriu. - Creio que amar não consta em seu vocabulário. Eu o amo sim. Amo verdadeiro, pelo que é realmente. E não o Sasuke que todos vêem.
- E como seria o verdadeiro Sasuke? - Kiba zombou. - Não se engane moça. Eu o conheço há anos. Uchiha não tem sentimentos, apenas ódio e maldade por dentro.
- Sasuke passou por coisas na vida que você e os outros sequer sonham. Ele não é mau. É apenas um homem ferido. No fundo é generoso e possui sim sentimentos. - Hinata o olhou de cima a baixo. - Ao contrário de muitos homens que conheço. - Kiba ergueu a sobrancelha com zombaria.
- Deus meu... Realmente fico surpreso. Como pode uma beleza como você querer ficar presa a uma vida limitada ao lado de um homem como Uchiha? - Ele se aproximou. - Quando ao invés disto poderia aproveitar a vida de outras formas... - Ele a pegou pela cintura.
- A melhor forma para mim, é ao lado dele. - Hinata frisou as palavras, soltando-se. - Agora preciso ir, não posso mais perder tempo. - Hinata caminhou até a porta. Depois se virou para trás mais uma vez. - Tenho pena de Ino. - Deu de ombros e saiu, deixando Kiba chocado e irritado.
No dia seguinte, Hinata despertou um pouco mais tarde do que de costume. Banhou-se, colocou um vestido rosa escuro, e desceu para o café.
- Onde está meu marido, Kurenai? - Perguntou ao sentar-se à mesa. A mulher lhe serviu um copo de suco.
- Creio que no borboletário, madame. - Hinata assentiu, comendo uma uva.
- Depois irei falar com ele.
Quando terminou o café da manhã, a morena se levantou e foi lentamente em direção aos jardins. Aspirou o ar da manhã com um sorriso, e andou até o borboletário. Estava destrancado. Entrou calmamente no recinto.
- Sasuke? - Não houve resposta. Hinata franziu o cenho e adentrou, procurando o marido com os olhos. - Sasuke?
Ela então o viu sentado num pedaço de tronco de árvore, de frente para o quadro de Itachi. Ele observava fixamente a pintura, sem mover nenhum músculo do rosto. Hinata tocou-lhe o ombro suavemente, e Sasuke olhou para a mão branca e delicada. Depois ergueu os olhos para o rosto da esposa. Hinata viu tanta tristeza e solidão nos olhos do homem, que seu peito apertou. A morena se aproximou e se ajoelhou ao lado do marido. Ele voltou a olhar para o retrato do irmão.
- Eu estava aqui relembrando. - Ele murmurou distante. - Essa pintura é tão parecida com meu irmão, que é como eu seu pudesse vê-lo na minha frente de novo. - Hinata sorriu e olhou para o quadro.
- Seu irmão era muito bonito.
- Sim, ele era. Pelo que Kurenai costumava nos contar quando éramos menores, Itachi era muito parecido com minha mãe. Eu não me lembro porque perdi meus pais muito cedo.
- Você... Deve ter sofrido muito. - Hinata disse baixinho. Sasuke não respondeu. Parecia não querer concordar com aquilo. - Bem, você deve querer ficar sozinho. - A morena fez menção de se levantar, mas Sasuke a segurou no lugar.
- Não, fique aqui. - Hinata olhou nos olhos dele, surpresa. Então sorriu e assentiu.
- Está bem. - Ele ficou observando o retrato de Itachi por mais alguns minutos, sem dizer nada. Hinata suspirou. - Você deve sentir muito falta dele, verdade?
- Sim. - Ele concordou. - Itachi era tudo para mim. - Hinata olhou para as mãos. Não sabia se era melhor falar o que achava, ou ficar calada.
- Sabe... Pelo que Kurenai contou-me, você nunca viveu para si próprio, Sasuke. - Ela ergueu os olhos para ele. - Quando Itachi era vivo você era sua responsabilidade... Mesmo sem ser esta a intenção dele. Protegia-te de tudo, com medo de que qualquer coisa pudesse ferir-te ainda mais. Via-se na obrigação de cuidar-te, pelo fato de vocês não terem mais ninguém, e por isso nunca puderam viver a própria vida. Nem você, nem ele... - Sasuke olhou irritadamente para a esposa.
- Do que está falando, Hinata? Não fale do que não sabe!
- Não são, é a pura verdade! - Ela replicou com intensidade. - Você no fundo sabe que é verdade, Sasuke. Não pôde viver sua vida quando Itachi era vivo, e tampouco pôde viver quando ele se foi, pois se trancou numa solidão, culpando-se pela tragédia!
- Cale-se, não permito que fale de meu irmão! Eu o amava mais do que tudo.
- Eu sei. - Hinata disse com compreensão. - E por amar tanto seu irmão foi que largou suas vontades para trás, apenas para que ele pudesse ficar tranqüilo e despreocupado. Eu admiro isso em ti, Sasuke. - Ele ergueu os olhos para ela. - Acho que toda pessoa com amor verdadeiro no coração faria isto. Por isso eu sei que você na verdade não pode ser tão maldoso e frívolo como quer demonstrar a todos. - A morena murmurou. Sasuke tirou os olhos dela. - Eu sei que o verdadeiro Sasuke... O que está aí de dentro é totalmente o oposto do que todos acham. - Ela continuou. - É bom e generoso.
- Está enganada. - Ele disse de forma dura. - Sou exatamente como todos vêem.
- Não é. - Ela sorriu. - Eu sei que não é. Você só é um homem que sofreu e que perdeu as esperanças de voltar à vida, Sas. Só lhe digo três coisas. - Ele levantou os olhos.
- Sas? Você nunca me chamou assim... Quem costumava usar este nome era Itachi. - Ele murmurou. Hinata sorriu.
- Em primeiro lugar: você nunca foi o culpado pela morte de seu irmão. Tudo foi um acidente, e não havia como impedir. Em segundo lugar, nunca se esqueça disso: eu acredito em você. - Sasuke piscou, sem entender muito bem o que ela queria dizer. - E em terceiro. - Hinata pegou a mão dele ternamente, assustando-o e surpreendendo-o. - Lembre-se que agora você tem a mim, e que estou do seu lado.
Antes que ele pudesse responder, a morena sorriu gentilmente e selou-lhe os lábios, logo, se retirando. O rastro de seu perfume leve e floral ficou para trás e se misturou ao perfume das flores perto de Sasuke. Ele logo voltou o olhar para o retrato do irmão, pensativo.
Depois da conversa entre Hinata e Sasuke no borboletário, o homem se tornara muito mais ameno. Até mesmo as expressões de maldade, frieza e amargura que antes eram constantes no belo rosto dele, deram lugar a expressões mais relaxadas e leves. Estava mais generoso e calmo com todos. Até mesmo com os criados, que antes eram tratados na mais pura indiferença. "Ele mudou com todo mundo, mas comigo continua com certa frieza", Hinata pensou, observando o marido sentado numa poltrona em frente à lareira, brincando com Nikko. Ultimamente os dois estavam se dando muito bem. Com um leve sorriso, Hinata se aproximou.
- Vocês já não parecem mais inimigos como antes. - Disse baixinho, parando perto de Sasuke. Ele sorriu, sem levantar os olhos, e fez uma carícia no pêlo do gato.
- Digamos que um ergueu a bandeira branca para o outro. - Hinata riu. Sasuke ergueu os olhos risonhos para ela, mas assim que os olhares se encontraram, ele desviou e ficou mais sério. Com o coração acelerado, Hinata se aproximou para pegar Nikko no colo. Os fios lisos negros foram para frente, espalhando o perfume bem perto de Sasuke. Ele se levantou quase apressado. - Se prepare para o almoço. - Ele disse, e logo saiu da sala.
Hinata suspirou, afagando o gatinho em seus braços. Para completa surpresa da morena, o almoço não foi feito em silêncio, ou em meio há uma discussão, como era de costume. Ao contrário. Sasuke puxou um assunto que fosse do interesse da esposa, e logo ela se esqueceu de todo o resto, conversando animadamente na mesa, enquanto ambos comiam. Quando Hinata riu de uma besteira qualquer, Sasuke sorriu de leve e observou-a. Hinata era o retrato dos anjos quando ria.
- Tive uma idéia. - Ela disse afobadamente, quando dois criados lhes serviram a sobremesa. - Vamos comer os doces no jardim? - Sasuke se retraiu, parecendo se assustar com a idéia.
- No... Jardim?
- Sim! -Os olhos da morena brilharam quando ela se levantou, já embalando as sobremesas em guardanapos. - Como um piquenique! Nunca fez isto?
- Há muito tempo não faço. - Ele respondeu, com um suspiro.
- Então hoje será uma ótima oportunidade. - Ela sorriu, indo até ele e puxando-o pela mão. Quando os dois sentaram em cima da toalha que Hinata levara para o jardim, Sasuke deu um risinho irônico.
- Céus, há tanto tempo eu não fazia algo do tipo. - Hinata sorriu, animada, espalhando as sobremesas, uma jarra de suco e copos em cima da toalha. Os dois voltaram a conversar, degustando dos doces e se divertindo. Nem mesmo Sasuke percebia, mas ele ali estava relaxado e alegre como nunca estivera antes.
- Tem noção de que nos últimos minutos sorriu mais do que em todos os meses que passaram? - Hinata murmurou, brincando com a colher entre os dedos. Sasuke parou de sorrir. - Nunca perca isso. - Hinata recomendou. - Um sorriso vale mais do que mil palavras ou gestos. E devo dizer que seu sorriso o deixa mais bonito. - Ela acrescentou tímida e sem encará-lo. Sasuke riu baixinho, de forma rouca e sensual, deixando os sentidos de Hinata eriçados. - Bem, agora que terminamos vamos entrar? - Ela disse.
Quando se levantou, um vento transpassou as árvores, fazendo flores e folhas pequenas voarem de encontro à Hinata. Ela sorriu, dando um passo e estendendo uma das mãos para pegar as folhas no ar. Sasuke continuou sentado, admirando-a. Hinata parecia uma visão celestial, as faces coradas e os cabelos negros esvoaçando, juntamente com a barra do vestido. Mas ela não parecia fazer idéia de como estava angelicalmente bela naquele momento.
- Vamos de uma vez, tenho coisas para fazer na biblioteca. - Sasuke disse se levantando e pegando a toalha do chão. Hinata assentiu, com um suspiro, e acompanhou o marido de volta para dentro da casa.
- Kurenai, preciso ir à cidade fazer umas compras. - Hinata disse no dia seguinte, pela manhã, arrumando o chapéu delicado na cabeça.
- Mas... Não será melhor ir com o patrão?
- Não, ele parece ocupado na biblioteca. - Ela respondeu com um suspiro. - Melhor não incomodá-lo.
- Então vou pedir a algum criado que...
- Não é necessário. - A morena interrompeu. - Por favor, eu sei me cuidar Kurenai. Sasuke me deixa numa redoma de vidro, me sufoca. Vou sozinha, até mais tarde.
- Mas senhora!
Hinata acenou com um sorriso e saiu. Passou cerca de duas horas fazendo compras na cidade. Comprou livros, e até um presentinho para Kurenai, Ino... E algo para Sasuke. A morena enfiou a mão na sacola, enquanto se afastava da multidão na calçada. Pegou na mão o que tinha comprado para o marido e sorriu. Ia recolocar na sacola, quando alguém a agarrou brutamente por trás e lhe tapou a boca com um lenço. Hinata se debateu e gritou, mas a força da outra pessoa era infinitamente maior. Ela tentou olhar para trás, e então viu o rosto de Kiba.
- Olá, doçura. - Hinata não pôde falar nada, pois a mão do homem lhe apertava a boca. E só então começou a sentir um cheiro forte penetrando suas narinas. Tinha algo naquele lenço! Tentou gritar, fechar a respiração, mas logo seus sentidos ficaram lentos e Hinata foi caindo, sem forças.
~x~x~
To Be Continued...
Meninas, me desculpem! Sei que eu fui uma cachorra, uma imunda de não ter postado por tanto tempo! Mas eu tenho um bom motivo. Só que infelizmente hoje eu estou sem tempo para explicá-las e muito menos responder as tão amáveis reviews que vocês me deixaram. Eu estou na casa do meu vôzinho e vim aqui postar correndo porque sei que estou em dívida com vocês, minhas flores... Não sei como me desculpar. Acho que não tem perdão... /3 Mas pelo menos espero que me compreendam e eu prometo, PROMETO, que vou recompensar! Não sei como, mas vou! Abertas para sugestões :} Nesse meio tempo em que fiquei meio desativada, tive um contra-tempo com um tal de Terror dos Plagiadores. Mas eu quero deixar bem claro que não plagiei ninguém, e que é só uma repostagem da fic com as devidas alterações dos personagens. Eu terei prazer em explicar tudo no próximo chapter porque mesmo... EU NEM DEVIA ESTAR AQUI! Quero dizer que não esqueci das antigas reviews, aquelas que eu ainda não respondi do capítulo 3. Eu ainda vou respondê-las, espero _ UAHSUAHSUAS Mas quero deixar bem claro, que li todas elas, e sou grata por terem comentado, ok? Tanto as do capítulo 3 quanto as do 4 terão a devida atenção, apesar deu já ter lido-as. TODAS :X UAHSUAS Também acho justo deixar uma justificativa pra minha ausência, mas se eu ficar falando tudo aqui, meu comentário sobre a fic (a qual eu ainda não falei nada sobre ;~) vai ser maior que a dita cuja. Enfim, ando tempo alguns problemas familiares, além do vestibular estar aí, né? PRECISO PASSAR OU MEU DADDYINHO ME MATAAAAAAAAA _ Estou sob pressão ;# Mas isso não é desculpa eu sei -.-'' Um obrigada especial pra Fran-Hyuuga e para Mahara-chan que não se esqueceram de mim e me mandaram mensagens compreensivas e fofas szzzz Meninas, me fez muito bem saber que ainda esperavam por mim :}} [/emocionada. E um desculpas do tamanho do mundo pra todas as minhas leitoras. Por favor, eu sei que não mereço, mas não me abandonem ;-; Preciso da review de vocês sz E vamos fazer assim, se tiver bastante delas, eu posto o próximo capítulo atéééé semana que vem 3 Tá?
Mas falando da fic agora, eu gosto em especial desse capítulo porque tooooooda a verdade é revelada, e a gente pode ver o lado "sensível" do nosso Sasuke malvadão, super sexy, né? É! E eu acho essa derrubada de obstáculo LINDA *-* Além de tudo isso, eu tentei deixar este post do tamanho dos outros. Não sei se fui bem sucedida, mas eu tentei :X Pelo menos valeu a intenção. UAHSUAHSUAS VÁÁÁRIAS SURPRESAS NO PRÓXIMO CAPÍTULO! \o/ E meninas, acho também que será o último :/ Mas terá epílogo, eu acho. Pelo menos pretendo fazer um ^^ Um Beijo pra tooodas vocês, minhas flores :**
PS.: Desculpem meus erros de português e digitação. Tento ser o mais cuidadosa possível, mas com um capítulo tão grande, algumas coisas acabam passando ;P
PERDÃO PELA DEMORA MEUS AMORES! 3
