Epílogo

O vento batia levemente em meu rosto. Eu fechava os olhos ao contato. Gostava dessa sensação, sempre a apreciava quando eu tinha um tempo para mim. Meu corpo estava deitado de forma leve na cama de casal. Os raios de sol, agora mais presentes devido ao lugar onde estávamos, batiam no meu braço, fazendo minha pele cintilar ao contato.

Eu apreciava o sol também, mesmo que eu soubesse que a sensação não era a mesma de quando eu era humana, eu gostava de senti-lo entrar por cada poro do meu corpo. Isso me lembrava Renée, e quando eu morava com ela, há cinqüenta anos.

Sentia falta da pessoa que eu chamava de mãe, e de Charlie também. Infelizmente as perdas das pessoas que convivemos e amamos na vida humana eram conseqüências da vida que eu havia escolhido.

O vento continuava a soprar no meu rosto quando eu o inspirei profundamente, sentindo o leve cheiro da grama. Mesmo que o sul fosse teoricamente um pouco mais quente do que os locais que eu já tinha vivido, eu gostava daqui, e meu corpo não sentia as conseqüências da temperatura elevada.

Meus pensamentos correram por toda a minha vida humana, um costume que eu havia ditado ao me encontrar sozinha. Meu cérebro viajava pelas lembranças, e pousou em uma em específico: a primeira vez que Jasper me tocara.

Não era uma lembrança ruim, e sim um marco na minha vida. Eu agradecia todos os dias pela ousadia do vampiro, senão nunca estaria onde estava. Claro que Jasper era ousado mesmo quando não precisava, como quando expulsou Michael do meu antigo apartamento do Alasca. O garoto só queria saber o motivo da Isabella Swan que ele conhecia ter pedido transferência da faculdade, não precisava ter traumatizado o menino.

Sorri, mas depois meu sorriso se esvaiu. Algumas lembranças da minha vida humana conseguiam voltar à tona nos momentos mais incertos. Jasper me estuprando era uma delas, e mesmo assim eu não conseguia deixar de amá-lo. Agora eu entendia perfeitamente a situação dele na época. Eu, uma vampira, nunca conseguiria me controlar se Jasper me negasse algo carnal.

Sorri novamente, a imagem de Jasper no Alasca assaltando minha mente. A surpresa que me tomou no momento que corri meus olhos pelo vampiro, constatando que nunca ficaria livre dele. Ele tinha ido até lá. Até mim.

Suspirei e fechei os olhos, abrindo meus sentidos. Algo me dizia que Jasper estava por perto, mas não o suficiente para que eu o visse.

O pedido do vampiro, feito há anos, havia sido outra surpresa para mim. Voltar a morar no sul, um lugar onde o sol era rotina. Mas morávamos em uma casa isolada, o que deixava um espaço grande para que ficássemos à vontade.

Perguntei-me mentalmente se havia feito a escolha certa. Torna-me vampira, abandonar o Alasca, ter deixado minhas ausências em datas comemorativas cada vez mais freqüentes. Suspirei novamente e abri os olhos.

No momento em que duvidava das minhas escolhas, eu escutei um barulho vindo de dentro da casa. Sorri e me virei, sabendo que ele estaria ao meu lado. Jasper estava em frente a mim, de pé. Usava uma calça jeans, que no momento estava imunda de terra, o peito estava nu, mas impecável. O chapéu característico era uma marca presente em quase todos os dias agora.

Sabia que Jasper estava andando a cavalo, como ele adorava fazer. Seu dom o ajudava nisso, não deixando o bicho fugir. A velocidade do animal, mesmo inferior à dele, era uma das poucas coisas que acalmava meu vampiro, deixando-o paciente com tudo.

Realmente eu havia descoberto muita coisa de Jasper nos últimos cinqüenta anos.

O vampiro retirou o chapéu, deitando-se ao meu lado. O cheiro de terra e hortelã chegou ao meu nariz, fazendo-me arrepiar. Poderiam se passar mais cinqüentas anos, o cheiro de Jasper sempre conseguiria me entorpecer. Senti os dedos do vampiro deslizarem pelo meu braço, no mesmo momento que Jasper se inclinava e beijava o meu pescoço. Eu senti sua excitação também.

Abri meus olhos e percebi que os dele estavam se tornando carmim turvo, escurecendo-se à medida que os dedos dele passavam pela minha pele. E no momento que eu o fitei diretamente nos olhos, eu tive a certeza de que havia tomado a decisão correta.

- Eu amo você.

Disse sem conseguir me conter. O vampiro sorriu, lambendo meu pescoço e mordendo-o com leveza.

- Eu também te amo.

Fechei os olhos ao sentir a pressão do corpo de Jasper aumentar sobre o meu.

- Eu te amo muito.

Jasper apertou minha cintura, trilhando beijos por toda a extensão do meu pescoço, intercalando com chupões.

- Eu também te amo muito, mas se você não calar a boca, vou ter o que quero à força.

Eu ri, sem pensar nas conseqüências. Meu vampiro conseguia ser autoritário quando queria.

- Eu não tenho medo de você.

Provoquei-o, sabendo o que viria a seguir. Jasper intensificou o aperto na minha cintura, quase me machucando.

- Pois deveria ter.

Disso eu sabia. Mas não conseguia negar nada a ele, e para dizer a verdade, eu o queria da mesma forma, na mesma proporção. Eu nunca deixaria de desejá-lo.

Jasper poderia me ter como quisesse, como já fez várias vezes, até mesmo à força, como já fez uma vez. Pensei, no momento que as mãos fortes do vampiro rasgaram o meu vestido fino.


Nota da Autora:

É, acabou! . Parte de mim não queria que isso acontecesse, porque eu amo essa fic, a outra parte queria, porque agora vou poder me dedicar a The Tracker, minha nova Demetri/Bella. Gostaria de agradecer a todas as pessoas que acompanharam essa fic desde o começo, agradecer as pessoas que começaram a acompanhar agora, e agradecer a todos pelos comentários. Obrigada! Muito obrigada!