Disclaimer: Naruto não me pertence obviamente. Kakashi-sensei me pertence obviamente.

Boa Leitura:

OoOoO

Tô de saco cheio de mim

Tô de saco cheio de você

Andando pelas ruas e eu mal te conheço

Parece que fomos feitos um para o outro

De mãos dadas com você enquanto estamos fora essa noite...

Mas isso é apenas o começo

Nós já estamos molhados então vamos andando...

(Why Can't I Breath, Lilix)

OoOoO

Ela respirou fundo varias vezes tentando acalmar o ritmo frenético do seu coração. Os olhos translúcidos buscaram na multidão algum rosto conhecido, o nó em seu estomago pareceu aumentar quando ela descobriu que estava sozinha. O pai não viera, nem mesmo a irmã parecia ter se lembrado daquele dia... O nariz começou a arder, uma sensação muito conhecida, ela desviou o rosto tentando conter as emoções que estavam ameaçando naquele momento o trabalho que o maquiador lhe fizera. Sentia-se tão estúpida, uma vontade imensa de sair correndo daquele lugar, nunca mais olhar para trás, nunca mais segurar lagrimas indesejadas.

- Hinata – a voz estridente de sua amiga Tenten tirou-a de seu devaneio – o que ta fazendo aqui? Meu Deus você ainda nem foi se trocar.

A garota de olhos perolados encarou a única amiga que tivera durante toda a infância até a adolescência, em algum lugar ali embaixo, onde a multidão começava a se acomodar nos bancos do teatro, os pais de Tentem deviam estar rindo comentando do desempenho excelente da filha única que lhes trazia tanto orgulho. Por alguns instantes Hinata pensou que a sorte era algo injusto.

- Eu já vou – respondeu a Hyuuga sem nenhuma emoção.

- Ninguém veio? – perguntou Tentem com os olhos cor de chocolate ficando sérios.

Hinata simplesmente balançou a cabeça negativamente. Era extremamente difícil falar com um bolo preso à garganta.

- Não fique assim – começou Tentem – talvez seu pai esteja só atrasado, você sabe como funciona o transito nessa cidade.

Os olhos perolados encararam a amiga de forma incrédula. Acreditar naquilo parecia tão mais fácil. O nó que havia em seu peito quase chegava a se desfazer. Acreditar em ilusões era tão mais simples. Ela sentia-se tão farta de ilusões.

- Não se preocupe Tentem – respondeu Hinata – está tudo bem.

- Não, não está Hina...

- Não está – respondeu Hinata forçando um sorriso sem graça, sentindo novamente o nariz lhe arder – mas vai ficar.

"Algum dia" concluiu a Hyuuga em pensamento, deixando a amiga sozinha e caminhando com passos apressados para os fundos do teatro.

Ali dentro das salas usadas como camarim a bagunça era onipresente, vestidos longos e esvoaçantes estavam misturados no chão com o tom neutro e formal das becas de formatura. Hinata desviou de um grupo de garotas que parecia estar à beira da histeria. Com os olhos procurou um lugar que não estivesse tão entupido de bagunça. Ela só precisava de um pouco de privacidade, mas naquele momento aquilo seria algo impossível de conseguir, tentando ignorar a confusão, Hinata encontrou sua mala e aconchegou-se num dos cantos mais escuros daquela sala. Precisava ignorar as pontadas que já começava a sentir nas temporas, onde ela havia mesmo deixado suas aspirinas?

Com muita relutância a moça começou a se despir lentamente enquanto sua mente confusa insistia em não parar de trabalhar. Ela estava se formando no ensino médio, dentro de dois meses estaria ingressando na Universidade de Columbia em Nova York no curso de advocacia. Devia estar radiante e feliz com aquilo, mas só conseguia sentir-se uma derrotada. Ninguém de sua família até aquele momento viera na comemoração de sua formatura. Ela não queria freqüentar a universidade de Columbia, ela não queria ser uma advogada assim como o pai era... Acima de tudo ela ainda não sabia o que queria de sua vida, mas não era aquele futuro, não era nada daquilo. Mas, ela era uma Hyuuga e isso significava não possuir escolhas. Em teoria aquele devia ser um dos dias mais felizes de sua vida, e a única coisa que Hinata era capaz de sentir era tristeza, medo e desespero.

Sem prestar atenção no que estava fazendo Hinata vestiu sua roupa de gala. O vestido de alças simples e negro que lhe descia a altura dos tornozelos era de uma grife em ascensão, não possuía nenhum enfeite ou detalhe. Era completamente diferente do estilo de vestidos que as outras garotas estavam usando. A moça de orbes prateados comprara-o com a intenção de afrontar o pai, afinal a mensagem que o vestido trazia era clara: Olhe pra mim! Eu não me sinto feliz com as escolhas que o senhor fez em minha vida! Eu me sinto de luto!

Mas, o pai não estaria ali para observar aquela afronta. Hyuuga Hiashi não havia considerado importante comparecer na festa de formatura de sua primogênita. Com toda certeza seus negócios, seus clientes eram mais importantes. Mas, sempre fora assim, Hinata sabia que no fundo não devia sentir-se tão surpresa tão ferida, o pai estivera sempre ausente. Autoritário conservador, os filhos não passavam de um meio para conseguir um fim. O clã Hyuuga precisava manter sua pose, seu status superior na sociedade Nova Yorkina, o resto eram apenas pequenos detalhes que poderiam futuramente serem supridos ou não.

Sem animo algum Hinata tirou os surrados tênis e calçou as elegantes sandálias de salto negras. Detestava sandálias e saltos, mas enquanto fora viva a mãe lhe ensinara a importância de se apresentar elegantemente as pessoas. Ela não podia vestir-se de qualquer forma, comporta-se como bem entendesse, ela era uma Hyuuga, devia satisfações à sociedade que fazia parte. Devia sempre se comportar de acordo com a etiqueta. A elegância era sempre bem-vinda, devia sempre estar presente.

Sentindo a dor de cabeça aumentar rapidamente, Hinata caminhou alguns passos ouvindo o salto da sandália bater contra o solado de madeira daquela sala e olhou-se no espelho. Os longos cabelos caiam como uma cascata sobre os ombros desnudos as costas miúdas, a franja farta caia graciosamente sobre os olhos maquiados de maneira hábil, ninguém poderia notar as olheiras que estavam muito bem escondidas pela maquiagem, ou a palidez acentuada proveniente do desespero que sentia. Ela usava uma mascara confeccionada graciosamente para que ninguém visse como ela realmente se sentia.

Com um ultimo suspiro a moça de olhos translúcidos agarrou as finíssimas luvas de renda negra que iriam completar seu visual, e vestiu de qualquer forma sobre o vestido a beca, e tentou equilibrar sobre sua cabeça o capelo, o resultado foi algo desastroso, aquele ridículo chapeuzinho insistia em lhe escorregar para frente de seus olhos, alem de lhe transformar numa figura quase cômica. Sem paciência a moça deixou daquela forma mesmo. Ninguém que ela conhecia e se importava estaria presente para lhe ver daquela maneira, a única coisa que ela precisava fazer era se apressar, para que tudo aquilo acabasse o mais rápido possível.

Hinata acomodou-se no seu respectivo lugar, ao seu lado a classe do ultimo ano do ensino médio estava toda vestida a caráter esperando o tão aguardado diploma. Quase todos pareciam felizes realizados,para muitos ali a formatura representava o inicio de uma vida nova, de algo maravilhoso e excitante que eles poderiam dividir com suas famílias, suas conquistas e os novos desafios que lhe esperavam na próxima esquina. Hinata desejou ardentemente ser uma daquelas pessoas.

Mais uma vez seus olhos percorreram a multidão sentada de forma ordenada abaixo do palco onde os alunos se encontravam. Nenhum rosto conhecido, nenhuma pessoa familiar. Ela estava formando-se sozinha.

A mestra de cerimônia Tsunade e diretora do colégio era quem estava chamando nome por nome os alunos para poderem receberem o canudo contendo um papel que representava o diploma oficial que somente seria liberado daqui a alguns dias. Cada aluno se levantava ao ouvir seu nome e caminhava até uma longa mesa onde estavam sentados os professores e depois de cumprimentar todos sob uma salva de palmas cada aluno recebia o resultado de anos de estudos.

Um por um Hinata viu seus colegas de classe se levantarem e se afastarem, muitos exibiam sorrisos no rosto, outros mostravam olhares assustados e incrédulos. Para Hinata aquilo não passava de uma simples formalidade que não lhe representava nada. O colegial havia passado e embora ela tivesse sido uma das alunas de maior destaque da classe, não havia nenhuma pessoa ali naquele momento que soubesse ou se importasse com aquele fato. Ela observou a cerimônia sem se importar com ela, até o momento em que um nome em especial foi chamado por Tsunade.

- Uzumaki Naruto.

Uma salva de palmas estrondosas irrompeu dentro do teatro, no grupo de alunos sentados de becas muitos gritaram e assoviaram de maneira nem um pouco controlada, em meio aquela algazarra um rapaz com brilhantes cabelos loiros e olhos azuis cobalto levantou-se exibindo um sorriso radiante. Dentro de seu peito Hinata sentiu seu coração se acelerar. Lá estava ele como um sol de verão resplandecendo, como sempre ele parecia tão feliz, tão sublime e confortável consigo mesmo, mais uma vez lá estava a mesma vontade que sempre assaltava Hinata quando ela viu aquele rapaz. Ela queria aproximar-se dele, tocar-lhe o rosto moreno escaldado pelo sol, ele parecia tão simples tão feliz, como se a felicidade sempre o estivesse acompanhando por vontade própria. Uma pequena pontada de inveja surgiu como sempre acontecia com a garota de olhos translúcidos, não importava quanto tempo passasse Hinata sempre sentia aquela vontade sem lógica alguma de estar perto de Naruto, como se ele fosse a resposta para todas suas duvidas e problemas.

O loiro caminhou a passos largos até a diretora, disse alguma coisa a ela que parece não ter lhe agradado, pois Tsunade em vez de lhe entregar o diploma simplesmente o atirou em sua cara, enquanto Naruto ria até não poder se conter, levantando consigo uma gargalhada coletiva. Ele sempre conseguia ser o centro das atenções. Hinata sentiu seus próprios lábios se curvarem para cima num sorriso discreto. Ela nunca ria abertamente, desde cedo ela aprendera muito bem a controlar suas emoções como toda legitima Hyuuga.

Contornando a mesa dos professores Naruto fez o caminho inverso até seu luar, os olhos de Hinata seguiram-no avidamente, ela sentiu uma brisa gélida percorrer seu corpo quando percebeu os olhos de safira pousarem sobre Sakura a garota lançou-lhe um sorriso presunçoso e balançou os gloriosos cabelos cor de rosa, as mãos da Hyuuga se crisparam sobre seu colo, era simplesmente suicídio uma garota como ela querer competir com Sakura. A moça de orbes verdes esmeraldinos combinava com a primavera, geniosa bela, ela encantava garotas e garotos e sempre conseguia aquilo que desejava, ter Naruto rastejando aos seus pés, enquanto ela tentava laçar seu melhor amigo que lembrava uma noite de inverno Uchiha Sasuke.

Por pensar nele Hinata virou levemente a cabeça na direção em que Uchiha Sasuke estava sentado. Ela pode divisar seu perfil, seu rosto era sombrio e austero, ele parecia ser aquele tipo de pessoa que era melhor manter a distancia. Os olhos eram muito negros e acentuavam a palidez grave. Para Hinata o fato daquele garoto quieto e taciturno ser o melhor amigo de Naruto sempre lhe seria um mistério.

- Hyuuga Neji!

A voz autoritária de Tsunade penetrou do devaneio da garota chamando-a de volta a realidade. Lá estava seu primo indo receber seu diploma com honras. Hinata sentiu um gosto amargo na boca quando viu o rapaz olhar em direção à platéia e sorrir muito discretamente, ela não podia ver sentada de onde estava, mas jurava que o tio estava ali presente acompanhando a formatura do filho, afinal de contas ele era louco por Neji. Hyuuga Hizashi era exatamente o oposto de seu irmão gêmeo. Estava ali também algo que Hinata nunca seria capaz de entender.

Neji caminhou de volta para onde o resto dos alunos estavam sentados, por alguns instantes seus olhos se encontraram com os de Hinata e se endureceram, eles resplandeceram de forma gélida, antes de voltarem a se concentrar em outro coisa que no momento ele julgou ser mais interessante.

Hinata respirou aliviada, não era nenhuma novidade que o primo a odiava afinal, ambicioso e prepotente como era, jamais ele iria se conformar em ficar com uma parcela menor das ações das empresas Hyuuga. Neji acreditava que o fato dela ser filho de Hiashi era um mero capricho infeliz do destino, já que ele era mil vezes mais capaz de tomar conta das empresas. Hinata não duvidava disso, se ela pudesse já teria há muito tempo entregue seus direitos de primogênita a Neji, mas o pai lhe proibira de fazer algo tão estúpido como aquilo. A rixa familiar entre ele e seu irmão gêmeo era muito intensa ainda, e Neji fazia questão de deixar isso bem claro detestando-a profundamente. As coisas entre ambos eram tão distantes que muito frequentemente a moça de orbes prateados quase não acreditava que era prima daquele rapaz. Infelizmente ambos possuíam os mesmos traços característicos dos Hyuugas, e muitas vezes eram até mesmo confundidos como irmãos. Só de pensar naquilo Hinata sentia um tremor de medo percorrer-lhe o corpo.

Os nomes continuam a desfilara em ordem até o momento em que a diretora chamou Hinata à frente ao palco. Firmando as pernas que teimavam em lhe desobedecer Hinata caminhou altivamente até Tsunade. A loira que já havia há muito tempo passado da casa dos quarenta, mas nem de longe demonstrava isso lhe entregou o canudo sussurrando:

- Parabéns Hyuuga, você foi uma das alunas mais brilhantes que essa escola já teve.

O pequeno comentário alegrou o dia de Hinata, ela sentiu uma imensa vontade de virar-se para a platéia e comemorar com alguém qualquer pessoa quem fosse. Ela tentou controlar o sentimento de euforia sabendo que se deixasse levar logo estaria decepcionada pelo fato de estar ali sozinha naquele momento. Mesmo assim ela guardou consigo cuidadosamente aquelas palavras.

Hinata voltou-se e se sentou no seu devido no lugar, nas mãos o delicado canudo recoberto de veludo era o resultado de anos de estudos, provas sem fins, inúmeros professores e muitas, mas muitas noites em claro, pelos mais variados motivos; Um amor não correspondido, uma formula de matemática que teimava em não lhe entrar na cabeça, uma nota baixa que ameaça assustadoramente lhe derrubar todo seu boletim. Mas finalmente depois de ter durado quase que toda uma eternidade o ensino médio acabara. A prova era aquele pequeno e inofensivo canudo forrado de veludo negro, com uma elegante fita de cetim verde.

A garota de orbes prateados deixou que seus dedos finos e delicados apertassem-no com uma pouco mais de intensidade, era muito real aquele momento, muito vivido diante de seus olhos. Ela suspirou fundo sentindo pela primeira vez naquela noite uma deliciosa sensação de leveza tomar conta de seu ser. O ensino médio lentamente assim como a lista de nomes de Tsunade estava ficando para trás. A sua frente à faculdade começava a assomar como uma sombra moldando seu futuro. Só por um momento Hinata não queria pensar se aquele era o futuro certo para si mesma, por alguns instantes ela só pensava em desfrutar aquela maravilhosa sensação de dever cumprido. Ela não queria pensar naquela desconfortável sensação que estava sentindo de que algo estava para acontecer...

OoOoOoO

Os pés tocaram levemente o carpete vermelho da entrada do salão. O luxo e a suntuosidade não foram capazes de impressionar os olhos cor de perola. O lugar estava ricamente decorado com flores em vasos de porcelana, as cortinas eram feitas de um tecido pesado que não se mexia nem mesmo a brisa úmida vindo das enormes janelas abertas, o som do transito caótico de Nova York era abafado pela grossas paredes. Ali dentro o único som que se ouvia além do burburio das conversas era o som dos violinos tocando Chopin.

Hinata continuou caminhando tentando reconhecer alguém que lhe pudesse fazer companhia, já tinha perdido completamente as esperanças, em encontrar alguém da família. Logicamente estava fazendo um papel ridículo de estar ali na sua festa de formatura sozinha, mas sabia que mais ridículo ainda seria se ela não comparecesse a festa. Se iria ser motivo de fofoca então era melhor que falassem o mínimo possível. Por isso ela colocou um discreto sorriso nos lábios e tentou domar o intrépido coração que batia descontroladamente contra suas costelas.

A moça estava atravessando o salão em direção a mesa de bebidas quando uma voz feminina e conhecida chamou por seu nome:

- Hinata!

A Hyuuga virou-se encarando o alegre e descontraído rosto de Tentem, a moça usava um vestido longo vermelho que realçava a cor de sua pele enquanto seus cabelos cor de chocolate caiam de forma ondulante sobre os ombros expostos.

- Finalmente eu consegui te achar – reclamou Tentem com o rosto corado – eu ia te convidar para você ter vindo com a gente.

- Tudo bem eu peguei um táxi.

- Ai Hina eu sinto muito... Eu

- Ta tudo bem Tentem – cortou Hinata a ultima coisa que ela queria naquele momento era a piedade da amiga – eu meio que já estou acostumada.

Os olhos marrons da Mitsachi demoraram no rosto de Hinata, ela conhecia muito bem a amiga para saber que nada estava bem, mas também não havia nada em suas mãos que ela pudesse fazer. A conversa teve de ser interrompida quando os pais de Tentem se aproximaram de forma descontraída.

- Tentem – disse a mãe da garota – finalmente eu te encontrei, seus avós estão de procurando eles querem lhe dar os parabéns.

- Mãe! Você sabe muito bem que eles nem sabem que eu existo, estão aqui por causa da festa... Ah lógico lembra da Hinata.

Os olhos da mulher de meia idade pairaram sobre a Hyuuga, rapidamente se estreitaram quando viram o figurino da moça, mas com certeza seu sobrenome falou mais alto.

- Claro que me lembro – continuou à senhora Mitsachi – a primogênita Hyuuga, fico muito feliz que Tentem faça as amizades certas. Seu pai está por ai querida? Eu e meu marido gostaríamos muito de cumprimentá-lo pessoalmente.

Hinata percebeu o veneno discreto por trás daquelas palavras, era difícil imaginar como Tentem sendo tão sincera podia ter alguém como aquela mulher como mãe. Ela pensou seriamente em mentir e dizer que o pai estava andando pelo salão, mas no ultimo instante mudou de idéia.

- Não sei – respondeu a Hyuuga com sinceridade – ele não veio à festa.

- Ah entendo perfeitamente, um homem como seu pai tão ocupado, tenho certeza que você entende a situação dele.

A língua de Hinata coçou para que ela respondesse que realmente não entendia como um pai por mais ocupado que pudesse ser faltasse no único dia em que sua filha mais velha se formava. Mas, os enormes olhos castanhos de Tentem impediram que as palavras saíssem de sua boca. Ninguém tinha nada a ver com seus problemas familiares, ou com a magoa secreta que ela sentia pelo pai. Não adiantava nem um pouco descontar sua frustração em cima da pessoa errada.

- Claro – continuou Hinata soltando a mentira de forma muito convincente – eu entendo.

- Mamãe – cortou Tentem sentindo o clima pesado – aquela não é uma de suas amigas? Por que não vai conferir enquanto eu e Hinata pegamos algo para beber?

Sem esperar uma resposta Tentem agarrou Hinata pelo braço e tirou-a de perto de sua mãe rapidinho, a moça sentiu-se extremamente grata por isso.

- Meu Deus – comentou a Mitsachi ainda com passos largos – ela fica pior a cada ano. Você sabe que não deve ligar para o que ela fala Hina.

- Eu sei, eu não ligo mesmo.

- Ótimo por que hoje a noite é nossa, temos todo o direito do mundo de nos afundarmos na pista de dança enquanto enchemos nossas caras até transformar a manhã do dia seguinte no dia internacional da ressaca.

- Eu não sei se esses são meus planos – respondeu Hinata.

- Falou a senhora responsabilidade – resmungou Tentem, um garçom passou ao lado das moças e a amiga de Hinata agarrou habilmente da bandeja duas taças de champagne gelado e com muitas bolhas.

- Tome – disse Tentem estendendo uma das taças para Hinata – você acaba de se formar no inferno, também conhecido como ensino médio, você tem obrigação de comemorar comigo.

Um sorriso discreto, mas cativante surgiu nos lábios da Hyuuga, ela simplesmente adorava o jeito espontâneo e alegre de Tentem de ser, alem de tudo as tiradas inteligentes dela eram muito engraçadas.

As duas amigas brindaram erguendo suas taças no alto de suas cabeças, Tentem bebeu rapidamente o conteúdo dourado de sua taça esvaziando –o completamente. Por sua vez Hinata tomou apenas um pequeno gole apreciando o borbulhar acido sob sua língua.

- Então – começou Tentem – preparada para a faculdade na primavera?

- Não, nem um pouco e você?

- Estou contando os minutos Hina, ser engenheira ambiental, é tudo o que eu quero no momento.

- Sua mãe já se conformou com isso? – perguntou a Hyuuga.

- Humm – Tentem procurava com os olhos mais garçons carregando bebidas – nem um pouco ela cortou minha mesada e ainda está me ameaçando. Mas dane-se ela pode fazer o que quiser, eu quero um emprego, não um casamento.

- Seu pai concorda com você?

Um riso meio histérico brotou dos lábios da Mitsachi, durante alguns segundos ela olhou para Hinata como se a moça tivesse soltado uma grande piada.

- Meu pai? Acho que ele nem sabe por que está aqui hoje comemorando. Para ele tanto faz que carreira eu vou seguir ou com quem eu vou me casar. Mas, e você Hinata, em advocacia em Columbia não é pra qualquer um.

- Odeio esse curso – respondeu a Hyuuga sem pensar – não consigo me imaginar usando um terninho enquanto defendo causas sem sentindo. Meu Deus eu ainda nem sei o que quero fazer realmente da minha vida.

- Não fica assim – respondeu Tentem – nove entre dez jovens não sabem.

- Sorte sua estar na percentagem que sabe o que quer.

O champagne nas mãos de Hinata deixou seus dedos úmidos ela bebericou-o mais um pouco sentindo a garganta ressequida parar de reclamar alguns segundos. A musica clássica saia de forma fluente dos alto-falantes estrategicamente escondidos. Aquilo não parecia uma festa de formatura de jovens. Realmente aquela na verdade era uma festa para os pais dos formandos.

- Isso daqui ta um saco – comentou Tentem.

Hinata não respondeu, mas teve de concordar silenciosamente.

- Ino sai de trás de mim!

Tentem e Hinata viraram na direção do grito, Sakura estava vindo na direção das duas amigas, sendo seguida pela sua melhor-amiga-aqui-inimiga Yamaka Ino.

- Sakura sua testuda volta aqui! Eu quero falar com você.

- Oi garotas – cumprimentou Sakura alegremente Tentem e Hinata ignorando Ino – ai champagne eu também quero.

- Sakura para de me ignorar – chamou Ino ainda com a voz alta – ah oi Hinata Tentem.

- Para de me seguir então, eu não diria pra você onde o Gaara está mesmo se soubesse, já disse tudo o que podia se quiser achá-lo procure o Naruto.

- Você sabe onde o Naruto está – retrucou Ino – e não quer me dizer!

- Você é tão insistente porca.

- Por que você quer achar o Gaara Ino? – perguntou Tentem

- Não é obvio? – respondeu a loira – hoje é minha ultima chance de seduzir aquele ruivo metido. Ele vai estudar numa universidade da Louisiana, e bem eu ainda não sei muito bem o que fazer. E eu não quero dar a chance pra ele se apaixonar por alguma garota gótica de cabelo preto. Ah lógico nada contra seu cabelo Hinata.

- A dor de cotovelo é algo feio não é mesmo garotas? – comentou Sakura sarcástica.

- Cala boca sua testuda, olha quem fala, depois de todo esse tempo você ainda não conseguiu passar de uns simples amassos com o Sasuke. Ele te usa quando e como quer.

- Repita isso se for mulher Ino!

Os olhos verdes cor de esmeralda de Sakura brilharam de indignação, Hinata achava incrível como aquelas duas estavam se estapeando uma hora e no momento seguinte ambas eram as melhores amigas.

- Da pra você duas pararem – pediu Tentem exasperada.

Sakura e Ino se ignoraram. A rósea usava um vestido branco, que delineava cada curvo do seu corpo esbelto, o cabelo rosa cortado em estilo chanel estava preso com grampos que continham strass. Hinata achou que a Haruno parecia brilhar, mesmo assim ela não conseguia ofuscar o brilho de Ino. A loira usava um vestido azul-marinho tomara que caia seus ombros bronzeados estavam nus e seu cabelo loiro platinado caia graciosamente sobre seus olhos azuis safira.

- Alguém viu o Neji – perguntou Tentem com os olhos cor de amêndoas, percorrendo a multidão – eu aposto que ele deve estar se agarrando com alguma mulherzinha pelo menos uns três anos mais velha. Aquele desgraçado adora se gabar que não gosta de garotinhas.

- Esqueça o Hyuuga Tentem – comentou Sakura – enquanto você ficar seguindo ele como uma cadelinha ele não vai ficar com você.

- Olha quem fala a garota que segue o Sasuke desde o parquinho.

- Pelo menos eu tenho o Naruto pra brincar comigo de vez em quando.- devolveu a rósea.

Os olhos de Hinata se arregalaram com o comentário. Como aquela garota podia simplesmente soltar uma frase como aquela sem ao menos sentir uma gota de remorso?

- Ah desculpa Hinata – continuou Sakura – eu esqueci que você gosta daquele bobo.

- Ele não é bobo Sakura – retrucou Hinata mesmo que fosse com um fio de voz.

- Dessa vez eu tenho que concordar com a Sakura Hina – comentou Ino – aquele loiro gosta da testuda, ninguém normal é realmente capaz de gostar dela.

O comentário provocou risadinhas frenéticas em Sakura.

- Sabe Hinata – disse a Haruno – eu até deixaria o Naruto em paz, se algum dia você tivesse tomado a iniciativa. Mas, você nunca se aproximou dele, nem tentou nada. É muito bonito de ver esse seu amor altruísta e abnegado, mas vamos falar a verdade, você nunca iria conquistá-lo.

- Claro não é Sakura, afinal de contas você vive usando e jogando-o fora – retrucou Tentem entrando na conversa.

- Eu não sou namorada dele, se a Hinata fosse uma mulher de verdade, ela já teria o conquistado e assim ele não ia mais correr atrás de mim. Nada pessoal Hyuuga.

As palavras acertaram Hinata como um potente soco bem acima do seu estomago. Então seu problema era fácil assim de se resolver? A única coisa que ela precisava fazer era conquistar Naruto? Mas como? Como competir, com a mente hábil e a beleza de Sakura, ou mesmo com a elegância destruidora de Ino, ou até mesmo com a inteligência e bom humor de Tentem, o que ela possuía? Qual era sua qualidade para conquistar alguém, se ela não passava de ser a tímida do grupo?

- Espero que não tenha se magoado Hinata – comentou Sakura - mas, essa é a verdade.

Hinata simplesmente ignorou o comentário da garota. Sua mente dava voltas frenéticas. Mais do que tudo ela queria provar que era capaz de conquistar alguém, por mérito próprio. Mas como? Como se conquista alguém deliberadamente? Ela simplesmente não sabia. Sempre fora a garota tolamente apaixonada que acreditava em contos de fadas e achava que em um belo dia seu príncipe encantado loiro de olhos azuis ia acordar e descobrir o amor que ela nutria por ele em silencio durante aqueles longos anos. Que grande idiota ela era. Por que Naruto iria trocar Sakura por alguém como ela? O que ela tinha para oferecer a ele de melhor?

- Gente – a voz de Ino quase não chegava a penetrar nos pensamentos desconexos da Hyuuga – quem é aquele cara?

- Meu Deus me belisca que eu to sonhando – respondeu Tentem – é ou não é o irmão mais velho do Sasuke? Uchiha Itachi.

- É ele mesmo! – gritou Sakura muito entusiasmada – ai beleza deve ser hereditária nessa família.

- Mas espera ai – comentou Tentem – o que ele ta fazendo aqui? Eu ouvi meu pai dizer que ele tava preso na Europa.

- Eu também lembro de ter ouvido uma historia parecida – continuou Ino – dizem que faz pouco tempo ele se meteu numa encrenca das grandes.

- Serio? – perguntou Sakura interessada – com o que?

- Dizem que com o marido de uma mulher francesa, italiana, eu não sei direito – esclareceu a Mitsachi – mas dizem que o cara chegou a processá-lo e tudo. Eu até ouvi dizer que o cara era uma mafioso.

- Não! – respondeu Ino impressionada – ta explicado então por que ele andava sumido das rodas de fofoca da cidade. Deus olha aquele corpo, o Gaara é bonito, mas esse cara é perfeito!

- Minha mãe já falou horrores dele – comentou Sakura – dizem que ele já teve mais da metade das mulheres da cidade na cama.

- O povo gosta de exagerar – respondeu Tentem com descaso.

- Será mesmo exagero? – comentou Sakura – olha bem pra ele Tentem, me diz se ele não é capaz de conquistar qualquer mulher?

As três fizeram um minuto de silencio enquanto avaliavam o homem vestido completamente de negro que deslizava de forma elegante pelo salão. Alheia totalmente aquela conversa Hinata estava imersa em seus próprios pensamentos.

- É – respondeu Tentem depois de alguns segundos de intensa avaliação – o cara pode estalar o dedo e vai ter qualquer mulher.

- Isso foi uma confissão Mitsachi? – perguntou Ino rindo

O rosto de Tentem ficou vermelho.

- Olha isso Ino – debochou Sakura – até uma nerd não consegue ser imune ao charme dele.

A loira e a rósea deram altas risadas, enquanto Tentem tentava encontrar uma resposta adequada.

- Hinata me ajuda aqui!

Os olhos perolados encararam Tentem, como se ela não tivesse nenhuma noção do que a amiga estava falando e realmente ela não tinha mesmo.

- O que? – perguntou Hinata completamente confusa.

- Você não acha Hina, que qualquer garota iria querer ficar com Itachi? – perguntou Tentem curiosa para saber a resposta da amiga.

- Hum?... Não sei eu... Preciso tomar um ar.

Sem responder e deixando Tenten, Ino e Sakura de bocas abertas, Hinata saiu apressada sem perceber que na mão ainda carregava uma taça de champanhe que já não estava mais gelada.

Seus pensamentos eram desconexos, de repente ela não sentia mais nenhuma vontade de ficar naquela festa estúpida, sozinha sem se divertir,ela já tinha participado do que era necessário, a maldita da entrega do diploma, que nem mesmo era o verdadeiro. A única coisa que ela queria agora era estar na sua cama debaixo de uma montanha de edredons.

Hinata estava entretida demais nos próprios pensamentos para perceber que uma pessoa estava parada bem em sua frente, o choque foi inevitável.

A taça de champagne voou pra cima enquanto Hinata batia estrondosamente contra algo muito sólido, seu sapato deslizou no liquido que estava agora no chão e ela escorregou ruidosamente, teria sido um tombo maravilhoso se alguém não tivesse segurado-a com força pelos braços.

Hinata abriu os olhos confusas encarando a noite, somente depois de alguns segundos ela percebeu que na verdade encarava o rosto de um homem que estava apenas há alguns centímetros dos seus. Os olhos deles eram como pedaços da noite sem estrelas capturadas por cílios.

- Mais cuidado por onde anda Hyuuga – a voz dele notou Hinata sentindo seu coração disparar era levemente rouca e seus olhos pareciam fendas de escuridão.

Ela mal conseguia sentir seu corpo enquanto as mãos daquele homem deslizavam de forma nem um pouco controlada pelo seu corpo.

- Você pode me soltar? – pediu Hinata sentindo a face arder pela vergonha.

- Claro – respondeu ele tirando as mãos das costas de Hinata imediatamente ela sentiu falta do peso daquelas mãos sobre seu corpo. Foi uma sensação estranhíssima.

Hinata estava a ponto de dizer que ele era um tremendo sem educação quando percebeu que a camiseta de seda negra que ele vestia estava agora molhada pelo champagne que ela havia derramado.

- Meu Deus – exclamou a Hyuuga – me desculpe, você está todo sujo por minha causa.

- O que isso? – retrucou o homem na sua frente olhando de forma sem interesse algum para a própria camisa – eu posso te mandar a conta depois.

A surpresa tomou conta de Hinata. Quem era aquele homem que num momento a amparava para que ela não levasse o maior tombo publico de sua vida, no segundo estava lhe mandando a conta de uma lavanderia.

- Claro – respondeu Hinata que não tinha idéia de como se comportar naquela situação. Varios pares de olhos estavam fixados nos dois. Ela percebeu que ainda segurava a taça vazia na mão.

Ambos se encaram durante alguns segundos em silencio, até que silenciosamente uma mulher chegou por trás do misterioso homem e tocou-lhe o ombro.

- Itachi – chamou ela quase como se ronronasse como um felino – o que você está fazendo com essa garotinha?

- Nada – ele respondeu simplesmente – já estou indo.

Os olhos de Hinata aumentaram devido a surpresa, aquele nome lhe soava estranhamente familiar.

- Até mais Hyuuga – cumprimentou o homem já se afastando – e a propósito – nesse momento ele demorou alguns segundos antes de dizer – Belo vestido.

A cabeça de Hinata rodava dolorosamente, ela viu o homem se afastar e se misturar na multidão. Havia uma nítida impressão de que ele era estranhamente familiar, mas ela tinha quase certeza de que nunca antes o vira.

A moça de orbes prateados ficou alguns segundos parada no mesmo lugar com o champagne dourado embaixo dos seus sapatos de marca, até que percebeu que precisava fazer algo.

Rapidamente então ela rumou em direção a saída e chamou um táxi que rapidamente encostou no meio fio da rua esperando sua passageira. Hinata entrou no veiculo, sem se importar de que não havia se despedido de ninguém na festa. Sua cabeça começava a doer intensamente nas temporas, e única coisa que ela desejava naquele momento era o silencio de sua casa.

A moça recostou-se no antigo estofado do carro, confortando-se com os sons daquela cidade que nunca parava.

Havia sido um dia extenso e cansativo, e até onde ela sabia a pior festa de formatura que ela poderia ter tido.

OoOoOoO

Olha só quem é morto sempre aparece não ? :D Pois é ando mais do que sumida ando sequestrada devido a faculdade, mas não resisti ao apelo maior e resolvi postar essa fic, ja tenho alguns capitulos prontos então as proximas atualizações serão rapidas desde que as reviews me empolguem :D

Estava com saudade . ... Enfim reviews por favor dizendo o que vocês acharam... Estou me sentindo meio fora de forma para escrever fics. Sera que deu pra notar?

Criticas, sugestões, apelos etc são sempre bem-vindos

Reviews?