N.A.: Pessoas, estou postando de agora só pra que vocês tenham ataques de felicidade quando abrirem a caixa de e-mail pela manhã. *mode modesta on* Brincadeira, estou postando porque adorei as reviews e quero mais e quero saber quem quer me matar por fazer esse fim. ;D

Obrigada a todas vocês, e espero que leiam as minhas outras fics. Valeu mesmo!

Cora, obrigada por tudo!

Boa Leitura!


one look could kill

Dia 63 - Junho, 23, 2006

Mirou-a do outro lado do cômodo, os pés encolhidos debaixo do corpo, as mãos descansando perto do rosto, a respiração leve e os olhos castanhos fechados. Hermione já estava dormindo por quase um dia inteiro. E Draco, estava acordado quase o dia inteiro, observando-a, estudando-a, entendendo. Sua vida tinha propósito, sabia disso, apenas lhe faltava descobrir qual. Hermione Granger era parte desse propósito, tinha certeza, muita coisa envolvia-a, girava-a dentro do seu redemoinho vazio. O ódio que sentiam um pelo outro era o imã que os atraía; nunca poderia negar isso. Esticou-se na poltrona, cruzando as mãos por cima da barriga, apenas de calça jeans. Ela estava vestida com uma de suas camisetas, o colar enrolado no pulso, o anel no dedo.

Granger destruíra sua vida tantas vezes que não importava-se em observá-la apenas pelo fato de que queria fazer o mesmo com ela, mesmo que visse que ela era só pedaços. Piscou devagar, os olhos cinza mirando cada parte do corpo dela, decorando-a. Granger era o que ele mais odiava, sentia ferver por debaixo de sua pele quando pensava nela; mas então as cicatrizes. Passou a ponta da língua pelos lábios, soltando o ar pelo nariz com força. Lucius morrera por atacar Granger, por conseguir destruir a honra dela, por deixá-la impossibilitada de ter filhos. As cicatrizes eram finas, mas teve certeza de que ela sofrera cada pequeno segundo. A idéia de Lucius era impossibilitar que alguém como ela, pudesse ter filhos e que eles fossem como ela. Se pensasse como antes, teria concordado com a idéia; não com o ato. Agora... passou a mão pelos cabelos, bagunçando-os.

you're poison running through my veins

Draco sabia que agora o único que poderia machucar Granger era ele, mas ninguém teria direito de fazer isso. Levantou-se, seguindo até a cama, deitando-se ao lado dela. Não importava quanto ódio, quanta raiva, quanto desespero e violência fizessem o mundo girar, ele nunca deixaria nada disso atingir Granger; a não ser que saísse de si mesmo. Granger somente poderia sofrer, se fosse por sua mão. Deitou-se, puxando o corpo dela para junto do seu, encaixando-a em si. Cheirou o pescoço dela, fechando os olhos, sentindo-a mover-se brevemente e voltar a dormir. Segurou a mão dela que tinha o anel, entrelaçando seus dedos; Granger não tinha idéia do que aconteceria com seu mundo a partir daquele momento.

Abriu os olhos castanhos, apertando a mão dele contra a sua; Draco também não tinha idéia do que aconteceria no mundo dele.

I wanna hurt you just to hear you screaming my name


can't patch that back and as for me, I can't believe

Dia 94 - Julho, 24, 2006

"Tem certeza?"

"Absoluta."

"Sabe bem que isso nunca dará certo."

"Sabe bem que eu não quero que dê certo."

"Hermione, esse será o maior erro de sua vida."

"Não, o maior erro foi realmente ter achado que seria feliz amando alguém."

Ginny girou os olhos, observando Hermione sentada na poltrona marrom em seu consultório. Já fazia mais de uma hora que Hermione entrara ali, surpreendendo-a. Balançou a cabeça, achando absurdo tudo que a morena lhe contara, onde estivera nos seis dias que desaparecera. Ginny tinha idéia de que Hermione e Malfoy poderia ficar juntos de algum modo, mas nunca achara que seria daquele modo; muito menos pelo motivo que decidiram. Mas entendia, compreendia como duas mentes forjadas em ódio, poderiam se unir. E eles não conseguiriam mais ficar longe um do outro, seria impossível. Por isso quando Malfoy lhe pedira o endereço de Hermione, dera. Por isso quando Harry quis ir atrás de Hermione, esperá-la na casa dela impediu. Por todas as vezes que conseguira juntar as duas mentes, os dois ódios, sabia que o fim seria esse; só imaginava que o sentimento mudasse algum dia.

"Sabia que Ron e Harry vão acabar por matar você ou o Malfoy, não?"

Hermione girou o anel no dedo direito, sorrindo fracamente. Sabia bem que Ginny não aceitava o que estava fazendo, mas entendia. Malfoy era parte do ódio entrelaçado a seu sangue, não poderia livrar-se dele, não poderia viver sem ele. Não mais. Nunca tocaram no assunto das cicatrizes, nunca conversaram sobre o ataque, nem sobre as dores, os medos, os sentimentos - além do ódio -, mas conversavam sempre sobre a liberdade. A liberdade de Azkaban, do mundo, de seus anseios, de sentimentos como amor. Hermione tinha idéia da vida que teria, tinha idéia do modo como queria viver. E viveria. Draco viveria ao lado dela; o ódio dele era do mesmo modo que o dela, movia-o. Sem o ódio, eles já não eram nada.

"Ele vai trabalhar nas antigas poções de Snape."

"Eu soube." Ginny sorriu feliz por Malfoy estar a fazer algo. "E seu curso na Universidade Muggle?"

"Fiz a matrícula, começo em alguns dias." Sorriu um pouco mais feliz, aquilo era o que queria. Viu Ginny sorrir satisfeita disso. Era bom ver novamente o sorriso no rosto dela. "Achou que chegaríamos aqui?"

everybody's got their problems

"Não." Foi sincera, recostando-se em sua cadeira, pensando em tudo que passaram. "Achei que não faríamos nada. Mas fizemos algo, machucamos Malfoy, lidamos da pior forma com a raiva e o ódio que sentíamos por ele." Pensou alguns segundos antes de falar, passando a ponta da língua por seus dentes. "E você cumpriu o que havia prometido para si mesma, quebrá-lo o máximo que conseguisse."

"Mas..." Conhecia a ruiva o suficiente para saber que haviam mais palavras que queria deixar aquela boca.

"Esse ódio, essa raiva, achei que você apenas usaria isso. Não achei que conseguiria tornar isso seu dia a dia."

"Tornei meu dia a dia, porque já era. Por sete anos eu só vivi isso, Ginny. Malfoy, o mesmo. Somente sabemos nutrir ódio, e..." Respirou fundo olhando fundo dentro dos olhos verdes dela. "Estou bem com isso. Estamos bem com isso."

"Espero que sim." A ruiva sorriu.


"Onde estava?"

"Conversando com Ginny." Respondeu assim que entrou pela porta, olhando-o sentado na cadeira da cozinha, a luz parcialmente apagada. Hermione conseguia ver que sua casa ficava melhor com ele ali. "Ela quase morreu quando contei que estava morando aqui." Deixou a bolsa, o casaco e as botas perto do sofá, olhando-o de canto de olho, vendo-o mirá-la sério.

stand back to see what's going on

"Parece um maldito casamento."

"Nunca será um casamento." A convicção na voz dela fez Malfoy sorrir pelo canto da boca. Granger nunca casaria com ele, assim como ele nunca pediria. Não amavam-se, não poderia querer aquilo.

"Eu deveria matá-la." A frase pairou no ar por alguns minutos, Hermione terminava de tirar a bota quando ele disse isso. Olhou-o com seus olhos castanhos claros, os cachos cortados na altua dos ombros balançando. Mirou-o séria.

"Acha que conseguiria?"

"É um desafio?" Sentiu o sangue borbulhar e levantou-se; Granger divertia-se ameaçando-o em matá-lo antes que ele pudesse matá-la. A viu levantar as sobrancelhas rapidamente, dando-lhe a resposta. "Quer que eu a mate?"

Aproximou-se, suas mãos segurando-a pelo pescoço. Viu-a apenas levantar a cabeça, dando-lhe acesso, permitindo que fechasse os dedos, a privasse de ar, a matasse; como fora seu plano meses atrás.

Mirou os olhos cinza à sua frente. Malfoy poderia matá-la, mas nunca o faria, aquilo eliminaria a única coisa que ele tinha no mundo, o único sentimento que ele ainda sentia em si. Sentiu seus dedos gelados fecharem-se devagar contra seu pescoço, fechou os olhos, a boca abrindo-se pelo movimento da cabeça inclinada e esperou. Esperou pelo fim que nunca viria, esperou pela dor que nunca sentiria, esperou pela escuridão que sempre seria clara. Malfoy nunca a mataria. Assim como nunca mataria Malfoy.

"Olhe pra mim." Sua voz era baixa, odiava vê-la entregue. Viu duas fendas castanhas lhe mirarem por debaixo de pálpebras semi-abertas. "Ainda acredita que nunca poderia matá-la?"

Draco sabia que a resposta sempre seria a mesma, até o fim. O fim da vida, onde alguém morreria primeiro, e o outro seguiria, vazio. Sentia a pele quente dela por debaixo de seus dedos, as veias bombeando sangue por debaixo de suas palmas, os cachos a roçarem nas costas de suas mãos. A boca vermelha entreaberta, convidativa. Teria Granger para sempre, lembrando-a de tudo que destruira a vida dela, tudo que despedaçara cada sonho que um dia ela tivera. Tinha prometido aquilo no dia em soubera a verdade, e levaria a promessa até seu último segundo de vida. Granger fazia o mesmo, e nunca desistiria também. Eles não eram dignos de amor, não queriam amar. O ódio nutria suas mentes e corpos, para eles, era o suficiente.

"Mate." A voz dela era baixa, sincera. Nunca. "Me mate, Draco."

"Repita." Roçou seus lábios aos dela, sentindo-a estremecer.

why do things that matter the most

never end up been what we choose

"Me mate, Draco." As mãos dele fecharam-se mais contra seu pescoço, mas não a machucavam. "Mate, Draco. Me mate."

Roçou novamente seus lábios aos dela, puxando-a para perto de si, escorrendo suas mãos do pescoço para a nuca, segurando os cachos que estavam no caminho, prendendo-os por entre os dedos. Empurrou-a na parede mais próxima, ouvindo as costas dela a fazerem contato com a madeira, os olhos ainda eram fendas castanhas. Sorriu; os dedos quentes dela corriam suas costelas. Estava sem camisa, como normalmente ficava, mostrando as cicatrizes que ganhara no último mês perto dela. Hermione orgulhava-se de cada uma delas. Draco orgulhava-se de cada marca do canino que deixara na pele dela.

"Me mate, Hermione. Seja mulher."

Ela sorriu devagar, fraco, apenas por ouvi-lo dizer que ela poderia matá-lo se quisesse. Que a qualquer momento poderia sufocá-lo com o travesseiro, envenená-lo, esfaqueá-lo; qualquer coisa. Buscou os lábios dele, correndo as unhas curtas pela pele dele, ouvindo-o gemer nervoso. Era o ódio. Era tudo que precisavam. Além de um ao outro, o ódio era o que os completava.

"Morre comigo?" Ela perguntou, Draco apenas mordeu o lábio inferior dela, sangrando-o.

"A cada maldito dia."

complication's headed first in this line


these feelings will be gone

Dia 248 - Dezembro, 25, 2006

"Eu te odeio."

Bam!

Sangue, bala, corpo manchando o tapete. Observou atentamente enquanto via a vida esvaindo-se do corpo inerte no chão. Os olhos abertos, a boca entre-aberta deixava apenas um filete de sangue sair. A mão direita segurava uma rosa vermelha, o peito exibia o fio de prata e o anel de memória. Engoliu em seco, passando a mão livre pelo rosto e pelos cabelos. Jurara que se houvesse batidas de coração diferente, era o fim. E houve. As batidas do coração, de ambos, foram diferentes ao olharem-se enquanto estavam juntos na cama. Enquanto sentiam os corpos se satisfazendo.

Amor. Mais. Liberdade.

Fechou os olhos, os joelhos batendo no chão, a boca abrindo-se e a vontade de atirar novamente puxando mais uma vez o gatilho, acertando o corpo já morto. Engoliu em seco, mais sangue brotando do ferimento, dessa vez manchando a camisa branca. Mordeu o lábio, machucando-o. Sabia que o fim era seu. Sem seu ódio, o fim seria aquele. Amor não os faria viver, amor não os alimentaria. Não. Nunca deixaria que o amor destruisse o que tinham. A liberdade que nunca pediram, mas sempre tiveram de matar o outro agora mostrava-se ali, no cano da arma e nas balas cravadas no corpo inerte no chão da sala.

Engatinhou até a rosa na mão direita, puxando-a e colocando-a debaixo do nariz, sentindo seu perfume misturado à polvora e sangue. Olhou o corpo à seu lado, mirando aquele rosto; sua decadência, sua morte, sua liberdade e seu ódio. Ajoelhou-se, inclinando o corpo e tocando os lábios contra os seus, sentindo-os frio; para sempre frios. Nunca seria amor, sempre seria ódio. Afastou-se e enquanto olhava ao redor e logo após para o corpo morto com o sangue a correr os vãos das madeiras do piso da sala, encharcando o tapete antigo, pensou que talvez o mundo estivesse apenas mostrando-lhe que isso fora inevitável. A morte deles era inevitável.

"Odeio você também."

i'll stop it somehow

Passou a ponta da língua pelos lábios, seus olhos a mirarem o rosto no chão, a mão com a arma pequena e com apenas cinco balas restantes; precisaria apenas de uma. Respirou fundo, vendo o peito subindo rápido, mas nunca vendo descer. Bam! Mais um disparo, mais uma bala. Mais um sangue. O corpo de Draco caiu por de cima do de Hermione, os fios loiros manchando-se com o sangue puro dele. E os vãos de madeira manchavam-se com o sangue de ambos agora. Ao longe sirenes eram ouvidas, a polícia muggle aproximava-se; porém, nunca saberiam que aquele casal morto na Old Queen Street, número 20, não fora um crime de violência, um homicídio-suicídio. Eles nunca saberiam que aquilo fora a libertação. Ninguém nunca saberia que Hermione chegara com a rosa na mão dizendo que o fim era naquele dia, e que ela entregara a arma para ele. Ninguém saberia que Draco deixara uma lágrima riscar seu rosto claro demais antes de atirar nela. E ninguém saberia que Hermione levara o tiro no peito sorrindo. Ninguém saberia que eles, finalmente, ganharam a liberdade, pelo ódio.

I'm ready

heart stops

Fim.


Traduções:

Tarja Turunen - Poison

Um olhar poderia matar

Seu veneno correndo pelas minhas veias

Eu quero te machucar só para ouvir você gritar meu nome

Sum 41 - The Hell Song

Não consigo remendar e eu não consigo acreditar

Todos tem os seus problemas

Dê um passo pra trás e veja o que está acontecendo

Por que as coisas mais importantes, nunca dão certo

As complicações são as primeiras dessa fila

Korn - Alone I Break

Estes sentimentos irão embora

Vou parar isso de alguma maneira

Estou pronto, coração parado.



N.A.: Amores, cá está a lista das músicas que usei na fic, caso vocês queiram baixar alguma - ou como recomendo - todas! Bjos

Placebo - Running Up That Hill

30 Seconds To Mars - The Kill

Garbage - Bleed Like Me

AFI - Miss Murder

Nightwish - Master Passion Greed

After Forever - Equally Destructive

Flyleaf - Again

Metallica - I Disappear

Lacuna Coil - The Game

POD - Sleeping Awake

RED - Death Of Me

Within Temptation - What Have You Done?

Linkin Park - Lying From You

Nickelback - Figured You Out

Flyleaf - The Kind

Limp Bizkit - Build A Bridge

Paramore - Brick By Boring Brick

Tarja Turunen - Poison

Sum 41 - The Hell Song

Korn - Alone I Break.