Capítulo um
-Um visitante inesperado-
1. -
-Gina... Tudo vai ficar bem com o seu pai. - reconfortou Hermione ao notar o semblante ainda triste da caçula Weasley.
Todos haviam acabado de chegar do St. Mungus, onde Arthur Weasley estava internado depois do ataque que sofreu no Ministério da Magia.
-Eu sei Mione. -Gina falava baixo. Estavam reunidos na grande sala de Grimmaud, depois de uma farta ceia de Natal. -É só que é meio estranho passar o Natal sem meu pai. - confidenciou dando um pequeno sorriso triste.
-Bom... Os próximos terão a presença garantida do seu pai. - animou a garota de cabelos cobreados.-Agora acho melhor você ir descansar, está com terríveis olheiras.
Gina assentiu e subiu as escadas. Depois da partida da amiga Hermione observou a sala. Remo havia chegado pouco depois do jantar e agora ria ao lado de Harry e Rony equilibrando o prato cheio que a Srª Weasley lhe servira, ele parecia mais moço e menos cansado do que no ano retrasado. A grifinória ainda estava submergida na surpresa de ver seu antigo professor de defesa contra as artes das trevas bem quando um estrondo ressoou pela antiga casa dos Black.
Lupin levantou-se imediatamente e correu pelas escadas.
-O que foi esse barulho?Será algum intruso?- indagou Rony.
-Veio da biblioteca. -Hermione levantou-se segurando a varinha firmemente.
-Sirius estava lá. -Harry correu atrás de Lupin sendo seguidos pelos amigos.
2. -
Hermione apertou a varinha inconscientemente ao entrar no aposento logo depois dos amigos. Remo tinha adquirido uma postura de ataque, mas observava a figura escura que era imobilizada por Sirius no chão. Tudo parecia sobre controle. Sirius tinha imobilizado o invasor e mantinha sua varinha contra o seu pescoço de forma ofensiva.
-Como você entrou aqui?-rugiu o homem empurrando a varinha com mais força contra o pescoço exposto, a única parte que podia ser vista da figura estranha já que o sobretudo negro cobria todo o seu corpo e o seu rosto era encoberto por uma máscara prateada de comensal.
-Ora... Pela porta. - a voz saiu rouca, mas todos na sala perceberam que se tratava de uma mulher. - Bem Sirius... Eu não tenho muito tempo e é melhor você sair de cima de mim. Isso não é o jeito de se tratar uma dama.
-Uma dama?Uma comensal você quer dizer. -resmungou o moreno com rispidez. -Mostre seu rosto!Não se esconda por trás de uma máscara. -ordenou.
A mulher soltou um suspiro exasperado e Hermione olhou curiosa para a figura. Estranhamente a sua voz lhe parecia familiar e uma curiosidade amarga lhe ordenava se aproximar e ver o rosto daquela desconhecida que parecia conhecer o padrinho de Harry. A mulher tirou a máscara, contudo só Sirius podia ver seu rosto então Hermione se fixou no semblante do homem. Inicialmente seu rosto se contraiu num gesto de admiração que logo foi substituído por um de desconcerto para finalmente reinar surpresa.
Hermione olhou de esguelha para Harry e Rony que também observavam a expressão de Sirius.
-Hermione?- a pergunta saiu de forma fraca e vacilante dos lábios do antigo maroto.
A garota olhou nervosa para Sirius, mas ele ainda tinha o rosto fixo na mulher encapuzada.
-Garotos... Desçam e chamem Molly e peçam para ela achar Dumbledore. - a ordem partiu de Remo.
Harry suspirou derrotado, queria ficar e ajudar o padrinho caso houvesse algum problema. Já ia se retirar com os amigos quando o farfalhar de vestes no chão anunciou que a mulher havia se levantado.
-É melhor irem rápido. Tenho poucas horas e... A presença de Severo é imprescindível. - exigiu a mulher.
Os garotos saíram mais Hermione virou-se indecisa. A mulher tinha recolocado o capuz e sua face era encoberta por uma fina escuridão. A garota sentia uma conexão com aquela desconhecida e isso a assustava.
-Hermione, acompanhe Harry e Rony. - a ordem tinha saído como uma sugestão da voz de Sirius Black. –O que você acha?Precisa dela?- Sirius interrogou a desconhecida relanceando os olhos para Hermione.
-Não. É melhor que ela não saiba de nada.
3. -
-Quem será?- pela décima vez Rony interrogava os amigos e novamente um pesado silêncio acompanhou a pergunta. –O que ela tem a haver com você Mione?- continuou o ruivo passeando pelo quarto sendo observados pelos amigos.
-Eu não sei... Não sei por que ela disse aquilo. Não sei por que Sirius pensou em me deixar assistir a reunião. - Hermione suspirou irritada. Sempre era boa deduzindo e desvendando mistérios, porém dessa vez nada fazia sentido. Dumbledore, Snape e Molly haviam entrado na biblioteca com os outros fazia já algumas horas.
-Será que ela é mais uma espiã para a ordem?Como Snape?- sugeriu Harry pensativo. Voldemort havia dado as caras no ano passado, no torneio Tribruxo e desde então deveria estar juntando aliados e serviçais... Acumulando forças. A ordem da fênix também vinha agregando novos membros... Talvez tivessem conseguido mais um espião dentre as filas de Lord Voldemort.
-É a única coisa que faz sentido.
Rony concordou imediatamente.
4. -
O escritório de Dumbledore resplandecia com enfeites natalinos alegres e na decoração reinava as cores sonserinas e grifinórias. Snape olhou irritado o ambiente, provavelmente o diretor fizera de propósito, fazia anos ele o recriminava pela sua falta de tato com os grifinórios e essa devia ser sua forma cautelosa de mostrar que os inimigos mortais do castelo podiam fazer uma boa combinação.
-Alvo? Algum problema?- Severo Snape indagou depois de ter passado vários minutos sobre o olhar curioso do diretor de Hogwarts. - Eu estava corrigindo as últimas provas dos terceiranistas e estava me divertindo com as absurdas respostas. - um sorriso irônico adornou o rosto pálido e grave do mestre em poções.
-Ah, Severo! É Natal!- Dumbledore sorriu amigável. –Queria te tirar daquela masmorra, você deveria ir comigo a Grimmaud. Aposto que Molly fez aquela torta deliciosa de Limão e abóbora e...
-Você me retirou dos meus deveres com o propósito de me convidar para a Ceia de Natal na casa de Sirius Black?- interrompeu o homem irritado.- Já convivo os semestres inteiros com Potter e seu grupinho enfadonho, não preciso deles também no Natal.- terminou com rispidez mas ao ver o sorriso ainda alegre do diretor suspirou derrotado.
Snape sabia que tinha diante de si um grande Mago, contudo às vezes o diretor de Hogwarts se comportava como uma criança pretensiosa e cansativa. O velho sabia que ele não era dado a comemorações, além disso, a última pessoa que os Weasley e Black desejariam um feliz Natal seria a ele, um sentimento mútuo, diga-se de passagem.
-Ora Severo. Você é um importante membro da ordem. Não entendo essa antipatia. Depois de tantos anos lutando pela mesma causa.
Dumbledore observou atentamente o olhar incrédulo de Severo Snape. O homem a sua frente lhe inspirava confiança, ele havia perdido muito com os erros do passado, mas já havia pagado por eles... Há muito tempo Severo sofria com a carga de suas decisões juvenis.
-Sabe...
O diretor foi interrompido novamente, dessa vez pela aparição de Molly Weasley na sua chaminé.
-Molly, querida. -sorriu para a matriarca, mas ao ver seu rosto apreensivo adotou um olhar sério. –Algum problema com Arthur?
-Não... Precisamos de você e também de Snape. - olhou para o homem de cabelos escuros de forma cautelosa, um hábito de anos. -Uma comensal apareceu em Grimmaud.
5. -
Snape suspirou derrotado ao por o pé na Sede da ordem da fênix, pensara inicialmente que aquela história de comensal era uma tentativa lunática de Alvo para obrigá-lo a participar das comemorações natalinas, entretanto o olhar assustado de Molly Weasley não podia ser atuação. Além disso, a casa estava aparentemente deserta.
-Onde está Potter?- interrogou depois de notar a ausência do garoto-que-sobreviveu. Afinal, era de se esperar a sua presença já que o grifinório estava sempre se metendo em tudo.
-No quarto, com Rony e Hermione. São apenas crianças, não deveriam nem estar num mesmo lugar que uma comensal.
Finalmente entraram na biblioteca se deparando com os antigos marotos e a comensal. Snape franziu a testa ao ver o porte relaxado de Sirius e Remo. Sempre os achou inúteis, mas qualquer imbecil ao menos estaria ameaçando a intrusa com a varinha. Eles, no entanto, estavam sentados confortavelmente como se acabassem de tomar o chá da tarde.
-Bem... Uma comensal?- Dumbledore se aproximou curioso. Havia notado o comportamento dos homens e havia deduzido que a mulher não representava perigo imediato. -O que deseja comigo... Srª...
-Senhorita. - a voz feminina tinha um suave toque rouco sedutor. A mulher se aproximou dos recém chegados e baixou o capuz escuro revelando enfim a sua identidade. -É verdade que estou agora com 28 anos, porém não acho que tenha mudado tanto.
-Hermione Granger?- Alvo parecia impressionado, algo pouco usual.
-Vim do futuro.
Nesse momento todos ficaram aturdidos. Frente a eles havia uma linda mulher de rosto assombrosamente encantador e de selvagens cachos castanhos cobreados que afirmava ser Hermione Granger... A melhor amiga de Harry Potter. Snape a observou detalhadamente, de fato ela conservava traços da sua aluna sabe-tudo. Os grandes olhos dourados eram os mesmos embora na mulher uma sombra parecesse encobrir o fulgor dos alhos adolescentes... Pareciam olhos de quem já havia visto muito sofrimento. Snape continuaria seu estudo sobre as similaridades entre as duas "Hermiones" quando seus olhos encontraram os da intrusa, uma chama de vida relampejou nos olhos da mulher, mas logo sumiu.
-Severo... -um pequeno sorriso adornou os lábios rosados. -Fico feliz de ver você pelo menos mais uma vez.
O professor de poções franziu as sobrancelhas, não estava acostumado com pessoas o tratando com tamanha intimidade. Apenas Alvo se referia a ele pelo seu primeiro nome. E Hermione Granger parecia ser uma das últimas pessoas que poderiam lhe chamar assim. Sempre imaginou que depois de formada a garota continuaria a lhe chamar professor assim como constantemente fazia com Lupin, apesar dele não dar mais aulas a ela e seus amigos.
-E você virou uma comensal?Que surpresas nos revelam o futuro. -Snape comentou sarcástico ignorando o cumprimento da ex-aluna.
A castanha continuou a o olhar durante longos segundos e com um suspiro cansado virou-se pra Dumbledore.
-Eu não sou uma comensal. Simplesmente é mais fácil transitar pelo mundo mágico com essas vestes. Principalmente quando se está se escondendo de Lord Voldemort. -virou e se sentou numa cadeira inclinando a cabeça levemente. -O mundo mágico virou um caus. Harry não venceu você-sabe-quem e morreu quando eu tinha vinte e três anos. A Ordem se extinguiu lentamente, com a morte de Harry findou-se a esperança do mundo mágico. Eu... Fui a única que sobreviveu da ordem.
-O quê?Harry vai ser morto por você-sabe-quem?- Sirius interrompeu aterrado. -Eu não impedi?
-Não Sirius. Você não podia impedir nada. -Hermione deslocou um cacho para trás da orelha e apoiou a mão nas bochechas. -Você morreu quando eu estava cursando meu quinto ano. Bem, acho que cheguei a tempo de impedir isso. -terminou sem emoção.
-Hermione eu sei que deve ser duro tudo o que você sofreu, mas é perigoso mexer com o tempo. Você não deveria estar aqui. -Alvo se aproximou da mulher. Apesar de adulta ainda a via como a estudiosa garotinha de 11 anos que entrou em Hogwarts.
Hermione lançou um olhar duro ao seu antigo diretor. Seu rosto oval se tingiu de um tom rosado.
-Eu fiz o que acreditei ser o certo, ou você acha que a destruição do mundo mágico é a solução para todos?Voldemort não só derrotou Harry como também se apoderou do Ministério da magia e todos os nascidos trouxas e até mesmo os trouxas estão sendo lentamente exterminados. -a mulher exalou um suspiro cansado.
-Não importa. -o tom grave na voz do professor de poções chamou a atenção de Hermione. -Existem leis de harmonia mágica, você quebrou o equilíbrio vindo para o nosso presente. Você diz que fez isso pelo mundo mágico. Na verdade não seria por você Srtª Granger?...O medo de viver na solidão, se escondendo, foi o verdadeiro motivo de ter vindo.
-Cale a boca seu morcego velho. -Sirius o recriminou irritado. -Nenhum de nós ficaria de braços cruzados no lugar dela.
Hermione observou os dois homens e não pode controlar o riso. O som a surpreendeu, fazia muito tempo que não escutava sua própria risada.
-Você acha que eu fiz isso por mim?Que eu sou egoísta?- a castanha riu novamente um pouco histérica. -Eu fiz meus sacrifícios Severo, perdi e dei muito para que o fim fosse o reinado do Lord das trevas.
-O que está fazendo Hermione?- Molly se aproximou um pouco cautelosa. A mulher a sua frente parecia descontrolada e um tom febril adornava suas bochechas enquanto ela tirava o casaco e logo depois o agasalho azul revelando a pele perolada e os seios simetricamente arredondados e cheios. -Ah!Por Merlim! O que aconteceu com você criança?
A pele leitosa da mulher estava repleta de meias luas como cicatrizes antigas, elas cobriam todo o tronco e braços a mostra e provavelmente todo o resto do corpo. Os seios, porém, ainda protegidos pelo sutiã, pareciam ter cicatrizes mais recentes. Aparentemente só o seu rosto parecia livre das marcas.
-Mordidas. -deu de ombros.
-De quê?-Remo a olhou preocupado.
-De quem, você quer dizer. -Hermione recolocou a roupa olhando de esguelha para Severo Snape. -Nenhuma poção serve para retirar as cicatrizes... É uma mostra de poder, sabe?Voldemort gosta de marcar o que é seu.
NOTA DA AUTORA:
E aí?O que acharam?Essa fic merece continuação?É a primeira vez que escrevo uma fic com esse casal e espero não decepcionar... Vai ter muita ação!
